José Ribamar Smolka Ramos
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Fevereiro 2012               Índice Geral


08/02/12

• Comentário de José Roberto S. Pinto sobre o tema "metas da banda larga" e resposta de José Smolka

de josersp@terra.com.br por yahoogrupos.com.br
para Celld-group@yahoogrupos.com.br

Ref: WirelessBRASIL
08/02/12
"J'Accuse" - Comentário de José Smolka sobre o tema das metas de qualidade da banda larga

Caro Smolka

Apreciei sem comentários, buscando uma linha profissional no tratamento das informações, aspecto pouco considerado por nós brasileiros, que acreditamos nas notícias sem questionamentos ou mesmo sem uma reflexão sobre a veracidade e possiveis interesses dos noticiários.
Em particular com relação as suas observações, tenho que comentar que a jornalista quando escreveu "paus mandados", foi sutil, porque não quis escrever pareceres contratados.

No meu ponto de vista, o esforço para melhoria da qualidade dos serviços de TELECOM deve ser buscado, mas vejo que estamos num caminho de baixa produtividade, pois só um ambiente de competição entre os Prestadores é que poderá proporcionar melhores resultados.

Para ficar mais claro, entendo como ambiente de competição, quando o usuário consumidor pode escolher o seu provedor de serviços e troca com extrema facilidade (sem dificuldades ou contratempos) de provedor quando não está satisfeito e por outro lado os Prestadores de Serviços, cientes e consciente desta opção do usuário trabalham efetivamente para manter o cliente. Em resumo, uma Agência Reguladora deve ter este pensamento como meta.

sds
Jose Roberto de Souza Pinto

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de J. R. Smolka smolka@terra.com.br por yahoogrupos.com.br
para Celld-group@yahoogrupos.com.br, "wirelessbr@yahoogrupos.com.br"
assunto [wireless.br] Re: [Celld-group] J'Accuse

Ref: WirelessBRASIL
08/02/12
"J'Accuse" - Comentário de José Smolka sobre o tema das metas de qualidade da banda larga

Oi José Roberto,

> Apreciei sem comentários, buscando uma linha profissional no tratamento das informações, aspecto pouco considerado por nós brasileiros, que acreditamos nas notícias sem questionamentos ou mesmo sem uma reflexão sobre a veracidade e possiveis interesses dos noticiários.

Obrigado. Só para terminar o assunto da má interpretação do significado estatístico dos resultados apresentados, observe como, no caso do estudo da Pando, é colocado em destaque (números grandes sempre impressionam) que o estudo foi baseado em "27 milhões de downloads, feitos por 20 milhões de computadores". Para mim isto significa que a maioria das medidas são baseadas em um único download por máquina. Poucas máquinas fizeram mais de um download. Como isso se ajusta, por exemplo, com a localização geográfica do servidor de onde os arquivos foram baixados? é por isso que eu vivo lembrando Mark Twain: "existem mentiras, mentiras deslavadas e estatísticas".

> Em particular com relação as suas observações, tenho que comentar que a jornalista quando escreveu "paus mandados", foi sutil, porque não quis escrever pareceres contratados.

Não foi sutil. Foi explícita. É claro que são, no mínimo, contratados, e, na melhor das hipóteses, "estimulados".
A questão é: isto desqualifica a argumentação apresentada? Onde está a contestação objetiva da não aplicabilidade dos preceitos jurídicos levantados ao caso dos regulamentos da qualidade? Eu digo desde já: se a Anatel desconsiderar esta argumentação (que consta, inclusive, da minha contribuição) então eu mesmo farei uma representação junto ao MPF.

> No meu ponto de vista, o esforço para melhoria da qualidade dos serviços de TELECOM deve ser buscado, mas vejo que estamos num caminho de baixa produtividade, pois só um ambiente de competição entre os Prestadores é que poderá proporcionar melhores resultados.
> Para ficar mais claro, entendo como ambiente de competição, quando o usuário consumidor pode escolher o seu provedor de serviços e troca com extrema facilidade (sem dificuldades ou contratempos) de provedor quando não está satisfeito e por outro lado os Prestadores de Serviços, cientes e consciente desta opção do usuário trabalham efetivamente para manter o cliente. Em resumo, uma Agência Reguladora deve ter este pensamento como meta.

Concordo com você. A saída real é o estímulo à competitividade. Os aspectos que você elenca são certamente importantes para uma percepção pelo assinante da livre competição entre as operadoras. O que eu quero é que alguém, qualquer um, me explique: como, exatamente, o RGQ-SMP e o RGQ-SCM, na forma atual, promoverão isso?

Acho que a anatel tem todo o direito de inovar nas suas práticas regulatórias em relação ao resto do mundo. Só que estas inovações devem ser visivelmente uma melhoria em relação ao que se vinha fazendo por aí. Isto tem que ser bem justificado. Por isso o pedido generalizado pela apresentação de uma exposição de motivos clara e convincente por parte da Anatel.
Excluída a questão da propriedade ou não do estabelecimento de metas impositivas, em minha opinião o método seguido pela Anatel para estabelecer os valores foi:

a) Quais são os valores que nós achamos (sabe-se lá como) que representam o estado atual das redes?

b) Vamos colocar como alvo imediato uma melhoria de uns 3 a 5% em relação às nossas estimativas, e depois impor uma melhoria de mais uns 3 a 5% nos próximos dois anos.

Só que cada ponto percentual de melhoria dos indicadores só pode ser obtido mediante investimento. E grande, já que o único modo de obter o resultado esperado é via overprovisioning. Então esta definição arbitrária de quanto os indicadores devem melhorar, para já e para o futuro imediato, sem avaliar o que isto representa para o negócio das permissionárias SCM e SMP, para mim é descabida. Pode ser discutida e negociada, mas não imposta.

Alegam-se "estudos" conjuntos entre a Anatel, o CPqD e o CGI.br. Onde estão? Do que trataram? A que conclusões chegaram?

Sem boas respostas a estas questões, fica difícil aceitar a posição da Anatel como a mais produtiva e a mais sensata.


[ ]'s
J. R. Smolka


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