José Ribamar Smolka Ramos
Telecomunicações
Artigos e Mensagens
ComUnidade
WirelessBrasil
Dezembro 2009 Índice Geral
03/12/09
• Debate sobre a msg Telebrás, Eletronet e "Plano de Banda Larga" (101) - Artigo de Virgílio Freire: "O Nebuloso 'Plano de Banda Larga' do Ministro Helio Costa" - Parte 2 + "A ABEP e o PNBL"
de J. R. Smolka <smolka@terra.com.br>
para wirelessbr@yahoogrupos.com.br
cc Celld-group@yahoogrupos.com.br
data 3 de dezembro de 2009 10:13
assunto Re: [wireless.br]
Telebrás, Eletronet e "Plano de Banda Larga" (101) - Artigo de Virgílio Freire:
"O Nebuloso 'Plano de Banda Larga' do Ministro Helio Costa" - Parte 2 + "A ABEP
e o PNBL"
Pessoal,
Apesar da variedade de explosões ideológicas que tenho visto nos últimos tempos,
poucas igualam (e nenhuma supera) o desempenho desta peça produzida pelo senhor
Virgílio Freire. A única palavra que me ocorre para sintetizar os pontos de
vista ali expressos é: LIBEROFOBIA. Para mim isto define uma doença, um estado
patológico, que torna o acometido absolutamente incapaz de raciocinar de forma
lógica e com base em fatos e dados. Só interessa enquadrar tudo em uma moldura
ideológica rígida, que coloca o Estado socialista como ente libertador das
massas da sanha empedernida e impenitente dos capitalistas, estes seres
maléficos e incorrigíveis na prática do mal.
Cá pra nós, isto parece a mesma ladainha socialófoba utilizada no passado,
apenas com sinal trocado. Provavelmente nem todo mundo por aqui tenha memória do
que era o pensamento político maniqueísta que marcou o período da guerra fria, e
de como os dois lados do conflito usaram o Brasil (e vários outros países) como
campo de provas. Antigamente dizia-se que comunistas comiam criancinhas. Agora
querem me convencer que esta é, na verdade, dieta de capitalistas? Adotando um
ditado daqui da Bahia, me batam uma garapa com limão e mel!!
Não quero discutir ideologia, até porque parece que isto seria inútil. Mas
falhas de lógica ou de aritmética me incomodam, por isto vou tentar me limitar a
comentar isto. Sigo do modo usual: citações e comentários intercalados.
>
> Vejamos – quando alguém lhe fala de um “Plano”, você imediatamente pensa:
“Bem, trata-se de um documento que me diga pelo menos as seguintes coisas”
>
> a. O que vai ser feito
> b. Quando vai ser feito
> c. Quanto vai custar
> d. De onde vem este dinheiro
>
> Para ficar bem claro, imagine que o Governo Federal pretenda construir uma
estrada. O que você acharia se no “Plano” da estrada não houvesse qualquer
menção ao número de faixas para os veículos?cia deste
>
> Se a estrada tiver duas faixas, seu custo será um. Se tiver três faixas, será
outro, se tiver quatro faixas ainda outro.
>
> Usemos outro exemplo – você vai construir uma casa. Se tiver dois quartos, o
custo é um. Se aumentar para três ou quatro quartos, o custo aumenta.
>
> Fica evidente que sem definir muito bem o item a) acima, ou seja, O Que Vai
ser Feito, os outros itens tornam-se absolutamente inúteis. Você não consegue
calcular o prazo, não consegue calcular o preço, e muito menos definir de onde
vem o dinheiro.
Não sou fã do Ministro Hélio Costa, mas, neste caso, ele está defendendo o ponto
de vista com o qual concordo: não existe lógica ou razão real de negócio para
que o governo assuma o comando direto da elaboração e execução deste tal "plano
de banda larga". Razões políticas existem, de sobra, mas não vou me ocupar
delas.
O Sr. Virgílio Freire tem razão ao dizer o que se espera de qualquer projeto,
porém ele (convenientemente?) esquece dois fatos:
a) O "plano" apresentado pelo Ministro Hélio Costa (que também não achei lá
grande coisa) é produto de uma iniciativa apressada. Portanto este documento
representa, no máximo, um rascunho de intenções em linhas gerais, e não um plano
acabado sobre o qual pode-se iniciar os processos de contratação dos
fornecedores para execução. Neste sentido restrito até dá para deglutir o
documento. Mais do que isto é apenas desejo de torpedear uma iniciativa que
incomoda porque não é ideologicamente alinhada.
b) O "plano" desejado (e ideologicamente palatável), venha ele do Ministério do
Planejamento, da Casa Civil, ou de ambos, carece dos mesmos fatores de definição
que foram apontados como deficiência para este aqui: ninguém sabe, hoje, definir
o que é "banda larga" em termos adequados à realidade social e econômica
multifacetada do Brasil, nem existe resposta clara para alguns fatos simples:
[1] se o "plano" seguir o modelo australiano (canguru perneta? :-) ) então que
garantia há que, mesmo com custos subsidiados do backbone aos provedores locais
de acesso, as pessoas e empresas terão condições econômicas para arcar com o
custo da conexão? e [2] se o "plano" envolver prestação de serviço até o acesso
dos usuários (last mile), como, aliás, é o que foi reportado como sendo o desejo
do Presidente da República, o custo total do projeto torna-se totalmente
imponderável.
Resumo da ópera: embora desejável, ninguém, hoje, tem condições de dar as
respostas claras e objetivas que gostaríamos. Tudo está em termos gerais, e
parece que ficará assim ainda por algum tempo.
> Acesso Banda Larga: Um acesso com escoamento de
tráfego tal que permita aos consumidores finais, individuais e corporativos,
fixos ou móveis, usufruírem, com qualidade, de uma cesta de serviços e
aplicações baseada em voz, dados e vídeo.
>
> Entendeu? Eu não. Não diz nada. “Usufruírem com qualidade” – o que é isso?
>
> Em Banda Larga, a velocidade proposta e fornecida é parte importante da
Qualidade, bem como a Confiabilidade, ou seja, o percentual do tempo em que a
rede funciona.
>
> A definição acima equivale a dizer: Uma auto-estrada é uma série de pistas por
onde trafegam os veículos – quantas pistas? A que velocidade? Sem respostas a
essas perguntas, alguém consegue dizer se a estrada será boa ou má, lenta ou
rápida?
>
> E o pior é que na página 17, do Sumário Executivo, propõe “Aumentar em dez
vezes a velocidade mínima de oferta dos serviços de acesso à banda larga até
2014”.
>
> Mas qual é a “velocidade mínima de oferta dos serviços de acesso à banda
larga”, cara-pálida?
Bom Kemosabi (o Sr. Virgílio Freire deve ter idade suficiente para saber o que é
isto :-) ), qualidade é o tipo da palavra doce e vaporosa, porque, conforme quem
diz e quem ouve, pode significar muitas coisas. Eu gosto de uma definição
simples: qualidade é você satisfazer (ou, idealmente, exceder) as expectativas
do cliente/usuário com relação ao produto/serviço a ele oferecido. O Nirvana
empresarial é conseguir isto preservando e melhorando, também, a rentabilidade
do negócio.
A "qualidade" de um produto ou serviço depende das diferentes percepções de
valor que cada segmento do seu público consumidor possui. Para uns o fator mais
importante é o preço, e banda, bit error rate e disponibilidade são
características secundárias. Para outros a disponibilidade e o bit error rate
são essenciais. Para outros será a banda oferecida... Enfim, qualquer oferta de
serviço de banda larga precisa equacionar como cada um destes fatores de QoS
serão compostos na forma de "pacotes" ao usuário final.
O problema, como já disse antes, é que ninguém sabe responder isto com segurança
para o Brasil de hoje. Então o jeito é expressar os documentos netes termos
genéricos e inconclusivos. Mas este não é um mal que acomete exclusivamente este
documento. Tem muitos outros exemplos na literatura governamental expressos em
termos semelhantes, e tenho certeza que o "plano sério" da Casa Civil e do
Ministério do Planejamento virá, também, carregado de termos genéricos com
estes, porque isto não é um caso de ideologia, mas de desconhecimento de todos
os dados necessários..
> Veja no quadro abaixo como varia de país a país a
velocidade proposta atualmente para os Planos Nacionais de Banda Larga – todos
os países que se propõe a implantar um Plano deste calibre definem bem
claramente a velocidade que fornecerão a seus cidadãos, e o percentual de
domicílios atendidos – somente assim se consegue calcular o custo, estimar as
necessidades de Mao de obra, organizar o projeto, etc.
>
> Observe que as velocidades variam muito, em função dos recursos que os
governos se dispõem a destinar ao setor, desde a Finlândia, que vai oferecer 1
MB a todos seus cidadãos até 2010, evoluindo até 100 MBps até 2016 (lembre que o
Speedy hoje oferece menos de 10% disto, ou seja, no máximo 8 MBps.)
> A Austrália, considerada o melhor e mais realista plano de banda larga no
mundo atual, irá levar 100 MBps por fibra ótica a 90% dos domicílios, escolas e
empresas até 2017. Os restantes 10% serão atendidos via rádio, já que o país é
vasto e seria caríssimo levar fibra até 100% dos domicilio, como no Brasil.
Concordo. Seria ótimo termos todos estes dados definidos para poder detalhar um
plano coerente. Só que ninguém tem isto, e, se quiserem condicionar a montagem
de um plano ao conhecimento prévio destas metas, então ou o "plano sério" virá
com platitudes semelhantes às do plano do Ministro Hélio Costa, ou a elaboração
do "plano sério" demorará até depois das eleições de 2010 (o que, creio, não é o
desejo dos patrocinadores destas iniciativas).
> E, no entanto, no capítulo 7 o documento calcula os
Investimentos necessários!
>
> Qual a química que permite calcular investimentos em Banda Larga sem saber a
velocidade que vai ser oferecida?
Ora essa... chute, é claro! E não venha o Sr. Virgílio Freire, com o curriculum
que tem, dizer que não sabe como isto acontece na prática. Citando Mark Twain:
"se o povo soubesse como são feitas as leis e as salsichas, não consumiriam mais
nenhuma das duas".
> Na página 165 os brilhantes autores do “Plano”
calculam que as Empresas Privadas iriam investir R$ 2,8 Bilhões por ano, até
2014, num total de 14 Bilhões de Reais.
>
> E, no entanto na página 166 dizem que vão investir 49 Bilhões – adivinhe de
onde vem o dinheiro para chegar aos 49 Bilhões... acertou! Do BNDES, ou seja,
não é dinheiro privado, é do Governo.
Vamos ver... O "B" da sigla BNDES significa "banco", não é verdade? E um banco
empresta dinheiro, certo? E o BNDES é um banco de fomento, certo? Então qual é o
problema em colocar no plano que, na composição dos recursos para execução do
projeto, pretende-se apresentar um projeto de empréstimo a um banco de fomento?
Problema, a meu ver, seria dizer que espera-se que o BNDES entre como sócio,
integralizando 30 R$Bi na forma de ações. Ou dizer que o empréstimo será
contratado mas não será pago. Fora isso, não sei o que há de errado nisto.
> No total de 74 Bilhões, a iniciativa privada se
propõe a investir apenas 14 Bilhões. Ainda assim sob algumas condições, da qual
a mais estapafúrdia seria obrigar todas as empreiteiras e contratadas do Governo
a lançar fibras óticas em TODAS AS NOVAS ESTRADAS DO BRASIL.
Qualquer um que já tenha contemplado o planejamento de redes de fibras ópticas
sabe que, normalmente, um dos itens principais do custo total do projeto são as
obras de lançamento dos cabos, e que este custo é tão maior quanto menor seja a
existência de infra-estrutura para a passagem.das fibras necessárias ao projeto.
Então faz todo sentido dizer o seguinte: olha aqui, Sr. Governo, do jeito que
estamos hoje, o custo para lançarmos os cabos de fibra necessários ao projeto é
X, mas, se o Sr. tomar o cuidado de, nos seus projetos de construção de
rodovias, ferrovias, pontes e quetais, incorporar a exigência da construção de
dutos secos para passagem futura de cabos de fibra óptica, o custo futuro da
expansão da rede cairá em Y%. E tudo isto é muito viável, porque esta exigência
afetará o custo total dos seus projetos apenas de forma marginal, e o Sr. ainda
pode faturar uma graninha no futuro cobrando direitos de passagem através dos
seus dutos.
> Na pagina 25, há um parágrafo hilário, que diz que “O
papel do setor privado como investidor e a atuação do Estado de forma
complementar estão em linha com as políticas públicas de diversos outros
países”.
O Sr. Virgílio Freire pode achar hilário, porém é fato.
> Na Austrália, na França, na maioria dos países é o
Governo Federal que está investindo pesado, e conseqüentemente assumindo o
comando do Plano – já que quem põe o dinheiro é que tem o direito de fiscalizar
e gerenciar.
Gozado... A França é conhecida por não gostar muito de fazer as
coisas em comum acordo com os outros. De maneira geral a França considera que
existem duas maneiras de fazer qualquer coisa: o jeito dela e o jeito errado.
Ela, assim como o Brasil, gosta de inventar "jabuticabas" econômicas e sociais.
Só que a realidade francesa não é a nossa, e achar que a situação econômoica e
social da França, hoje, é um mar de rosas é empulhação.
Quanto ao "plano canguru perneta", é fato que, no início, o Estado entra com a
maior fatia nos investimentos e será sócio majoritário do empreendimento. Só que
o governo australiano já declarou que isto é uma situação transitória, e
peculiar - considerando o papel monopolista pesado da Telstra em nível nacional,
e que, ao longo do tempo, pretende privatizar sua posição acionária no projeto,
permanecendo no fianl, no máximo, como acionista minoritário. Porque será que eu
acredito que as intenções do governo australiano são sinceras, mas não consigo
acreditar que nosso governo - este e os próximos, sejam de que partido forem -
faria coisa semelhante?
> E no plano apresentado por Helio Costa de forma
alguma “O papel do setor privado como investidor e a atuação do Estado de forma
complementar” ocorrem – como dito anteriormente, o Estado entra com 96% dos
investimentos, as empresas privadas com 4% e estas propõe na página 169 que a
gestão do Plano seja feita em conjunto pelo governo e pelas teles - que entram
com apenas 4% do dinheiro...
Não sei se estou ficando gagá com a idade, mas, além do ranço ideológico, sinto
aqui um problema aritmético... Deixa ver... Custo total do projeto = 49 R$Bi,
sendo 14 R$Bi de recursos próprios e 35 R$Bi em empréstimos do BNDES (ou outra
fonte de financiamento). Até aqui estou vendo participação privada de 100%, e
nenhuma participação direta do Estado, a não ser que queiram que o BNDES
participe como sócio, e não como credor.
E, ainda que o BNDES entrasse como representante da proverbial "viúva" nesta
sociedade, as participações proporcionais corretas seriam: 14/49 = 28,6% para o
setor privado e 35/49 = 71,4% para o Estado. Para que os 14 R$Bi de recursos
próprios representassem apenas 4% do custo total do projeto, este teria que
custar 350 R$Bi. Ou será que eu deixei escapar algo?
> Na página 38 do documento os próprios autores
reconhecem a incompetência - ou inapetência – em atender a demanda de banda
larga no Brasil. Veja a linha vermelha, que mostra a taxa de crescimento dos
acessos de banda larga, caindo vertiginosamente ano a ano.
>
>
> E, no entanto estas mesmas empresas querem liderar um Plano Nacional de Banda
Larga?
> Não são capazes de atender o mercado atual, aos preços proibitivos atuais,
como farão para instalar, operar e atender mais 90 milhões de acessos? Isto é
dez vezes o mercado atual, e prometem instalar, operar e manter tudo isso até
2014? Em cinco anos? Só a ANATEL, e o Ministro Helio Costa acreditam nisto –
lembre que para implantar 9 milhões de acessos as Operadoras Privadas levaram 5
anos.
Parece que a passagem do Sr. Virgílio Freire por empresas privadas no período
pós privatização do sistema Telebrás não foi muito agradável para ele. Porque
ele deliberadamente esquece que nenhuma empresa privada séria investe onde não
há perspectiva de retorno. O retorno pode vir na forma das tarifas cobradas
diretamente dos usuários, ou de subsídios que o governo repasse às operadoras
para compensar os custos operacionais não cobertos pelas tarifas, mas investir
para obter prejuízo certo? Nem a pau, juvenal!
> Nessa marcha, para implantar 90 milhões, vão levar 50
anos... e usando dinheiro do BNDES. Imagine o número de profissionais treinados,
a quantidade de equipamentos necessários, os veículos, os instrumentos de teste,
os instaladores, etc. Só um esforço brutal e coordenado pelo Governo Federal
conseguirá juntar os esforços para chegar a este objetivo – como já provamos no
desenvolvimento dos veículos flex e na exploração do pré-sal.
Ah!! Como as afirmações de base ideológica podem ser inconsequentes...
Desenvolvimento de veículos flex??!!?? Fora o kickoff do projeto de motores a
álcool, que ocorreu no ITA com o Urbano Stumpf, qual foi exatamente a
participação do governo na evolução da engenharia dos motores bi-, tri-, tetra-,
ou o-que-mais-seja-combustível? O atual governo está apenas se beneficiando de
um programa que, surpreendentemente, tem tido continuidade governo após governo
desde os tempos da ditadura (o ProÁlcool foi criado pelo Decreto 76.593 de
14/11/1975, portanto em pleno governo Geisel).
Pré-sal? A tecnologia básica para prospecção existe, mas exploração em larga
escala ainda é um projeto em andamento. E não vamos confundir competência
tecnológica da Petrobrás (e várias outras empresas associadas), que
comprovadamente é bom, com o proposto modelo econômico de exploração, que é uma
lambança.
> Destes 90 milhões de novos acessos, nada menos do que 53 milhões serão
através das operadoras celulares. Como o prazo é de cinco anos, elas terão de
implantar 10 milhões de acessos banda larga por ano. Até hoje implantaram a
módica quantidade de 7 milhões, em cinco anos.
>
> Não têm pessoal, instrumentos, equipamento, técnicos, para tamanho desafio.
Com um agravante – as velocidades obtidas via radio ficam em torno de 3 MBps,
bem abaixo do padrão que está se impondo no mundo, de pelo menos 10 MBps – e
quanto mais longe da antena, menor a velocidade – isto o estudo não diz.
>
> Portanto, mesmo que fosse possível implantar estes 53 milhões de acessos via
radio, a maioria dos clientes ficará frustrada por receber uma velocidade pouco
superior à da Internet discada. Será uma “Banda larga Para Inglês Ver” – e para
as Teles lucrarem, e a ANATEL fingir que não vê...
Parece que o Sr. Virgílio Freire padece de falta de conhecimento das tecnologias
broadband wireless access, atuais e no futuro não distante. Não vejo como fazer
a entrega em massa da última milha de capacidade razoável (para mim isto
significa, pelo menos, 2 Mbps de banda para download) se não for via rádio. Hoje
temos disponível HSDPA (7 Mbps) HSPA (até 14 Mbps). Em breve teremos HSPA+ (42
Mbps) e LTE e WiMAX (cerca de 100 Mbps). Acho que isto é suficiente para a
maioria das situações previsíveis para as regiões do Brasil sem nenhuma
cobertura de acesso em banda larga. Repare que isto não é uma promessa de bandas
desta ordem por usuário. A banda é compartilhada entrre os usuários de um mesmo
setor de cobertura, mas ainda assim deve ser suficiente para as aplicações
previsíveis.
A rede de fibras ópticas é crucial, porém, para conseguir escoar o tráfego
destes acessos via backhaul e backbone. Daí a importância de um plano para a
montagem da infra-estrutura óptica. Mas afirmar que apenas o governo federal tem
competência e confiabilidade para tocar um projeto desta magnitude é, para mim,
pura besteira. Dadas as condições econômicas apropriadas, a iniciativa privada
já demonstrou sua capacidde em executar projetos de rede em grande volume, em
prazos curtos e por preços razoáveis. O governo federal tem uma história
passada, neste assunto, que é diametralmente oposta. Porque ele não repetiria,
no futuro, os mesmos erros do passado? Só por causa da consciência cívica dos
atuais governantes? De novo: me batam uma garapa com limão e mel!
> Note que estes acessos irão cobrir os 5.565
municípios brasileiros, 56 mil escolas públicas, ate 2010!
Não sei quem prometeu isto. E qualquer um que faça promessas desta ordem é
mentiroso.
> que isto ‘e possível? Entregue às atuais operadoras?
Ou precisamos repensar a “teoria do Estado Mínimo” dos tucanos de FHC? Que
copiaram suas idéias de Ronald Reagan e Margareth Thatcher, governantes de dois
países falidos.
>
> A Grã Bretanha seguiu os preceitos do liberalismo econômico de Adam Smith, e
hoje não tem uma só fabrica de veículos, nenhuma de aviões, não tem indústria
naval, e está falida. A França, que sabe dosar adequadamente a intervenção
estatal, fabrica submarinos atômicos, caças a jato, os trens mais rápidos do
mundo, e de quebra o Estado Francês mantém os mais incríveis museus conhecidos.
Bem... Aqui fica difícil. Não sei se isto é um caso de desconhecimento galopante
dos fatos ou uma tentativa aberta de tentar vender uma ideologia (ou ambos).
Vocês já sabem o que penso a este respeito. Não vou me alongar com isto.
> O Plano do Minicom reconhece a necessidade de uma forte
indústria que forneça os equipamentos, fibras, torres, antenas, para este
esforço – e mais uma vez propõe que seja montada uma empresa privada gigante
para assumir a tarefa – na certa controlada pela Andrade Gutierrez, Grupo
Jereissati, Telefonica, etc.
Esta é uma das falácias mais caras ao socialismo tupiniquim. E o remédio
proposto é: vamos criar um Estado socialista porque aí este tipo de distorção
não poderá mais acontecer. Errado! O que acontecerá, neste caso, é o
encastelamento de uma burrocracia (não é erro de digitação :-) ) que vai se
eternizar no poder e vai provocar tantos ou mais casos de favorecimento,
nepotismo e corrupção que o modelo capitalista que se propõe a substituir. Já
existem diversos exemplos históricos de como se estabelece uma nomenklatura (o
bolivarianismo é apenas o mais recente).
E vai acontecer assim por dois motivos: a natureza humana e os condicionantes
sociais históricos do Brasil. Nenhum destes fatores é suscetível de mudança por
decreto, nem é afetado por falta ou excesso de "vontade política".
> E, no entanto, o modelo de uma indústria que funcione
como subsidiária de uma Operadora Nacional funcionou durante um século nos
Estados Unidos, onde a Western Electric, posteriormente Lucent, era subsidiária
da AT&T, que chegou a ser a maior empresa do mundo, com um milhão de empregados
e cem milhões de telefones.
>
> A indústria que vai suprir o nosso Plano Nacional de Banda Larga só vai
conseguir funcionar de forma eficiente e livre de interferências dos interesses
empresariais sobrepondo-se aos interesses nacionais se for constituída como
subsidiaria da Telebrás.
Interessante... Se o modelo "Ma Bell" (também conhecido como Bell System, ou AT&T)
usado nos EUA era tão bom, porque ele deu origem a um processo antitruste movido
pelo governo americano contra a AT&T em 1974? E porque a AT&T concordou, no
curso deste processo, em "quebrar" a empresa em várias operações separadas (as
baby Bells)?
Para mim isto não é argumento a favor do ressurgimento da Telebrás, muito menos
da criação de uma Bandabrás, subsidiária ou não daquela.
> Da mesma forma, o atual CPQD, que já foi o Centro de
Pesquisas e Desenvolvimento da Telebrás, deveria voltar a ser da Telebrás, a fim
de ter um rumo, que hoje não tem, por ser uma Fundação. Ficaria comprometido com
os objetivos e políticas da Telebrás e dos interesses brasileiros.
Concordo que, atualmente, o CPqD sofre de crise de identidade. Mas
reincorporá-lo à Telebrás (ou à Bandabrás) não é solução. Apenas tornará, de
novo, o CPqD em abrigo seguro para o pessoal do Sistema Telebrás enquanto eles
fazem seus cursos de mestrado e doutorado na Unicamp. Sinceramente, o CPqD
precisa (e merece) mais que isto.
Bom... O resto do artigo apenas repete o blá blá blá anterior já comentado,
então vou parar por aqui. Com licença, mas agora tenho que ir vestir meu
capacete e jaqueta reforçados com kevlar, porque eu já sei o tipo de fogo de
artilharia que vou receber por causa deste post. :-)
[ ]'s
J. R. Smolka
--------------------------------
Msg de Clóvis Marques
Olá Smolka,
tudo bem com você? Não sei se lembra de mim, mas isso não vem ao caso agora.
li com atenção todos seus comentários, mas com sinceridade, não consegui
entender qual o resumo da ópera. Ou seja, qual seria sua indicação?
Peço esclarecer se você é a favor ou contra o Plano Nacional de banda Larga do
Governo. Qual deles, o do Ministro Helio Costa ou o do Rogério Santanna?
Você que trabalhou em Operadoras tantos anos, realmente acredita que elas têm
interesse em implantar o tal Plano Nacional de Banda Larga ou estão apenas
surfando mais esse finalzinho de onda para conseguir obter vantagens que há
muitos anos vêm pleiteando junto ao Governo sem sucesso?
A abrangência de Banda Larga Fixa no Brasil, provida pelas Operadoras é uma
piada. Basta sair alguns kilometros dos grandes centros que simplesmente a
oferta não existe. E a das celulares então é uma falácia; apesar da maior
abrangência geográfica, as velocidades são tão ridiculamente baixas e as redes
tão inconstantes que não dá para basear nenhuma aplicação profissonal ou mesmo
residencial apenas nessa alternativa.
Também gostaria de ouvir seus comentários sobre a minha sugestão:
Criação de uma Rede unificada para provimento dos serviços essenciais de
telecomunicações (que obviamente inclui a Banda Larga), que permita a oferta dos
serviços a todos os cidadãos e entidades públicas e privadas, de maneira
universal e com custos compatíveis, financiada com verbas privadas e do FUST e
gerida na forma de PPP (que pode ser através da própria Telebrás); com o
objetivo de, no mínimo, voltar a fomentar a competição e o crescimento do setor
de Telecom no Brasil. Obviamente, essa ação não pode servir apenas aos objetivos
de um Governo ou dos grandes grupos econômicos e por isso tem que ser planejada
e executada com foco em atender as necessidades do país. Pessoas altamente
capacitadas para essa tarefa temos em abundância no Brasil.
Grande abraço,
Clóvis Marques
---------------------------------------
Msg de José Roberto de Souza Pinto
Smolka
Parabéns pela analise e comentários.
Só precisamos pessoas sérias para escolher o melhor caminho para a banda larga
no Brasil
sds Jose Roberto de Souza Pinto
-----------------------------------------------
Msg de Clóvis Marques
para Celld-group, wirelessbr, Celld-group
Prezados,
gostaria de sugerir a leitura da matéria publicada na Teletime ontem a noite (http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=158275)
a respeito da possibilidade de proibição da venda de Planos de Banda Larga
Móveis no Natal.
Alguns pontos dessa matéria ilustram com clareza, inclusive nas palavras dos
próprios representantes da Anatel citados na matéria (Valente e Takayanagi)
alguns pontos levantados nas minhas últimas mensagens. Peço sua atenção e
reflexão sobre o que falam os representantes da Anatel, na matéria transcrita e
comentada abaixo:
1) A responsabilidade pela pesquisa de mercado e planejamento de rede, antes de
qualquer implantação e lançamento de serviços tem que ser da Operadora sob a
fiscalização e regulamentação da Anatel. Falar que as Operadoras foram
surpreendidas com a demanda é um absurdo, pois não foram cumpridas etapas
importantes tanto pelo lado das Operadoras como da própria Agência.
2) A Anatel declarar publicamente que não foi culpa das Operadoras nem dela
própria, atribuindo a responsabilidade a um "problema conjuntural" é mais uma
demonstração de que a Área de Telecom no Brasil está completamente à deriva e
servindo apenas aos interesses financeiros dos grandes grupos econômicos que
mandam no setor.
3) Apesar de existir um erro na matéria, quanto à velocidade de dados (o correto
seria velocidade de 1 Mbps e não 1 Gbps), a Anatel sabe desde o início e
autorizou que as Operadoras oferecessem serviços ao mercado que NUNCA atingem na
vida real as velocidades vendidas ao mercado, bem como, muitas vezes não atingem
nem a velocidade mínima, grafada em letras miúdas nos contratos, que é de apenas
10% do valor nominal divulgado ao mercado. Já pensou se a moda pega...
...Compre seu carro de 160 CV, mas leve uma enceradeira...
...Compre seu Refrigerador de 450 l, mas leve para casa uma Bolsa Térmica...
Senhores, estamos vivendo tempos muito negros na Área de Telecom no Brasil e sem
perspectivas de melhora no curto prazo...
Abraço a todos,
Clóvis Marques
---------------------------------
Por qualidade, agência pode controlar venda de banda larga móvel no Natal
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009, 21h48
Após a degradação constatada pela Anatel da qualidade dos serviços de voz e
dados oferecidos pelas operadoras móveis por conta do excesso de vendas de
equipamentos 3G, a agência reguladora redobrou a atenção sobre este segmento e
poderá tomar medidas mais duras para evitar uma expansão descontrolada da oferta
neste fim de ano. Depois de se reunirem com as empresas nesta quinta-feira, 3,
técnicos da Superintendência de Serviços Privados (SPV) informaram que só
manterão o aval já concedido para os planos 3G das empresas se elas comprovarem
que têm capacidade de fornecer o serviço com a qualidade necessária. A ressalva
vale especialmente para o período do Natal, onde a venda de equipamentos
celulares costuma explodir no Brasil.
A situação de alerta continua sendo provocada pela demanda acima do esperado por
serviços de banda larga móvel e pela degradação da qualidade do serviço. Segundo
o superintendente de Serviços Privados, Jarbas Valente, a procura média em
países de todo o mundo por estes serviços representa um quinto da procura
verificada no Brasil, o que teria pego as empresas despreparadas. Por conta
disso, ahouve problemas na qualidade do serviço.
"Tivemos alguns problemas neste ano e acabamos tendo que colocar o pé no freio",
contou Jarbas Valente, ressaltando que não só a procura pelos serviços é mais
alta do que o esperado, mas também a capacidade demandada pelos brasileiros é
bastante acima da média. Como o caso do Brasil é "sem precedentes", segundo a
Anatel, Valente acredita que não haja "culpados" pelos problemas, pois não havia
como fazer um planejamento certeiro dessa demanda fora dos parâmetros mundiais.
"Não é culpa deles nem é culpa nossa", avaliou. "É um problema conjuntural."
Sem Pados
Mesmo sem a existência de responsáveis - o que resultou apenas na decisão da
Anatel de não abrir processos contra as empresas por conta dessas falhas
relacionadas com o excesso da demanda -, a agência promete não relaxar na
liberação dos planos das operadoras. "Alertamos as empresas para que elas não
soltem planos mirabolantes, em que a rede não suporte o tráfego", declarou o
gerente-geral de comunicações pessoais terrestres da SPV, Nelson Takayanagi. "A
Anatel pode até não autorizar a venda de pacotes no fim do ano", disse.
Alguns estados brasileiros já estão sofrendo os efeitos da falta de
dimensionamento da rede para assegurar a oferta de dados. Jarbas Valente contou
que aproximadamente quatro estados não dispõe de oferta de banda larga móvel por
todas as operadoras atuantes no mercado por conta dessas questões técnicas. Um
desses estados é o Maranhão, onde ao menos uma empresa não teria comprovado na
Anatel que tem capacidade de atender à demanda com segurança. Para que as
empresas consigam o aval para a comercialização de planos em todas as praças, a
agência está exigindo a apresentação de projetos detalhados de expansão das
redes das operadoras.
PGMQ: garantia de velocidade média
Um outro efeito dessa mobilização da agência para preservar a oferta do SMP com
qualidade deve ser permanente no setor. A agência pretende colocar regras mais
claras com relação à oferta no Plano Geral de Metas de Qualidade do SMP (PGMQ-SMP),
especialmente com relação aos planos de dados. Atualmente, a Anatel permite que
as empresas garantam contratualmente a entrega de apenas 10% da velocidade
vendida ao consumidor. Assim, um plano de 1 Gbps assegura plenamente uma
velocidade mínima de 100 kbps. Para que a empresa possa fixar a velocidade do
plano em 1 Gbps, a agência exige que essa velocidade seja atingida
ocasionalmente.
Essa flexibilização na entrega da velocidade é permitida por questões técnicas,
já que as redes móveis não têm como garantir uma oferta constante pela própria
natureza da rede. Do ponto de vista do usuário, no entanto, este método gera
frustração aos clientes, o que se reflete nas reclamações constantes nos órgãos
de defesa do consumidor por conta das baixas velocidades realmente entregues. Em
meio a este dilema, a Anatel decidiu exigir das operadoras que usem parâmetros
de velocidade em seus planos mais próximos do que realmente será entregue aos
consumidores com maior frequência.
Assim, o PGMQ-SMP deve vir com uma regra para que as operadoras assegurem
"velocidades médias" para seus clientes ao invés da garantia da velocidade
mínima. Para o superintendente Jarbas Valente, a mudança poderá garantir uma
melhor qualidade na oferta dos serviços. Além disso, a SPV se prepara para a
realização da pesquisa de qualidade percebida pelo usuário da telefonia móvel. A
avaliação poderá ajudar nos ajustes finais do PGMQ das móveis.
A questão do estrangulamento das redes 3G e as dificuldades para atendimento da
demanda foram temas da reportagem de capa da revista TELETIME de novembro.