José Roberto de Souza Pinto

WirelessBrasil

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24/11/21

• Infraestrutura para 5G - E dessa vez?

Passado o período do leilão das faixas de frequência para introdução em larga escala da tecnologia 5G, quando as Empresas Autorizadas a Prestar Serviços de Telecomunicações realizaram as respectivas aquisições e assumiram os compromissos, vamos ver como estão as infraestruturas para instalação das redes e serviços.

Quero dizer que atingimos a possibilidade de realizar uma revolução nas comunicações de uma maneira geral e irrestrita e com potencial de atingir a todos os setores privados e públicos da sociedade.

Temos agora uma nova fase que é a de colocar esses recursos tecnológicos à disposição da população. Mais uma vez estamos diante de um novo desafio, que é o de colocar novos aplicativos em rede de comunicações, que modificam a forma como hoje se trabalha ou mesmo a nossa convivência social.

Desafios, portanto, não faltam e por isso estou batendo na mesma tecla, para alertar, lembrar sobre as novas necessidades de infraestruturas urbanas e até rurais para se obter o máximo de benefícios na adoção dessa nova tecnologia.

Batendo na mesma tecla como em outras oportunidades, talvez seja necessário mais algumas vezes visando o atendimento ao cliente com a oferta de soluções e serviços.

Entretanto continuamos com os mesmos problemas de infraestrutura da terceira e quarta geração (4G) e com uma diferente e muito maior demanda, em termos de antenas e instalações de equipamentos nas áreas urbanas das cidades, que a tecnologia 5G requer.

Sem dúvida a Lei Geral de Antenas de 20 de novembro de 2015 (Lei 13.116) e o Decreto 10.480 de 01 de setembro de 2020, que regulamenta a Lei, além das iniciativas da ANATEL de preparar e encaminhar minuta de projeto de Lei Municipal para as Prefeituras, assim como a atuação das Associações de Telecomunicações com o devido tempo, tem alertado as Prefeituras Municipais e deve propiciar algum efeito.

Tenho acompanhado através do noticiário algumas iniciativas positivas de alguns Municípios, no sentido da aprovação de Leis Municipais, que facilitam estas instalações.

Entretanto no meu entendimento, cabe muito mais iniciativas, pois o processo é lento neste ambiente de administração pública e a multiplicidade de medidas em função dos inúmeros e variados projetos das Empresas Prestadoras de Serviços, vai requerer um enorme esforço das partes envolvidas para o sucesso dos projetos, o inicio da prestação de serviços e em particular a geração dos benefícios para população.

Em resumo, para que não exista dúvidas, todas as conexões com as estações radio base, conhecidas como ERBs, na linguagem técnica, que terão que ser muitas, tem que estar interligadas por uma vasta rede de cabos de fibras ópticas, com segurança e sem dúvida rotas alternativas e preferencialmente instaladas em infraestrutura segura.

Não é que eu particularmente não goste dos postes de energia elétrica. Mas são um exemplo indiscutível de poluição visual e quando as instalações são precárias não só na parte de energia, mas principalmente quando estão lotados de fios e cabos de telecomunicações, assusta qualquer engenheiro recém formado.

Certamente temos que reconhecer as diferenças que temos em relação aos países desenvolvidos, com relação as soluções de cabos enterrados, que são muito mais seguros. Já fiz esse tipo de comparação em outros artigos publicados.

Aqui no Brasil, acredito que passou a ser óbvia a consciência da importância das telecomunicações e da sua participação no dia a dia da população.

Entretanto, como essa consciência ainda é recente, algumas das medidas relativas as infraestruturas para suportar estas redes de telecomunicações ainda não estão presentes, principalmente nos Municípios.

Neste sentido é que acredito que seja necessário reforçar alguns pontos na infraestrutura das Cidades para passarmos a conviver com essa revolução digital.

A titulo de exemplo a Associação de Empresas de Telecomunicações - CONEXIS, precisa ampliar a divulgação do Ranking das Cidades Amigas da Internet. Com relatórios ou atualização da situação de forma no mínimo semestral.

Criar uma divulgação periódica dos Municípios que já se adaptaram com Lei Municipal aos novos critérios da Lei Geral das Antenas servindo de exemplo para os demais.

Vejo também que não são só capitais de Estado, ou as 100 principais cidades que são acompanhados atualmente, mas temos na realidade 5.570 Municípios e seria bom gradativamente ir aumentando o número de Municípios neste Ranking.

A realidade é que toda esta modernidade esperada com a introdução dessa tecnologia 5G, é totalmente incompatível com o cenário que se observa em praticamente todas as cidades brasileiras, com inúmeros fios e cabos pendurados nos postes, sem qualquer padrão ou qualidade de instalação, gerando não só insegurança para os serviços, para as pessoas que se locomovem neste ambiente e a notória poluição visual.

Esperasse que novos projetos possam em algumas situações eliminar os cabos, que chamamos de última milha, que chegam nas Empresas, Organizações diversas e Residências, com a solução FWA 5G (Fixed Wireless Access), assim como substituir também o emaranhado de fios e cabos “instalados” em posteação, principalmente nas áreas urbanas por cabos de fibra óptica seguindo no mínimo um padrão estabelecido de engenharia de qualidade.

O destaque importante neste processo de convívio com este ambiente totalmente digital é que a qualidade e segurança das informações que circulam nessas redes, passam a ser sensíveis, porque já estamos e estaremos cada vez mais dependentes deste recurso, assim como por exemplo da água, da energia e de um meio ambiente saudável.

Jose Roberto de Souza Pinto, engenheiro e mestre em economia empresarial.