José
Roberto de Souza Pinto
WirelessBrasil
Maio 2013 Índice dos assuntos deste website
06/05/13
• "Infraestrutura para as Telecomunicações" - Comentário de José Roberto de S. Pinto
Este é um tema de grande relevância e de suma importância para o setor de telecomunicações.
A questão da infraestrutura para instalação das redes de telecomunicações no Brasil, deve ser considerada, como um caso de miopia social por parte dos governantes da esfera Federal, Estadual e Municipal.
A prática atual é tratar o Prestador de Serviços, como uma oportunidade de arrecadar mais recursos, para o Município, Estado ou mesmo para as Empresas Estatais e Privatizadas do setor elétrico que são gerenciadas pela Agencia Reguladora, a ANEEL, mas sem esse tipo de preocupação.
Total falta de sensibilidade por parte destas entidades, faz com que os projetos de instalações ou de expansão das redes de telecomunicações, sejam primeiro retardadas e depois oneradas com custos de direitos de passagem e aprovação dos projetos.
O artigo recente da TELCOMP, "O BRASIL NA CONTRAMÃO", que recomendo a leitura (transcrito mais abaixo), retrata esta situação, indicando com mais detalhes este tipo de prática, prejudicial ao desenvolvimento das redes e por conseqüência dos serviços de telecomunicações.
Entender os benefícios para a sociedade dos serviços de telecomunicações, talvez possa ser um dos caminhos a ser seguido, mas por outro lado, explicitar e nomear os responsáveis em cada esfera do poder, possa também ser adequado, de modo que o cidadão tenha com clareza a informação de quem está prejudicando o desenvolvimento dos serviços em sua cidade ou bairro e desta forma possa influenciar nas suas escolhas dos administradores.
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Jose Roberto de Souza Pinto
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Leia na Fonte: Informativo Telcomp - Edição 91
[Abr 2013]
O Brasil na contramão
Não se discute mais que as redes de telecomunicações para acesso à internet
em banda larga constituem a infraestrutura básica do século 21. Os efeitos
potenciais na produtividade da economia e no bem estar do cidadão são claros
e, por isto, observa-se mundo afora a mobilização de esforços para
viabilizar a implantação de redes abrangentes de alta capacidade.
A Comunidade Européia (“CE”) , reconhecendo a importância da banda larga,
tanto para alavancar a competitividade de suas empresas, como para estimular
a economia no curto prazo,
tem tomado iniciativas importantes para facilitar a implantação de novas
redes.
Partindo da constatação de que 80% dos custos de implantação de redes de
fibra óptica são consumidos em obras civis, a CE editou várias diretivas
voltadas à racionalização destes
gastos e aumento dos recursos disponíveis para ampliação da abrangência de
redes. As iniciativas parecem óbvias e, em geral, contemplam:
(1) concatenar o planejamento de obras públicas com a implantação de dutos
para telecomunicações,
(2) obrigar a construção de acessos para múltiplos operadores em todas as
novas construções e reformas de prédios,
(3) assegurar a disponibilidade de infraestrutura para receber instalações
de telecomunicações nas obras públicas,
(4) regular a precificação de acesso com a orientação a custos, entre outras
providências, todas com o objetivo de reduzir custos de implantação,
assegurar o acesso de operadores competitivos em bases isonômicas,
eliminando espaços para cobranças oportunistas. Com isto, pretende-se
assegurar a implantação mais rápida de redes abrangentes, com menores custos
- que se refletirão nos preços dos serviços - e manutenção de ambiente
competitivo saudável, com seus efeitos sobre qualidade e inovação.
Como sabemos, as modernas redes de banda larga exigem fibra óptica, mas
também infraestrutura para redes móveis para combinar mobilidade e alta
capacidade de tráfego, com o
uso de dispositivos fixos e móveis. Portanto estas iniciativas abrangem
também a implantação de antenas e rádio-bases para compor redes capazes de
atender às múltiplas demandas de
mercado.
No Brasil, entretanto, seguimos na contramão: o esforço de implantação de
redes é cada vez maior em função do sem-número de empecilhos que surgem a
cada momento, gerando custos adicionais que só prejudicam a oferta de
serviços e o cliente final.
Além da falta de coordenação de políticas públicas, em todos os níveis da
Administração Pública, carecemos de regulação efetiva para pacificar
questões antigas. O uso compartilhado de
postes das redes de distribuição de energia elétrica pelas operadoras de
telecomunicações, apesar de previsto em Lei há mais de dez anos, não
funciona. O relato do Conselheiro da Anatel Jarbas Valente, há anos
debruçado no projeto de resolução conjunta da ANEEL e ANATEL sobre preço de
uso de postes é emblemático:
“Já exauri as condições de acordo com a Aneel. Mas do jeito que está, não
serve para a expansão da banda larga. Havia uma decisão de que esta questão
iria ser decidida por uma política pública, estabelecida em decreto
presidencial. Mas já estou com este processo há dois anos”.
“Sem acesso aos postes não há como expandir rapidamente as redes de fibra
óptica no país. Os custos de enterramento são muito altos e é impossível
realizar obras nos centros urbanos
em ritmo acelerado como seria necessário para expandir as redes na
velocidade compatível com a demanda de mercado”, afirma João Moura,
presidente executivo da TelComp.
Os projetos de leis federais para disciplinar a cobrança de direito de
passagem em rodovias, obrigar a implantação de infraestrutura passiva nas
obras públicas, criar regramento uniforme para implantação de antenas, entre
outras iniciativas, não encontram apoio político para tramitação célere. Com
isto o avanço é mais lento do que poderíamos conseguir com o esforço
coordenado entre União, Estados e Municípios.
Neste ponto, enfrentamos situação paradoxal: a falta de serviços em
condições aceitáveis pelas administrações municipais, e/ou outras razões,
estão motivando prefeituras e governos estaduais a criarem empresas públicas
para implantar redes e prestar serviços de telecomunicações.
Seria esta a melhor aplicação dos recursos? Ou o setor privado não tem como
ofertar os serviços, onde necessário, nas condições adequadas? A experiência
indica que a demanda insuficiente é, por vezes, a principal razão para
desestimular investimentos privados em redes de telecomunicações. Porém,
quando as próprias administrações públicas têm interesse e capacidade de
contratar serviços, a incerteza sobre a demanda potencial diminui e o
atendimento passa a ser viável permitindo a natural extensão da oferta ao
mercado – tanto residencial como ao comércio e indústria.
Portanto, atuando do lado da demanda, as administrações públicas poderiam
estimular em muito a expansão da oferta total sem necessidade de sacar
fundos públicos para financiar estes investimentos. Infelizmente não é isto
que se constata!
Além de iniciativas de construções de redes próprias, que exigem recursos
para investimentos e expertise para operação, os municípios em geral não
adotam políticas para facilitar a
implantação de redes pelas operadoras privadas.
A cobrança de taxas para “análise de projetos” que chegam ao valor unitário
de R$ 50 mil, ou a obrigatoriedade de construção de duto adicional para
“doação” ao município, são exemplos concretos de iniciativas de
administrações municipais que pouco ajudam a implantação de novas redes
pelas operadoras especializadas.
Da mesma forma, a multiplicação de regras municipais restritivas para a
instalação de antenas de celulares tem limitado em muito a expansão e
melhora dos serviços móveis em muitas cidades brasileiras, objetivo público
encampado pela própria União quando dos recentes leilões de radiofrequências.
Mas as barreiras não param por aí: as administradoras de condomínios também
enxergam nas telecomunicações um filão para ganhos oportunistas, tais como a
cobrança de taxas elevadas, baseadas no valor do serviço de telecomunicações
contratado, sem qualquer relação com o espaço utilizado nas áreas comuns dos
prédios. Com isto, o acesso da operadora de telecomunicações ao cliente
final torna-se inviável ou excessivamente oneroso - em tudo prejudicando a
implantação de novas redes e redução de preços de serviços.
O esforço concatenado da sociedade para facilitar a implantação de redes de
telecomunicações é essencial para a expansão da oferta de serviços, de forma
racional, com respeito às
posturas municipais e menor desconforto para o cidadão.
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