José Ribamar Smolka Ramos
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Abril 2003 Índice Geral
17/04/03
----- Original Message -----
From: jose.smolka@vivo.com.br
To: Celld-group@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, April
17, 2003 11:52
AM
Subject: RE:_RES:_[Celld-group] __Dúvida_1XRTT_versus_WLAN_!_!
Gente, bom dia e feliz páscoa... Apesar de novo no grupo,
gostaria de participar desta discussão, ajudando no que puder.
Estava olhando a mensagem original da Márcia, porque o tema
também me interessa. Tomei a liberdade de truncar o texto para
voltar apenas às perguntas originais:
- rede WLAN integrada a rede de dados
1xRTT/1xEVDO utilizando sua estrutura de funcionamento para
permitir autenticação, segurança e outros aspectos relevantes.
- possibilidade de roaming entre as redes WLAN e 1xRTT de
forma integrada e transparente ao usuário.
Como isso é possível?
Usuário de WLAN qdo saísse de sua área de cobertura, com seu
palm por exemplo, teria o serviço coberto pela cobertura do
1XRTT?
- possibilidade de handover automático entre a rede WLAN e a
rede 1xRTT, sem perda da conexão.
Antes de mais nada, não me considero especialista no assunto,
por isso muitas vezes só vou especular sobre características
gerais do problema e possíveis soluções.
A questão básica é: provimento de acesso a aplicações (hoje,
somente dados, no futuro voz também) para o assinante. O
cenário que a Márcia desenhou seria de uma operadora que
oferecesse cobertura CDMA 1x em uma
região, e cobertura WLAN em determinados "hot spots", dando ao
assinante a possibilidade de (desde que o seu terminal de
acesso permita) acessar os mesmos serviços usando a melhor
opção disponível. Adicionalmente o
assinante deveria ser capaz de manter suas sessões quando
houvesse handoff de um tipo de cobertura para outro, e deveria
ser possível o roaming automático quando o assinante estivesse
na área de cobertura de outra
operadora que oferecesse serviço semelhante.
Vamos olhar a questão de trás para a frente. Os serviços que o
assinante deseja acessar residem em plataformas de TI
(normalmente hardware e software básico de mercado, com
aplicações especializadas montadas em cima),
com conectividade IP. Nas condições atuais, até onde conheço,
existe a limitação que, durante uma sessão cliente-servidor, o
endereço IP e o socket (porta UDP ou TCP) não pode mudar. Isso
pode ser alterado? Sim, mas
implica em alterar os algoritmos da pilha TCP/IP do servidor
da aplicação, normalmente embutidos como parte do Sistema
Operacional da plataforma. O fabricante do Sistema Operacional
poderia fazer isso com segurança, mas
pela escala reduzida de usuários para este tipo de
implementação, provavelmente cobraria caro. O usuário (nós)
poderíamos fazer isso, mas é arriscado mexer nisso sem um
conhecimento muito grande do funcionamento
interno do SO (todas as vezes que vi alguém tentar algo do
gênero os resultados foram duvidosos).
Então vamos deixar a plataforma do serviço em paz (até porque
o dono da plataforma pode ser um terceiro, que não esteja
interessado em complicar a vida dele para facilitar a nossa) e
procurar outras alternativas. O
principal é manter o endereço IP estável durante a duração da
sessão, porque o socket pode ser controlado pelo lado cliente
no dispositivo de acesso. O endereço IP é atribuído ao
assinante pelos mecanismos de "call
admission", chamados agora de AAA (authentication,
authorization and accounting). Na rede 1xRTT , este papel é
distribuído entre os PCFs e o PDSN (ainda é assim para 1x EVDO
ou 1x EVDV?), e creio que a estrutura
garante que, mesmo que ocorra handoff entre BTSs ligadas a
BSCs diferentes, o endereço IP durante a sessão é mantido
estável pelo PDSN. Para integrar os hot spots WLAN neste
esquema teria de haver uma maneira de garantir que o AAA das
áreas de cobertura WLAN também fosse gerenciado pelo PDSN,
talvez fazendo algum tipo de bridging nível 2 entre o site
WLAN e o site do PDSN.
Não conheço suficiente os padrões de WLAN (especialmente o
IEEE 802.11) para dizer, de cara, se isso é fácil. Se for
possível, então, do ponto de vista da rede, o problema de
cobertura múltipla e handoffs entre tipos de
cobertura pode ser resolvido.
Só que existe o problema do terminal do assinante. Se o
assinante estiver usando um laptop, dá para imaginar um
esquema onde hajam duas placas de acesso (uma WLAN e outra 1x)
controladas por um único driver, ou uma placa com hardware
dual, que tornaria transparente para as camadas superiores a
dualidade na camada 2, e poderia decidir dinamicamente qual
das duas formas de acesso físico seria usada. O mesmo esquema
poderia ser usado em terminais de acesso tipo palmtop, ou
aparelhos celulares convencionais?
Novamente, não conheço todas as limitações de construção
destes dispositivos (velocidade de processador, capacidade de
memória, etc.) para opinar com segurança. Pelo que escuto
falar, nas condições de hoje em dia é
difícil. Então, teríamos uma situação onde assinantes
utilizando notebooks/laptops ou (talvez) palmtops poderiam
(dependendo da oferta de placas e drivers de conexão dual 1x/WLAN)
utilizar o serviço.
E o roaming automático? Se o assinante estiver interessado em
acessar apenas serviços públicos (websites abertos, servidores
de e-mail, etc.), basta que haja uma maneira (supondo que as
duas operadoras satisfazem as condições anteriores) de "trocar
figurinhas" entre os PDSNs de cada uma delas. Este argumento
também é válido para o caso de uma única operadora com mais de
um PDSN na sua rede. Agora, se o assinante tem algum contrato
de acesso tipo VPN (que é o filé para contratos de empresas)
não vejo como manter a transparência, a não ser que a
operadora coloque todos os seus PDSNs na mesma subnet IP.
Manter o serviço VPN em roaming? Técnicamente possível, mas
fechar o texto dos acordos de roaming vai fazer um monte de
advogados felizes.
Por enquanto é só. Espero ter contribuído para o tema. Se mais
alguém quiser opinar ou esclarecer (especialmente se este
raciocínio se adapta a redes GSM/GPRS), ou me espinafrar por
falar bobagens, sintam-se à vontade.
J. R. Smolka