José
Roberto de Souza Pinto
WirelessBrasil
Setembro 2020 Índice dos assuntos deste website
22/09/20
• Uma reforma técnica e de qualidade no setor de telecom
Vendo as imagens, posso imaginar como seria um carro de Fórmula 1 trafegando
a 300 km/h nesta estrada ou melhor 5G, IoT- Internet das Coisas e IA-Inteligência
Artificial e inúmeros outros aplicativos trafegando naquela rede de cabos de
telecomunicações.
Penso que estamos diante de uma grande oportunidade para recuperar o padrão
técnico e de qualidade de serviço com a introdução do 5G.
Entretanto meu objetivo não é falar sobre o potencial que o 5G traz em termos de
serviços de telecomunicações e da certeza do ganho de produtividade que sem
dúvida os clientes terão com a introdução dessa tecnologia.
Meu objetivo é o de acenar com uma solução para resolver alguns graves
problemas, que não só as Empresas Prestadoras de Serviços, mas também as Cidades
tem nas instalações das redes de telecomunicações, principalmente nas áreas
urbanas.
É fato que a tecnologia 5G vai requerer muito mais antenas, quero dizer estações
radio base do que as gerações anteriores como por exemplo a 4G. Alguns indicam
que pode chegar a ser necessário 5 vezes mais que as atuais.
Outro aspecto indiscutível é que as ligações entre as estações de controle e as
antenas, terão que ser necessariamente realizadas por meio de utilização de
cabos de fibra óptica. Afinal não tem sentido ter uma capacidade na ligação com
o cliente em 5G, alta capacidade e velocidade de transmissão de dados e as
ligações internas na rede serem feitas com sistemas de radiocomunicação ou outro
tipo de cabo de baixa capacidade em infraestruturas precárias, como temos hoje.
Surge então a Lei das Antenas, que se propõem a agilizar o processo junto as
Prefeituras Municipais para a instalação dessas antenas, algumas em torres ou em
outros locais adequados para transmitir e receber os sinais de telecomunicações
em 5G.
Também é fato que em todas as novas obras urbanas está se prevendo preparar as
vias para que cabos de fibra óptica possam ser instalados. Essa, posso dizer que
é das antigas, pois já tem mais de 20 anos que se fala nisso, mas pouco se fez.
Existem até ideias de se utilizar os caminhos da iluminação pública, para se
lançar os cabos e instalar até algumas das antenas necessárias para fazer parte
da cobertura do sinal de 5G, tentando fugir onde for possível deste ambiente
totalmente contaminado dos postes nas áreas urbanas.
A realidade é clara e pode ser
observada em várias das cidades, bastando você olhar para uma sequência de
postes de energia elétrica perto de sua casa e vai enxergar uns 10 a 20 fios e
cabos, numa total confusão. Ali além da energia elétrica, que as instalações não
são das melhores, você encontra fios, cabos de pares, cabos coaxiais, cabos de
fibra óptica, muitas caixas penduradas nos postes e muitas também penduradas nos
cabos, além de muitos rolos de fios. Certamente poderemos encontrar em alguns
bairros de algumas cidades uma situação menos caótica, mas sem um padrão de
engenharia.
As Empresas de Energia Elétrica que são responsáveis pelos postes e por tudo que
passa por eles, me parece que não têm controle algum sobre o que passa pelos
postes. Acredito que as Empresas terceirizadas das Empresas de Telecomunicações
que fazem as instalações de cabos e até de fibra óptica é que devem ter o seu
controle particular, no meio de uma grande bagunça. Certamente estas instalações
não resistiriam a uma prova de pré-primário ou de um curso de Engenharia.
Por outro lado, os Municípios estão preocupados com os projetos de instalações
de antenas de celular, dificultando tanto, que foi necessário fazer uma Lei,
para que os processos andem mais rápido. Na verdade, os Municípios deveriam
estar interessados em um melhor atendimento dos serviços de telecomunicações,
até porque o cliente ou cidadão está é no Município.
5G, Lei da Antena e fibra óptica, me parece que todos já estão convencidos da
sua importância. Podemos agora incorporar a questão da instalação dos cabos em
postes. Sem dúvida a melhor solução para as áreas urbanas seria que eles fossem
subterrâneos, em dutos ou outras formas de lançamento mais seguras.
Entretanto acredito que essa opção será de difícil implantação em todas as
ligações de acesso aos clientes. Portanto teremos que conviver por mais algum
tempo com cabos lançados em postes, mas que tal, seguindo um padrão técnico.
Vale lembrar, que a situação atual de extrema gravidade, é insegura do ponto de
vista do serviço prestado, também insegura para as pessoas que circulam por
essas calçadas e fora a questão da poluição visual, que certamente é
uma responsabilidade municipal.
Surge como opção a solução de compromisso entre as partes envolvidas, no sentido
de colocar ordem na casa.
Penso que as Prefeituras Municipais devem assumir esse papel e criar uma gestão
que atue nesse conjunto, envolvendo as Prestadoras de Serviços de
Telecomunicações, e as de Distribuidoras de Energia Elétrica, admitindo que
qualquer obra de infraestrutura no âmbito urbano a Prefeitura já deve ter o
projeto e a obra sob seu controle, podendo intervir para facilitar a criação
dessas infraestruturas que seriam os caminhos para lançamento de fibras ópticas
em diversos projetos.
Certamente um grande desafio, se olharmos para um futuro que pretende se iniciar
em 2021 com o 5G.
Por outro lado, se pensamos no que já trafega de importante em termos de
aplicações empresariais e até pessoais, principalmente nesta nova forma de
trabalho, essas redes são uma estrada esburacada para corrida de formula 1.
O mais correto e adequado é começar agora a corrigir esta situação catastrófica
das instalações de cabos e fios em postes criando um padrão e uma gestão e
soluções alternativas mais seguras e assim se preparando para uma situação mais
moderna de qualidade técnica que será exigida com a instalação do padrão 5G.
Jose Roberto de Souza Pinto é engenheiro e mestre em economia empresarial.