José Ribamar Smolka Ramos
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Julho 2008 Índice Geral
13/07/08
• Como funciona a Internet (15) - Mapeando os "nossos" backbones (04) - Nova mensagem de José Smolka
Julião, !3runo (legalzinho esse negócio de
leetspeak :-) ) e
demais colegas,
Vou tentar me limitar às questões técnicas, e deixas ar
discussões sobre política e legislação para a troca de
posts com o Rogério :-)
.
Primeiro a questão "quem veio primeiro o ovo ou a galinha?"
do BGP-4 versus AS. Vou transcrever a introdução da
RFC 1930 - Guidelines for creation, selection and
registration of an Autonomous System (AS) - que pode ser
consultada em
http://tools.
This memo discusses when it is appropriate to register and
utilize an Autonomous System (AS), and lists criteria for
such. ASes are the unit of routing policy in the modern
world of exterior routing, and are specifically applicable
to protocols like EGP (Exterior Gateway Protocol, now at
historical status; see [EGP]), BGP (Border Gateway Protocol,
the current de facto standard for inter-AS routing; see [BGP-4]),
and IDRP (The OSI Inter-Domain Routing Protocol, which the
Internet is expected to adopt when BGP becomes obsolete; see
[IDRP]). It should be noted that the IDRP equivalent of an
AS is the RDI, or Routing Domain Identifier.
Nesta mesma RFC, na seção 3 (definitions), está
escrito que:
The classic definition of an Autonomous System is a set
of routers under a single technical administration, using an
interior gateway protocol and common metrics to route
packets within the AS, and using an exterior gateway
protocol to route packets to other ASes. Since this classic
definition was developed, it has become common for a single
AS to use several interior gateway protocols and sometimes
several sets of metrics within an AS. The use of the term
Autonomous System here stresses the fact that, even when
multiple IGPs and metrics are used, the administration of an
AS appears to other ASes to have a single coherent interior
routing plan and presents a consistent picture of what
networks are reachable through it.
To rephrase succinctly: An AS is a connected group of one or
more IP prefixes run by one or more network operators which
has a SINGLE and CLEARLY DEFINED routing policy.
Routing policy here is defined as how routing decisions are
made in the Internet today. It is the exchange of routing
information between ASes that is subject to routing
policies.
Portanto para mim é claro que:
a) O conceito de AS foi
criado para definir unidades administrativas que controlam
segmentos lógicos (isto é, uma parte do espaço de
endereçamento IPv4 ou IPv6) da Internet e a forma de
roteamento no seu interior. Sem isto seria impossível que a
Internet atingisse a escala mundial que ela tem hoje;
b) Cada AS deve
apresentar aos demais AS (isto é, para o restante da
Internet) uma política de roteamento única e claramente
definida (isto é, como o tráfego destinado a endereços IP no
seu interior deve ser encaminhado até a sua "fronteira")
c) A forma como estas
políticas de roteamento entre AS são comunicadas entre eles
é através das mensagens de um protocolo de exterior
routing, compartilhado em comum acordo por toda a
comunidade dos AS. Este protocolo já foi o EGP (RFC 904),
hoje é o BGP-4 (RFC 4271), e um dia (talvez, when the
hell freezes over :-)
) venha a ser o IDRP (ISO/IEC 10747).
Mas as interconexões AS-AS mostram apenas a organização
lógica da Internet. Por baixo disto (e muito mais obscura)
está a estrutura física de encaminhamento do tráfego.
É um fato (e não só no Brasil) que a posse física dos meios
de conexão interfere muito na maneira como as coisas ocorrem
na prática.
Vamos ver, como exemplo, a RNP (ASN 1916).
Ela é dona dos seus roteadores, mas os links que os
conectam certamente não são de sua propriedade.
Então, no mapa que mostra a topologia da RNP (e também o seu
"estado de saúde") em
http://www.rnp.
Supondo que os roteadores destes dois AS também estejam
localizados em SP, existe uma forte possibilidade que os
dois links passem pela infra-estrutura da rede MPLS
da Telefónica, e tenham caído juntos durante o meltdown.
O caminho alternativo de tráfego mais óbvio seria a conexão
SP-RJ, mas se alguma parte física deste link também
depender da rede MPLS da Telefónica, adiós.
Próxima alternativa seria rotear o tráfego via DF e MG
(desde que o link SP-DF também não tenha caído junto
com os outros), mas existe a possibilidade de
congestionamento se a falha ocorrer em HMM.
Conclusão: se os administradores da RNP não planejarem com
cuidado de quem eles contratam os seus links, a
esperada resiliência do projeto lógico da rede vai pras
cucuias.
Se este problema existe no nível urbano das maiores cidades
do país, imagine o resto.
Quando se trata se provimento de enlaces interestaduais a
quantidade de escolhas se reduz a meia dúzia de operadores,
e nem todos os trechos que alguém gostaria de conectar
possuem mais de um operador com caminhos físicos
completamente distintos.
Saídas internacionais? Se vc precisa de banda de verdade
(digamos, assim, algumas centenas de Mbps) a única
alternativa prática são os cabos submarinos de fibras
óticas.
No mapa disponível em
http://www1.
A administração destes cabos geralmente é feita por
consórcios, e aposto alguns destes consórcios operam mais de
um cabo.
A conseqüência final é que os pontos de interconexão das
redes tendem a ser colocados apenas nos locais onde o
agregado de tráfego justifique o custo.
E é por isto que os grandes provedores de interconexão, que
operam os AS de "passagem" para os pequenos provedores de
interconexão (que fazem o varejo do negócio de acesso à
Internet), cobram "pedágio".
Enquanto o tráfego da Internet for composto principalmente
por aplicações best effort (ex.: http e smtp) estas
"voltas do mar" que o tráfego tem de fazer para passar de um
AS para outro não chegam a comprometer a performance
(alguns milissegundos a mais ou a menos? No big deal).
Mas, quando houver um volume considerável de tráfego
real-time, isto será um problema.
Será um problema grande o suficiente a ponto de forçar uma
mudança neste estado de coisas? Depende de vários fatores,
mas isto é assunto para outro post.
Ah! Só para terminar... Alguém aí sabe quais seriam os
impedimentos técnicos de lançar um trecho de cabo submarino
de Fortaleza a Belém, e um trecho "subfluvial" de Belém a
Manaus? Isto daria um desafogo e tanto para a região norte,
onde praticamente só se chega por satélite.
[ ]'s
Nota da Coordenação:
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material que complementa o assunto:
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