José Roberto de Souza Pinto

WirelessBrasil

Janeiro 2021              Índice dos assuntos  deste website    


11/01/21

 Tecnologias e a destinação das radiofrequências para 5G e Wi-Fi 

Aparentemente uma questão técnica, mas com inúmeros desdobramentos do ponto de vista do atendimento as necessidades de comunicação de uma sociedade.

Em maio de 2013 publiquei um artigo, que abordava a questão do uso do Wi-Fi, alternativo ou complementar em relação ao uso da rede celular, na época com a 3G que era a terceira geração de Celulares e que estava evoluindo para 4G.

A ideia básica era mostrar a diferença de que quando você enviava uma mensagem do seu telefone celular, você não sabia se estaria utilizando a rede da operadora celular que você contratou ou o serviço ou a rede de acesso em banda larga à internet via um roteador de Wi-Fi.

Algum dos exemplos ainda estão presentes, que são os casos em que você está na sua residência, no escritório onde trabalha, em um restaurante, uma loja num shopping center, em um hotel ou mesmo em um ambiente público como uma praça que dispõe de um Wi-Fi público. Em todas as situações você poderia estar usando uma ou outra rede. Lembro que era e ainda hoje é natural em qualquer de um desses ambientes, você perguntar; qual é a senha do Wi-Fi.

Muitas vezes essa pergunta era feita porque a cobertura da rede da operadora celular não era boa, mas hoje na maioria das situações, você pergunta porque não quer usar o seu pacote de dados do plano da operadora celular ou mesmo se ele se esgotou.

Poderia dizer ainda, que hoje a situação é semelhante, mas com uma diferença enorme de volume de trafego e de aplicativos, que na época não tinha esta amplitude de aplicações. O que não temos mais dúvida é que o smartphone, não é mais um telefone celular, pois já passou a ser um dispositivo para inúmeras aplicações e que também faz eventualmente uma chamada telefônica de voz para outro número telefônico.

O que vou escrever agora é sobre a diversidade dos caminhos nas redes de comunicações. Nada muito técnico e não é para o pessoal profissional nas tecnologias de telecomunicações e da Informação e pode ter até algumas lacunas na descrição, mas para os leigos, frequentemente esta pergunta aparece, principalmente para quem não é deste ramo de atividade.

A questão que se coloca é sobre o serviço que está sendo utilizado e o caminho de uma mensagem enviada de um smartphone pelo aplicativo WhatsApp, Telegram, Instagram ou outro aplicativo semelhante, para outro smartphone. A mesma pergunta se aplica no acesso à uma informação em um site na Internet ou mesmo em uma teleconferência, muito comum, nos dias de hoje.

Vou descrever a seguir 4 situações típicas, quando um smartphone ou mesmo o seu computador envia uma mensagem para outro smartphone:

1- Mensagem de texto, áudio ou vídeo de um smartphone via aplicativo chega ao roteador Wi-Fi e em seguida ao acesso em banda larga e é recebida em outro smartphone a partir do roteador Wi-Fi que tem acesso em banda larga em qualquer estabelecimento como por exemplo a sua casa.

Ambos estão conectados via rede Internet e os dados navegam neste ambiente que chamamos simplesmente de uma nuvem internet. Nesta situação você está pagando um valor fixo que é o acesso em banda larga que você contratou de uma Prestadora de Serviços de Telecomunicações ou usando a banda larga de algum outro estabelecimento que contratou serviço semelhante de banda larga com Wi-Fi, assim como o destinatário da sua mensagem, está utilizando recursos semelhantes.

2- Outra situação é quando você envia a sua mensagem pelo seu smartphone na mesma situação anterior, digo usando o Wi-Fi e a banda larga e o destinatário recebe a mensagem de texto, áudio ou vídeo no smartphone, que está conectado a uma rede de celular por exemplo em 4G. Nesta situação o destinatário da mensagem usa o pacote de dados contratado com a Prestadora de Serviço Celular.

3- Em outra situação você está em um local sem Wi-Fi e sem acesso em banda larga, ou desligou o seu Wi-Fi e envia o mesmo tipo de mensagem para outro smartphone, que pode estar neste caso, em local com Wi-Fi e acesso em banda larga. Neste caso você se utiliza da rede da Prestadora do Serviço Celular e do seu pacote de dados, enquanto o destinatário da mensagem utiliza o Wi-Fi e a banda larga, que pode ter sido contratada pelo destinatário ou de outro cliente de acesso em banda larga, que permitiu e lhe forneceu a senha de acesso.

4- Numa quarta situação em que não existe ou não está disponível o Wi-Fi com a banda larga, você se utiliza da rede da Prestadora do Serviço Celular para envio de sua mensagem e a mesma chega ao destino pela rede da Prestadora do Serviço Celular, sendo o destinatário da mensagem, um dos assinantes de qualquer uma das Prestadoras de Serviço Celular. Neste caso tanto você que enviou a mensagem e o destinatário que se utilizou da rede da Prestadora de Serviço Celular estão neste momento utilizando os seus pacotes de dados contratados com as suas Prestadoras de Serviço Celular.

O interessante a destacar é que você não sabe que recursos o destinatário da sua mensagem está utilizando, enquanto que você sabe se está enviando a mensagem via Wi-Fi e banda larga ou pela rede da Prestadora de Serviço Celular.

A título de esclarecimento no aplicativo utilizado o número do seu celular é apenas um login, assim como você faz quando acessa algum aplicativo via internet do seu computador, laptop ou mesmo do seu celular smartphone.

Este aplicativo instalado em um celular smartphone conectado à Internet da operadora, precisa do número de destino para entrega do pacote de dados.

O WhatsApp quando criou seu serviço escolheu o número de celular como login para seu serviço. Já o Skype usa e-mail. O Telegram usa o número do celular também. Já o Message do Facebook usa e-mail.

Para que não exista dúvidas, as mensagens do tipo SMS, circulam somente nas redes das Prestadoras de Serviços Celulares.

Passados estes esclarecimentos preliminares, vamos então retornar a questão inicial das tecnologias mais recentes disponíveis e das radiofrequências destinadas para a quinta geração de celulares 5G e para o Wi-Fi 6E.

A tendência é que novas faixas de frequências sejam liberadas para o Wi-Fi, como é caso recente do FCC, nos Estados Unidos que já destinou novas frequências e da União Europeia.

Ampliando as faixas de frequência e introduzindo novas tecnologias 5G e Wi-Fi 6E, estaremos aumentando a capacidade com que as transferências de dados são realizadas, permitindo uma maior resolução nos vídeos, menor latência, uma menor interferência e downloads mais rápidos e viabilizando importantes aplicativos como a realidade aumentada e realidade virtual.

A previsão é que ambas as tecnologias e soluções tenham capacidades literalmente muito superiores do que as da quarta geração 4G e o Wi-Fi, com a tecnologia atual e as frequências hoje disponíveis.

O primeiro destaque é sobre a diferença de tratamento das frequências utilizadas. As de uso pelas redes celulares são objeto de leilão ou licitação pública e são destinadas à Empresas que detém autorização da Agência Reguladora, no caso do Brasil a ANATEL, para prestarem os respectivos serviços.

Já as frequências utilizadas nos roteadores Wi-Fi são livres ou “não licenciadas” para utilização, com a devida destinação prévia também pela ANATEL.

Desta forma selecionadas as frequências e as devidas destinações, os fabricantes ou fornecedores de equipamentos passam a oferecer as suas soluções. Estando certo, que para as frequências que requerem autorização, só podem ser utilizadas pelas Empresas que detém esta outorga da ANATEL.

O resumo desta história é que devemos incentivar e conviver, com este conjunto de alternativas, seja Rede Celular 5G ou Wi-Fi com Banda Larga de alta capacidade, que é sinônimo de uso de cabos de fibras ópticas e com outras tecnologias, como as soluções via satélite que são imbatíveis em áreas de difícil acesso, operando com novas frequências que ampliam a capacidade e cobertura.  

O importante é gerar o máximo possível de flexibilidade e cada vez mais proporcionando aos usuários elevadas taxas de transmissão, que são os megas, gigas e terabytes de modo a cobrir esta demanda fantástica de novas aplicações que fazem parte do nosso dia a dia.

Adiciona-se a enorme expectativa de inúmeras outras aplicações mais complexas na automação das linhas de produção de vários setores e que contribuirão efetivamente para o desenvolvimento econômico e social do país.

Jose Roberto de Souza Pinto, engenheiro e mestre em economia empresarial.