José
Roberto de Souza Pinto
WirelessBrasil
Março 2021 Índice dos assuntos deste website
19/03/21
• Batendo na mesma tecla
Cliente satisfeito, me parece óbvio que é o objetivo de qualquer Empresa ou
Organização.
Entretanto, nem sempre é assim e as prioridades das Empresas se deslocam para a
obtenção de resultados econômicos e financeiros e esquecem do tratamento
personalizado que os clientes desejam e esperam quando contratam um serviço.
Certamente os bons resultados são importantes, principalmente quando você tem
investidores que suportam a expansão e a operação da Empresa ou Grupo
Empresarial.
Cliente satisfeito se mantêm fiel, na compra ou utilização de serviços, que gera
a receita e proporciona os resultados econômicos esperados pelos investidores.
Até esse ponto a nossa abordagem da questão me parece extremamente óbvia.
Satisfação dos Empregados, também é importante, pois fazem parte da imagem da
Empresa e principalmente quando estes profissionais estão em atividades de
atendimento aos clientes.
Toda essa introdução visa, mais uma vez tratar da questão da necessidade de
regulação versus o comportamento empresarial no atendimento ao cliente.
Sempre defendi e defendo a regulação mínima de mercado ou de qualquer atividade,
pois ela gera custos, que nem sempre se traduzem em benefícios para o cliente
usuário de um serviço.
Por outro lado, tenho visto algumas tentativas de regulação mínima e a
autorregulação, que é a promovida pelas Empresas que atuam em um determinado
setor da economia.
Entendo que a regulação é imprescindível quando se trata de recursos essenciais
a exemplo das radiofrequências e em processos de autorização ou concessão de
infraestruturas.
No caso das Infraestruturas, destaco as situações quando a prestação do serviço
se dá em regime de monopólio a exemplo das atividades de distribuição de energia
elétrica e gás encanado, que ainda em países como o nosso a competição está
restrita ao atendimento de grandes usuários. Penso que em breve poderemos
desregular, com a entrada de novas opções de energia.
Recentemente li sobre as estatísticas de demandas de consumidores, em relato do
Ministério da Justiça, que aponta o setor de TELECOM como o que gerou mais
demandas de consumidores.
Tenho que reconhecer, que neste período de pandemia, o setor das
Telecomunicações, realizou a incrível façanha de manter grande parte do mundo
funcionando, o que certamente não precisa ser um especialista para imaginar o
que seria da humanidade sem comunicações, neste momento.
Entretanto nada justifica não manter e aprimorar o relacionamento com os
clientes e isso vale para toda e qualquer Empresa, seja de porte grande, médio
ou pequeno, até porque certamente este setor das Telecomunicações não está
sozinho neste rol de desatentos com os clientes.
Penso que de uma maneira geral, nós aqui no Brasil temos poucas Empresas que
prezam pela qualidade dos serviços e do atendimento aos clientes em diversas
situações. Espero que seja uma questão de fase de evolução a ser superada,
quando realmente atingirmos uma situação de um mercado realmente competitivo em
diversos setores da economia.
Não vou entrar nos detalhes do atendimento do tipo: tecle aqui, musiquinha ali e
assim por diante, que irrita qualquer um. Parece que o “omnichannel” vem aí e
assim espero que não seja só uma palavra mágica, para ajudar nesse atendimento,
pois com essa tecnologia o sistema pretende integrar os vários canais de
comunicação com o cliente, que são hoje totalmente desintegrados gerando esta
natural insatisfação do cliente.
Cabe observar sobre a atenção especial a ser dada nestes projetos, quando parte
dos serviços ou atividades são terceirizados, pois aí caímos na mesma situação
atual de desencontro de informações sobre a real situação de um cliente.
Portanto a adoção de tecnologias da informação que sejam seguras podem integrar
as informações dos processos de atendimento ao cliente, incluindo os provedores
de serviços ou atividades terceirizadas. Talvez, seja esse um dos caminhos para
se ter uma melhor gestão de todo o processo.
Uma notícia que merece destaque é a recente propaganda da ANATEL sobre a
obrigação da Empresa Prestadora de Serviços de Telefonia de ajustar o plano de
serviços de um cliente antigo às novas ofertas, inclusive de caráter
promocional, caso seja do interesse do cliente.
À primeira vista não parece ser, ou não deveria ser algo muito importante, mas
meu destaque é em relação ao comportamento da Empresa, que deveria ter esse como
um objetivo e não o de só atender à solicitação após uma reclamação do cliente
que viu o mesmo plano contratado com um preço menor.
Pode ser que essa atitude da ANATEL possa até virar um projeto de Lei, pela
notícia que vi, o que a meu ver não seria necessário, vendo pelo ponto de vista
da Empresa que quer manter o cliente.
Questão semelhante é a relativa ao plano de serviços contratado por 1 ano, que
normalmente você tem um desconto pela fidelidade e não é informado com
antecedência sobre o termino do período e você passa a pagar mais no mês
seguinte. Quando você descobre, liga para Prestadora do Serviço e aí consegue no
mês seguinte o valor anterior ou próximo. Alguns poderiam dizer que você que
contratou é que deve ter este controle, o que pode até estar certo, mas eu não
correria o risco de perder o cliente.
Na realidade a competição entre as Prestadoras de Serviço deveria resolver este
tipo de problema, na medida que se você não teve um excelente atendimento, você
deve mudar de Prestadora do Serviço, mas na prática não temos boas notícias
sobre este tipo de diferenciação no tratamento dado pelas Prestadoras de Serviço
aos seus clientes, o que considero um grande equívoco.
Estou citando estes casos, simplesmente como exemplos e com o objetivo de buscar
uma mudança nesta estratégia mercadológica ou empresarial de cada Empresa
Prestadora de Serviços.
Não cabe entrar na questão do custo de aquisição versus a recuperação de um
cliente, que fazem parte de toda e qualquer formação básica de profissional na
área de Marketing.
O tema central que questiono é o posicionamento das Empresas, frente aos
clientes usuários, quanto ao crescimento das reclamações que faz com que os
órgãos de controle ou de defesa do consumidor, cheguem a triste conclusão de que
é necessário regulamentar ou fazer uma Lei ou criar um aplicativo do tipo “NÃO
ME PERTURBE” ou “RECLAME AQUI”.
Toda vez que isso acontece, penso que existe algo de errado, ou melhor diria
estranho, no relacionamento das Empresas com o seu mercado ou seus clientes. A
toda nova regra implantada neste relacionamento, deveriam os gestores
considerarem como ponto negativo e perguntar: onde é que nós falhamos e o que
podemos fazer para evitar regulamentos e mais regulamentos?
O cenário atual aponta para uma maior disponibilidade das tecnologias de
informação e comunicação, não só para os grandes grupos empresariais. Vale dizer
que já são inúmeras as Empresas de pequeno porte com este acesso e que detêm
redes de cabos de fibras ópticas, uma série de roteadores e um terminal Wi-Fi na
dependência do cliente e Prestam Serviços de banda larga com qualidade
satisfatória.
Com a oportunidade da licitação de radiofrequências de âmbito regional para
prestação de serviços em 5G, este potencial competitivo cresce e o diferencial
deve se concentrar na inovação e na excelência de atendimento ao cliente.
Portanto, ampliar a carteira de clientes, sem sombra de dúvida deve ser um dos
objetivos da Empresa ou do Grupo Empresarial. Entretanto confiança,
credibilidade e ética no relacionamento com o mercado devem ser fatores mais
fortes presentes nestas organizações, pois elas se traduzem em respeito e
fidelidade a sua marca, que é ou deveria ser o objetivo principal de qualquer
organização que pretende ter vida longa.
Jose Roberto de Souza Pinto, engenheiro e mestre em economia empresarial.