José
Roberto de Souza Pinto
WirelessBrasil
Janeiro 2019 Índice dos assuntos deste website
14/01/19
• Desequilibrada e
insustentável, dizem as teles sobre concessão de STFC - Comentário de Jose
Roberto de Souza Pinto
Não faltaram alertas sobre esta questão em várias publicações em vários veículos.
Inclusive no WirelessBrasil.
Não se interessaram ou faltou competência na ANATEL, para tratar seriamente e
antecipadamente estas questões das Concessões do STFC.
Vejam, agora fica tudo mais difícil.
José Roberto de Souza Pinto
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Leia na Fonte: Teletime
[11/01/19]
Desequilibrada e insustentável, dizem as teles sobre concessão de STFC - por
Samuel Possebon
Dois debates fundamentais para o futuro das concessões de STFC terão momentos
decisivos nos primeiros meses do ano dentro da Anatel. O primeiro é o processo
que analisa o equilíbrio econômico-financeiro das concessões. Segundo apurou
este noticiário, no final de janeiro as áreas técnicas devem mandar o processo
referente às cinco concessionárias para a Procuradoria Federal Especializada da
agência. O grande embate nestes processos é que as empresas decidiram apresentar
uma lista de eventos que, do ponto de vista delas, desequilibraram as concessões
nos últimos anos, e isso pode gerar saldos bilionários que sequer ainda estão
sendo discutidos. A agência espera, antes de entrar nos cálculos, ter um sólido
entendimento jurídico sobre o tema, já que esta será uma questão fatalmente
discutida em arbitragem, já que dificilmente a agência reconhecerá algum
equívoco.
Segundo apurou este noticiário, as concessionárias apresentaram uma listagem de
eventos regulatório não previstos nos contratos, desde o início de suas
vigências. Em alguns casos (a lista varia de empresa para empresa) foram até
nove eventos que, desde a assinatura dos contratos, tiverem efeito de
desequilibrar as contas das concessões. São episódios que vão desde a troca do
índice de reajuste do STFC em 2003, quando saiu-se do IGP-DI para o IPCA e
depois para o IST; passando por aspectos da metodologia de cálculo do fator X;
atrasos na liberação dos reajustes tarifários; até obrigações trazidas pelo
Regulamento Geral do Consumidor. Ninguém fala em números, mas estima-se em
vários bilhões o saldo em favor das empresas caso o pleito seja reconhecido por
inteiro. Estes valores, se reconhecidos, têm potencial de afetar todas as
políticas públicas que poderão ser colocadas na mudança de modelo. A Anatel
pretende ter uma análise específica e fundamentada de cada evento e,
naturalmente, a tendência é não reconhecer a tese das empresas.
No caso da análise do equilíbrio econômico-financeiro, existe uma previsão
contratual de um instrumento de arbitragem para resolver as divergências, e é
isso que deve acontecer. Será a primeira vez que o setor utilizará uma
arbitragem formal para resolver uma pendência com a Anatel. A expectativa é que,
se não houver muitas mudanças na procuradoria, este processo esteja pronto para
o conselho diretor em abril. Considerando o prazo de quatro meses de análise,
pode-se esperar um julgamento desta questão em setembro, quando então seria
pedida a arbitragem, caso haja divergências de entendimento.
Sustentabilidade
O outro problema que a Anatel terá que se debruçar, possivelmente até maior do
que o problema do equilíbrio econômico-financeiro, é o da sustentabilidade das
concessões. Todas as concessionárias estão trabalhando para levar a questão para
a Anatel nos próximos meses e pelo menos uma delas já formalizou o pedido de
análise. O que significa isso? Que as operadoras de STFC em regime público estão
dizendo para a agência que a concessão já se tornou, do ponto de vista
econômico, insustentável, ou tornou-se "excessivamente onerosa", nos termos da
Lei Geral de telecomunicações. Os artigos 66 e 115 da LGT dão margem para as
empresas para alegarem a inviabilidade dos serviços e cobrarem da Anatel medidas
de desoneração, sob risco de romperem o contrato unilateralmente. Ou seja, a
concessão de STFC seria devolvida para a União, que teria a responsabilidade de
prestar os serviços. Ninguém acredita que se chegue neste ponto, mas o debate da
sustentabilidade, se reconhecida, obrigará a Anatel a encontrar formas de tornar
a concessão novamente viável, seja pela redução de obrigações ou da carga
regulatória. As concessionárias, segundo apurou este noticiário, estariam
trabalhando com praticamente os mesmos parâmetros de análise e critérios de
cálculo, justamente para reforçar o argumento junto à agência. O fato é que para
todas as concessionárias a concessão por si só parece ser, hoje, deficitária,
fenômeno que estava previsto para acontecer bem mais perto do fim das outorgas
de STFC.
Adaptação do modelo
Todo este debate sobre os eventos que, supostamente, provocaram
desequilíbrio-econômico financeiro para as empresas no passado, gerando
potencialmente saldos bilionários, ou a análise da sustentabilidade futura, se
somam ao problema que a agência já vem se preparando para enfrentar: a mudança
de modelo caso o PLC 79 venha a ser aprovado. A regulamentação da nova
legislação, juntamente com a metodologia e cálculo dos saldos da mudança de
concessões para autorizações é algo no radar da agência. Assim como a questão
dos bens reversíveis, com todas as polêmicas atreladas a isso. As
concessionárias, por exemplo, sustentam que não há que se falar em cálculo de
bens reversíveis para a mudança de modelo, e lembram que em 2001, quando
migrou-se do Serviço Móvel celular para o Serviço Móvel Pessoal, a questão dos
bens reversíveis sequer entrou na discussão, com a anuência do TCU inclusive.
Por fim, além de todos os problemas acima listados a agência precisa iniciar a
revisão quinquenal do último ciclo de cinco anos das concessões, que vai de 2020
a 2025. Parte deste trabalho já começou com a consulta pública do próximo Plano
Geral de Metas de Universalização, mas a análise vai além e envolve justamente
as questões de sustentabilidade e equilíbrio econômico-financeiro. Nesta
análise, a Anatel poderá ou não corroborar com a tese das empresas. Mas,
independente de qualquer coisa, a agência terá que sinalizar o que acontecem com
as concessões a partir de 2025 caso não haja uma mudança legal do modelo, e isso
precisa ser feito até 2022.
Linhas sem uso
De qualquer forma, o volume de tarefas que a agência tem relacionadas às
concessões só se avoluma, e há quem diga, dentro da agência, que certamente nem
tudo será resolvido em 2019. Enquanto isso, nem mesmo as autorizadas conseguem
retomar o ritmo de crescimento dos serviços de telefonia fixa e as quedas são
sucessivas. Não só no número de acessos, mas também no uso. Uma concessionária,
por exemplo, constatou que 25% de suas linhas fixas geram ou recebem zero
chamadas, ou seja, não geram tráfego. Em algum momento, estes usuários vão
cortar os serviços, acelerando ainda mais a insustentabilidade e a morte dos
serviços de telefonia fixa.