José
Roberto de Souza Pinto
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06/02/14
• e-Thesis: "Telecom: qualidade do serviço
sob a ótica do executivo da empresa" - por José Roberto de Souza Pinto
Telecom: qualidade do serviço sob a ótica do executivo da empresa
Tecnologia -
Artigos
por José Roberto de Souza Pinto
05-Fev-2014
Não
resta dúvida que o cidadão brasileiro não está satisfeito com os serviços
prestados pelas Empresas de Telecomunicações, sejam eles de telefonia fixa,
móvel, acesso em banda larga e TV por assinatura. Os casos são muitos de
reclamações sobre faturamento, interrupção dos serviços, congestionamentos,
quedas nas chamadas, baixa qualidade de transmissão, além do acesso à Internet
de baixa qualidade, quando não é interrompido.
Nem sempre estas insatisfações dos usuários chegam aos centros de atendimento,
mas quando chegam o atendimento não é adequado, porque as questões não são
resolvidas no primeiro atendimento. Isto faz com que o número de reclamações
aumente e o usuário está tendo que recorrer a ANATEL e aos órgãos de defesa do
consumidor.
As medidas feitas a partir de indicadores que comparam o número de reclamações
com o número de assinantes ou usuários não refletem a realidade da qualidade dos
serviços prestados e mesmo assim me parece deveria haver uma queda destes
índices, independente do crescimento do número de usuários.
A questão que se coloca é sobre como os dirigentes destas Empresas estão vendo a
qualidade dos serviços prestados?
Atividades de natureza técnica nas redes e sistemas de telecomunicações, como
testes em equipamentos, sistemas e cobertura das redes, são necessárias e podem
apurar a qualidade destes elementos, mas não são suficientes para avaliar a
qualidade do serviço vista pelos usuários.
Sem dúvida os cancelamentos de serviços e a troca de prestadora de serviço é um
indicador de grande valor, pois mede a insatisfação dos usuários com aquela
Empresa.
A mídia em geral tem colocado o problema como falta de fiscalização por parte da
ANATEL, que tem a responsabilidade legal para gerir este atendimento feito pelas
Empresas prestadoras de serviços. Certamente concordamos com esta linha de
responsabilidade e a fiscalização e punição é um instrumento que deve ser
praticado, até porque estas Empresas atuam no mercado sob um regime de Concessão
ou Autorização do Estado, por meio de um órgão regulador.
Mas retornando ao ponto central, até que ponto os dirigentes destas Empresas
avaliam os relatórios de reclamações dos usuários, participam eventualmente de
atendimentos nos call centers para colher diretamente as impressões dos usuários
e fazem pesquisas independentes.
Parece-me óbvio, mas evitar reclamações deve ser uma das principais políticas
operativas de uma Empresa. Não só pelo custo de ter que ter uma infraestrutura
para tal, mas também pela imagem da Empresa que é arranhada toda vez que um
usuário está insatisfeito, podendo chegar a cancelar o serviço e mudar de
prestador.
Algumas Empresas adotam a solução de atendimento especial, para grandes clientes
e expandem este atendimento para entidades e pessoas que de alguma forma tem
poder de influenciar a mídia e divulgar esta insatisfação. Nada contra esta
estratégia de proteção dos seus interesses, mas certamente não é suficiente.
As informações veiculadas na Internet são mais uma prova que tem muita
insatisfação com estes prestadores de serviço e podem ser um importante
instrumento de avaliação, desde que consideradas no planejamento de prestação
dos serviços.
Se você tem um amigo ou conhecido influente em uma dessas Empresas, depois de
passar pelo desespero do péssimo atendimento do call center, você recorre a este
amigo e as suas chances são muito grandes de não ter que pagar por um serviço
que não utilizou ou mesmo ter uma melhoria na qualidade do seu serviço. Em
outras palavras, aquele jeitinho brasileiro, às vezes funciona melhor.
Como vemos tem um conjunto de fontes de dados para uma real avaliação da
qualidade da prestação dos serviços de telecomunicações.
O modelo de prestação de serviços de telecomunicações adotado no Brasil
considera que a competição deveria ser um dos instrumentos para diferenciar os
prestadores e fazer com que os usuários façam as melhores escolhas a cada
momento e mudem quando não se sentirem satisfeitos.
Resta, portanto neste momento onde a qualidade de uma maneira geral está ruim
uma grande oportunidade aos executivos destas Empresas no sentido de
identificar, reconhecer as deficiências das redes e serviços e atuar no sentido
de diferenciar os seus serviços pela qualidade, com investimentos e manutenção
nestas redes e sistemas.
Penso que para as Empresas Prestadoras de Serviços ouvir diretamente dos
usuários é melhor do que aguardar estas informações de outros meios.
José Roberto de Souza Pinto
Engenheiro, mestre em Economia e consultor