José Roberto de Souza Pinto

WirelessBrasil

MAIO 2022               Índice dos assuntos  deste website    


15/05/22

• 5G - Imagine instalar uma ogiva nuclear em um bote de salva vidas

Recebi de alguns amigos do setor das telecomunicações, o artigo de Bruno Rosa, publicado no globo.com.br (transcrito mais abaixo) que aborda a questão das instalações do sistema de Comunicações em 5G. O texto e a imagem apresentam a dificuldade de se encontrar posições nos postes de energia elétrica para lançar as fibras ópticas que vão interligar as famosas antenas celulares.

Não é novidade que terão que ser muito mais antenas a serem instaladas no sistema 5G do que no 4G. Afinal a tecnologia requer este tipo de instalação de muitas antenas, muito menores por sinal, mas são fundamentais para se obter o resultado esperado em termos de capacidade e qualidade do serviço e assim propiciar inúmeras novas aplicações, que são esperadas e já bastante divulgadas em outras publicações.

O comentário que faço é que não é possível considerar uma novidade esta situação que será enfrentada pelas Operadoras. Penso que não cabe, pois como eu tenho dito, que era só olhar por uma janela e ver o caos das instalações urbanas em postes de distribuidoras de energia elétrica.

Como o subtítulo do artigo citado: “Emaranhado de fios e cabos nas infraestruturas das grandes cidades do país viram um obstáculo para instalação da rede 5G”.

Pode ser até uma desculpa para eventuais atrasos nas ofertas de 5G nas grandes cidades.

Entretanto, vejo que não é novidade e existe uma certa incoerência tecnológica. Certamente um termo novo que criei para exemplificar, situações semelhantes.

5G é sem sombra de dúvida algo bastante avançado que requer o uso de fibras ópticas para interligar as estações e mesmo com rotas alternativas. Parece que não cabe fazer estas instalações em postes, que já estão em fase totalmente precária em função da quantidade de cabos e fios.

5G requer caminhos seguros em instalações em dutos, com rotas alternativas, para se obter o mínimo de segurança e qualidade dos serviços.

Imagine instalar uma ogiva nuclear em um bote de salva vidas ou tentar pousar um avião supersônico em um aeroporto de pista de terra.

O que se imagina é que essas questões de locais de instalação foram planejadas com a devida antecedência, para evitar surpresas de ter que usar estes postes, assim como as dificuldades já identificadas, relativas ao tempo de aprovação dos projetos, que dependem das Prefeituras Municipais. Tudo indica, que também não estão bem solucionados, requerendo das Associações Representativas das Empresas e das autoridades do setor uma atuação mais efetiva.

O ponto positivo é que a mídia, parece que acordou e está se identificando com esse problema, que afeta a todos, não só quem investiu, que são as Empresas, mas principalmente os consumidores, que esperam melhores serviços de qualidade e com novas aplicações.

Espero que a implantação dos “backhall” de fibra óptica necessários para instalação do 5G, não dependa da situação caótica das instalações nos postes de energia elétrica.

Jose Roberto de Souza Pinto, engenheiro e mestre em economia empresarial.


Leia na Fonte: O Globo
[11/05/22]  Às vésperas do 5G os postes viram alvo de disputa bilionária entre telefônicas e empresas de energia - por Bruno Rosa

Emaranhados de fios e cabos na infraestrutura das grandes cidades viram mais um obstáculo para instalação da rede 5G

Grandes vias como a Marginal Pinheiros, em São Paulo, ou as avenidas das Américas e Ayrton Senna, no Rio, exibem um problema crônico das cidades brasileiras: o emaranhado de fios e cabos nos postes. O nó em que se transformou o uso dessa infraestrutura urbana é mais um obstáculo na corrida das empresas de telecomunicações para instalar as redes de 5G, a nova geração de telefonia móvel, que tem até 31 de julho para começar a operar nas capitais.

Os postes são cada vez mais disputados entre teles e distribuidoras de energia, que não se entendem sobre quem deve arcar como custo para reorganizar a bagunça. Estima-se hoje que um em cada quatro postes esteja com "superlotação", com até 60 cabos de 40 empresas disputando um espaço onde, oficialmente, só poderia haver seis pontos de ancoragem de rede. São, nas contas da Agência Nacional de Tele-comunicações (Anate]) e associações do setor, de 10 milhões a 12 milhões de um total de 46 milhões de postes no país.

Técnicos de empresas que estão instalando antenas de 5G relatam dificuldades para achar espaço em postes não só nas vias de Rio e São Paulo citadas. Avenidas de outras capitais, como Domingos Ferreira, em Recife, e Santos Dumont, em Fortaleza, também são.vistas como problemáticas.

R$ 20 BI PARA ORGANIZAR

O custo estimado para resolver: os postes sobrecarregados é estimado em R$20 bilhões, valor que as empresas de energia alegam ser das teles e vice-versa.É esse ambiente que a Anatel e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tentam desenvolver, em conjunto, nova resolução para disciplinar a questão. A consulta pública, encerrada recentemente, resultou em mais de 574 contribuições, que as agências têm até seis meses para analisar.

Em muitos casos, as queixas viram processos administrativos nas duas agências questionando a falta de espaço ou cobrança de supostas tarifas abusivas. Só na Anatel são mais de 110 processos. Na Aneel, há outros l3. A disputa já virou até caso de policia, com companhias acusadas de cortar cabos dos concorrentes.

A chegada do 5G agrava o problema porque suas redes exigem mais cabos e antenas que o 4G para alcançar a ultra-velocidade de conexão móvel prometida. Além disso, novas empresas de telecomunicações estão entrando no mercado e também precisam dos postes para passar fibra óptica e instalar antenas de5G. O superintendente de Competição da Anatel, José Borges, avalia que o problema hoje está nas grandes metrópoles e diz que as duas agências estão priorizando o assunto por causa da maior competição no setor.

— É um problema que tende a crescer dado o aumento de densificação de rede. Por isso, há uma preocupação nossa em dar uma solução.

Segundo a Anatel, está em estudo o desenvolvimento de um "plano prioritário" para arrumar de 2% a 3% dos postes com superlotação por ano — o que, nas contas de empresas de telecom, poderia custar entre R$ 400 milhões e R$ 600 milhões por ano. A ideia é fazer de forma escalonada para minimizar o impacto financeiro e riscos ao funcionamento das redes de energia e de telecomunicações já instaladas. A Aneel afirmou em nota que o objetivo é criar condições gerais de ocupação dos postes, corrigir situações irregulares, estabelecer condições de preço para utilização do espaço e regular o acesso.

O presidente da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (Tel-Comp), Luiz Henrique Barbosa, diz que cidades de médio porte também sofrem com a lotação dos postes e critica o fato de as teles terem que arcar como custo da reordenação.

—Achar o culpado para essa situação hoje é complexo. Nossa proposta é que seja criada uma entidade e que o dinheiro pago pelo aluguel dos espaços seja usado para fazer esse trabalho de reordenação —afirma Barbosa, que reclama também das tarifas mensais pagas pelo uso de um poste, cuia referência é de cerca de R$ 5, mas pode chegar a R$19. Ricardo Brandão, diretor de Regulação da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), lembra que são as próprias teles que instalam os cabos nos postes. Por isso, defende que as concessionárias de energia tenham mais poder para tirar cabos em situações de risco e que as teles paguem a conta da reorganização:

—A operação e a manutenção dos postes são custeadas pelo consumidor através das tarifas (de luz). Infelizmente, muitos cabos são instalados de forma equivocada. A proposta é fazer urna classificação da situação' dos postes. É o setor de telecom que precisa fizer essa fiscalização. Precisamos resolver todo esse estoque para receber o 5G de forma regular.

GESTÃO DA INFRAESTRUTURA

De acordo com Borges, Anate] e Aneel vão criar uma visão conjunta de como esse problema será resolvido na futura resolução. Uma das propostas é tirara gestão dos postes das distribuidoras de energia e entregar a um operador da infraestrutura. Para Marcos Ferrari, presidente-executivo da Conexis Brasil Digital, que representa as teles, não é a melhor saída:

— Ter só um operador neutro não vai resolver. Para ele ser viável, o preço (do aluguel pelo uso do poste) tem que continuar lá em cima e quem vai arcar com isso é o consumidor de telecom. Hoje, 60% do aluguel são usados para modicidade tarifária (redução da conta) na energia elétrica. É pouco para o consumidor. Por isso, unia maior parte dessa receita deveria ser direcionada para as distribuidoras.