José
Roberto de Souza Pinto
WirelessBrasil
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26/07/16
• Retorne ao chão de sua fábrica
Leia na Fonte: Tele.Síntese
[28/07/16]
Retorne ao chão de sua fábrica
Suja e poluída esta é a minha primeira impressão de sua fábrica ou de sua marca.
Em 2010 escrevi o artigo “Visite o chão de sua fábrica”, baseado em dados da
qualidade deficiente da prestação de serviços de telecomunicações medida a
partir do elevado número de reclamações de usuários e publicada em veículos de
comunicação que cobrem o setor.
Naquela oportunidade, visava recuperar os padrões técnicos de instalações de
redes de telecomunicações, notadamente com relação às redes de acesso instaladas
em postes das Empresas de Energia Elétrica, com vistas a melhorar a qualidade do
serviço prestado, evitando interrupções e recuperando os mínimos padrões
técnicos que a engenharia recomenda.
O artigo visava principalmente que os executivos destas empresas visitassem as
suas instalações e constatassem o que algumas fotos publicadas no artigo
exemplificavam.
Recapitulando: a visita ao chão da fábrica, tinha o sentido que para um
prestador de serviço de telecomunicações, seja telefonia e banda larga, TV por
assinatura ou outro serviço, o chão da fábrica é a sua rede de telecomunicações
e grande parte desta rede está instalada em vias urbanas e em postes.
Passados 6 anos vemos que nenhum padrão de instalação foi implantado ou seguido
e a situação, sem dúvida, piorou e muito, como podemos mais uma vez exemplificar
com algumas fotos recém tiradas de instalações de redes aérea em postes.
A imagem não pode ser extrapolada para todos os mais de 5.000 municípios e
milhões de bairros existentes no Brasil, mas existem situações muito piores que
as apresentadas nestas fotos e você cidadão comum ou principalmente um
profissional de telecomunicações, que estudou técnicas e padrões, vai reconhecer
uma dessas instalações no seu bairro perto da sua residência ou local de
trabalho, ou mesmo num lugar turístico, o que causa uma péssima impressão.
O processo certamente está sem controle algum por parte das empresas autorizadas
pela Anatel para prestar serviços de telecomunicações, que envolvem desde cabos
telefônicos antigos e novos, coaxiais, fibras ópticas, para prestação de
telefonia, TV por assinatura e acesso à internet, acrescido hoje de um número
maior de empresas envolvidas neste processo de prestação de serviços, o que
complica ainda mais a situação.
Destacamos adicionalmente o agravante que estas instalações de cabos, caixas e
outros acessórios colocados nos postes das empresas de energia elétrica não são
identificados, portanto não é possível saber se alguma das empresas está
seguindo pelo menos uma regra básica da boa engenharia. E alguns destes fios ou
cabos estão sem serviço, pois quando o usuário migra de uma operadora para
outra, estes permanecem pendurados nos postes ou soltos nas ruas.
Retornando a 2010, verificava que praticamente todos estes serviços de
instalação e manutenção destas redes eram terceirizados, o que em princípio me
parece uma alternativa viável, desde que seguida dos devidos controles relativos
à qualidade das instalações, inclusive sobre o aspecto de segurança física da
população que circule por estas ruas.
Cabe destaque também a questão da poluição visual destas instalações que, sem
sombra de dúvida, transformam o local em um ambiente visualmente desagradável.
Causa-me espécie duas situações interessantes de se avaliar. Por um lado a
tecnologia das telecomunicações e da microeletrônica acumula enormes avanços,
que devem ser traduzidos em benefícios para a sociedade e, por outro, a posição
das prefeituras municipais e das empresas de energia elétrica que deveriam zelar
pela qualidade das instalações técnicas, sobre os aspectos visual e de segurança
da população. Mas, como as imagens retratam, não estão vendo ou não consideram
prioritário este tipo de expectativa.
A partir de diversas manifestações publicadas nos veículos especializados do
setor, vem se verificando certas dificuldades neste relacionamento entre os
órgãos municipais e as empresas de energia elétrica (detentoras dos postes) com
as empresas prestadoras de serviços de telecomunicações, o que não justifica
este quadro sintomático de desarrumação total.
Certamente os municípios têm inúmeras outras prioridades para atendimento à
população e vivem um dia a dia de obras nas suas vias, principalmente urbanas, o
que não impede de, como responsável, tomar a iniciativa de incorporar no seu
planejamento urbano padrões de qualidade para as instalações elétricas e de
telecomunicações, que seriam gradativamente alcançados em cada bairro, evitando
que esta situação de descontrole se mantenha.
A partir da descrição apresentada, observamos que a questão é de difícil
solução, mas estas empresas possuem profissionais bem preparados e, se ainda
prevalece esta situação só pode ser em função da falta de prioridade, o que
recomenda que está na hora desta conversa entre as partes envolvidas acontecer e
que seja rápido, porque a situação tende a piorar.
Desta forma, esse artigo visa mais uma vez lembrar da necessidade de se
recuperar um padrão de qualidade de instalação, que siga normas da boa
engenharia, da segurança física e que seja visualmente aceitável e não um
poluidor visual.
Jose Roberto de Souza Pinto, engenheiro, mestre em economia empresarial e
consultor.