• "TV
Digital - Um troço natimorto!!!"
----- Original Message -----
From: José de Ribamar Smolka Ramos
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Wednesday, February 22, 2006
5:55 PM
Subject: [wireless.br] Re: TV Digital - Um troço
natimorto!!!
Courtnay, às vezes não sei qual das partes do seu userid
prevalece, a zen ou a enigmática :o)
Mas, vamos ao assunto...
Courtnay escreveu:
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(...) filosóficamente, deveríamos
estar discutindo o conceito de "broadcast" como algo
predominantemente destinado a sair do "mainstream" do modelo
de comunicação de vídeo, tal como o conhecemos. Broadcast
atendia a uma necessidade enorme de sincronicidade de
transmissão, muito mais por parte do TRANSMISSOR que do
público, bastando dizer que o primeiro broadcast mundial por
satélite foi a abertura dos jogos de berlin (olimpíadas)
onde um tal de Hittler queria dizer ao mundo coisas sobre a
superioridade ariana...(...)
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Começando pelo fim, creio que vc estava querendo se referir
a transmissão de TV de longa distância (não sei se
microondas ou cabo submarino), porque certamente não
existiam satélites (de nenhuma espécie, exceto a lua) em
torno da terra em 1936.
Como posição filosófica, eu concordo com vc, porque sou um
dos que acreditam que, no final, o mundo será all-over-IP
e Internet-like (fixo, nômade ou móvel). Porque este
é o único modelo que permite flexibilidade total para a
entrega de conteúdo no formato, local e tempo que o usuário
quiser.
Agora, quais serão os modelos de negócio bem-sucedidos para
este cenário é uma outra conversa. Certamente não serão como
os atuais, por uma série de motivos.
Também entendo (e, muitas vezes, compartilho) a animosidade
contra os modelos "mainstream" de entrega de
informação ao usuário. Alguém já definiu o grande
empresariado brasileiro como sendo "a vanguarda do atraso",
e isto não é um fenômeno do século XX. Herdamos isto da
metrópole colonial portuguesa: o péssimo hábito de sempre
tentar encontrar uma maneira de sangrar a "viúva" (quem não
acreditar, procurem o texto completo da carta de Pero Vaz de
Caminha - além de descrever o "achamento" do Brasil,
aproveita para pedir a El-Rey uma "boquinha" na corte para
um parente dele).
Estes caras não acreditam em evoluir seus modelos de negócio
para andar na frente do mercado. O que eles acreditam é na
criação de barreiras regulatórias (via lobby político) que
permitam manter sua "cash-cow" intocada. Só que isto
não adianta. Basta ver o exemplo recente da indústria
fonográfica. As distribuidoras de conteúdo (gravadoras) e os
produtores de conteúdo (músicos) deveriam estar refletindo
sobre novos modelos de negócio (iTunes-like) em vez
de tentar reprimir iniciativas P2P (Napster-like).
Courtnay escreveu:
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(...) Atualmente, vivemos uma imensa
revolução de costumes para o personalizado e assíncrono,
restando poucas coisas de apelo mundial broadcástico, e me
pergunto se os meus filhos vao querer coordenar as agendas
deles para estarem idiotamente sentados na sala de estar as
8 para ver alguma coisa mentirosa em forma de telejornal, ou
se
preferirão estar confortávelmente onde-quer-que-estejam com
seus i-want-everything-with-me vendo
o-que-quer-que-queiram.(...)
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Certo. Vou apropriar, agora, uma série de termos e conceitos
citados no relatório "The end of television as we know it"
(IBM Business Consulting Services - conforme citei no meu
último post).
O que vc citou é tratado no relatório como um "abismo entre
gerações". O mercado consumidor de TV (agregando como "TV"
todas as formas de assistir a conteúdo de vídeo) pode ser
dividido, hoje, em duas grandes categorias: os passivos
(quem ainda se contenta em ficar "abostado" na frente do
aparelho de TV convencional, assistindo uma programação
imposta pelas redes de distribuição - inclusive, e,
especialmente, a publicidade - no máximo fazendo um pouco de
"channel surfing" via controle remoto) e os
envolvidos (que querem liberdade de formato - para poder
assistir no tipo de dispositivo mais conveniente, liberdade
de horário - para assistir quando lhes for mais conveniente,
e liberdade de movimento - para assistir onde for mais
conveniente).
Basicamente o mercado consumidor de TV, hoje, poderia ser
dividido em 80% de passivos e 20% de envolvidos. Mas os
envolvidos podem, tranqüilamente, ficar cantarolando a
música dos Stones: "time is on my side... yes it is..."
Para um horizonte de 5 anos a IBM acha (e eu concordo) que
as mudanças na proporção relativa de passivos e envolvidos
não serão tão drásticas. Mas, certamente, elas serão
inevitáveis no horizonte de 10 a 15 anos. Portanto os atuais
"broadcasters" teriam entre 5 e 10 anos para
reformular seus modelos de negócio.
Se eles não fizerem isto,
(1) o mercado os deixará para trás, consumindo conteúdo de
outros distribuidores e provedores, que terão propostas
percebidas como sendo de maior valor, e
(2) ao perceber que a audiência se diluiu, o mercado
publicitário não estará mais disposto a pagar os preços
cobrados pelos tradicionais "spots" de 30
segundos - e isto responde por cerca de 50% da receita bruta
deles.
Os conselhos para tentar evitar o desastre são simples, e
NÃO tem nada a ver com barreiras regulatórias:
(a) Aproveite o horizonte de prováveis 5 anos de trégua
para, usando o modelo atual como base de geração de receita,
financiar experimentos com novos modelos de geração e
distribuição de conteúdo;
(b) Experimente (develop, trial, refine, roll-out, repeat)
novos modelos para geração, distribuição e comercialização
de conteúdo, com enfática recomendação que os experimentos
sejam baseados em padrões abertos.
Conclusão: "this is the beginnig of the end... adapt or
succumb"
Courtnay escreveu:
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(...) Venho de 20 anos de revoluções e
já vi muitas coisas altamente interessantes do ponto de
vista de engenharia sucumbirem ao efeito de manada.(...)
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So do I, pal. Been there,
done that.
Não sei se vc já viu o modelo de "hype cycle" que o
Gartner Group usa para avaliar o posicionamento de
tecnologias no mercado (tem uma descrição no site deles -
www.gartner.com ). A
mídia é muito focada (e, portanto, co-responsável) no trecho
entre o "technological trigger" e o "peak of
inflated expectations". Os primeiros roll-outs
práticos geralmente levam as pessoas a notar que aquilo não
é a panacéia que haviam previsto, portanto a queda para o "disillusion
trough". O que eu procuro fazer, profissionalmente, é
tentar amenizar a queda pelo vale e levar as coisas o mais
rápido possível através da "enlightment ramp" para
atingir o "productivity plateau".
Courtnay escreveu:
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(...) E por causa disso, vaticino para
a estória que vem por ai, TV digital (broadcasting) em qqer
padrão é um troço MORTO e ZUMBIZANTE (como diria o Raul).
IPTV e qqer forma de transmissão assíncrona ou de
distribuição p2p-co-hosted (Modelos Akamai/Inktomi),
sobre redes IP (sejam fixas, WiMAx, ou Why-I-Don'-Think-About-It-Before)
são a plataforma de evolução que comporão uma nova value
cloud ao redor desses MultiCasting.
Todo o resto, quem viver, uns 5 anos a mais, verá o
retumbante desabamento dessas maravilhosas discussões
pointless.(...)
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Por tudo que já disse antes, concordo em gênero e número. Só
discordo do grau.
Courtnay escreveu:
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(...) Basta lembrar de alguns gráficos
de 96, 97, sobre uma maravilhosa rede de terceira geração,
de cujos padrões, se eu não me engano, havia um que chamava
ITU-2000 ,supostamente a se implementado no ano 2000,
juntamente com o fim do mundo e o bug do milênio, em
suma, coisas q notadamente não aconteceram.
Veremos... (...)
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Pois é... Mas quem disse que a indústria de telecomunicações
(fixa e móvel) é imune ao mesmo tipo de miopia que ataca a
indústria de TV, assim como a indústria fonográfica?
Estão achando que coisas como o IMS vai colocá-los em
posição necessariamente privilegiada na mediação da
experiência de uso de novos serviços/conteúdos pelos
usuários? Acordem!!! O temido "entertainment bypass"
já começou!!!
Pois é... veremos...
Smolka