José Roberto de Souza Pinto

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26/08/24

• Ideias ou personagens

Este é um tema que me persegue e já faz tempo. Defendemos ou acreditamos em ideias e/ou personagens.

Muitas vezes pensamos que quando acreditamos em certas personagens estamos automaticamente acreditando nas ideias dessas pessoas, que em oportunidades se manifestam defendendo-as.

Tenho ficado incomodado com o noticiário em geral que prioriza as personagens e simplesmente as classifica como defensores de pensamentos “políticos”, sejam eles quais forem.

Quero dizer, que as classificações simplistas, não são suficientes e cada vez mais estão desatualizadas num ambiente de extrema transformação na sociedade, por inúmeros fatores.

Não precisa ser um especialista, mas as transformações são inúmeras e impactantes, fruto talvez da tecnologia, da evolução do pensamento, da situação climática e até geopolítica.

Mais especificamente, penso que essa classificação simplista “politica” de direita, esquerda, centro e as suas extremas direita e esquerda, não são suficientes para o cidadão comum, poder compatibilizar com as suas ideias, do que pensam, mesmo de uma forma geral.

Podemos até num certo esforço, diferenciar algumas ideias básicas nas questões econômicas e de costumes, mas existe uma zona cinzenta e o momento as condições e a conjuntura em geral predominam sobre as linhas de pensamento, principalmente as mais radicais.

Certamente muitos sabem, mas nem todos, a origem dos termos “políticos” direita e esquerda e, portanto, a seguir um resumo:

Os termos "esquerda" e "direita" apareceram durante a Revolução Francesa, de 1789, e o subsequente Império de Napoleão Bonaparte, quando os membros da Assembleia Nacional se dividiam no parlamento entre os partidários do rei, sentados à direita do presidente e os simpatizantes da revolução à sua esquerda.

Quem se interessar pelo tema, pode procurar uma vasta documentação, que pretende detalhar cada uma dessas linhas “politicas” citadas.

Uma observação, que pode parecer até inapropriada, é sobre o bombardeio diário da mídia, sobre a polarização “política”. Alguns podem interpretar como um retrato da sociedade, mas por outro lado existe um certo incentivo na geração desse conflito de direita e esquerda, que convenhamos, se traduz em no mínimo uma perda de energia no dia a dia da população, principalmente quando temos um quadro de inúmeras deficiências em todos os segmentos da sociedade.

Fica a dúvida para os especialistas, se esta polarização é construída ou é da natureza humana.

A título ilustrativo, se continuarmos incentivando a polarização “política”, poderemos em breve ter nos veículos de transporte, lugares à direita e à esquerda para escolha dos adeptos as ideologias, apesar da maioria não ter ideia clara do que representam essas classificações. Poderemos até criativamente ter novas situações e fica a critério do leitor imaginar o que pode acontecer.

Nada contra ideias ou caminhos diferentes, até porque a sociedade se desenvolve a partir de visões diferenciadas, afinal penso que a democracia vem desse espirito de diferentes posições, mas preferencialmente buscando um bem comum para sociedade.

Em resumo quero dizer que o que é importante é a melhoria da qualidade de vida. Estes estereótipos ou classificações que levam ao processo de disputa polarizada não ajudam o desenvolvimento do país.

O que me parece positivo é a utilização de recursos públicos e privados bem aplicados, sem corrupção e incentivo a formação de competências profissionais que vão transformar o Brasil em um país desenvolvido.

Outra crítica é sobre o tempo e os recursos dedicados ao processo eleitoral, que começa muito antes do processo formal e me parece incompatível com o tempo dedicado às discussões e soluções importantes para a melhoria da qualidade de vida da população.

As discussões e soluções para o desenvolvimento do país sem dúvida não dependem desses períodos de 4 em 4 anos, pois requerem prazos mais longos e uma certa continuidade nos principais projetos de natureza estruturante e que geram claros benefícios para sociedade e deveriam estar fora das disputas de poder.

Defendo que devemos nos dedicar as ideias, caminhos e projetos, ficando em segundo plano as personagens, que são passageiras. Personagens podem sem dúvida construir caminhos, mas em hipótese alguma serem perpetuadas, até porque a perpetuação de personalidades, pode se parecer com um regime que se afasta da democracia, o que será uma distorção e ao meu ver inadequada e condenável, num regime democrático.

Não tenho a pretensão de convencer as estruturas das mídias, no sentido alterar a forma de abordagem desse tema, entretanto penso que poderia ser uma boa contribuição explicitar as linhas de pensamento e não a simples classificação, que nos dias de hoje pode ser equivocada.

Jose Roberto de Souza Pinto, engenheiro e mestre em economia.