José Ribamar Smolka Ramos
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Janeiro 2014 Índice Geral
16/01/14
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Operadoras precisam de novo
modelo de negócio... e é pra já (3) - Smolka responde a novo debatedor
Em 16/01/2014 Bruno escreveu:
(...) É dificil para gigantes pensarem fora da casinha,
basta ver a resistência da MPAA e RIAA contra formas eletrônicas de distribuição
de conteúdos (e o sucesso da netflix nessa área, ou do iTunes). (...)
Pois é. É difícil fazer uma mudança dessas, exige liderança, e não apenas chefia
(coisa que não está exatamente em grande oferta no mercado, muito menos dentro
da estrutura das operadoras). Mas as alternativas são bem simples: entrar na
dança para abocanhar parte deste mercado de serviços, ou ficar olhando enquanto
toda a percepção de valor migra para os provedores de serviços OTT.
E, como você disse, os exemplos de modelos de negócio de sucesso OTT estão aí
pra qualquer um ver.
(...) Tenho notado banners de oferta de serviços de nuvem
da Embratel "a partir de R$8,90", mas dada a qualidade de serviço das
operadoras, quem em sã consciência irá contratar datacenter (ou qualquer outra
coisa) de empresa que tem mau atendimento??? (...)
O problema é que estas ofertas são apenas replicações das iniciativas já
adotadas pelos provedores de serviço OTT. Existe a percepção das operadoras como
copiadoras, e não como inovadoras, e existe a descrença derivada desta percepção
de mau serviço, como você menciona.
O desafio é, como disse e repito: superar isso. Eu creio que é possível, e
existem algumas coisas no ar que podem vir a dar uma vantagem competitiva às
operadoras nesta arena (falo mais disso em outro post). Sua posição me parece
pessimista em excesso.
(...) A "solução" das operadoras tem sido investirem
pesadamente no triple play (dados+voz+tv) ou quad play (esses+celular), usando o
artifício da venda casada (sob a vista grossa da pior agência) para empurrar
serviços que o cliente não precisa pelos que ele realmente quer, dessa forma
aumentando o ticket médio e continuando com o serviço em desuso e sem melhorar o
atendimento. Enquanto as pessoas comprarem combo as concessionárias não irão
mudar. (...)
Cabe a quem souber ser realmente inovador plantar uma nova visão do que é, de
fato, um serviço tiple- ou quadruple-play integrado (que vai muito além de
simplesmente integrar o billing). O dia que a inovação estiver na praça,
voltamos ao cenário daí de cima. Ou as demais aprendem a copiar (mesmo que de
forma atabalhoada e sem tanta qualidade, pelo menos no início) ou vão descer
mais um degrau em direção ao seu inferno astral.
[ ]'s
J. R. Smolka
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Bruno escreveu:
Pessimista não, realista. Um
usuário de serviço de telecom que acreditou nas promessas da privatização e que
aprendeu as duras penas que era tudo mentira.
Sem um regulatório forte que direcione a oferta do serviço para a satisfação das
necessidades do mercado consumidor, nada vai mudar, vamos (nós, consumidores)
continuar sendo obrigados a comprar combos e a carregar celulares de 4 chips, um
de cada operadora, porque a interconexão tem valores irreais e a agência dita
reguladora nunca vai completar o estudo de custos da empresa modelo que deveria
basear essas tarifas.
Veja o que aconteceu com a motorola (celulares analógicos) com a nokia (symbian)
e quem está hoje a frente do mercado (google e apple, nenhuma das duas era
empresa de telecom). Ou o esforço da Verizon contra o FCC para conseguir na
justiça americana barrar a neutralidade da rede, no tapetão.
Das grandes empresas só conheço a IBM que conseguiu migrar para serviços. Nem a
Cisco, que já foi sinônimo de roteador para internet, ou a kodak em filmes e
depois câmeras fotográficas, conseguiram manter a liderança. Oligopólios tendem
a desprezar inovação e se encastelar em práticas anti-competitivas para tentar
se manter no topo.
[]s,
Bruno
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