José Roberto de Souza Pinto

WirelessBrasil

Outubro 2020               Índice dos assuntos  deste website    


31/10/20

• O desafio da produtividade

Potencialidades e os impactos das tecnologias na sociedade. É sobre este tema que a produtividade tem posição relevante e que pretendemos avaliar e procurar caminhos para uma solução racional e de desenvolvimento equilibrado e sustentável na economia do país.

A questão do aumento da produtividade principalmente nos países em desenvolvimento é sem dúvida um dos grandes desafios a serem enfrentados nos
próximos anos.

Não é somente um problema das autoridades constituídas, mas principalmente de quem produz produtos e serviços, portanto envolve não só o Estado em todos os seus níveis de governo e os parlamentares, mas também as Empresas e toda a sociedade.

Polemica a questão, pois envolve um sério debate e o entendimento sobre o caminho a ser seguido para mitigar os diversos aspectos das atividades e do trabalho em si que serão substituídos por maquinas.

Certamente, não estamos pensando em 100% do trabalho ser automatizado, mas uma parcela considerável de atividades passará a ser realizada por maquinas e a força de trabalho deverá ser deslocada para as atividades de desenvolvimento de sistemas, produtos e serviços e a função de controles de qualidade das operações e das atividades.

Produtividade da maneira mais simples é definida como produzir mais com menos recursos.

Em recursos, estão incluídos a força de trabalho, recursos materiais diversos e até naturais, como terra, água e energia, que representam custos na formação dos preços dos produtos ou serviços.

Aumentar a produtividade, significa ser mais competitivo em produtos e serviços em âmbito nacional e internacional e ampliar a demanda de consumidores. Difícil imaginar uma sociedade que não esteja inserida neste contexto, para se manter ativa e com uma melhoria constante na qualidade de vida do cidadão.

Vou citar algumas das tecnologias que neste momento estão associadas ao aumento da produtividade. Começamos com a sociedade da informação que é base inicial dessa situação que vivemos hoje, temos a quarta geração industrial com o elevado nível de automação, a inteligência artificial como suporte a todas as operações de forma dinâmica, a Internet das Coisas (IoT), o uso intensivo de fibras ópticas e a quinta geração de celulares o 5G que são as infraestruturas para garantir a comunicação em alta capacidade e qualidade, digo a banda larga, entre pessoas, maquinas e pessoas e maquinas com maquinas.

Entretanto todo esse conjunto de tecnologias e sistemas, requer o seu desenvolvimento e aplicação em todos os segmentos da sociedade, seja na parte
produtiva ou de controles e serviços prestados a toda a sociedade.

Alguns exemplos de estudos e iniciativas em outros países, podem ajudar esse entendimento. Na China, notícias recentes indicam que foram criados cerca de 60 milhões de novos empregos para suportar esta automação e o recente estudo do Fórum Econômico Mundial, que considero otimista, prevê que até 2025 o processo de automação cortará 85 milhões de vagas, criando por outro lado 97 milhões de empregos nas áreas de economia verde e computação em nuvem.

Adicionalmente cabe registrar os inúmeros debates de especialistas sobre a potencialidade e planos de implementação dessas novas tecnologias visando a
automação de processos e o aumento da produtividade.

Não faltam iniciativas positivas nesta direção aqui no Brasil, mas isoladas. O aspecto que me preocupa é sobre os não inseridos neste contexto de modernização da sociedade, que de alguma forma tem que ser inseridos nesta nova realidade. Como certamente vai afetar todas as profissões e atividades, será necessário realizar um esforço de orientação no âmbito do ensino básico em escolas públicas e privadas. Outra iniciativa é desenvolver projetos e estudos a nível universitário que considerem a prioridade de inserção deste grupo abastado, não inserido ainda neste novo contexto do trabalho.

Na realidade estou procurando um caminho na linha de um planejamento estratégico de nação que considere esta transformação e direcione as medidas e recursos.  Certamente um sistema de avaliação periódica será necessário e que permita identificar até que ponto o país avançou. 

Se avaliarmos a situação atual do país, vamos encontrar um aumento no número de pessoas que passaram a frequentar o ensino nos seus vários níveis, entretanto ainda com um baixo nível de qualidade deste ensino no país.

Não temos dúvida que falta muito no ensino básico em qualidade e que no trato dessas novas tecnologias citadas ainda estamos muito distantes de ter uma força de trabalho capacitada para estas atividades para atender a demanda.

Portanto, aí está o desafio de transformação da força de trabalho para suportar esta nova demanda e manter um nível razoável e viável de trabalho e/ou emprego na sociedade.

Penso, que algumas práticas na força de trabalho ou recursos humanos, já estão mudando em termos da percepção da diferença entre emprego e trabalho, mas ainda incipientes.

Neste novo modelo que se apresenta o trabalho é muito mais importante, na medida que requer conhecimento e capacitação para realizar as atividades.

Imagino que neste novo modelo, com elevado nível de automação e produtividade, será difícil ter trabalho para mais de 200 milhões de habitantes, que precisam manter o seu sustento e das suas famílias. Desta forma minimizar os impactos nesta sociedade será uma prioridade.

Os programas de renda mínima estão aí para cobrir este déficit, que será pago pela sociedade e otimistamente, deveriam requerer cada vez menos recursos ao longo dos próximos anos, se tivermos sucesso nesse projeto. Entretanto no curto e médio prazo, a produtividade crescente e geração de renda para aumento do produto interno bruto (PIB) devem ser capazes de sustentar estes programas, mas com a garantia de uma perspectiva equilibrada e sustentável da economia do país.

Óbvio, mas vale citar que a sustentação econômica do país, com infração controlada, com taxa de juros baixa e câmbio equilibrado e redução dos gastos públicos desnecessários, são os alicerces básicos conquistados pela sociedade e que não podem em hipótese alguma serem negligenciados.

Se este é mesmo o quadro que se apresenta, as prioridades passam ser claras no sentido de preparar a sociedade, ainda que de forma tardia, para este desafio que é de todos.

Educação básica de qualidade, incentivo as carreiras técnicas e tecnológicas, melhoria das Universidades com envolvimento em diversos projetos científicos e tecnológicos, com a participação das Empresas e alocação de recursos públicos e privados nas Instituições e Centros de pesquisa.

Penso também que o mais importante é aprender a aprender, pois a cada momento teremos novidades e como não sabemos o que vem mais por aí, teremos que estar sempre estudando e se capacitando para os novos desafios.

Tributação é outra questão a ser encarada, primeiro saindo da irracionalidade da situação atual, onde serviços de suma importância na área de comunicações, tem tributos que superam os 40%. Realmente o cenário esperado deverá ser de incentivos ao desenvolvimento desses produtos e serviços ligados a esse desafio do incremento

Todo esse conjunto de iniciativas em diversas áreas do conhecimento, cito das carreiras mais simples como a da construção civil, até as mais sofisticadas, como a medicina, agricultura e engenharia, mas sem dúvida o conjunto é muito mais amplo e todos dependerão de novos conhecimentos e capacitação para enfrentar este desafio.

A questão que se coloca é: até que ponto, nós sociedade como um todo estamos conscientes deste desafio e o que podemos fazer para gerar esta consciência e quais as ações objetivas que podem ser tomadas e que levem o país nesta direção?

Jose Roberto de Souza Pinto, engenheiro e mestre em economia empresarial.