José Ribamar Smolka Ramos
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Abril 2010               Índice Geral


14/04/10

• Artigo de José Smolka no e-Thesis: "Bitpipe Wars"

Fonte: e-Thesis
Bitpipe Wars
Eu detesto dizer 'eu avisei' - Artigos
por Jose Smolka
14-Abr-2010

Agora é oficial. Segundo anúncio da Ericsson na CTIA Wireless, em dezembro de 2009 o tráfego de dados superou o tráfego de voz, considerando o agregado de tráfego das várias redes que operam com seus equipamentos pelo mundo afora. E, em minha opinião, este overtake torna ainda mais urgentes, do posto de vista das operadoras móveis, a adoção de medidas para evitar que sejam relegadas ao papel de bitpipe.

E estas medidas estão vindo, cada vez com mais frequência. Primeiro eram rumores, depois afirmativas, que os preços dos planos de dados para as futuras redes 4G não poderão continuar no modelo all you can eat das redes 3G atuais. E, cá para nós, com a recente decisão judicial nos Estados Unidos favorecendo as práticas de traffic shaping da Comcast em oposição ao modelo de net neutrality proposto pela FCC, é cada vez mais provável que as operadoras realmente tentem modificar a forma de tarifar os planos de acesso 4G para melhorar o ARPU do tráfego de dados. Resta saber como estas tentativas vão repercutir junto ao assinante, especialmente aquele que já está habituado ao flat rate do acesso à Internet via DSL ou cable modem.

Com a entrada em cena dos smartphones, capitaneados pelo iPhone da Apple (e, agora, também pelo iPad), o front desta batalha estende-se, naturalmente, para o ambiente das third party applications. Embora o modelo clássico telecom para implementar esta convivência passe pela introdução (lenta, até aqui) das tecnologias IMS e SDP nas redes das operadoras, o mercado (como de praxe) encontrou uma solução tecnicamente sub-ótima, porém com melhor time to market: as app stores. O problema é que nestas "lojas virtuais" a marca em destaque é a do fabricante do aparelho (como nos casos da Apple e da Nokia), e não a das operadoras. Além de não receberem um bom ARPU no tráfego de dados, também estão sujeitas agora à erosão gradativa do valor das suas marcas? Isto é demais! Algo precisa ser feito a este respeito! E foi.

Na última edição do MWC em Barcelona várias operadoras e o 3GPP lançaram ruidosamente a sua própia iniciativa de construção de app stores genéricas, que podem ser lançadas e mantidas pelas próprias operadoras, preservando o seu branding. A recepção dos analistas ao anúncio da Wholesale Applications Community foi cautelosa. Vamos ter que observar mais um pouco para ver o que pode (ou não) sair daí.

E, por último mas não por fim, vem as tentativas de desestabilizar e "morder" nacos da receita dos novos concorrentes, tipificados pelo Google. Como vemos nesta reportagem de anteontem, além da ameaça com ações antitruste na Europa, Telefónica, Vodafone e Deutsche Telekom (mais especificamente seu braço celular, a T-Mobile) querem que o Google divida com elas parte das receitas de publicidade obtidas em serviços como o YouTube.

Dará certo? Ainda não dá para saber, mas certamente esta é uma briga que veio para ficar, e que terá que ser solucionada, de uma forma ou de outra, nos próximos 3 a 5 anos.


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