José Roberto de Souza Pinto

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Março 2016               Índice dos assuntos  deste website    


01/03/16

• Um caminho para SER VIÁVEL, você e o seu país - por Jose Roberto de Souza Pinto

* Texto publicado originalmente no site e-Thesis, atualmente descontinuado.

SER VIÁVEL

Para dar início a este artigo vou abordar a questão central para o desenvolvimento de uma Nação, que é a busca de sua viabilidade. Muitos dirão que é uma utopia, mas se pelo menos pensarmos nesta questão já será um grande avanço.
A viabilidade de uma Nação começa com o cidadão, passa pela família, pelo bairro onde habita, pelo município, pelo Estado da Federação e finalmente pelo País.

Certamente não acreditamos que todas as pessoas possam ter as mesmas competências, habilidades e virtudes e assim garantir esta viabilidade individual de cada cidadão. Portanto estamos conscientes da necessidade de subsídios, que pode e deve ser praticada entre classes sociais e regiões do pais.
Mas este não deve ser em si um objetivo e essa prática não pode ser vista como uma grande realização dos governantes. A distribuição de renda sim como estratégia central de uma Nação deve ser perseguida, mas obtida a partir da criação de oportunidades, que permitam o cidadão e sua família se tornarem viáveis.

Pratica de subsídios devem ser encaradas como soluções paliativas e transitórias, devendo inclusive ter metas de redução, e não de crescimento.
Estamos na realidade, apresentando uma questão de natureza cultural e educacional, que passa pela formação básica do nosso povo. Alguns poderão dizer que esta é uma característica do povo latino, e então eu direi, temos que nos contentar com o subdesenvolvimento, com a pobreza. A resposta deve ser, temos que alterar este quadro, nem que seja a longo prazo. Portanto acredito que se trabalharmos nas bases de formação do povo brasileiro, poderemos introduzir ensinamentos como a auto sustentação e a viabilidade em todos os níveis. A ideia de equilibrar despesas com as receitas e gerar uma poupança deve ser considerada em um programa educacional.

Se fizermos uma análise crítica da situação do Brasil, vemos os sistemas públicos falidos, como saúde, educação, transportes, sem falar na catástrofe que é o INSS, que ano após ano se torna mais inviável, apesar da efetiva contribuição dos trabalhadores, que quando precisam, não tem como se utilizar desses serviços públicos.

Sem dúvida, um aspecto a se considerar é a corrupção, os desvios de verbas públicas e a aplicação dos recursos de forma equivocada, que não geram benefícios para o contribuinte e nem para a população que não contribui. Acredito que mesmo resolvendo esta questão da corrupção, não existe prova que se todo este dinheiro fosse aplicado corretamente, teríamos um serviço público viável e decente para a população.

Por outro lado, mesmo com algumas melhorias no sistema público, que poderiam acontecer se reduzíssemos a corrupção, estaríamos aumentando assim o subsídio para as classes menos favorecidas, mas isso não as tornarias viáveis, soberanas, senhoras dos seus direitos e das suas obrigações, que é a verdadeira característica de um cidadão, aquele que estou me referenciando que é o cidadão viável.

Não resta dúvida que a cada dia aumenta o grupo de pessoas que tem que ser subsidiadas, para sobreviverem, e, portanto, existe algo a se fazer. Esta questão se agrava nos grandes centros, onde as alternativas de sobrevivência, são dependentes de empregos muitos deles distantes da moradia. O trabalho em si naturalmente tende a se reduzir pela modernização dos processos, com a introdução de tecnologias, e que geram novas demandas de postos de trabalho e diferentes profissões, e ainda mais com muita qualificação, muito disputadas, em contraste com os indivíduos e famílias de baixa renda que é a grande maioria dos que habitam estas regiões superpopulosas.

Aí está mais uma das causas desta inviabilidade, que é a elevada concentração populacional nos grandes centros do pais e cada vez mais inseguros e poluídos ambientalmente. Por melhor que seja a gestão pública numa grande cidade ou área metropolitana dificilmente, poderá ser obtida uma razoável qualidade de vida, pois os investimentos necessários em infraestrutura, segurança são muito mais elevados e não há arrecadação dos contribuintes, que são poucos em relação a população destes grandes centros, que os comporte. Portanto estamos diante de uma inviabilidade estrutural garantida e assim desconcentrar, tema hoje pouco discutido, me parece que deva ser um objetivo nacional, a ser perseguido por todos, incluindo as autoridades.

Ao adotarmos esta proposta de ser viável, estaremos nos confrontando com várias forças, aos quais não interessa esta consciência, porque alguns ganham com a ignorância, a pobreza e a violência. A falta de honestas oportunidades de educação e trabalho, abre espaço para as outras soluções de sobrevivência danosas para a sociedade, que na realidade geram cada vez mais custos para os contribuintes, em termos de segurança e outros serviços públicos.

Em primeiro lugar temos que introduzir na nossa cultura uma visão de planejamento, que tem que se iniciar na família e seguir os demais níveis desta cadeia.
Planejar o Pais sem estar coordenado com os Estados e Municípios ou cada um planejar o seu espaço sem considerar o conjunto leva a esta crise que estamos vivendo sem saída.

Assim algumas indicações podem ser listadas para se buscar esta viabilidade:

1 - Reforma ampla do sistema educacional, introduzindo entre outros a concepção de viabilidade e da sustentação, inclusive da ambiental.

2 - Planejamento familiar, de modo a gerar a consciência e orgulho de não ser dependente do Estado, ser autossustentado.

3 - Plano de desconcentração dos grandes centros urbanos e metropolitanos.

4 - Priorização de geração de oportunidades de trabalho e ensino fora dos grandes centros.

Espero que com estas poucas linhas ter despertado a sua atenção para uma questão que alguns dos povos desenvolvidos já superaram.

Jose Roberto de Souza Pinto
Engenheiro, mestre em economia empresarial.

Nota: texto original escrito em 24/05/2006 e revisado em 01/03/2016

Texto publicado originalmente no site e-Thesis, atualmente descontinuado.