José Ribamar Smolka Ramos
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Agosto 2008 Índice Geral
14/08/08
• Cyberwars
Oi Luiz,
Na verdade este pode ser classificado como o terceiro
episódio de "guerra cibernética" onde as ações parecem ser
orquestradas por um país, e não por indivíduos ou
organizações não ligados a governos (embora seja difícil
provar isto sem sombra de dúvida.
O primeiro caso parece ser uma série de ataques e tentativas
de invasão, organizadas a partir da China, sobre várias
redes ligadas ao DoD dos Estados Unidos. Isto começou em
2003, e as notícias não deixam muito claro como o problema
vem evoluindo (o codinome inicial para o ataque foi Titan
Rain, mas depois toda a informação foi classificada sob
outro codinome, mantido em sigilo).
O segundo caso, como agora, também envolve a Rússia, e foi
movido contra a Estônia no final de abril de 2007. Veja
informações aqui .
Acho que este é um problema que veio para ficar.
[ ]'s
J. R. Smolka
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----- Original Message -----
From: José de Ribamar Smolka Ramos
To: Celld-group@yahoogrupos.com.br
Sent: Monday, August 18, 2008 1:00 PM
Subject: [Celld-group] Re: Cyberwars
Luiz Sergio Nacinovic <lsnvic@...>
escreveu
Mestre.
uma pergunta: como seria uma cyberguerra wireless?
Da mesma forma que as interferências nas transmissões
radiofônicas? como interferir em transcepção
(transmissão+repetição+interação)?
Usando técnicas de "engenharia social, agora batizada de
"engenharia bélica"?
Oi Luiz,
Demorei para responder por falta de tempo... Parte por causa
do trabalho, e parte porque a sua pergunta, embora colocada
em termos simples, exige um pouco mais de espaço para
resposta.
Todos os fator reportados sobre o "transbordamento" do
conflito Rússia x Georgia para a arena da Internet caem na
categoria "ações psicológicas". Ataques de denial of
service e site defacement contra web sites
públicos não tem o poder de afetar diretamente o campo de
batalha, porque eles não fazem parte da infra-estrutura das
forças armadas.
O objetivo deste tipo de ataque (que ocorre várias vezes ao
ano, em vários lugares do mundo, não só em tempo de guerra)
é espalhar FUD (fear, uncertainty and disinformation)
no seu adversário.
O que caracteriza um evento deste tipo como cyberwar é a
simultaneidade com um conflito armado, bem como o padrão e a
intensidade dos ataques.
Segundo este post no blog de segurança da Arbor Networks, a
duração média dos ataques foi de 2:15 horas, com um máximo
de 6 horas; e o throughput agregado nos ataques foi
de 211,7 Mbps em média, com pico de 814,3 Mbps.
O padrão de ataque também já está ficando clássico
(aconteceu assim no caso Rússia x Estônia no ano passado).
Primeiro vem ataques pesados de DoS e defacement, lançados
através de redes intermediárias e/ou botnets para
garantir plausible deniability para o agressor.
Depois são publicados, via salas de chat e/ou blogs, scripts
simplificados (ex.: arquivos BAT do Windows para fazer flood
ping em uma lista de sites) para que os próprios internautas,
script kiddies e hacktivists prossigam o
ataque.
Repare que nenhum dos ataques é dirigido à infra-estrutura
de comunicações privadas (com ou sem fio) do alvo. Porque,
para o objetivo do agressor, é muito mais eficiente e barato
tirar do ar os web sites do que paralisar a rede de
telecomunicações. Se realmente quisessem isto, algumas
bombas ou mísseis de alta precisão dirigidos contra os
prédios das centrais telefônicas fariam um efeito muito
melhor.
Para terminar, no campo de batalha propriamente dito a
guerra é wireless há muito tempo.
Observe que o CDMA, por exemplo, é derivado das técnicas de
transmissão spread spectrum inventadas para aumentar
a segurança nas comunicações táticas no campo de batalha.
Nesta área existem dois tipos de atuação: as iniciativas
para negar ou inteferir na capacidade do adversário em
manter sua infra-estrutura de comando, controle, vigilância,
reconhecimento e direção de tiro; e as iniciativas para
proteger a sua própria infra-estrutura contra as iniciativas
do seu oponente.
E isto envolve uma fatia muito grande do espectro
eletromagnético: desde alguns KHz (rádio) até comprimentos
de onda na faixa do infravermelho (1 mm até 620 nm) e da luz
visível (620 nm até 450 nm), descontando aí os problemas de
um campo de batalha nuclear, onde coisas como raios X
"duros" e raios gama passam a ter importância.
[ ]'s
J. R. Smolka