José Ribamar Smolka Ramos
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WirelessBrasil
Dezembro 2005 Índice Geral
27/12/05
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Original Message -----
From: José de Ribamar Smolka Ramos
To: Celld-group@yahoogrupos.com.br
Sent: Tuesday, December 27, 2005
5:42 PM
Subject: [Celld-group] Codificação, multiplexação e
modulação
Pegando a pergunta postada pelo Dyego Rameh:
> Fico bastante grato pelo tutorial.
Não ADQ... Mas ainda dá para melhorar. Só falta tempo.
> Uma dúvida que sempre surge entre os
estudantes, como eu, é a diferença entre codificação,
multiplexação e modulação.
Em um sentido amplo, codificar é o ato de representar um
significado (informação) através de símbolos (dados) para
comunicar o significado através do tempo ou espaço. Quando
falamos, estamos codificando. A escrita é um meta-código,
porque busca representar a linguagem, que já é um código.
No campo mais restrito das comunicaçòes digitais, estamos
interessados em acomodar uma determinada quantidade de
símbolos (no caso determinados números binários) em um
determinado canal de comunicaçào, cuja capacidade de
transferência (banda de passagem) é limitada. Neste
contexto, codificar significa encontrar uma simbologia que
tenha um bit rate adequado ao meio que será usado.
Isto pode ou não ser complementado (geralmente é) por
símbolos adicionais cujo propósito é permitir ao receptor
detetar e, eventualmente (dentro de certos limites),
corrigir eventuais erros introduzidos durante a transmissão.
Qualquer processo físico de transmissão envolve a
manipulação de alguma característica específica do meio
utilizado. Este meio é a portadora do sinal (já codificado
na forma desejada). Falando de ondas eletromagnéticas como
portadoras, podemos manipular (separadamente ou em conjunto)
a amplitude, a frequência ou a fase
para representar o nosso sinal codificado. o ato de
manipular as características da portadora é o que chamamos
modulação. Repare que a escolha da portadora e da forma de
modulação impõe restrições sobre a forma de codificação.
Agora que temos sinais (informação) codificados e modulados,
temos o problema do compartilhamento dos nossos canais de
comunicação. A essência do termo multiplexar é isto:
compartilhar o meio de comunicação. Isto pode ser feito no
domínio frequência (frequency division multiplexing - FDM)
ou no domínio tempo (time division
multiplexing - TDM).
A própria maneira como o espectro eletromagnético é
"loteado" entre os diversos tipos de usuários (rádio, TV,
etc.) é um exemplo de FDM.
Mantendo suficientemente afastadas as frequências das
portadoras utilizadas por cada tipo de usuário evita-se o "crosstalk"
(ou diafonia, ou interferência co-canal, ou qualquer outro
nome que se queira dar ao fenômeno em vários contextos).
Na multiplexaçào TDM, o que é feito é "fatiar" o tempo de
uso do canal, entregando a cada usuário, periodicamente, uma
"fatia" de tempo (time slot) durante a qual o canal é só
dele. Isto é feito, por exemplo, nas interfaces E1, onde os
2 Mbps (2048 Kbps, para ser preciso) da banda do canal são
alocados em 32 time-slots de 312,5 ms (30 para canais de
voz. um para sinalização e um para sincronismo).
Ainda tem bit interleaving, mas deixa isso pra lá.
Trazendo os exemplos para o ambiente das interfaces aéreas
dos sistemas de telefonia celular (considerados aqui apenas
como transportadores de voz, porque o transporte eficiente
de dados incorpora uma série de detalhes adicionais):
AMPS - Como a transmissão de voz é analógica, não há
codificação, no sentido usual em comunicações digitais. A
modulação é FM simples e o meio de acesso é multiplexado em
modo FDM puro (duas portadoras - canais - separadas em
frequência, para uplink e downlink, por usuário).
TDMA/GSM - A codificação é feita daquelas formas citadas no
artigo (variações do CELP). Até onde sei, o sinal codificado
é modulado em algum tipo de QPSK (quadratura de amplitude e
fase), e a multiplexação do meio é uma combinação de FDM e
TDM (cada canal - semelhante ao AMPS - é dividido em time
slots, e cada usuário recebe
dois time slots, um para uplink e outro para downlink).
CDMA - A codificação é feita em uma variante do CELP. O
processo de espalhamento espectral (spreading) do sinal
codificado via operações XOR com códigos binários (walsh
codes) com bit rate (neste caso, apelidado chip rate) mais
alto é que implementa a idéia de multiplexação. Para
transmissão física, a modulação utilizada também
é alguma variante de QPSK.
[ ]'s
J. R. Smolka