José
Roberto de Souza Pinto
WirelessBrasil
Setembro 2013 Índice dos assuntos deste website
19/09/13
• Recomendação de leitura de dois artigos:
"Mude a Conversa, Mude o Local e Mude Nosso Futuro" e "As Regras do Jogo
(Online)"
Leia na Fonte: CIGIOnline (Inglês)
[13/05/13]
Mude a Conversa, Mude o Local e Mude Nosso Futuro - por Melissa E. Hathaway
Série: Governando a Internet: Caos, Controle ou Consenso?
Mude a Conversa, Mude o Local e Mude Nosso Futuro
Tradução: Daphnee Iglesias
A Internet, juntamente com a tecnologia de informação e comunicação (TIC) que a
sustenta, é um recurso fundamental para os governos nacionais, uma parte vital
de infra-estruturas nacionais e um motor fundamental do crescimento econômico.
Ao longo dos últimos 40 anos, e particularmente desde o ano 2000, governos e
empresas têm abraçado a Internet e o potencial das TIC para gerar renda e
emprego, proporcionar o acesso a negócios e informação, permitir ensino
eletrônico (e-learning) e facilitar as atividades do governo. Em alguns países,
a Internet contribui com até oito por cento do Produto Interno Bruto (PIB),[1] e
relatórios recentes sugerem que a oportunidade industrial da Internet (através
de modernização) representa quarenta e seis por cento da participação na
economia global.[2]
Hoje, empresas ao redor do mundo entregam serviços e produtos por meio da
Internet para mais de 2,5 bilhões de cidadãos utilizando protocolos seguros e
pagamentos eletrônicos. Serviços variam entre governo e votação eletrônicos (e-government
e e-voting); transações bancárias online (e-banking); telemedicina (e-health) e
ensino à distância (e-learning) à próxima geração de redes de energia, controle
de tráfego aéreo e outros serviços essenciais, todos os quais dependem de uma
única infra-estrutura.[3] A Internet é o combustível da economia global e a
espinha dorsal do sistema financeiro internacional.
Nenhum país se pode dar ao luxo de colocar sua economia em risco. Cada vez mais,
porém, a disponibilidade, integridade e resiliência desta infra-estrutura
central está em perigo. Por exemplo, em março de 2013, cibercriminosos lançaram
com sucesso um vírus que penetrou as defesas de várias instituições financeiras
na Coréia do Sul, incluindo do Shinhan Bank, o quarto maior banco do país, bem
como de dois outros bancos – Nonghyup e Jeju. O objetivo era a destruição de
dados usando um malware similar ao usado no incidente recente contra a Saudi
Aramco, que destruiu dados e inutilizou os sistemas operacionais dos
computadores. Além disso, uma campanha de ataques distribuídos de negação de
serviço (conhecido pelo acrônimo em inglês, DDoS – Distributed Denial of Service)
está em curso desde o ano passado contra as maiores instituições financeiras dos
Estados Unidos, incluindo JPMorgan Chase, Bank of America, Citigroup, U.S. Bank
e PNC. Os ataques DDoS estão atingindo níveis em que os provedores de
telecomunicações já não conseguem mais garantir a qualidade do serviço. Em ambos
os casos, os serviços de Internet banking estão sendo reduzidos ou bloqueados
completamente e outros serviços eletrônicos são interrompidos. Esses e outros
ataques e interrupções de atividade e conectividade na Internet têm implicações
significativas para o comércio e continuidade dos negócios globais.
Além disso, muitos governos agora percebem que o crescimento de seu PIB está
sendo corroído por uma ampla gama de nefastas atividades cibernéticas. Por
exemplo, estima-se que o Grupo dos Vinte (G20) perdeu 2,5 milhões de empregos
para a falsificação e pirataria, e que governos e consumidores perdem US$125
bilhões de dólares anualmente, incluindo perdas em receitas fiscais.[4] O Reino
Unido estima que perde £27 bilhões por ano para os cibercriminosos.[5] Além
disso, estudos pela TNO, uma organização de pesquisa independente dos Países
Baixos, mostraram que os crimes cibernéticos custam à sociedade holandesa pelo
menos 10 bilhões de euros por ano, ou 1,5 a dois por cento de seu PIB. Esta
perda é igual ao crescimento econômico do país em 2010.[6] Nenhuma nação pode
dar-se ao luxo de perder até mesmo um por cento de seu PIB para atividades
cibernéticas ilícitas.
Para neutralizar esses riscos, alguns governos e empresas estão se voltando para
eventos internacionais, buscando mecanismos que conduzam a um caminho de
cooperação internacional e e intervenção governamental ampliada para “assegurar
controle”, tudo como parte de um esforço para gerir a exposição à insegurança
cibernética. Essas discussões diplomáticas estão surgindo em dúzias de órgãos
internacionais, incluindo: Organização das Nações Unidas, o Grupo dos Oito (G8),
a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), a Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a União Europeia (UE), o Conselho da Europa,
o Fórum de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC), a Associação de
Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), a Organização dos Estados Americanos (OEA),
a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a União
Internacional de Telecomunicações (UIT) e Organização Internacional para
Padronização (ISO). Infelizmente, esses fóruns sofrem com a colisão operacional
de interesses conflitantes – privacidade, pirataria (por exemplo, a proteção de
propriedade intelectual), soberania e segurança (por exemplo, corrupção, roubo,
crime, espionagem, guerra) – que estão sufocando algum progresso.[7] A cacofonia
de vozes e falta de clareza de uma agenda ativa sobre o que fazer sugere que é
hora de mudar a conversa e estabelecer titularidade executiva entre aqueles que
têm mais a perder.
Por que então não colocar esse item sobre a mesa do G20?[8] É hora de casar
diplomacia com o nosso interesse nacional. O G20 representa 90 por cento do PIB
mundial, 80 por cento do comércio internacional e 64 por cento da população do
mundo. Os líderes do Grupo poderiam simplificar a conversa sobre segurança
cibernética e focar o mundo no crescimento do PIB ao mesmo tempo que limita-se
sua erosão. Esta abordagem tem uma vantagem embutida que é a presença do Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul (os BRICS), com vozes iguais na mesa
diplomática. Na verdade, este pode ser o único fórum internacional que
transmitiria, por meio de uma narrativa simples, porque um ciberespaço
sustentável está ligada à expansão do PIB de cada país.
Atualmente, a Rússia está no comando do G20 e organizou uma agenda em torno de
três prioridades globais destinadas a iniciar o novo ciclo de crescimento
econômico: crescimento com empregos de qualidade e investimento; crescimento
através de confiança e transparência; e crescimento através de uma
regulamentação eficaz. A Rússia pode deixar a sua marca no mundo ao liderar tais
discussões no G20 agora e guiá-las adiante quando assumir a presidência do G8 em
2014. Também pode lançar as bases para a Austrália seguir com as edificações
sobre o assunto quando esta assumir a presidência do G20 naquele mesmo ano.[9] O
Brasil pode ecoar a necessidade dessa liderança, uma vez que sobe ao palco para
sediar a Copa do Mundo da FIFA em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Medidas
práticas podem ser tomadas para adicionar cibersegurança em várias pautas do
programa atual do G20, incluindo:
Construir infra-estrutura e proporcionar acesso inclusivo para serviços básicos
(tais como comunicações de banda larga de alta velocidade) a fim de estimular o
crescimento econômico. Item da agenda: Desenvolvimento para Todos.
Apoiar o Fórum de Estabilidade Financeira (Financial Stability Board – FSB), com
uma metodologia/foro para compartilhamento de informação a fim de permitir aos
bancos maior proteção em caso de atividades virtuais maliciosas. Item da pauta:
Fortalecimento da Regulamentação Financeira. Uma outra alternativa seria abordar
este mesmo item na Agenda Combate à Corrupção. Cibersegurança, fraude e crimes
eletrônicos podem ser inseridos em sub-itens de grandes eventos internacionais
para aprofundamento do compromisso da comunidade empresarial [com a causa] ou em
erradicação da corrupção.
Conter o protecionismo e fortalecer o desenvolvimento do comércio multilateral
(limitando crimes eletrônicos, especialmente os transfronteiriços). Item da
agenda: Reforço do Comércio Multilateral.
O G20 tem a oportunidade de articular uma visão para moldar a economia da
Internet pelos próximos cinco a 10 anos. O poder da liderança deste Grupo,
combinado à sua capacidade de reunir e falar com uma narrativa simples e
positiva sobre cibersegurança ancorada em nosso bem-estar econômico coletivo (e
de crescimento do PIB), pode ser um divisor de águas. A erosão do PIB que todas
as nações sofrem posiciona a cibersegurança dentro dos processos legítimos e da
“arquitetura” da governança econômica internacional. Ao mudar a conversa para os
temas economia e crescimento, esta abordagem permitiria ao G20 acalmar a
militarização e da Internet. Há ainda o benefício de se permitir que a Rússia
demonstre titularidade executiva do tópico (especialmente em cibercrimes),
podendo potencialmente mudar a dinâmica entre os Estados Unidos e a China como
também a conversa de ataque e guerra para bem-estar econômico e crescimento do
PIB. Talvez nós devêssemos tirar uma lição de Sun Tzu, que instrui em A Arte da
Guerra, que "em terrenos de interseção, estarás a salvo se estabeleces
alianças". Os Estados Unidos e outros líderes mundiais devem mobilizar vontade
política para mudar a conversa sobre segurança cibernética. No papel de
principal conselho econômico das nações ricas, o G20 é o local certo para
progredir.
© 2013 Hathaway Global Strategies, LLC
Melissa Hathaway é presidente da Hathaway Global Strategies LLC e conselheira
sênior do Belfer Center da Harvard Kennedy School. Ela serviu em duas
administrações presidenciais dos EUA, onde encabeçou a revisão da política do
ciberespaço para o Presidente Barack Obama e liderou a Iniciativa Abrangente de
Segurança Cibernética Nacional (Comprehensive National Cybersecurity Initiative)
para o Presidente George W. Bush. Ms. Hathaway é uma palestrante frequente em
questões de segurança cibernética e, regularmente, publica artigos e comentários
neste campo.
Notas de fim:
[1] In David Dean et al., (2012). The Digital Manifesto: How Companies and
Countries Can Win in the Digital Economy. Boston Consulting Group report.
Perspectives, 27. January.
[2] In Peter C. Evans and Marco Annunziata (2012). Industrial Internet: Pushing
the Boundaries of Minds and Machines. General Electric report. 26 November. Page
13.
[3] Serviços e aplicações incluem, mas não estão limitados a: mensagens de
e-mail e de texto; aplicativos de voz-sobre-IP (VoIP); streaming de vídeo e
vídeoconferência em tempo real; redes sociais; governo eletrônico; e-banking,
telemedicina; e-learning; mapeamento; capacidades de busca; livros eletrônicos
(e-books); e IPTV através da Internet.
[4] In Frontier Economics London (2011). Estimating the Global Economic and
Social Impacts of Counterfeiting and Piracy. A report commissioned by Business
Action to Counterfeiting and Piracy. Paris: ICCWBO. Page 47.
[5] In UK Cabinet Office and Detica (2011). Cost of Cyber Crime. A Detica report
in partnership with the Office of Cyber Security and Information Assurance in
the Cabinet Office. Disponível em:
www.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/60942/....
[6] O artigo da pesquisa está disponível em:
www.tno.nl/content.cfm?context=overtno&content=nieuwsbericht&laag1=37&la....
[7] Outra visão acerca dos desacordos ideológicos sobre a Internet por Michael
Joseph Gross pode ser lida em:
www.vanityfair.com/culture/2012/05/internet-regulation-war-sopa-pipa-def....
[8] Isso tem o benefício adicional de oferecer um foro internacional mais focado
em trazer a discussão sobre segurança cibernética, enquanto ao mesmo tempo
complementa as agendas da UIT, OCDE e fóruns semelhantes.
[9] Um calendário das próximas reuniões do G20 está disponível em:
www.uschamber.com/sites/default/files/international/files/G20_RUSSIAN_PR....
As opiniões expressas neste artigo / comentário são de responsabilidade do(s)
autor(es) e não refletem necessariamente as opiniões do CIGI ou seu Conselho de
Administração e / ou Conselho Internacional de Diretores.Subscribe
Leia na Fonte: CIGIOnline (Inglês)
[21/09/13]
As
Regras do Jogo (Online) - por Mark Raymond
Série: Governando a Internet: Caos, Controle ou Consenso?
As Regras do Jogo (Online)
Tradução: Daphnee Iglesias
Jogos online multijogadores em massa (massively multiplayer online games, ou
simplesmente MMOG) são agora um segmento estabelecido da indústria do
entretenimento global. Em jogos MMO, os participantes criam alter egos em mundos
virtuais, muitos dos quais são baseados em ícones da cultura pop como O Senhor
dos Anéis, Star Wars, Star Trek e Conan, o Bárbaro. Um jogo popular, World of
Warcraft, possui vários milhões de assinantes em todo o mundo.
Há, no entanto, um outro jogo multiplayer desdobrando-se, em relação ao futuro
da governança da Internet como um todo. O nome deste jogo é regulamentação.
Todo o nosso mundo social (físico e virtual) é possível por conjuntos de regras
escritas e não escritas que orientam o nosso comportamento, moldam nossas
identidades e definem categorias básicas que determinam os horizontes do
possível. Por exemplo, as regras do xadrez definem o objetivo ou a finalidade do
jogo, estabelecem as condições para a vitória e, simultaneamente, fortalecem e
condicionam o jogador a mover as peças de várias maneiras. Estas regras moldam o
comportamento dos participantes de tal modo que eles podem não perceber. Seria
estranho, por exemplo, imaginar um jogador de xadrez ameaçando um adversário.
Somente o pensamento de fazê-lo simplesmente não ocorreria à maioria dos
envolvidos e, se sugerido, provavelmente seria sumariamente repudiado.
Como o xadrez, regulamentar, na diplomacia e governança global, é um jogo social
regido por normas. Este jogo normativo tem riscos extremamente altos. O poder e
a durabilidade das regras asseguram que a criação, alteração e interpretação dos
regimentos sociais são algumas das atividades humanas de maior intensidade
política. O poder de redigi-las equivale a governar sobre os outros.
A Internet é um domínio social inteiramente novo, que ignora fronteiras e é
regido por um conjunto incompleto de normas que tem evoluído ao longo do tempo
de uma maneira um pouco caótica. Em termos históricos, ainda estamos,
essencialmente, presenciando sua criação. Nas décadas desde a sua encarnação
inicial como ARPANET, e no curto período de tempo desde a sua comercialização
generalizada, a Internet tem sido vagamente governada por uma série de
mecanismos voluntários – em sua maioria. Certas regras fundamentais não estão
escritas. Por exemplo, os provedores de serviços de Internet (Internet Service
Providers – ISPs) operam em grande parte com base no "estabelecimento de peering
livre" – acordos para permitir o cruzamento de tráfego entre suas redes
proprietárias sem cobrança de dados. Tais acordos datam dos primeiros dias da
Rede, são quase sempre não escritos e a quebra deles diminuiria drasticamente a
funcionalidade da Internet.[1] Sem eles, cada ISP seria um espaço online
autolimitado capaz de oferecer a seus usuários apenas o conteúdo hospedado em
sua própria rede física. Outras regras críticas (por exemplo, as que regem a
legalidade de ataques cibernéticos) ainda não existem. Enquanto representações
da Internet como um Faroeste digital são muitas vezes exageradas, é justo dizer
que as batalhas decisivas para regulamentá-la ainda hão de serem combatidas.
As disputas, no entanto, são iminentes; os jogadores estão desdobrando suas
forças e o campo de batalha está tomando forma. A governança da Internet será
discutida, debatida e, talvez, redigida em um pequeno conjunto de foros
tradicionais e não-tradicionais de governança global.
O mais antigo deles é a União Internacional de Telecomunicações (UIT). Fundada
em Paris em 1865 como União Internacional de Telégrafos, em 1947 assumiu seu
nome atual e tornou-se uma agência especializada das Nações Unidas. Ela
desempenha um papel vital na alocação de espectro de rádio e de órbitas de
satélites, assegurando a compatibilidade das redes de comunicação em diferentes
países, e na expansão do acesso mundial de comunicações modernas. A UIT irá
sediar uma conferência internacional em Dubai em dezembro, onde estados e outros
interessados irão negociar a atualização de um tratado-chave: o Regulamento
Internacional de Telecomunicações (ITRs, na sigla em inglês). Uma coalizão que
inclui China, Rússia e vários países árabes tenta alterá-lo para permitir um
maior controle das transmissões de Internet e maior autoridade para bloquear
conteúdo politicamente delicado.[2]
O Fórum de Governança da Internet (Internet Governance Forum – IGF) também faz
parte do sistema das Nações Unidas; ele consiste de um pequeno secretariado que
facilita o principal papel do IGF de ser um espaço para diálogo. Nele, todos os
participantes – governos, empresas, acadêmicos e organizações não-governamentais
– têm o mesmo status. Embora ele não tenha autoridade de tomada de decisão, o
IGF tem um papel importante a desempenhar ao garantir que todas as vozes sejam
ouvidas.
Finalmente, a Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números
(Internet Corporation for Assigned Names and Numbers – ICANN) realiza muitas das
tarefas diárias cruciais para funcionamento da Internet. Ela administra o
Sistema de Nomes de Domínio (comumente referido por DNS) e os endereços de
Protocolo da Internet (ou endereços IP) do sistema. Juntos, estes sistemas
funcionam como uma lista telefônica para a Internet, garantindo que o tráfego
seja direcionado ao destino correto. Embora a ICANN tenha um conselho
internacional e opere de forma transparente, ela é incorporada como uma
organização sem fins lucrativos nos Estados Unidos. Sua jurisdição legal causou
mal-estar nos estados não-ocidentais e criou demanda por um veículo mais
genuinamente global para governar a Internet.
As principais questões de governança da Internet – privacidade, liberdade de
expressão, propriedade intelectual e segurança – criaram coalizões
surpreendentes de estranhos companheiros. Enquanto democracias industriais
tentam equilibrar as preocupações legítimas de segurança com as liberdades civis
fundamentais, outros estados (principalmente Rússia, China e uma coalizão de
países árabes) estão ansiosos para garantir a segurança de seus regimes e para
corrigir o que consideram um domínio ocidental sobre disposições de governança
já existentes. Ativistas da sociedade civil defendem a manutenção da privacidade
e da liberdade de expressão, mas também o fazem organizações criminosas
transnacionais cada vez mais sofisticadas que procuram manter-se nas sombras.
Preocupações sobre propriedade intelectual unem autores e artistas a grandes
corporações, muitas vezes contra ativistas da sociedade civil e governos de
países em desenvolvimento.
Dada a variedade de questões complexas e a diversidade de perspectivas e
interesses, é certo que a governança da Internet irá tomar forma lenta e
irregularmente. Sucesso – definido em termos de manutenção da liberdade,
vitalidade, segurança e interoperabilidade mundial da Internet – não é
assegurado. A Internet poderá ser moldada menos livre por regras cerceando a
liberdade de expressão e as expectativas legítimas de privacidade. Ela também
poderá tornar-se menos segura por conta de escalação de uma guerra cibernética
ou por ações de extremistas. Finalmente, existe a possibilidade de a Internet se
fragmentar, com grupos de estados e outros atores respondendo a impasses de
governança com a criação de novos espaços para regulamentação que tenham como
consequência múltiplas Internets.
O primeiro passo crítico é reconhecer (e efetivamente preparar-se para) o
processo de elaboração de normas que já começou. Apenas estar presente não é
suficiente. As regras são feitas por aqueles que sabem como jogar.
[1] Ver Bill Woodcock e Vijay Adhikari (2011). “Survey of Characteristics of
Internet Carrier Interconnection Agreements.” San Francisco: Packet Clearing
House. Available at:
http://www.pch.net/docs/papers/peering-survey/PCH-Peering-Survey-2011.pdf.
[2] Rebecca MacKinnon (2012). “The United Nations and the Internet: It’s
Complicated,” Foreign Policy, 8 August. Available at:
http://www.foreignpolicy.com/articles/2012/08/08/the_united_nations_and_....
Sobre o Autor
Mark Raymond juntou-se ao CIGI em agosto de 2012 como Investigador (Research
Fellow). Especializando-se em relações internacionais, ele está contribuindo
para o desenvolvimento do programa de segurança global do Centro.
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