José
Roberto de Souza Pinto
WirelessBrasil
Fevereiro 2024 Índice dos assuntos deste website
19/02/24
• Contradições na Administração Pública e o Sistema
Educacional.
A mensagem:
Será possível encontrar algo mais importante do que a reforma do sistema
educacional no Brasil?
O texto:
• Contradições na Administração Pública e o Sistema Educacional.
Um tema que tem sido recentemente abordado e discutido por especialistas é a
situação da qualidade do ensino no Brasil.
Os resultados de pesquisas e comentários dos especialistas, comprovam que algo
precisa ser feito com urgência, apesar de que resultados positivos só chegarão a
longo prazo.
Certamente desmotivador para quem gostaria de ver resultados a curto prazo.
Uma reflexão que não é nova e me acompanha já há algum tempo, é que quando uma
família aumenta a sua renda, procura uma escola particular para os seus filhos e
gostaria de ver seus filhos em Universidades Públicas de qualidade.
Na realidade, a família com o aumento da renda procura fugir de todo e qualquer
serviço prestado pelo Estado, seja ele no nível Federal, estadual ou Municipal.
O motivo é mais do que claro, pois são de péssima qualidade e, portanto, não
atendem.
Então temos uma questão a ser reavaliada, na medida em que uma prática saudável
de qualquer sociedade, seria no sentido de criar melhores condições de
capacitação e empregabilidade ou melhor, trabalho bem remunerado, visando o
aumento da renda das famílias e consequentemente a melhoria da qualidade de
vida.
Entendendo com melhoria da qualidade de vida, melhores condições habitacionais,
transporte, educação de qualidade, saúde e segurança pública e acesso à produtos
e alimentos para sustento da família.
Se perseguirmos esse objetivo, mantendo a pratica de que se melhorar a renda
familiar, reduzimos a dependência das famílias do Estado, estaremos trabalhando
no sentido de reduzir as atividades do Estado ao mínimo, imprescindível,
necessário para que as regras básicas da sociedade funcionem adequadamente.
Em um regime democrático, o cidadão sabe e percebe a importância de ser livre
socialmente e economicamente e, portanto, não depender de outros para se ter uma
vida digna e produtiva. Afinal este é um dos princípios fundamentais dos regimes
de governos democráticos.
A alternativa de melhorar a qualidade dos serviços prestados pelo Estado,
apresenta algumas dificuldades por diversos motivos ligados a gestão não
profissional, custos mais elevados, o empreguismo, que se identifica pela
colocação de pessoal não qualificado, normalmente ligado ao partido do governo
de ocasião. Estes fatores levam naturalmente a necessidade de mais recursos
públicos e, portanto, mais impostos, taxas e tributos para a população.
Certamente não podemos imaginar que existe total concordância na escolha do
melhor caminho em um país de dimensões continentais e com mais de 200 milhões de
habitantes.
O que me parece indiscutível é que o atual sistema e nível de educação está
frágil no país e a estrutura e organização não favorecem essa necessária
melhoria.
Vamos então as contradições.
Um caminho é o de melhorar o nível de educação da população, podendo melhorar e
qualificar postos de trabalho, que melhorariam a renda das famílias e por
conseguinte dependeríamos cada vez menos do Estado.
O outro caminho é o de recuperar o Estado do ponto de vista econômico, de gestão
e de capacitação do seu pessoal, para prestar serviços de qualidade.
Certamente na atual estrutura educacional do país, temos alguns aspectos a
considerar que merecem destaque, como veremos a seguir:
- O ensino básico público não tem qualidade, é gratuito para população e de
elevado custo.
- O ensino básico privado é de melhor qualidade, com custo elevado para a
população.
- O ensino superior público, é de melhor qualidade e gratuito.
- O ensino superior privado, sendo o de qualidade é de elevado custo para a
população.
- O ensino técnico é uma boa promessa, com baixa adesão pela população.
Desse quadro, até como parte de um sonho, surgem opções até certo ponto óbvias.
Uma delas é a de melhorar o ensino básico público, atuando na gestão do ensino,
nos custos e na qualidade e remuneração dos professores.
O ensino básico privado, cobriria a demanda não atendida pelas escolas públicas,
que seriam de melhor qualidade e, portanto, atrativas e seria uma opção das
famílias.
Outro caminho a ser explorado é a busca da excelência nas Universidades
Públicas, que poderiam gradativamente deixar de serem gratuitas, com gestão
profissional e aplicação dos recursos em ciência e tecnologias e com
infraestrutura e instrumental necessário para desenvolvimento de projetos que
atendam as demandas futuras da sociedade.
Na realidade seja no ensino público ou privado, a aplicação de recursos em
ciência e tecnologia é fundamental para o desenvolvimento do país.
Adicionando-se um programa de incentivo à adesão ao ensino técnico de qualidade,
articulado com os programas universitários, geraríamos uma desejada capacitação,
que o país hoje requer.
Será que algum brasileiro, especialista ou não no tema, tem alguma melhor
estratégia?
Penso que já passou o tempo de tomada de medidas paliativas, o que nos remete a
prioridade de um projeto educacional robusto de qualidade e de longo prazo,
alinhado com as demandas da sociedade e competitivo em escala internacional.
Jose Roberto de Souza Pinto, engenheiro e mestre em economia empresarial.