[31/07/08]
Sobre "planos_B" (1)- Mensagem de José Smolka
[29/07/08]
Como funciona a Internet (29) - Mapeando os "nossos" backbones (17) - Smolka
responde à Luiz Sérgio
[29/07/08]
Como funciona a Internet (28) - Mapeando os "nossos" backbones (16) - Smolka
responde à Jana de Paula
[28/07/08] Como funciona a
Internet (24) - Mapeando os "nossos" backbones (13) - Smolka comenta as
explicações da Telefonica
[26/07/08]
Como funciona a Internet (22) - Mapeando os "nossos" backbones (11) - Mensagem
de José Smolka
[13/07/08]
Como funciona a Internet (15) - Mapeando os "nossos" backbones (04) - Nova
mensagem de José Smolka
[11/07/08]
Como funciona a Internet (11) - Mapeando os "nossos" backbones (01) - Mensagem
de José Smolka
[07/07/08]
Como funciona a Internet (9): Smolka dá uma pista para encontrar a
estrutura da Internet no Brasil.
[07/07/08] Anatel e as recentes "Consultas Públicas" (9) - Ainda as "13 Perguntas"
- Smolka: STFC e NGN
[04/07/08]
Anatel e as recentes
"Consultas Públicas" (8) - Ainda as "13 Perguntas" - Smolka continua o
debate
[29/06/08] Anatel e as recentes
"Consultas Públicas" (6) - José Smolka comenta as "13 Perguntas" de
Rogério Gonçalves
[28/05/08] BACKHAUL E PGMU (14) - Mais
opiniões de José Smolka
[27/05/08] BACKHAUL E PGMU (11) -
Opiniões do nosso participante engenheiro José Smolka
[07/05/08]
Ajuda sobre IMS (2) - IP
Multimedia Subsystem - Mensagem de José Smolka
[03/05/08]
Serviços de telecomunicações x Infra-estrutura de redes de
telecomunicações
[14/04/08] Ajuda: Renpac X.25
[05/03/08]
Debate sobre WAP
[29/02/08]
Debate: Roteamento e
Bridge em redes 3G
Transcrições
31/07/08
Sobre "planos_B" (1)- Mensagem de José Smolka
----- Original Message -----
From: J.R.Smolka
To:
Celld-group@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, July 31, 2008 1:52 AM
Subject: [Celld-group] Sobre "planos B"
Colegas do Celld-Group,
Nesta discussão sobre o "caladão" ocorrido na rede MPLS da Telefónica em SP,
tem sido recorrente o aparecimento de perguntas ou colocações do tipo:
É imprescindivel uma forma alternativa de
acesso aos consoles de roteadores em pontos remotos. Se admira uma Tele não
ter circuitos SLDD especificos para esta função, se foi realmente este o caso
de falha no acesso aos equipamentos.
Havia plano de contingência/plano de continuidade dos negócios?
No caso da Atento, só há
comunicação via rede (em caso de catastrofe eles ficam no escuro)?
Então vamos falar um pouco sobre planejamento de contingência,
ou, para usar um termo mais fashion: business continuity plan (BCP).
No popular: o "plano B" para situações de emergência.
Primeiro uma analogia no plano pessoal. Alguém aí tem uma apólice de seguro de
vida que cubra a hipótese de ser atingido pela queda de um meteoro? Não?? E
alguém tem seguro contra tsunamis? Também não??? Mas seguro do automóvel
contra furto e roubo eu aposto que vcs tem, não é? Porque será?
Simples. Quando decidimos gastar o nosso dinheirinho suado na prevenção de algum
sinistro, nós avaliamos se o risco compensa a despesa com a prevenção. E quando
uma empresa tem que decidir sobre o seu BCP não é diferente. Tudo resume-se a
quantificar objetivamente (nos termos que a alta administração entende: $$$) o
dano causado pela manifestação de um determinado risco e o custo da sua
prevenção ou mitigação. Trazendo estes valores para o valor presente líquido (VPL),
se o custo da ocorrência do dano for maior que o custo da prevenção/mitigação,
então o investimento é justificado. Senão esqueça.
Alguém aí pode estar pensando: peraí... mas existem os danos intangíveis, como
dano de imagem. Mesmo estes podem e devem ser quantificados. Você pode traduzir
o dano de imagem, por exemplo, em perda estimada de receita pela fuga de
clientes atuais ou pelo não cumprimento de metas de captação de novos clientes.
O segredo do negócio é organizar uma matriz de riscos x danos. Mas, o que é um
risco? Em todo negócio existem vulnerabilidades. Equipamentos podem quebrar,
fornecedores podem descumprir contratos, podem acontecer greves ou desastres
naturais, sabotagem, espionagem, you name it. Analisando o elenco das
vulnerabilidades do negócio, o responsável pela montagem do BCP tem que
determinar qual é, dentro de um horizonte definido no tempo, a probabilidade
destas vulnerabilidades serem atingidas por algum evento. Cada conjunto
vulnerabilidade + probabilidade de ocorrência é um risco.
A matriz é montada posicionando cada vulnerabilidade como um ponto em um gráfico
cartesiano onde o eixo x representa o tamanho do dano, e o eixo y
representa a probabilidade de ocorrência. Divide-se então o plano em 16 áreas:,
definidas por 4 faixas para o valor do dano e para a probabilidade de ocorrência
(baixo, médio, grande e muito grande - cada empresa precisa definir o que estes
termos significam no seu contexto específico). A depender das disponibilidades
orçamentárias, ataca-se prioritariamente as faixas de dano muito grande e de
probabilidade muito grande, e sucessivamente vão sendo elaborados planos de ação
para cada ponto restante, sempre considerando a comparação do VPL com o custo da
prevenção ou mitigação. Nos casos de riscos com baixa probabilidade e baixo
dano, a decisão executiva pode ser de aceitar o risco e não fazer nada.
O caso é: eu não acredito que o pessoal que administra a rede MPLS da Telefónica
(corpo técnico e gerencial) tenha descuidado disto. Pode até ser que eles não
sejam brilhantes, mas malucos eles não são. Eles certamente fizeram o dever de
casa para colocar na rede MPLS todas as salvaguardas necessárias para garantir a
continuidade do serviço, mesmo que com alguma degradação temporária e/ou
localizada, para todos os riscos com probabilidade razoável de ocorrência.
E o que de fato aconteceu, estava nesta classe? Acredito que não. Falhas de
links e roteadores, até mesmo falhas duplas simultâneas, são eventos
razoavelmente prováveis, e cobertos via redundância planejada dos elementos da
rede. Uma falha geral do roteamento tem probabilidade semelhante de ocorrer?
No way. Não se você seleciona cautelosamente os seus fornecedores e tem um
bom conjunto de práticas administrativas para fazer o change management
da rede. E eu acho que eles fazem tudo isto. Pode até não ser perfeito, mas
fazem.
Apesar das explicações não parecerem completas, em um ponto eu não tenho
dúvidas: foi algo inesperado, tão improvável que não haveria medida
economicamente justificável para a sua prevenção. Por isso, quando aconteceu,
foi um burn through total. Se fosse em uma usina nuclear teria sido a
"síndrome da china".
E continuamos à espera dos detalhes do laudo do CPqD...
[ ]'s
J. R. Smolka_
Nota da Coordenação:
Este "post" no BLOCO - Blog ComUnitário, pode conter material que
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Sobre "planos_B" (1)- Mensagem de José Smolka
29/07/08
Como funciona a Internet (29) - Mapeando os
"nossos" backbones (17) - Smolka responde à Luiz Sérgio
----- Original Message -----
From:
José de Ribamar Smolka Ramos
Sent: Tuesday, July 29, 2008 11:20
AM
Subject: [Celld-group] Re: Apagão
- TEM QUE SER LIDO!
--- Em
Celld-group@yahoogrupos.com.br, "luiz sergio lindenberg nacinovic" <lsnvic@...>
escreveu:
O problema é o de sempre. Muita frequência para um
backbone congestionado.
A conexão tem dias que chega 11kbps, impossibilitando qualquer coisa. Uma
bullshit.
Oi Luiz,
Além dos comentários que fiz no post de resposta à Jana
(que podem valer para vc também), existem outras considerações adicionais para
avaliar onde estão os reais "gargalos" de performance.
É notório que operadoras de telecom usam DPI para fazer
bandwidth throttling de aplicações consideradas "indesejáveis", como P2P em
geral (eMule, Gnutella, e mesmo VoIP com provedores que não estejam no "barco"
da operadora).
Faça o seguinte: abra duas janelas distintas para cada
aplicação (talvez duas "abas" diferentes do browser sejam suficientes) e
observe se o desempenho de ambas é ruim, ou se uma é significativamente pior que
a outra.
No primeiro caso o problema pode ser de congestionamento
upstream (que pode ser no DSLAM, nos roteadores do backbone da
operadora - que tem uma rede MPLS por baixo - ou nos links/roteadores de
peering dela com outros AS da Internet).
No segundo caso possivelmente vc está sendo vítima das
policies implementadas pela operadora no DPI. Digo possivelmente, porque
ainda existem outros fatores que influenciam, como qual a rota seguida pelo seu
tráfego na Internet até o destino final (podem haver congestionamentos fora do
alcance administrativo da operadora), ou o "estado de saúde" da máquina com a
qual vc está se conectando. Discos cheios, pouca memória, pouco processador,
banda de acesso insuficiente para atender à demanda de conexões dos usuários, má
configuração do SO ou do programa servidor, tudo isto pode fazer com que um site
da Internet ofereça um serviço ruim, mesmo que a rede esteja boa.
[ ]'s
J. R. Smolka_
Nota da Coordenação:
Este "post" no BLOCO - Blog ComUnitário, pode conter material que
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Como funciona a Internet (29) - Mapeando os "nossos" backbones (17) - Smolka
responde à Luiz Sérgio
29/07/08
Como funciona a Internet (28) - Mapeando os
"nossos" backbones (16) - Smolka responde à Jana de Paula
----- Original Message -----
From:
José de Ribamar Smolka Ramos
Sent: Tuesday, July 29, 2008 9:54 AM
Subject: [Celld-group] Re: Apagão - TEM QUE SER LIDO!
--- Em
Celld-group@yahoogrupos.com.br, "Jana" <jana_depaula@...>
escreveu Em AZUL
Estou com a impressão de que está se armando
um apagão no Rio de Janeiro. Com as promoções de pacotes triple play, o
barateamento do PC e tudo o mais deve ter aumentado muito o número de assinantes
do velox (Oi), no Rio de janeiro.
Isto tem abalado a rede. A intermitência do serviço é de irritar monge tibetano
(e olha que eles aturam há aaaaanos o domínio chinês...).
Oi Jana,
O problema que vc está levantando é sempre uma possibilidade em redes de acesso
DSL, como é o caso dos serviços Velox (da Oi) e Speedy (da Telefónica).
Sempre quando a gente reclama, eles sempre
partem do princípio que a falha é nossa, clientes. Mas, se fôsse, porque tem
dias que ela fica uma uva e eu navego em céu de brigadeiro?
Sei que isto vai parecer antipático, mas vc já teve que
trabalhar com atendimento a clientes? Eu já. E é complicado. Especialmente no
caso de serviços de informática para o público em geral (mesmo que seja dentro
de uma rede corporativa). Porque, apesar de todos os esforços em tornar os
computadores pessoais em coisas mais parecidas com eletrodomésticos
convencionais, eles ainda são coisas complicadas demais para a compreensão do
usuário médio (veja um post recente meu onde mencionei o blinking
twelve problem).
Costuma-se dizer que é impossível criar um sistema à prova de
idiotas (idiot-proof system), porque os idiotas são muito criativos.
Uma piada clássica sobre isto é a seguinte (diálogo entre o atendente do suporte
técnico e um usuário):
- Suporte técnico, bom dia. Em que posso ajudar?
- Quero que alguém conserte o porta-copos do meu computador. Ele estava
funcionando normalmente, mas quebrou.
- Perdão senhor, mas... porta-copos? É alguma espécie de acessório opcional que
foi entregue junto com o seu computador?
- Não. Todas as máquinas que eu vi na loja tinham porta-copos, e o meu agora
está quebrado. Quero que consertem.
- Desculpe senhor, mas realmente não estou entendendo. O senhor pode descrever
melhor este acessório?
- Posso sim. Eu ativo o porta-copos, que fica em um compartimento lacrado,
apertando um botãozinho na frente dele. Então a bandeja do porta-copos se
projeta para fora, e eu posso colocar meu copo em cima dela.
- Por favor, existe alguma coisa escrita na frente deste compartimento lacrado?
- Tem sim... Aqui diz "CD/DVD ROM"...
Então, embora seja irritante ser tratado como idiota, em
princípio, pelos atendentes de suporte técnico a serviços como o Velox, entenda
que uma proporção imensa dos chamados que eles recebem tem parentesco próximo
com o diálogo acima. Eles estão tentando eliminar os casos mais óbvios de BIOS
(burrice imensa do operador do sistema).
Hoje fiquei meio irritada e comecei a falar ao
atendente todas as letrinhas da sopa que aprendi com o professor Smolka. MPLS,
NGN, PQP... ui!
Daí que finalmente eles viram que de fato "o sinal estava fraco". O que
significa isto eu não sei. Mas, cá com os meus botôes, acredito que tá se
armando um ''pobrema" aqui no Rio.
Você fez a coisa certa nestes casos. Mostrar ao atendente da
primeira linha que o seu caso está fora dos scripts padronizados dele.
Isto força que ele escale o seu caso para alguém mais especializado. Quanto ao
PQP... deixa pra lá
Agora quanto ao problema em si. Acessos DSL são especialmente
sensíveis às condições elétricas do par de fios utilizado. Se vc está,
eletricamente falando, muito longe da central (onde está instalado o DSLAM),
e/ou se a fiação na rota que lhe atende (cabos tronco, armários, cabos de
distribuição aérea, cabos de entrada no edifício, e também a fiação interna da
sua casa/prédio) não estiver em boas condições de isolamento, é certo que vc
terá problemas.
Claro que problemas de performance também podem acontecer
upstream do DSLAM, mas, no seu caso, eu procuraria eliminar esta
possibilidade primeiro.
Peço encarecidamente que caso haja pessoas
ligadas à Oi neste grupo, chequem isto.
Conversei com vários moradores aqui da minha área (Piratininga-Niteroi) e eles
estão com os mesmos problemas. Chiado da linha (isto é péssimo para transmissão
de dados no cobre) e dificuldade para acessar a internet.
Se outros usuários na mesma região que vc experimentam
problemas semelhantes, então existe uma grande chance de ser realmente algo com
a fiação daquela área. Para eliminar outras possíveis causas tente o seguinte:
combine com um(a) amigo(a) que utilize o mesmo serviço, com a mesma banda
contratada mas em local distinto da cidade, para que vcs acessem simultaneamente
os mesmos sites ou serviços na Internet. Falem por telefone enquanto
navegam, e comparem os tempos de resposta. Se os tempso dele forem
sistematicamente melhores que os seus, então a hipótese do problema de fiação é
mais provável. Se ambos estiverem ruins, então provavelmente o problema é
upstream (mas o problema de fiação ruim também pode existir em paralelo).
É o POVO falando.
É verdade, mas cuidado com esta argumentação. Aceitar
proposições como verdadeiras porque "a voz do povo é a voz de Deus" é uma
falácia conhecida como argumentum ad populum.
[ ]'s
J. R. Smolka
Nota da Coordenação:
Este "post" no BLOCO - Blog ComUnitário, pode conter material que
complementa o assunto:
•
Como funciona a Internet (28) - Mapeando os "nossos" backbones (16) - Smolka
responde à Jana de Paula
28/07/08
Como funciona a Internet (24) - Mapeando os "nossos" backbones (13) -
Smolka comenta as explicações da Telefonica
----- Original Message -----
From:
José de Ribamar Smolka Ramos
To:
Celld-group@yahoogrupos.com.br
Sent: Monday, July 28, 2008 11:03 AM
Subject: [Celld-group] Re: Apagão - TEM QUE SER LIDO!
--- Em
Celld-group@yahoogrupos.com.br, "luiz sergio lindenberg nacinovic" <lsnvic@...>
escreveu ("em azul")
> Grande Mestre. É o Luixsergio! Lembra de mim?
Lembro sim...
> Aqui estou eu novamente te chateando com
minhas perguntas mal formuladas.
Não se preocupe com isso. É melhor uma
pergunta mal-formulada do que uma dúvida não esclarecida.
> 1)No seu entender, qual a hipótese mais
provável a respeito do "caladão" da Telefónica?
> 2) Esses roteadores não são auto-reprogramáveis- a exemplo daqueles D-Links
domésticos?
> 3) O sr. acredita em falha de software?
Vamos com calma... Segundo o noticiário, A
Telefónica comunicou à Anatel o laudo do CPqD, e deverá ter uma reunião com o
CGI.br sobre o assunto. Embora o laudo não tenha sido publicado, o que vazou na
imprensa é que o problema originou-se em uma interface ótica no roteador de
Sorocaba, que fazia o link dele com outro roteador em Campinas. Então,
vamos tentar aplicar um pouco de raciocínio lógico nisto.
Primeiro, pouco importa o fato da interface
ser ótica (porque eles insistem em escrever "óptica?), elétrica, ou mesmo
através de sinais de fumaça ou pombos-correio. A alegação é que a interface
sofreu um problema de hardware. Muito bem... Se a interface tivesse
simplesmente saído do ar, então não haveria problema (pelo menos não deste
tamanho). O roteador de Campinas perceberia a queda do link para Sorocaba,
alteraria suas tabelas de rotas para o caminho alternativo (que certamente
existe; esta história que a rede não possuía "plano B" é bullshit), e
em alguns minutos, no máximo, tudo estaria funcionando normalmente. E só a
região servida pelo roteador de Sorocaba sentiria o problema, enquanto o
restante da rede seguiria em frente sem transtornos.
Então o que deve ter acontecido é que a
interface de Sorocaba não caiu, mas ficou em um estado instável onde, do ponto
de vista do roteador em Campinas, o link ficava flutuando
aleatoriamente entre os estados up e down. Isto faria que o
roteador de Campinas ficasse tentando, sucessivas vezes, estabelecer uma rota
alternativa (quando ele visse o link down) e voltar para a rota
primária (quando ele visse o link up novamente). O nome técnico desta
situação é route flapping.
No caso, ocorreria um LSP (label switching path)
flapping entre os roteadores de Sorocaba e Campinas. Se o roteador de
Sorocaba for (como disseram) um roteador de borda MPLS (denominação técnica: um
provider edge router - PE), então muito provavelmente (porque
acredito que a rede tem um projeto decente) ele estaria conectado a outro
roteador do core MPLS (denominação técnica: um provider router
- P), além do roteador de Campinas (que deve ser P). Ainda assim, nas CNTP o
problema ficaria localizado entre os roteadores P (em Campinas e em outro
site) e o roteador PE (em Sorocaba).
O que não está bem explicado é porque um problema de LSP
flapping que deveria ficar localizado tornou-se generalizado. Para entender
isto é preciso conhecer uma série de detalhes da rede da Telefónica: topologia,
fornecedores dos roteadores P e PE envolvidos na raiz do problema (e as versões
de SO em cada um deles), forma de distribuição dos labels na rede (I-BGP,
LDP ou ambos), qual o IGP utilizado (OSPF ou IS-IS), se os roteadores MPLS também
fazem full routing com a Internet, und so weiter...
Provavelmente tudo isto está no laudo do CPqD, que não foi publicado.
Em resumo (supondo que o que foi divulgado procede), uma falha
de hardware evoluiu para um completo meltdown do software
responsável pelo roteamento global na rede. E porque demorou tanto tempo para
isolar a falha? Acho que é o seguinte: o gerenciamento de falhas na rede é feito
remotamente, a partir dos NOCs (network operations centers) da
Telefónica, usando SNMP. Se todo o roteamento falhou catastroficamente, então as
aplicações de gerência SNMP não conseguiam estabelecer contato com os objetos
gerenciados, nem dava para acessá-los remotamente via sessões telnet. A única
alternativa era despachar gente para cada site para intervir
localmente. Como (provavelmente) a maioria dos sites funciona em regime
lights-out operation, e os técnicos responsáveis pelo atendimento remoto
são terceirizados, isto demorou. Ainda assim, não deveria ter demorado dois
dias. Seis a doze horas eu consigo entender. Dois dias não.
Para terminar, um pouco de bom humor. Nos lugares que
funcionam em regime lights-out operation, costuma-se dizer que são
necessárias duas coisas: um operador e um cachorro. O cachorro é para vigiar o
site e não deixar o operador mexer em nada (porque tudo é automático).
E o operador é para dar comida e água ao cachorro
.
> Meu nome real é Luiz Sergio Nacinovic.
Obrigado por ter me respondido daquela outra vez. Um abraço.
Pra vc também Luiz.
J. R. Smolka
Nota da Coordenação:
Este "post" no BLOCO - Blog ComUnitário, pode conter material que
complementa o assunto:
•
Como funciona a Internet (24) - Mapeando os "nossos" backbones (13) - Smolka
comenta as explicações da Telefonica
26/07/08
• Como funciona a Internet (22) - Mapeando os "nossos" backbones (11)
- Mensagem de José Smolka
----- Original Message -----
From: J.R.Smolka
To: Celld-group@yahoogrupos.com.br
Sent: Saturday, July 26, 2008 11:25 PM
Subject: Re:
Obs: esta mensagem cita o texto publicado pelo Estadão em
12/07/08:
O
apagão da internet
Caro mct3 (na falta de uma identificação melhor vou tratá-lo pelo seu
cyber-nickname, ok?),
Vou ignorar o tom socialóide e "ai que saudades do sistema Telebrás" que polui
todo o texto, e vou me concentrar no seguinte: o conhecimento que o sr. Celso
Ming, responsável pela coluna (disponível para consulta na versão on-line d'O
Estado de São Paulo), possui sobre os aspectos técnicos do problema é parecido
com o que eu tenho sobre neurocirurgia. E a fonte utilizada na reportagem
aparentemente também padece do mesmo mal.
Parece inútil, mas vou dizer assim mesmo, e "gritando": NÃO ACONTECEU APAGÃO DA
INTERNET! QUEM PAROU CATASTROFICAMENTE FOI A REDE MPLS DA TELEFÓNICA! Fui claro?
Acontece que rigorosamente tudo que seja tráfego IP que passe pela rede da
Telefónica é transportado pela rede MPLS. Quando ela caiu (por motivos ainda não
esclarecidos) tudo que dependia dela também parou: os usuários do serviço DSL da
própria Telefónica (Speedy), a rede de serviços do governo estadual de SP (Intragov),
conexões IP de redes corporativas, etc. etc.
Entre estes etc. muito provavelmente está a Atento, que presta serviços de
call-center à Telefónica (e também é uma empresa do grupo Telefónica). Para
atender aos clientes da Telefónica os funcionários da Atento precisam acessar os
sistemas de TI da própria Telefónica, que ficam em servidores nos data centers
da Telefónica, e este acesso depende, com altíssima probabilidade, de links IP
entre os call-centers e a Telefónica que cursam através da rede MPLS. Portanto
qual é a surpresa em saber que os call-centers não conseguiam dizer nada claro a
respeito do incidente, se eles mesmos estavam entre os serviços afetados?
O que não quer dizer que eu acredite piamente no (muito pouco) que foi publicado
a título de explicação do ocorrido. Continuo achando que uma "caca" deste
tamanho dificilmente poderia ser causada apenas por um roteador de borda que
"pirou" em Sorocaba. Ainda quero saber melhor do lado técnico desta questão, até
porque eu também tenho uma rede MPLS para me preocupar, e se algo semelhante
puder acontecer com a minha rede, quero saber como prevenir ou remediar com
antecedência.
[ ]'s
J. R. Smolka
Nota da Coordenação:
Este "post" no BLOCO - Blog ComUnitário, pode conter material que
complementa o assunto:
•
Como funciona a Internet (22) - Mapeando os "nossos" backbones (11) - Mensagem
de José Smolka
13/07/08
Como funciona a Internet (15) - Mapeando os
"nossos" backbones (04) - Nova mensagem de José Smolka
----- Original Message ----- From:
J.R.Smolka
Sent: Sunday, July 13, 2008 2:37 AM
Subject: [wireless.br] Mapeando os "nossos" backbones
(2)
Julião, !3runo (legalzinho esse negócio de leetspeak
:-) ) e demais colegas,
Vou tentar me limitar às questões técnicas, e deixas ar discussões sobre
política e legislação para a troca de posts com o Rogério
:-) .
Primeiro a questão "quem veio primeiro o ovo ou a galinha?" do BGP-4 versus
AS. Vou transcrever a introdução da RFC 1930 - Guidelines for creation,
selection and registration of an Autonomous System (AS) - que pode ser
consultada em
http://tools.ietf.org/html/rfc1930:
This memo discusses when it is appropriate to register and utilize an Autonomous
System (AS), and lists criteria for such. ASes are the unit of routing policy
in the modern world of exterior routing, and are specifically applicable to
protocols like EGP (Exterior Gateway Protocol, now at historical status; see [EGP]),
BGP (Border Gateway Protocol, the current de facto standard for inter-AS routing;
see [BGP-4]), and IDRP (The OSI Inter-Domain Routing Protocol, which the
Internet is expected to adopt when BGP becomes obsolete; see [IDRP]). It should
be noted that the IDRP equivalent of an AS is the RDI, or Routing Domain
Identifier.
Nesta mesma RFC, na seção 3 (definitions), está escrito que:
The classic definition of an Autonomous System is a set of routers under a
single technical administration, using an interior gateway protocol and common
metrics to route packets within the AS, and using an exterior gateway protocol
to route packets to other ASes. Since this classic definition was developed, it
has become common for a single AS to use several interior gateway protocols and
sometimes several sets of metrics within an AS. The use of the term Autonomous
System here stresses the fact that, even when multiple IGPs and metrics are used,
the administration of an AS appears to other ASes to have a single coherent
interior routing plan and presents a consistent picture of what networks are
reachable through it.
To rephrase succinctly: An AS is a connected group of one or more IP prefixes
run by one or more network operators which has a SINGLE and CLEARLY DEFINED
routing policy.
Routing policy here is defined as how routing decisions are made in the Internet
today. It is the exchange of routing information between ASes that is subject to
routing policies.
Portanto para mim é claro que:
a) O conceito de AS foi criado para definir
unidades administrativas que controlam segmentos lógicos (isto é, uma parte do
espaço de endereçamento IPv4 ou IPv6) da Internet e a forma de roteamento no seu
interior. Sem isto seria impossível que a Internet atingisse a escala mundial
que ela tem hoje;
b) Cada AS deve apresentar aos demais AS
(isto é, para o restante da Internet) uma política de roteamento única e
claramente definida (isto é, como o tráfego destinado a endereços IP no seu
interior deve ser encaminhado até a sua "fronteira"). Já o roteamento
dentro da "fronteira" de cada AS é de sua exclusiva opção e responsabilidade;
c) A forma como estas políticas de
roteamento entre AS são comunicadas entre eles é através das mensagens de um
protocolo de exterior routing, compartilhado em comum acordo por toda a
comunidade dos AS. Este protocolo já foi o EGP (RFC 904), hoje é o BGP-4 (RFC
4271), e um dia (talvez, when the hell freezes over
:-) ) venha a ser o IDRP (ISO/IEC 10747).
Mas as interconexões AS-AS mostram apenas a organização lógica da Internet. Por
baixo disto (e muito mais obscura) está a estrutura física de encaminhamento do
tráfego.
É um fato (e não só no Brasil) que a posse física dos meios de conexão interfere
muito na maneira como as coisas ocorrem na prática.
Vamos ver, como exemplo, a RNP (ASN 1916).
Ela é dona dos seus roteadores, mas os links que os conectam certamente
não são de sua propriedade.
Então, no mapa que mostra a topologia da RNP (e também o seu "estado de saúde")
em
http://www.rnp.br/ceo/trafego/panorama.php, podemos ver que
no nó principal de tráfego SP existem conexões para a Embratel (ASN 4230) e para
a Global Crossing (ASN 3549).
Supondo que os roteadores destes dois AS também estejam localizados em SP,
existe uma forte possibilidade que os dois links passem pela
infra-estrutura da rede MPLS da Telefónica, e tenham caído juntos durante o
meltdown.
O caminho alternativo de tráfego mais óbvio seria a conexão SP-RJ, mas se alguma
parte física deste link também depender da rede MPLS da Telefónica,
adiós.
Próxima alternativa seria rotear o tráfego via DF e MG (desde que o link
SP-DF também não tenha caído junto com os outros), mas existe a possibilidade de
congestionamento se a falha ocorrer em HMM.
Conclusão: se os administradores da RNP não planejarem com cuidado de quem eles
contratam os seus links, a esperada resiliência do projeto lógico da rede
vai pras cucuias.
Se este problema existe no nível urbano das maiores cidades do país, imagine o
resto.
Quando se trata se provimento de enlaces interestaduais a quantidade de escolhas
se reduz a meia dúzia de operadores, e nem todos os trechos que alguém gostaria
de conectar possuem mais de um operador com caminhos físicos completamente
distintos.
Saídas internacionais? Se vc precisa de banda de verdade (digamos, assim,
algumas centenas de Mbps) a única alternativa prática são os cabos submarinos de
fibras óticas.
No mapa disponível em
http://www1.alcatel-lucent.com/submarine/refs/World_Map_2007_LR.pdf
eu contei sete cabos de conexão internacional e um cabo de uso puramente
doméstico.
A administração destes cabos geralmente é feita por consórcios, e aposto alguns
destes consórcios operam mais de um cabo.
A conseqüência final é que os pontos de interconexão das redes tendem a ser
colocados apenas nos locais onde o agregado de tráfego justifique o custo.
E é por isto que os grandes provedores de interconexão, que operam os AS de
"passagem" para os pequenos provedores de interconexão (que fazem o varejo do
negócio de acesso à Internet), cobram "pedágio".
Enquanto o tráfego da Internet for composto principalmente por aplicações
best effort (ex.: http e smtp) estas "voltas do mar" que o tráfego tem de
fazer para passar de um AS para outro não chegam a comprometer a performance
(alguns milissegundos a mais ou a menos? No big deal).
Mas, quando houver um volume considerável de tráfego real-time, isto será
um problema.
Será um problema grande o suficiente a ponto de forçar uma mudança neste estado
de coisas? Depende de vários fatores, mas isto é assunto para outro post.
Ah! Só para terminar... Alguém aí sabe quais seriam os impedimentos técnicos de
lançar um trecho de cabo submarino de Fortaleza a Belém, e um trecho "subfluvial"
de Belém a Manaus? Isto daria um desafogo e tanto para a região norte, onde
praticamente só se chega por satélite.
[ ]'s
J. R. Smolka
Nota da Coordenação:
Este "post" no BLOCO - Blog ComUnitário, pode conter material que
complementa o assunto:
•
Como funciona a Internet (15) - Mapeando os "nossos" backbones (04) - Nova
mensagem de José Smolka
11/07/08
Como funciona a Internet (11) - Mapeando os
"nossos" backbones (01) - Mensagem de José Smolka
----- Original Message -----
From:
J.R.Smolka
Sent: Friday, July 11, 2008 2:31 AM
Subject: [wireless.br] Mapeando os "nossos" backbones
Oi Julião e demais colegas do grupo.
Vou usar a sua principal pergunta como "gancho" para este post.
Não entendi bem a intenção em
"mapear", mas talvez os links abaixo podem lhe exibir o fato de que há muita
informação disponível. Pessoalmente diria que a infra-estrutura da Internet
está no protocolo BGP e não propriamente nos ASNs (embora seja o pré-requisito
para o BGP).
Realmente (como vc mesmo disse mais adiante no seu post) vc "pegou o
bonde andando" e, por isso, talvez não tenha entendido bem o objetivo. Em
linhas gerais é o seguinte: o Hélio vem publicando uma série de posts
com artigos e comentários sob o título geral Como funciona a Internet.
Entre outras coisas, ele levantou a lebre do desconforto da comunidade de
usuários de Internet no Brasil (especialmente depois do meltdown da
rede MPLS da Telefónica em SP) em não entender quem realmente é responsável
pelos problemas de conectividade que podem acontecer (e acontecem, pelos mais
variados motivos). Ou seja, quando a "vaca vai pro brejo", os usuários ficam
perguntando: who´s in charge over here? Who´s accountable? E a
resposta, como o próprio Hélio costuma dizer, é um "estrondoso silêncio".
Daí que, no 5° post da série ele fez a seguinte proposição:
"De repente", com
este incidente, descobrimos que não sabemos muito sobre esta infra-estrutura
no Brasil, tanto em relação à "hierarquia de hardware" como em relação à
"hierarquia de responsabilidade" pela segurança e governança da rede. [...]
Quem administra, coordena, articula, enfim, "toma continha" desta
infra-estrutura, não no papel, mas pra valer? Ou é tudo "ad hoc" e se
auto-organiza?
Meu post, ao qual vc respondeu, era uma primeira tentativa de explorar
possibilidades nesta área. E os links que vc deu são certamente úteis, mas
gostei especialmente a ferramenta BGPlay (http://www.ris.ripe.net/bgplay)
no site da RIPE NCC (Réseaux IP Européens Network Coordination Centre),
que é um dos cinco RIRs (Regional Internet Registry) autorizados pela
IANA (Internet Assigned Numbers Authority) para redistribuição de
recursos (blocos CIDR de endereçamento IPv4 e IPv6, números de AS, nomes de
domínio DNS, etc.). O CGI.br, que executa este papel no Brasil, é autorizado
por outro RIR, o LACNIC (Latin America and Caribbean Network Information
Center).
A ferramenta produz um mapa gráfico da "árvore" de conexões a partir de um AS.
O único inconveniente é que vc precisa informar um prefixo CIDR que pertença
àquele AS. Mas, se vc já souber o ASN, uma consulta no whois do registro.br
informa todos os blocos CIDR associados àquele AS. BTW, quem tiver curiosidade
em ver um "mapa" de toda a Internet, tem um (ilegível nesta escala) aqui:
http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Internet_map_1024.jpg.
Mas permita-me discordar um pouco da sua colocação. Os AS são, efetivamente,
os blocos básicos para a garantia de conectividade da Internet. Eles tem que
cooperar, de um modo federativo, para que as rotas de acesso para cada prefixo
CIDR sejam divulgadas para toda a Internet da forma mais eficiente possível.
A interconexão entre AS é feita através de links entre seus roteadores
de borda (ASBR - autonomous system border router). O roteamento
dinâmico entre os ASBR é mediado por um EGP (exterior gateway protocol),
em oposição ao roteamento dinâmico dentro de cada AS, que é mediado por um ou
mais IGP (interior gateway protocol). Enquanto a escolha do IGP é uma
decisão local de cada AS, o EGP tem de ser comum a todos os AS. No momento (e
sem perspectiva de mudança a curto prazo) o EGP padrão para a Internet é o BGP-4
(border gateway protocol version 4) conforme a RFC 4271 do IETF (Internet
Engineering Task Force).
Então, os AS interconectam-se livremente, conforme as suas conveniências,
e, pelo uso judicioso dos parâmetros de configuração do BGP-4 nos seus ASBR,
os administradores de cada AS implementam estes acordos de roteamento na
prática.
[ ]'s
J. R. Smolka
Nota da Coordenação:
Este "post" no BLOCO - Blog ComUnitário, pode conter material que
complementa o assunto:
•
Como funciona a Internet (11) - Mapeando os "nossos" backbones (01) - Mensagem
de José Smolka
10/07/09
Como funciona a
Internet (9): Smolka dá uma pista para encontrar a estrutura da Internet
no Brasil.Nota: a mensagem abaixo do Smolka
faz referência ao "post"
Como funciona a Internet (6): Os "nossos" backbones + Teleco: Tutorial sobre
MPLS que continha estas perguntas:
Vamos comentar e complementar?
Quem administra, coordena,
articula, enfim, "toma continha" desta infra-estrutura, não no papel, mas pra
valer?
Ou é tudo "ad hoc" e se auto-organiza? :-))
----- Original Message -----
From: J.R.Smolka
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, July 10, 2008 2:35 AM
Subject: Re: [wireless.br] Como funciona a Internet (5): Os "nossos" backbones +
Teleco: Tutorial sobre MPLS
Hélio,
Entendo a sua ansiedade :-)
E, realmente, a estrutura lógica e física da Internet, mesmo que só no nosso
"cantinho" nacional da rede, não é tão fácil de entender.
Mas talvez a situação não seja de desespero total, embora haja um bocado de
trabalho braçal a fazer (taí uma boa empreitada para "almas dedicadas" :-) ).
Andei dando umas "fuçadas" e descobri o seguinte:
o site da IANA (http://www.iana.org/numbers/) remete para o registrar base da
América Latina, o LACNIC (http://lacnic.net/pt/index.html).
Como eu já sabia que o bloco CIDR de endereços IPv4 200.223/16 pertence à Oi/Telemar,
dei uma consultada neste bloco no whois do LACNIC (a opção está na margem
direita da página).
Lá diz apenas que este bloco CIDR está "embutido" no bloco CIDR 200.128/9, que
está alocado para o Comitê Gestor da Internet Brasil (id BR-CGIN-LACNIC).
Parece um beco sem saída, não?
Mas o CGI.br também tem o seu serviço whois (http://whois.registro.br).
Consultando lá o bloco CIDR 200.128/9 encontramos a Oi/Telemar (ou Tele Norte
Leste Participações S/A), e o que é mais interessante, o AS number (ASN) que a
identifica como um autonomous system da Internet: 7738.
Aqui cabe uma explicação.
Os AS são as unidades administrativas da Internet. Só que eles não se interligam
de maneira hierárquica, e sim federativa, de acordo com suas próprias
conveniências técnicas e comerciais.
A navegação que vou descrever a seguir mostra que mapear os relacionamentos de
interconexão entre eles de forma manual é possível, mas enjoado.
Abra a página do CIDR Report (http://www.cidr-report.org) no seu browser.
No final da (longuíssima) página inicial, que é uma série de relatórios sobre o
estado de advertisement dos diversos blocos CIDR na Internet, existe uma opção
de selected AS report.
Informando lá o ASN 7738 e clicando no botão generate AS report vamos para uma
página com os relatórios deste AS.
Não estranhe o fato do relatório indicar a Telecomunicações da Bahia S/A como
owner deste ASN, muitas informações de detalhes não são sincronizadas entre os
vários registrars (no caso, IANA, LACNIC e registro.br).
O que nos interessa é o AS adjacency report.
Lá vemos que a Oi/Telemar possui oito AS upstream, todos internacionais, e
vários AS downstream, todos nacionais (embora alguns não tenham o nome declarado
- mas, usando o whois do registro.br, dá para verificar que são no Brasil).
Primeira conclusão: o AS da Oi/Telemar é uma "borda nacional".
Os ASN no relatório são hyperlinks, então vamos clicar no primeiro ASN
downstream: Belgo Mineira Sistemas (ASN 14723).
Lá só encontramos dois AS upstream, a própria Oi/Telemar e a Embratel (ASN
4230), e nenhum AS downstream.
Segunda conclusão: a Belgo Mineira Sistemas é um AS "fim de linha", e todo o seu
tráfego de/para o restante da Internet é encaminhado através dos AS da Oi/Telemar
e da Embratel (em que proporção, e sob que condições é um acerto entre eles).
Bom... Acho que já chega.
Resumindo o processo, dá para "mapear" a estrutura lógica de interconexão dos AS
da Internet Brasil (a estrutura física é uma conversa totalmente diferente)
percorrendo, a partir de cada AS de "borda nacional", a lista os AS downstream
até encontrar todos os AS "fim de linha".
Só tem dois probleminhas com esta idéia...
Primeiro é a natureza braçal da tarefa, se tiver que ser feita do jeito que eu
descrevi.
Pode ser que esta atividade não seja pior que ser atendente de call-center, mas
chega perto... Nem estagiário merece ser tratado assim :-) .
Segundo é a natureza dinâmica dos relacionamento entre os AS.
Quando vc terminar o mapeamento existe uma grande probabilidade dele estar
desatualizado.
É até possível que o dinamismo do uso e interligação dos AS no Brasil não seja
tão grande como em outras partes do mundo, mas acho que este mapeamento teria
que ser atualizado pelo menos em base mensal.
Mas não acho que seja uma tarefa muito difícil de automatizar.
Até mesmo se for o caso de criar um programa que leia as páginas do CIDR report
e vá interpretando dinamicamente os conteúdos, não é uma tarefa de programação
muito complexa.
E o desenvolvimento poderia ser patrocinado, por causa do interesse público no
assunto, pelo próprio Comitê Gestor da Internet Brasil.
Alguém aí conhece o pessoal do CGI.br para ver se esta idéia tem futuro ou não?
[ ]´s
J. R. Smolka
Nota da Coordenação:
Este "post" no BLOCO - Blog ComUnitário, pode conter material que
complementa o assunto:
•
Como funciona a Internet (9): Smolka dá uma
pista para encontrar
a estrutura da Internet no Brasil.
Anatel e as recentes "Consultas Públicas" (9)
- Ainda as "13 Perguntas" - Smolka: STFC e NGN
----- Original Message -----
From:
J.R.Smolka
Sent: Monday, July 07, 2008 1:53
AM
Subject: [wireless.br] Ainda sobre as 13 perguntas - STFC e NGN
Rogério, Hélio e colegas,
Ói nós aqui travêis
:-) .
Tenho que confessar uma coisa: esta já é a quarta (e última, espero)
versão que escrevo para este post. Como prometido, vou tratar da
possibilidade (ou falta dela, no entender do Rogério) de redes NGN
servirem de suporte para a prestação do STFC, tal como definido no atual
marco regulatório brasileiro. A conseqüência natural da análise desta
pergunta leva a outra: considerando o modo que as atuais
concessionárias/permissionárias do STFC no Brasil operam e estão
evoluindo as suas redes, será que elas já extrapolaram o "envelope" da
definição do serviço? Vamos procurar a resposta para isto também.
Para começar, precisamos definir claramente as coisas. Uma NGN, segundo
a Recomendação ITU-T Y.2001 (General Overview of NGN), é:
A packet-based network able to provide telecommunication services and
able to make use of multiple broadband, QoS-enabled transport
technologies and in which service-related functions are independent from
underlying transport-related technologies. It enables unfettered access
for users to networks and to competing service providers and/or services
of their choice. It supports generalized mobility which will allow
consistent and ubiquitous provision of services to users.
[http://www.itu.int/rec/T-REC-Y.2001-200412-I/en]
E, segundo o parágrafo 1° do art. 1° do PGO atual (anexo do Decreto
2.534 de 02/04/1998), o STFC é:
O serviço de telecomunicações que, por meio da
transmissão de voz e de outros sinais, destina-se à comunicação entre
pontos fixos determinados, utilizando processos de telefonia.
[http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2534.htm]
Como já disse em outra ocasião, esta definição me parece meio
tautológica, mas é o que temos, então vamos em frente com ela meso.
Nestes termos, os serviços oferecidos através de uma rede de
telecomunicações não podem ser enquadrados dentro da definição do STFC
se:
a) Não envolverem a transmissão de voz (só outros sinais não
vale);
b) Os serviços forem prestados de forma móvel ou nômade (porque aí não
seria comunicação entre pontos fixos determinados);
c) Não utilizarem
processos de telefonia (achou isto obscuro? Eu
também).
Pela definição de NGN vemos que transmissão de voz e outros sinais está
dentro do contexto, então não dá para descaracterizar uma rede NGN como
base de prestação do STFC pelo critério (a). Porém uma NGN completa
deverá suportar generalized mobility, e isto a desqualifica para
a prestação do STFC pelo critério (b). Mas não vamos ser xiitas. Supondo
uma implementação mais restrita, sem incluir na rede o suporte à
mobilidade e/ou nomadicidade dos usuários, então ela ainda não poderia
ser descartada com base neste critério. O real ponto crítico é o
critério (c). O que vem a ser estes tais processos de telefonia?
Consigo imaginar duas interpretações para esta expressão.
A interpretação mais restrita é que
processos de telefonia
significa que a rede utiliza somente o conceito de circuit switching
(inclusive no que diz respeito às mensagens de sinalização). Se
adotarmos esta linha de raciocínio podemos parar por aqui, porque uma
NGN, por definição, é inteiramente baseada em packet switching.
Quem entender que esta é a forma correta de interpretar o que diz o PGO
atual quer dizer com a expressão processos de telefonia poderia
terminar a leitura neste ponto, porque o assunto estaria resolvido.
Mas é possível (e eu prefiro) uma interpretação mais flexível. A
expressão processos de telefonia pode ser entendida como a
capacidade da rede de:
a) Suportar conexões de assinantes que utilizem, no mínimo, terminais
telefônicos convencionais (com ou sem o uso de ATAs);
b) Garantir que o nível mínimo de interoperabilidade (estabelecimento de
sessões funcionais de uso do serviço) entre os terminais conectados à
rede é a transmissão de voz, com características de qualidade
equivalentes ao serviço telefônico convencional (o referencial de
qualidade é o encoding PCM conforme a Recomendação ITU-T G.711).
Desta forma daria para acomodar uma rede NGN (ou híbrida, com partes NGN
e partes convencionais) dentro da definição do STFC. Mas, considerando a
"fúria tributária" do Governo, creio que preferirão criar todo um novo
elenco de definições de serviço, cada um com suas respectivas exigências
de permissão e/ou concessão - porque assim maximiza-se a receita com
licitações, FISTEL, etc.
Então a resposta à nossa primeira pergunta é um sonoro
depende!
Parece que a possibilidade de enquadrar uma NGN fixa dentro do STFC é
inversamente proporcional ao quanto o intérprete entender que a
tecnologia empregada tecnologia define o serviço. Mas, mesmo que se
adote uma interpretação mais elástica, haverá um break point que
forçará a redefinição do marco regulatório. Em minha opinião, o "ponto
de não retorno" está diretamente ligado à proporção entre as quantidades
de terminais convencionais (incluindo aí os que utilizem ATAs) e
terminais de nova geração (que suportem múltiplos serviços, com
sinalização SIP mediada por IMS). Se a "população" de terminais NG na
planta exceder 20% do total, então não dá mais para fingir que nada
mudou.
O que nos leva à segunda pergunta do dia. Será que as operadoras do STFC
já estariam over the edge? A situação das redes fixas hoje é (em
maior ou menor grau, dependendo da operadora):
a) A esmagadora maioria dos terminais ainda é convencional (pares
metálicos ligados diretamente à central local, com sinalização DTMF).
Mesmo nos casos onde o acesso é feito com modems DSL, tipicamente
o tráfego de voz gerado por terminais convencionais convive em paralelo
com o tráfego puramente digital de outros serviços (via FDM, com
separação dos tráfegos no DSLAM: voz vai para a central telefônica e
dados vão para o roteador IP);
b) As centrais convencionais vem sendo complementadas ou substituídas
por softswitches, para obter ganho estatístico de capacidade nos
enlaces de transmissão usando VoIP (bearer channels na forma de
sessões RTP entre as MGW). Desta forma uma parcela crescente do tráfego
de voz está sendo cursado na transmissão em modo packet switching;
c) O protocolo de sinalização entre os nós de comutação (centrais
convencionais e os MGCs) ainda é o SS7, mas, em paralelo com a
introdução das softswitches na rede, também está ocorrendo a
adaptação do transporte das mensagens SS7 sobre IP, seja pelo uso de gateways ou de forma nativa (veja as RFCs produzidas pelo
working
group SIGTRAN da IETF em
http://www.ietf.org/html.charters/sigtran-charter.html).
d) Os serviços de dados estão praticamente todos concentrados sobre uma
rede de transporte IP/MPLS, que compartilha a banda dos enlaces de
transmissão com o tráfego de voz circuit switching (declinante) e
com o tráfego VoIP (crescente). Desta forma o tráfego total em modo packet switching está em vias de superar o tráfego
circuit
switching na transmissão, e a conseqüência disto é que enlaces PDH e
SDH estão tornando-se progressivamente inadequados, e substiruídos por
enlaces que operam nativamente em modo packet switching (ex.:
Metro Ethernet), inclusive nos acessos corporativos e residenciais. Meu
palpite é que em 2012 os enlaces PDH e SDH representarão não mais que
30% da capacidade total de transmissão, e que sejam completamente
substituídos até 2016.
Então, considerando o critério de um threshold de 20% de
terminais NG na planta como o "divisor de águas" entre o STFC e o
serviço (ou serviços) que vier(em) a comportar o ambiente NGN, eu acho
que as operadoras fixas ainda estão do lado de cá da cerca. Porém elas
estão se aproximando rapidamente dela. Até o ano que vem nós vamos ver o
início da oferta de acessos VDSL2 e xPON para empresas e nas áreas
residenciais mais fashion. O lógico é que estes lançamentos sejam
acompanhados pelo lançamento dos primeiros serviços mediados por IMS, e,
daí para a frente, é tudo ladeira abaixo.
Novamente fazendo previsões, creio que o
alea jacta est
regulatório tem que ocorrer até 2010. Depois disto o risco de confusão é
grande.
Tive a seguinte idéia, que talvez seja um bom exercício de discussão na
ComUnidade: como vocês acham que poderia ser a regulamentação dos
serviços baseados em NGN? Como definir as características destes
serviços mantendo coerência com os princípios de separação entre serviço
e transporte, agnosticismo tecnológico e convergência fixo-móvel
embutidos na própria definição de uma NGN?
Sou todo ouvidos...
[ ]'s
J. R. Smolka
Nota da Coordenação:
Este "post" no BLOCO - Blog ComUnitário, pode conter material que
complementa o assunto:
•
Anatel e as recentes "Consultas Públicas" (9) - Ainda as "13 Perguntas" - Smolka:
STFC e NGN
Anatel e as recentes "Consultas Públicas" (8)
- Ainda as "13 Perguntas" - Smolka continua o debate
----- Original Message -----
From: J.R.Smolka
To:
wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Friday, July 04, 2008 10:37 AM
Subject: [wireless.br] Ainda sobre as 13 perguntas
Oi Rogério, Hélio e demais
colegas,
Vou escrever no "pretinho básico" mesmo
:-)
, e me ater aos principais pontos da discussão (que estão
espalhados em várias das 13 perguntas), porque eles acabam colocando
todo o resto nos trilhos (ou fora deles, sei lá). Os leitores que
estejam interessados em consultar o texto das diversas leis, decretos e
quetais que são mencionados, podem encontrá-los a partir da página de
legislação da Presidência da República em
http://www.presidencia.gov.br/legislacao/.
Ao invocar o finado CBT (Lei 4.117 de 27/08/19620) vc fez uma eloqüente
defesa do que era o serviço de troncos. Digo finado porque a LGT
(Lei 9.472 de 16/07/1997) diz:
Art. 215. Ficam revogados:
I - a Lei n° 4.117, de 27 de agosto de 1962, salvo quanto a matéria
penal não tratada nesta Lei e quanto aos preceitos relativos à
radiodifusão;
E digo era porque, embora concorde com a definição dada no antigo CBT, a
colocação do art. 207 da LGT em obrigar as operadoras que atuavam nos
moldes do CBT - incluídas aí as operadoras do serviço de troncos (além
da Embratel, quem mais?) - a renovarem suas concessões nos moldes da LGT,
conjugada com a permissão explícita da operação dos troncos dada às
operadoras do STFC, nas modalidades local, LDN e LDI, pelo art. 2° do
PGO atual (Decreto 2.534 de 02/04/1998), deixa muito claro - pelo menos
para mim - que a intenção explícita do legislador era "embutir" o
extinto serviço de troncos dentro do STFC.
Mas vamos admitir, por hipótese, que este serviço viesse a ser destacado
novamente, em separado do STFC. O que os usuários dos serviços de
telecom ganhariam com isto? Em minha opinião: nicht, nothing,
nada. Pelo contrário, a vida deles ficaria pior. Teríamos mais
uma camada empresarial na cadeia cliente-fornecedor da prestação dos
serviços, sem nenhuma mudança na maneira como os enlaces são
efetivamente usados. E esta camada extra vai querer garantir a sua
margem de lucro (ou vc entende que isto devia ser operado diretamente
pela União?), portanto quem vai pagar o pato vai ser o usuário, na forma
de contas mais altas devido ao repasse deste custo adicional.
Agora o caso da Embratel. Nos termos do CBT era muito claro que ela era
operadora do serviço de troncos. Com o advento da LGT o que ela poderia
ser? O que consigo entender, dada a definição do STFC feita no art. 1 do
PGO atual (especialmente no parágrafo 2°), é que ela opera apenas as
modalidades LDN e LDI do STFC, e este seria o novo enquadramento do seu
contrato de concessão, exigido pelo art. 207 da LGT. Isto está de acordo
com o art. 6°, e detalhado no item 35 do anexo III, do PGO atual. Além
disto, ela não teria mais direito a exclusividade na exploração destes
serviços, de acordo com o art. 5° do PGO atual. Não vejo paradoxo nenhum
aqui, porque neste papel ela continuaria fazendo exatamente o que sempre
fez: prover os enlaces (ou troncos, como queira) - e centrais
telefônicas, não esqueçamos delas - para trânsito do tráfego inter-áreas
de registro e internacionais.
Após a privatização a Oi (então Telemar) na região I, a BtT na região II
e a Telefônica na região III (conforme definidas no anexo I do PGO
atual) devem ter pleiteado e conseguido concessões para operar também as
modalidades LDN e LDI do STFC. Além disto houve a outorga de mais uma
concessão para operar LDN e LDI para a "espelho" da Embratel - a Intelig
(cadê ela?). Ao assinante foi dada a opção de escolher qual das
operadoras LDN ou LDI ele preferia utilizar (via inclusão do CSP no
processo de "discagem" deste tipo de chamada telefônica).
A gente não deve esquecer que a LGT foi editada em um momento
particular. Ao mesmo tempo que ela redesenha o cenário dos serviços de
telecom (anteriormente definidos pelo CBT, que ela substitui e revoga
explicitamente) ela tem que lidar com o cenário de transição do modo CBT
de fazer as coisas para o novo modelo. O art. 207 e o anexo III tem de
ser lidos e entendidos neste contexto: regular o que acontece entre a
edição da LGT e a privatização do Sistema Telebrás. Se não fosse assim,
o art. 207 não deveria estar nas disposições finais e transitórias, mas
em algum outro livro, capítulo, whatever.
Este é meu ponto de vista sobre estes assunto. Não sinto a necessidade
de criticar, conceitualmente, esta estrutura legal (já a sua execução
pode ser outra conversa). Mas, também, nisto eu sou leigo. Como os
advogados são especializados em "procurar pelo em ovo" neste tipo de
situação, não vou tentar competir com eles :-)
. Como engenheiro e analista de sistemas prefiro o no-nonsense, e esta análise me satisfaz.
Mas vamos em frente... Sobre a Anatel ter ou não poderes para celebrar
os contratos de concessão. Assumindo que o que depois foi formalizado na
Lei 9.649 de 27/05/1998 já constava na looonga cadeia de MPs que a
precederam (creio que a lista completa conta no art. 64), então porque o
Minicom não protestou, interveio, contestou, ou qualquer coisa do
gênero, os contratos celebrados pela Anatel? Porque ele se conformou que
a anatal atuasse como sua "procuradora" neste assunto e momento?
No entanto, admitindo que os contratos são ilegais por este motivo, e
portanto nulos de pleno direito, só tem dois caminhos possíveis: anular
tudo e começar de novo (inclusive com novas licitações); ou convalidar
tudo com uma nova "penada" legal do Presidente da República - afinal,
para que mais servem as MPs :-) ?
Minha opinião é que, caso pressionado, o Governo vai pela segunda via. A
primeira, por mais desejável que fosse para alguns, simplesmente ain´t gonna happen. Não com este Governo (Presidente e Ministros -
especialmente o Sr. Hélio Costa) nem com este Congresso. Minha opinião
pessoal é que, neste caso, não compensa o rebuliço, a insegurança
regulatória e tudo o mais em nome do purismo ideológico ou do desejo de
criar embaraços políticos ao atual Governo.
Finalmente temos o nosso grande ponto de discordância: a possibilidade
(ou falta dela, no seu entender) da introdução de tecnologias não
tradicionais - por comodidade, vamos agrupar todas elas debaixo do
título NGN - para o transporte de voz e ainda assim chamar isto de STFC,
dentro da lei. Para esclarecer direito meus pontos de vista neste
assunto eu terei que ser mais que claro. Vou ser didático - embora isto
pareça chato e pedante. Porém isto piora a minha já natural tendência à
prolixidade :-) , então vamos fazer o
seguinte: vou separar esta conversa em duas threads: a primeira
diz respeito aos aspectos legais e regulatórios (que já falei), e a
segunda sobre os aspectos técnicos do STFC em um ambiente de migração
para NGN (que colocarei no meu próximo post), ok?
Sendo assim, até breve...
[ ]'sJ. R. Smolka
Nota da Coordenação:
Este "post" no BLOCO - Blog ComUnitário, pode conter material que
complementa o assunto:
•
Anatel e as recentes "Consultas Públicas" (8) - Ainda as "13 Perguntas" - Smolka
continua o debate
Anatel e as recentes "Consultas Públicas" (6) - José Smolka comenta as
"13 Perguntas" de Rogério Gonçalves
----- Original Message -----
From:
J.R.Smolka
Sent: Sunday, June 29, 2008 11:23
PM
Subject: [wireless.br] Comentários às 13 perguntas
Rogério e demais colegas da
ComUnidade,
Vou destacar em azul o texto das 13 perguntas que o Rogério colocou, e
acrescento meus comentários após cada uma delas. Minha postura geral é a
do "advogado do diabo", mas minha intenção é garantir a solidez da
argumentação.
Pergunta 1: Por que a Embratel ainda não se
tornou a concessionária do serviço de troncos, conforme determina
expressamente o art. 207 da LGT?
Embora a leitura de textos legais não seja a minha ocupação predileta,
resolvi dar uma boa olhada nos textos da LGT (Lei 9.472 de 16/07/1997 -
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9472.htm)
e do PGO atual (Decreto 2.534 de 02/04/1998 -
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2534.htm).
O art. 207 das disposições finais e transitórias da LGT trata da
obrigação das operadoras do então Sistema Telebrás, em via de
privatização, pleitearem a junto à Anatel a assinatura de novos
contratos de concessão. O texto menciona o STFC e o "serviço de troncos
e suas conexões internacionais", mas não os define (aliás, a LGT
não define nenhum serviço de telecomunicações).
O único serviço definido no PGO é o STFC (no art. 1°), e o art. 2°
especifica que são direitos das prestadoras do STFC (sem restrição se
nas modalidades local, LDN ou LDI) a "implantação, expansão e operação
dos troncos, redes e centrais de comutação necessárias à sua
execução" (grifo meu).
Então, se a intenção do legislador ao editar a LGT era definir a
existência de um serviço específico de operação de troncos de
interconexão, porque ele não foi especificado no PGO, da mesma forma que
o STFC? Será que havia mesmo esta intenção? Será que esta menção, de
passagem, em um artigo das disposições finais e transitórias da LGT, é o
suficiente para criar um casus belli?
Pergunta 2: Por que a Anatel outorgou uma
concessão de STFC de longa distância para a Embratel, se a LGT não prevê
a existência desse tipo de concessão?
A LGT não especifica nenhum tipo de serviço, mas o PGO atual, no art 1°,
parágrafo 2°, incisos I, II e III definem as modalidades local, LDN e
LDI da prestasção do STFC. Então qual é o problema da Anatel outorgar
uma concessão deste tipo à Embratel se isto é exatamente o que ela
sempre fez, desde os tempos do Sistema Telebrás?
Pergunta 3: Como poderia a Anatel ter
celebrado os contratos de concessão com as antigas subsidiárias Telebrás
no dia 02.06.98, se a Lei 9.649/98 atribui expressamente ao Minicom as
competências da outorga, regulamentação e fiscalização dos serviços de
telecomunicações?
Aqui tem um perigo escondido, porque a redação destas obrigações foi
alterada. A Lei 9.649 de 27/05/1998 (disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9649cons.htm)
define a macro estrutura do Poder Executivo Federal e as competências de
cada órgão. No art. 14, inciuso III, alínea b, estas competências são,
de fato, atribuídas ao Minicom. Mas esta redação foi dada pela MP
2.216-37 de 31/08/2001, portanto posterior à data de celebração dos
contratos mencionados. Então cabe a pergunta: dada a legislação vigente
em 1998, a Anatel realmente excedeu a sua competência?
Mais interessante ainda (supondo que a Casa Civil da Presidência
mantenha o seu acervo de textos legais na Internet atualizados) é que os
incisos V e VI do art. 19 da LGT não aparecem como revogados ou com
redação alterada por algum ato posterior à edição da LGT, e eles
atribuem exatamente as mesmas competências à Anatel. Então, qual das
duas Leis prevalece?
Pergunta 4: Por que a minuta do novo PGO, a
exemplo do atual, não faz nenhuma alusão à existência da concessionária
do serviço de troncos?
Cabe a mesma observação anterior. Será que realmente houve, algum dia, a
intenção de definir o tal "serviço de troncos"?
Pergunta 5: Por que as concessionárias do
STFC estão explorando comercialmente serviços de âmbito nacional e
internacional em redes STM-16 e STM-64 específicas da rede de troncos,
se o status de concessionárias regionais de telefonia permite apenas que
elas operem redes STM-1 e STM-4?
Porque, se a Anatel outorgou a elas as concessões de exploração do STFC
nestas modalidades, nos termos do art. 2° do PGO atual, elas tem este
direito.
Agora, se tivesse que haver uma definição para o "serviço de troncos",
ele teria que ser feito em termos das condições onde o encaminhamento do
tráfego teria que ser feito, obrigatoriamente, via a concessionária
deste serviço, e não pela tecnologia ou banda das conexões utilizadas. A
mim parece que a possibilidade de escolha do prestador do serviço LDN ou
LDI pelo assinante (via inclusão do CSP no endereço de identificação do
destinatário da chamada telefônica) preenche exatamente este papel.
Os vários STM (synchronous transport module) citados definem
formatos e bandas de transmissão da tecnologia SDH (synchronous
digital hierarchy). Mas porque algumas bandas seriam típicos do
serviço de troncos e outras não? Creio que a interconexão de centrais
dentro da área de registro 11 (São Paulo - Capital) estoura os 622,08
Mbps de um link SDH STM-4. E os troncos verdadeiramente pesados para LDN
e LDI já estão migrados para transporte ótico WDM (wavelength
division multiplexing). Sem falar do papel que tem as redes Metro
Ethernet (hoje a 10 Gbps, e com 40 e 100 Gbps em discussão no IEEE), que
não são esta aberração toda. Mas veremos isto depois.
Pergunta 6: Por que a Anatel permite que as
concessionárias do STFCexplorem serviços públicos de comunicação de
dados (ex. links IP,Velox, Speedy e BR-Turbo), se essa atividade é
vedada à elas pelos arts. 69 e 86 da LGT?
Perdão, mas estes artigos não proíbem nada disto. O art. 69 diz que é
competência da Anatel definir as diferentes modalidades dos serviços de
telecomunicações, e o seu parágeafo é o mais longe que a LGT vai na
definição de serviços, ao afirmar que telefonia e transmissão de dados,
por exemplo, não são o mesmo serviço. Já o art. 86 diz que a outorga de
concessão para exploração de serviços de telecomunicações só pode ser
feita a empresas constituídas sob as leis brasileiras, com sede e
administração no país, e específicas para a prestação do serviço objeto
da concessão.
Então creio que a interpretação que vc fez destes dois artigos é: o
serviço de comunicação de dados é distinto do STFC (art. 69, parágrafo
único), portanto ele deveria ser objeto de concessão específica (que a
Anatel nunca fez), mas, mewsmo que fosse explorado pelo mesmo grupo
econômico, teriam de haver empresas separadas para cada concessão (art.
86).
Minha pergunta então é: vc acha que isto afeta apenas o roteamento IP e
o entroncamento de tráfego entre os AS (autonomous system) da
Internet, ou isto também afetaria os serviços de SLDD (serviço de linha
dedicada de dados) e redes de pacotes X.25 e Frame-Relay? Acessos de
banda larga empresarial para acesso à Internet (hoje a moda é ofertar
acessos Ethernet a 10 ou 100 Mbps para isto)? E os serviços de VPN (virtual
private networking) MPLS (multi-protocol label switching) que
sucedem as redes de pacotes convencionais para que empresas possam
montar redes IP privativas?
Pergunta 7: Por que a Anatel permite que os
provedores de acesso sejam utilizados até hoje como fachada para ocultar
a exploração ilegal de serviços públicos de comunicação de dados pelas
concessionárias do STFC?
Como falei acima, quem disse que os serviços de comunicação de dados
resumem-se ao acesso de banda larga residencial à Internet? Hoje isto é
feito principalmente pelo reaproveitamento dos pares de cobre da rede de
acesso com modems DSL (digital subscriber line), mas isto também
está mudando. Fala-se abertamente em bandas residenciais da ordem de 30
Mbps, com redes PON (passive optical networking).
Pergunta 8: Por que, antes, as
concessionárias do STFC precisavam da fachada dos provedores para
explorarem serviços de rede IP em banda larga (aDSL) e agora não
precisarão mais dela?
Em termos puramente técnicos da montagem da infra-estrutura de acesso à
Internet, isto nunca foi necessário. A explicação, IMHO (in my humble
opinion), é um cabo-de-guerra entre os lobbies dos provedores
de acesso à Internet e das operadoras do STFC.
Quando o negócio de acesso à Internet estava na infância, haviam vários
pequenos provedores de acesso dial-up fixo (tipicamente
ex-provedores de serviços de BBS - bulletin board systems) que
operavam bancos de 20 ou 30 modems e um número correspondente de linhas
telefônicas. Se as operadoras do STFC "entrassem de sola" instalando
seus próprios RAS (remote access servers), seria uma quebradeira
geral dos pequenos provedores de acesso. Neste ponto o lobby dos
provedores era mais forte, e entendia-se que as operadoras não podiam
vender diretamente o acesso, apenas intermediá-lo.
Eventualmente o darwinismo empresarial concentrou o mercado de
provedores de acesso em poucos players, que terceirizaram os RAS
com as operadoras do STFC e passaram a conectar-se via links E1 ou E3
(hoje, provavelmente, Metro Ethernet ou SDH), e o risco de quebradeira
generalizada passou. Neste meio tempo as operadoras STFC abandonaram de
vez a ilusão do B-ISDN (broadband integrated services digital network)
e mergulharam de cabeça na instalação de acessos DSL. Agora era o lobby das operadoras que ficava mais forte. Se não vai haver
quebradeira, porque obrigar o assinante a fechar um contrato de acesso
com um provedor de banda larga, cerca de 3 vezes mais caro que o
contrato de acesso dial-up? Para mim, isto é questionável com
base na Lei de Defesa do Consumidor, porque é venda casada.
Junte a isto, possivelmente, uma interpretação mais liberal do art. 154
da LGT et voilà, chegamos ao estado atual das coisas.
Pergunta 9: Por que a Anatel permitiu que a
Telemar celebrasse um contrato de "turn key" com a Siemens em 2005 para
cumprir obrigações de universalização de atendimento às comunidades com
mais de 300 habitantes utilizando redes metro ethernet e telefonia IP,
se o padrão IEEE 802.3, além de não fornecer suporte ao Sistema de
Sinalização por Canal Comum (SSC-7) dos serviços públicos de telefonia
fixa, também não atende aos requisitos de QoS do STFC?
Primeiro: porque é mais barato fazer assim do que usar os meios
convencionais.
Segundo: o que caracteriza o STFC não é a tecnologia de transporte, mas
a capacidade de interoperar livremente dentro do plano de numeração,
nacional e internacional. Ou seja: se você é capaz de estabelecer uma
conexão funcional entre dois terminais telefônicos (independente da
tecnologia de construção de cada um deles) para a "transmissão de voz e
outros sinais" você está dentro dos "processos de telefonia" previstos
no art 1° do PGO atual (que, na minha opinião, é uma tautologia).
Terceiro: a questão da sinalização não é, de maneira nenhuma,
impedimento para a interoperação de terminais, quer a
originação-terminação da chamada telefônica seja IP-IP, IP-POTS (plain
old telephony service) ou POTS-IP. O que acontece é que os terminais
IP não usam sinalização DTMF (dual-tone multi-frequential) para o
call-setup. Eles usam, muito provavelmente, SIP (session
initiation protocol - IETF RFC 3261). O terminal IP é o SIP client, e o papel de SIP
server pode ser feito por uma softswitch - que é uma "federação" entre uma MGC (media gateway
controller) e um ou mais MG (media gateway). Quando o call-setup envolve terminais convencionais, a MGC usa SS7 para
negociar o estabelecimento do circuito com as centrais convencionais. Já
o bearer channel da conexão telefônica é uma sessão RTP (real-time
transport protocol - IETF RFC 3550) entre os terminais IP (em uma
chamada IP-IP) ou entre o terminal IP e o MG designado pela MGC para
encaminhamento da conexão, com o encaminhamento do MG para as centrais
convencionais usando os meios tradicionais (em uma chamada IP-POTS ou
POTS-IP).
E, last but not least, quarto: quem disse que não dá para
garantir QoS neste tipo de ambiente? É apenas uma questão de engenharia
adequada. Eu mesmo já escrevi alguns artigos sobre isto (que estão
postados em
http://www.wirelessbrasil.org/jose_smolka/js01.html).
E se ainda não lhe convenci, considere o seguinte: que eu saiba todas as
empresas da lista Fortune 500 (e várias outras menos fashion,
inclusive no Brasil) já migraram suas comunicações internas para VoIP,
com transporte LAN (local area network) IEEE 802.3 e/ou WLAN (wireless
LAN) IEEE 802.11, e cada uma delas é uma comunidade maior que 300
pessoas. E uma rede Metro Ethernet é, grosso modo, uma LAN com
esteróides :-)
Pergunta 10: Por que a Anatel batizou as
redes metro ethernet (NGNs) como "backhaul do STFC", se essas redes,
destinadas única e exclusivamente à comunicação de dados, não têm
nenhuma relação com as redes PDH e SDH do STFC?
Conforme a Recomendação ITU-T Y.2001 (General Overview of NGN),
uma NGN (next generation network) é uma rede de comutação de
pacotes para a prestação de serviços de telecomunicação. Pelo andar da
carruagem, a tecnologia melhor posicionada para satisfazer este papel é
o IP. Mas uma rede de transporte Metro Ethernet (que transporta muito
bem tráfego IP) não é necessariamente uma NGN, e pode, sim, com a
engenharia adequada, ser usada como rede de suporte do STFC, conforme
vimos na resposta anterior.
Provavelmente as tecnologias de transmissão PDH (plesiochronous
digital hierarchy) e SDH sobreviverão ainda por algum tempo no
contexto POTS, mas eu não compraria ações de empresas que dependem
principalmente da venda deste tipo de equipamento para sobreviver.
Pergunta 11: Por que o decreto 6.424/2008
imputou metas de universalização de redes metro ethernet (travestidas de
"backhaul do STFC") às concessionárias de telefonia fixa, se essas
redes, inadequadas para o STFC, serão utilizadas pelas empresas
exclusivamente para exploração de serviços de comunicação de dados em
regime privado, violando os art. 69 e 86 da LGT?
Como já vimos antes, as redes Metro Ethernet podem sim, com a engenharia
adequada, ser usadas como backhaul do STFC, tanto no legado POTS
quanto nos segmentos pré-NGN da rede. Como não é a tecnologia, mas a
função desempenhada que importa, então não vejo problema com esta
definição.
Esta é uma opinião puramente técnica, e não implica em nenhum julgamento
de valor sobre se esta é ou não uma meta válida para constar no novo
PGMU.
Pergunta 12: Considerando que, nos termos
dos arts. 2º, 84º, 87º e 175º da CF e da alínea "b" do inciso V do art.
14 da Lei 9.649/98, o Minicom representa o Poder Executivo na condição
de Poder Concedente das Telecomunicações, por que a Anatel jamais propôs
ao Poder Executivo que regulamentasse o Livro III da LGT e emitisse
decretos instituindo o regulamento geral dos serviços de
telecomunicações e o regulamento específico dos serviços públicos de
comunicação de dados?
Taí... Esta sim, é uma boa pergunta para ser feita à Anatel. Ou até, se
for o caso, convencer algum promotor do Ministério Público a mover ação
civil ou penal pública com base nisso.
Pergunta 13: Em julho de 1998, quando
arremataram em leilão o controle acionário das concessionárias regionais
do STFC, a preços irrisórios e sem concorrência, os atuais controladores
dessas empresas sabiam perfeitamente que, por força do art. 86 da LGT,
elas deveriam explorar única e exclusivamente o STFC. O fato de a Anatel
querer transformá-las em concessionárias multi-serviços, através de
alterações ilegais na regulamentação, não poderia ser interpretado como
uma manobra casuística para tentar "legitimar" todas as irregularidades
que têm sido praticadas pelas empresas nos últimos anos com total
anuência da agência e do Minicom?
Isto está mais no reino da política. E se eu for enveredar nesta seara
provavelmente não consigo terminar este texto ainda neste mês
:-)
Tereminando, enfim, creio que o único estribo sólido para montar neste
"cavalo de batalha" é a questão das empresas separadas para exploração
de cada concessão. O resto, bem, vc corre o risco de "pagar mico" nas
audiências públicas.
[ ]'s
J. R. Smolka
Nota da Coordenação:
Este "post" no BLOCO - Blog ComUnitário, pode conter material que
complementa o assunto:
•
Anatel e as recentes "Consultas Públicas" (6) - José Smolka comenta as "13
Perguntas" de Rogério Gonçalves
BACKHAUL E PGMU (14) - Mais opiniões de José Smolka
----- Original Message -----
From: J. R. Smolka
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Wednesday,
May 28, 2008 5:47
PM
Subject: Re: [wireless.br] Sobre backhauls e etc
Bruno e Rogério (e demais colegas do grupo),
Vocês montaram um grande caso para explicar como a letra e o
espírito da lei foram, são e, se nada for feito, continuarão a
ser esculhambados. E acredito que, nos termos atuais da
legislação,tudo que vocês estão dizendo é verdade. A meu ver
existem duas coisas a fazer:
Continuar o combate legal para que as coisas voltem ao que a lei
manda. Tarefa inglória, difícil e, dada composição atual de
interesses entre a indústria, a Anatel e o Minicom, com poucas
perspectivas de grandes sucessos. Mas mesmo pequenos sucessos
servem para manter a chama acesa. Por isso acho que vocês não
devem parar com esta linha de ação, e dou meus parabéns a vocês
por isto.
Propor as características gerais do que poderia ser um novo
modelo regulatório, e tentar conseguir apoio suficiente para que
ele venha a ser adotado.
Não sei se posso realmente ajudar no item 1, a não ser tentando
evitar que um deslize técnico acabe pondo abaixo todo o edifício
de argumentação. São muito poucos os juízes realmente
interessados em entender a natureza técnica do negócio de
telecom.
Para decidir (como parece estar acontecendo no caso da ação da
Pro Teste) eles irão seguir atrás da opinião dos especialistas.
Se vocês argumentarem de tal forma que os especialistas do outro
lado (e vão haver vários deles) possam criar confusão na mente
do juiz, então o caso de vocês está condenado ao fracasso.
Mas tenho toda a disposição de contribuir para o item 2.
E creio que um bom ponto de partida está nesta discussão que
iniciamos.
Afinal, qual o fator principal que pode quebrar o monopólio de
"posse" do usuário final pela operadora local, que detém a
last mile?
Vocês lembraram (e bem) o caso da BT (Inglaterra).
Quando o Ofcom (a Anatel deles) decidiu fazer uma revisão
estratégica do marco regulatório para estimular a competição
(para adequar o mercado de telecom ao Enterprise Act de 2002), a
BT concordou - num caso clássico de "perder os anéis para salvar
os dedos" - em fazer um spin off de toda a sua estrutura
de acesso para uma nova empresa, a Openreach (boa descrição
geral em http://en.wikipedia.org/wiki/Openreach e, claro, em
http://www.openreach.co.uk/orpg/home/home.do).
No caso deles acho que o processo foi simplificado porque a BT
era provavelmente a única detentora da malha de acesso.
Não é o nosso caso aqui, mas lembrem-se que, caso as
"iniciativas" da fusão Oi/BRt forem adiante, o cenário dos
atingidos pelo novo modelo diminuiria de três para duas
empresas.
Correndo o risco de alguém aí levantar e me dizer
"wake up
Dorothy, this ain't Kansas anymore" :-) , vou perguntar: o
que (além de políticos/reguladores sem rabo preso com o mercado)
seria necessário para que um modelo deste tipo possa ser
viabilizado no Brasil?
Num modelo Openreach-like, as redes de distribuição de TV a
cabo, celulares, etc. também poderiam/deveriam ser incluídas?
E, se forem incluídas, estas outras redes de acesso
poderiam/deveriam ser o elemento viabilizador de uma segunda
operadora de last mile - assim, tipo, "Openreach do B"
:-) ?
Outras perguntas adicionais:
O modelo "uma concessionária versus várias permissionárias"
ainda se justificará no novo ambiente de concorrência que venha
a se estabelecer?
Do mesmo modo que a Openreach faz com a last mile, existe
ou não vantagem em também haver um provedor unificado de backhaul/backbone
metropolitano/intermunicipal/internacional? E como garantir a
concorrência nesta fatia de provimento de infra-estrutura de
transporte?
Em um ambiente all-IP, especialmente se os usuários estiverem
always-on (provavelmente com IPv6), tudo que um usuário precisa
para acessar serviços é o seu próprio endereço IP e os endereços
IP de um par primário/secundário de servidores DNS. O provimento
destes dados ao usuário deverá continuar a ser entendido como um
"serviço"?
Chega por ora... Opiniões e debate são bem-vindos.
[ ]'s
J. R. Smolka
BACKHAUL E PGMU (11) - Opiniões do nosso participante engenheiro
José Smolka
----- Original Message -----
From: J. R. Smolka
To: WirelessBR
Sent: Tuesday, May 27, 2008 12:00 PM
Subject: [wireless.br] Sobre backhauls e etc.
Colegas da ComUnidade (ou seria ComDiversidade? :-) )
Tenho acompanhado as discussões sobre PGMU, PGO, back* (substitua o *
pelo sufixo que quiser: haul, bone, plane, ...), fusão Oi/BRt, etc.
etc., e algumas coisas me intrigam.
Em minha opinião, o marco regulatório atual é ruim, porque é fruto de
uma visão ultrapassada: que a infra-estrutura e o serviço são coisas
indissociáveis. Isto não se justifica mais, e persistir nisto só vai
complicar a evolução. Portanto é necessário mexer, e muito, na LGT, no
PGO, e todos os textos legais que definem o funcionamento do mercado de
serviços de telecomunicações no Brasil, senão vamos ficar encalacrados.
Os impasses que vivemos hoje são, IMHO, o reflexo desta dissociação
entre modelo legal e realidade tecnológica/operacional/mercadológica.
Isto não quer dizer que eu seja partidário de rasgar a lei, e ir
improvisando ao sabor das conveniências dos negócios. Enquanto a lei
existe, é para ser cumprida, ponto! Esta é a essência do Estado de
Direito, que é a base do Estado democrático. O que defendo, sim, é que
esta lei é ruim, e não dá para remendar. É hora de passar o arado e
começar de novo.
Para mim, um exemplo claro de como o estrito cumprimento da lei atual
não resolve os problemas é a tese (tão cara ao Rogério Gonçalves) de que
a investidura da Embratel (ou de qualquer outra empresa) como
concessionária do serviço de troncos (RTT) resolva o impasse. Primeiro
porque eu não consigo ver como a outorga do direito de transporte de
média/longa distância a um único provedor vá melhorar a vida do cidadão.
Pelo contrário, isto cria um monopólio, e nós já vimos este filme antes.
E segundo, porque o real gargalo do problema não é o transporte de
média/longa distância (que, aliás, a tecnologia já está tornando
obsoleto como definição de "serviço"), mas a oferta de acesso em
condição isonômica a todos os que queiram competir no mercado.
Para entender o que quero dizer com isso, precisamos olhar para trás e
ver como eram construídas as redes de telefonia do século passado. Só
existia um serviço: transporte de voz fim a fim entre dois assinantes,
usando terminais especializados e dedicados unicamente a esta tarefa (a
introdução dos modems para conexões dial-up é apenas um uso diferenciado
deste mesmo serviço, não um serviço à parte). Para prestar este serviço
as operadoras "lotearam" o mercado de acesso local e de interconexão de
longa distância (intermunicipal/interestadual/internacional), tudo bem
definido e padronizado pelas recomendações da ITU. O sistema Telebrás
foi montado nestes princípios: as operadoras estaduais resolviam o
acesso local e a interconexão intermunicipal, enquanto a interconexão
interestadual e internacional era atribuição exclusiva da Embratel.
O acesso era feito pela instalação de uma malha de fios de cobre
conectando as residências/empresas até a central telefônica mais
próxima. Se ninguém lembra, os famigerados planos de expansão (que era a
forma, naquela época, de alguém comprar um telefone novo) eram
auto-financiamentos. O assinante pagava pelo investimento que a
operadora faria para estender a malha de acesso até a sua casa e, se
tudo corresse bem, em até dois anos você teria o seu telefone instalado.
E sempre foi um "calo" a questão dos PEX vencidos: o assinante pagava
por dois anos, mas o telefone não chegava...
A posse desta malha dá à operadora local um poder enorme sobre o
usuário, porque ela (ainda) é o principal meio para que ele possa
usufruir de qualquer serviço de telecomunicações. todo este modelo ia
bem até meados da década de 80 do século passado. O plano, na época, era
transformar a rede telefônica em uma rede multi-serviços no modelo
B-ISDN definido pela ITU (as especificações do SDH e do ATM nasceram
para suportar isto, lembram?). O que deu errado neste plano foi o boom
da Internet comercial na década de 90. De lá para cá toda a idéia sobre
convergência de serviços mudou para transporte IP, e os efeitos disto
são uma das raízes desta dor de cabeça regulatória que vivemos. Nem as
operadoras, nem os legisladores, nem o pessoal do Minicom e da Anatel
sabem como definir direito como deve ser o marco regulatório neste
cenário.
As famosas "21 perguntas" colocam uma data fatídica: 2025, quando
expiram as atuais concessões do STFC. Alguém já parou para pensar como
será a infra-estrutura de uma operadora de telecomunicações a esta
altura? Não vou nem tão longe. Por volta de 2015 as redes de transporte
(os backbones ou backhauls, como queiram) já deverão estar todos
convertidos para um modelo tecnológico all-IP. Uma boa parte dos
usuários (pelo menos nas partes mais fashion do mercado)
acessarão os serviços a partir de terminais multi-serviços, e negociarão
os termos de cada sessão usando sinalização SIP, mediados por IMS (se os
wet dreams atuais das operadoras e fornecedores de equipamentos
de realizarem, o que ainda está para ser provado). A interconexão destes
terminais com o legacy de terminais convencionais ainda vai precisar de
centrais telefônicas, mas elas já são, e serão cada vez mais, diferentes
das centrais clássicas. Primeiro porque uma "central" será uma federação
de media gateways (MG) distribuídas, controladas por um media gateway
controller (MGC) centralizado. Entre os MGCs o estabelecimento de
sessões até poderá (ainda) ser negociado usando os protocolos da família
SS7 (embora existam alternativas, como o bearer-independent
call-control - BICC), mas o transporte dos pacotes SS7 será feito
sobre a rede IP via SIGTRAN, nativo nos MGCs ou, no máximo,
intermediados por gateways SIGTRAN. As sessões de dados MG-MG, por serem
IP, não necessitarão mais da hierarquia de centrais trânsito. o
roteamento dos pacotes fim a fim fica por conta da rede IP subjacente,
então não há mais razão para diferenciar o tráfego local do tráfego de
longa distância. E, como a banda para a interconexão IP normalmente é
negociada no atacado entre as operadoras, o natural é que o serviço que
hoje chamamos de longa distância (LDN e LDI) perca totalmente o sentido,
e voz seja oferecida em flat rate independente da distância.
A esta altura, não existirá mais a distinção entre o que é STFC e o que
é comunicação de dados, porque tudo será comunicação de dados (na
verdade esta distinção já é difícil hoje). A única pedra neste cenário é
que, enquanto o acesso local estiver monopolizado, não haverá real
competição e o benefício tarifário para os usuários será bem menor (se
houver). Então, esqueçam o backhaul, porque o que interessa
realmente, a curto/médio prazo (porque a longo prazo estaremos todos
mortos :-) ), é o unbundling dos meios de acesso aos serviços.
Imaginem o seguinte: que seja possível definir regras claras para que
uma operadora que queira "invadir a praia" possa alugar os meios de
acesso da operadora já estabelecida localmente (algo no estilo dos
contratos EILD usados na interconexão de redes). Ainda mais, que seja
possível negociar o uso de redes de acesso diferenciadas da malha de
cobre convencional (ex.: a rede de TV a cabo, os acessos wireless
das operadoras celulares, as redes metropolitanas Wi-Fi e/ou WiMax, os
provedores independentes de acesso existentes na região, etc.) para o
provimento genérico de serviços de telecomunicação. Creio que, neste
cenário, haverão operadoras que preferirão investir em possuir a
infra-estrutura de acesso e transporte e também prover os serviços. E
haverão aquelas que preferirão investir apenas no provimento do serviço,
e alugar os meios de acesso/transporte de provedores especializados em
infra-estrutura (algo meio com cara de MVNO, mas não necessariamente
móvel).
Que tal isto como ponto de partida para discussão de um futuro marco
regulatório?
[ ]'s
J,.R. Smolka
Ajuda sobre IMS (2) - IP Multimedia Subsystem - Mensagem de José
Smolka
----- Original Message -----
From: J. R. Smolka
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Wednesday, May 07, 2008 11:33 AM
Subject: Re: [wireless.br] Fw: Ajuda sobre redes IMS...
Boa Noite! Sou aluno do curso de Ciência da Computação da Universidade
do Triângulo (UNITRI), estou no último período do curso e o meu tema de
monografia é sobre as redes IMS ( comparação do IMS em diferentes
tecnologia de acesso: DLS, 3G/UMTS WIMAX)... Estou precsinado muito da
sua ajuda para que posso concluir esse trabalho, com algumas
informações, como: gráficos, como é o serviço, se vai contiunar por
muito tempo, se tem alguma outra tecnologia para substituir, QoS,
Segurança, quantidade de aplicativos, base instalada, tráfego,
confiabilidade, custos,... Tudo sobre o ims em diferentes tecnologias.
Não estou achando nada, nenhum artigo quem contenha esses tipos de
informação..
Peso humildemente a sua ajuda para que esse trabalho seja realizado.
Acho que todo mundo já notou que perguntas deste tipo atiçam a minha
vontade de "dar pitacos" :-)
Primeiro: acho que o Adriano escolheu um bom tema para a sua monografia.
O IMS (IP multimedia subsystem) é uma - entre tantas - das coisas mal
compreendidas que surgem nas redes de telecomunicações no processo de
conversão para um ambiente all-IP. Segundo: antes de entrar muito fundo
no desenvolvimento do assunto da monografia, é bom compreender bem quais
as motivações que levaram à existência de algo como o IMS.
Para entender bem meu weltanschauung a respeito deste assunto (não
entendeu? Tente http://pt.wikipedia.org/wiki/Weltanschauung), convém dar
uma olhada no primeiro artigo da série VoIP (http://www.wirelessbrasil.org/wirelessbr/colaboradores/jose_smolka/voip/serie_voip_01.html),
que escrevi cerca de dois anos atrás, quando o Hélio lançou a campanha
"maio sobre IP". Na verdade ele vem me cutucando para retomar o assunto.
Confesso que estou tentado, mas não vou fazer promessas agora :-)
Mas, vamos ao assunto... O IMS tem alguns aspectos do seu funcionamento
que tem a ver com o tipo (ou tipos) de rede de acesso que o usuário está
usando (ou tem possibilidade de se conectar), mas este não é o motivo
principal para a sua existência. Ele é, acima de tudo, a resposta
técnica que o 3GPP (3rd Generation Partnership Project) encontrou para
compatibilizar o modelo de negócios tradicional de telecom com a
evolução das redes para um modelo tecnológico all-IP - que
convencionou-se chamar de NGN (next-generation network). Este modelo,
que fica completo no release 8 das especificações do 3GPP, é, em
princípio, agnóstico para os vários tipos de rede de acesso utilizados (HSPA,
LTE, WiMAX, xDSL, cable modem, etc.).
Porque isto foi necessário? Porque o modo como um usuário interage com a
rede para ter acesso a um serviço (aplicação) é fundamentamente
diferente nos casos telecom e Internet.
Em redes telecom, toda vez que um usuário solicita acesso a um serviço
ele deve passar, primeiro, por um admission control. Em redes IP (estilo
Internet), o estilo é baseado no end-to-end principle: o usuário negocia
as condições de uso do serviço diretamente com o provedor (paradigma
client-server).
Se as NGNs fossem arquitetadas em torno do end-to-end principle, as
operadoras veriam toda sua infra-estrutura de rede (acesso, backhaul e
backbone) reduzida ao papel de dumb pipes, ou - no máximo - idiot savant
pipes (signigficado em http://wordnet.princeton.edu/perl/webwn?s=idiot%20savant).
E todo o valor percebido pelo usuário estaria nas mãos da Google e
assemelhados. Este cenário é o fim da picada para as operadoras de
telecom.
Qual a alternativa, então? Criar um "ecossistema" que ofereça aos
desenvolvedores a possibilidade de facilmente integrar suas aplicações
para delivery através das redes de telecom, especialmente naqueles
aspectos que são peculiares a elas (ex.: SMS). Neste modelo a operadora
ainda oferece ao desenvolvedor o valor adicionado de desobrigá-lo de
manter toda a estrutura de comercialização (especialmente o billing) da
sua aplicação, porque a operadora faz isto em nome dele - por uma
modesta quantia, claro :-)
Outro fator interessante em criar esta intermediação do acesso às
aplicações é manter, nas mãos da operadora, as informações detalhadas
sobre os hábitos de navegação dos usuários. Porque? Ora, o mercado de
publicidade vai mudar muito no futuro próximo, e estes dados são
críticos (e muito valiosos) para permitir a montagem de campanhas
publicitárias mais focadas e personalizadas.
Só que a criação deste "ecossistema" tem de andar rápido, senão perde o
bonde da história. E isto depende de uma outra criatura, ainda mais
esotérica que o IMS, que atende pela sigla SDP (service delivery
platform). Mas isto é assunto para outro post.
[ ]'s
J. R. Smolka
Serviços de telecomunicações x Infra-estrutura de redes de
telecomunicações
----- Original Message -----
From: Rogerio Gonçalves
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Saturday, May 03, 2008
2:29 AM
Subject: [wireless.br] Re: Serviços de telecomunicações x
Infra-estrutura de redes de telecomunicações
Oi Smolka,
Muito boas as suas observações, principalmente por servirem para
aprofundar e enriquecer os nossos papos.
Você tem razão. O amigo aqui deu uma derrapada feia ao manter o pé no
passado quando utilizou o termo "rede ATM" para referenciar os
circuitos que fazem a interligação entre as centrais telefônicas.
Pior, é que se o estudo tivesse utilizado como exemplo as redes SDH, de
repente as coisas poderiam ficar mais claras pois, como a facilidade de
extrair e inserir enlaces do SDH o tornou o padrão ideal para as redes
de transporte integrado (RTT), bastaria demonstrar que, embora o tráfego
IP possa circular junto com o tráfego do STFC nas redes SDH, isso não
significa de forma alguma que as concessionárias de telefonia possam se
tornar fornecedoras de outros enlaces senão aqueles destinados às
comutações fim a fim do STFC (com as limitações da plataforma SSC-7) já
que, por força dos arts. 85, 86 e 207 da LGT, o fornecimento de
infra-estrutura, inerente
à exploração industrial do serviço de rede de transporte de
telecomunicações (serviço de troncos), deve ser objeto de concessão
específica.
Pena que a Flávia já mandou o estudo para a juíza. De qualquer forma,
assim que for necessário, nós vamos utilizar essa tua dica.
Valeu mesmo o teu post.
Um abraço
Rogério
-------------------------
---- Original Message -----
From: J. R. Smolka
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Friday, May 02, 2008 4:30 PM
Subject: [wireless.br] Serviços de telecomunicações x Infra-estrutura de
redes de telecomunicações
Caros colegas,
Não sei se mais ninguém reparou, mas a definição sobre a
não-superposição da infra-estrutura de suporte aos serviços de telefonia
fixa (STFC) e acesso de banda larga à Internet (na falta de uma sigla
vou chamar de BIA - broadband Internet access), que o Rogério publicou
em um post aqui na lista, não está totalmente correta.
No que diz respeito à rede de acesso xDSL está tudo bem. Os sinais do
STFC e do BIA compartilham a last mile até o DSLAM, onde são separados.
O sinal STFC é encaminhado para a central telefônica (que usa o
protocolo SS7 para negociar com as outras centrais o estabelecimento do
circuito telefônico fim a fim) e o sinal BIA é encaminhado a um roteador
IP.
Mas, a partir daí, as coisas não são bem como ele disse. A interligação
entre as centrais telefônicas (que o Rogério generalizou como "redes ATM"
- embora o ATM seja apenas uma das formas de fazer isto) e os roteadores
IP também usam meios compartilhados. Estes meios já foram enlaces PDH
(os tradicionais canais E1 ou E3), hoje já foram praticamente todos
migrados para MUXes SDH, e estão em processo de substituição (pelo menos
no nível metropolitano) por enlaces "carrier-class" Ethernet.
A presença de switches ATM entre as centrais telefônicas é opcional. Até
onde sei, as operadoras de telefonia fixa colocaram isto nas suas redes
no tempo em que se achava que a NGN seria nos moldes B-ISDN. Mas, mesmo
que as switches ATM existam, elas são interconectadas pela malha SDH. E
elas podem, sim (embora eu não veja vantagem nisso), acomodar circuitos
virtuais separados para a interconexão das centrais STFC e para a
interconexão dos DSLAMs e roteadores IP do BIA.
Então, a verdadeira estrutura de backhaul (e também backbone) neste
caso é a malha de transmissão SDH (ou o que venha a substituí-la), e ela
é compartilhada pelo STFC, pelo BIA e por outros serviços (ex.: serviços
de circuitos de dados ponto a ponto, redes públicas de pacotes - X.25 ou
Frame-Relay, etc.).
[ ]'s
J. R. Smolka
Ajuda: RENPAC X.25
----- Original Message -----
From: J. R. Smolka
To: Celld-group@yahoogrupos.com.br
Sent: Monday, April 14, 2008 9:27 AM
Subject: RE: [Celld-group] Ajuda: RENPAC X.25
At 11:25 11/4/2008, you wrote:
Smolka,
Por favor me corrija se estiver errado, mas seja lá qual for a solução
que seja adotada do lado da rede do Tadashi, terá que também ser adotada
do lado do cliente dele, não é?
Por exemplo, se encapsulamos IP em X.25 de um lado, o outro lado terá
desencapsular (e vice-versa).
Se no PVC de um lado colocamos um GW, do outro deve haver um GW similar
para poder ler o payload do quadro X.25 e jogar para a LAN.
Portanto talvez a grande pergunta é: o que o cliente do Tadashi já
tem/usa do lado de lá?
Pelo que ele diz o cliente dele opera já com X.25, portanto ele já tem
um GW ou um Roteador...
Não seria o caso do Tadashi seguir a mesma solução que o cliente já usa?
O que vc acha?
Abs,
Rodrigo.
Rodrigo,
Em um ponto básico vc está certo: as duas partes tem que usar o mesmo
modo de comunicação entre suas aplicações para que tudo funcione a
contento. Só que vc parte da suposição que existe uma LAN e TCP/IP do
outro lado. O que não parece ser o caso.
O problema do Tadashi, se é que entendi direito, é estabelecer
comunicação entre uma aplicação dele e outra aplicação, que roda em uma
máquina de uma instituição financeira (banco, cartão de crédito,
seguradora, whatever...). Só que a tal IF - o que não é incomum -
estruturou a aplicação dela em cima de X.25 nativo, com primitivas
proprietárias no protocolo de camada 7 (aplicação), e diz a quam quiser
comunicar-se com ela que existem dois jeitos de fazer isto: o jeito dela
e o jeito errado. Tenho a forte suspeita que seja assim, porque já
passei por problema parecido alguns anos atrás. Minha única surpresa,
neste caso, é que nada tenha mudado de lá para cá.
Isto faz sentido hoje em dia? Acho que não. Conexões IP sobre
frame-relay dão o mesmo efeito, são mais fáceis de programar - tanto
para a IF quanto para seus parceiros, são tão seguras quanto o X.25, e
são suportadas nos ambientes mainframe IBM que a maioria das IF ainda
usa. Mas uma boa parte das IFs ainda age desta maneira. Sei lá... Talvez
eles não tenham ainda dominado as APIs entre NCP, CICS, VTAM e TCP/IP no
z/OS, ou quem sabia fazer isso já se aposentou e não treinaram
mão-de-obra substituta. :-D Seja lá qual for o motivo, o problema existe
de fato.
É por isso que eu disse no meu post sobre as duas formas de solução:
programação nativa X.25 (horrível) ou colocar um gateway X.25/IP entre a
aplicação do Tadashi e a aplicação da IF. Neste segundo caso, a
aplicação dele precisa emular as primitivas do protocolo de aplicação da
IF usando a API de sockets (piece of cake), e o gateway tem de ser
programado para "trasladar" o payload dos pacotes TCP/IP ou UDP/IP
vindos da aplicação dele para os pacotes X.25 (no formato esperado pela
IF), e vice-versa.
[ ]'s
J. R. Smolka
Nota da Coordenação:
Este "post" no BLOCO - Blog ComUnitário, pode conter material que
complementa o assunto:
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----- Original Message -----
From: J. R. Smolka
To: Celld-group@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, April 10, 2008 5:00 PM
Subject: Re: [Celld-group] Ajuda: RENPAC X.25
At 08:55 10/4/2008, you wrote:
Eu sei que o Frame Relay é melhor que o X.25, acontece que o nosso cliente opera
com esse tipo de rede. Muitas entidades financeiras, infelizmente, ainda
continuam a usar a rede X.25. E por ser uma tecnologia antiga, não encontro
muitas informações a respeito de sua implantação, o que torna meu trabalho um
poucocomplicado.
Quanto à aplicação, temos feito grandes esforços para que ela seja a mais enxuta
possível.
O problema se encontra a partir da criação dos sockets do nosso aplicativo em
diante... pelo pouco que estudei sobre X.25, parece que existem 2 maneiras de se
implementar, mas ainda não sei qual a melhor solução:
- se já realizo uma comunicação X.25 saindo direto do aplicativo (o que torna
complicado, pois terei de descer muito baixo nível e programar em SO para
configurar essa conexão com a rede X.25)
- ou se faço uma comunicação convencional Ethernet TCP/IP (a mais fácil de
implementar) e utilizo um roteador CISCO 2501 que tratará a conexão X.25
(segundo a dica de Rodrigo Garcia Corbera encaminhada a mim).
Tadashi,
Já tive de conviver com um problema semelhante ao seu no passado. Infelizmente,
se entendi direito a sua explicação, a solução não é tão fácil.
O problema é comunicação aplicação a aplicação em X.25 nativo, certo? Então não
se trata de encapsular tráfego IP em um canal X.25 (o que, como foi dito, tem
uma performance sofrível). Vejo 2 hipóteses: uma ruim e outra melhor. Comecemos
pela ruim.
Vc pode usar um roteador com suporte full a X.25 (no mesmo pé de igualdade do
TCP/IP, OSI, etc.) e programar a comunicação da sua aplicação diretamente em
X.25. Provavelmente vc vai ter algumas dores de cabeça, tipo: detalhes de
configuração do roteador e encontrar uma API decente (que não é socket) para
programar o acesso. Além disso, provavelmente a conexão do servidor de aplicação
com o roteador não poderá ser LAN (estas coisas são tão velhas que talvez só
exista suporte a conexões seriais). Eu só entraria neste caminho em último caso.
Agora a melhor: encontrar uma aplicação que funcione como gateway IP/X.25 (deve
ser disso que o Wallace estava falando no e-mail dele). Neste caso:
a) A máquina onde roda o gateway é a "dona" da conexão X.25 (link e modem
conectam-se nela, quase certamente em uma porta serial);
b) A sua aplicação pode ser programada normalmente com a API de sockets,
estabelecendo uma conexão UDP ou TCP com o gateway, que converte o tráfego de
pacotes IP para pacotes X.25 e vice-versa.
Para a solução 2 conheço um caso onde o gateway foi "enxertado" no próprio
roteador (que era da Cyclades - o fornecedor não tinha conseguido fazer isto com
equipamentos da Cisco). Se estiver interessado, me avise e vou garimpar no
arquivo morto qual o nome da empresa que fez isto naquela época (sem garantias
que ela ainda exista, ou ainda dê suporte a este tipo de solução).
[ ]'s
J. R. Smolka
Debate sobre WAP
----- Original Message -----
From: Rodrigo Garcia Corbera
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Cc: Celld-group@yahoogrupos.com.br
Sent: Wednesday, March 05, 2008 10:57 AM
Subject: [wireless.br] RE: O presente e o futuro do WAP (era: Material sobre WAP)
Olá Smolka,
Não faremos uma Guerra Santa.
Eu entendo que temos visões diferentes, porém convergentes.
Eu olho para o chão, o curto prazo, o pragmático, aquilo que pode construir
negócios aqui e agora.
Você olha para o horizonte, o futuro mais distante, aquilo que pode ser, e
talvez venha a existir.
Em 5 anos poderemos todos ver o que foi feito do WAP 2.0.
Talvez nada disso exista mais... quem sabe o mercado acabe com SMS, WAP, J2ME,
BREW, WCDMA etc.
Quem sabe no futuro longo (15 anos) os celulares sejam todos baseados em LINUX
com WiFi e VoIP criando uma revolução nos negócios de telecomunicações e
destruindo a atual cadeia produtiva...
Mas como não temos bola de cristal, temos que trabalhar com os padrões de hoje
que estão disponíveis no mercado aqui e agora.
Nesse sentido, entendo que vale a pena que as pessoas entendam o que é o WAP 2.0
e criem suas oportunidades de serviços e negócios dentro desse contexto.
Como disse em outra mensagem, eu sou mais pragmático e busco as soluções
práticas e viáveis para agora.
Você gosta mais do teórico, didático e das especulações sobre as tendências
futuras.
Ambos podemos contribuir, como o estamos fazendo, colocando nossas visões de
curto, médio e mais longo prazo.
Cada leitor poderá tirar proveito que considerar melhor para suas estratégias.
“Porém no longuíssimo prazo, estaremos todos mortos...”
Sds,
Rodrigo Garcia Corbera.
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----- Original Message -----
From: J. R. Smolka
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Tuesday, March 04, 2008 6:33 PM
Subject: [wireless.br] O presente e o futuro do WAP (era: Material sobre WAP)
Será que eu arranjei para mim outra "guerra religiosa" :-) Vamos ver se consigo
deixar claros os meus pontos de vista. A partir de um certo ponto, as coisas
tornam-se questão de opinião, mas vejamos...
Gostaria de chamar a atenção de todos neste grupo para o fato relevante da
existência de um padrão chamado WAP 2.0.
De fato. O padrão existe desde 2002.
A mensagem do Smolka, erroneamente, leva as pessoas a pensarem, novamente, que
WAP é morto e que o WAP 2.0 é um passo intermediário entre hoje e os padrões da
Internet.
Não exatamente isso, mas quase. Acredito firmemente que as redes e os serviços
de telecomunicações (inclusive o WAP) estão em um caminho de convergência com o
que hoje chamamos de Internet. E, no caso em questão, esta tendência de
convergência progressiva pode ser vista no memorando de entendimento (MoU -
Memorandum of Understanding) firmado em 2004 entre a OMA (Open Mobile Alliance,
órgão no qual o WAP forum foi incorporado) e o W3C (World Wide Web Consortium).
A notícia está publicada no site da OMA em http://www.openmobilealliance.org/document/W3C_OMA_announcement_Final.pdf
, e o texto do MoU está no site do W3C em http://www.w3.org/2004/05/W3C-OMA-Agreement-FINAL.html.
ERRADO! Não há unificação ampla e irrestrita de WAP 2.0 com Internet... apenas o
uso de algumas pilhas de protocolos em comum, mas somente isso. Um exemplo
clássico é que o serviço de MMS é especificado no WAP 2.0 e não no “WAP antigo”.
Portanto há sim um WAP de fato no mundo que não pode ser ignorado ou colocado
como um passo rumo à “Internetalização” das comunicações móveis de dados.
A especificação WAP 2.0 com certeza não é a mesma coisa que o acesso Web na
Internet. Mas já está bem mais próximo disto que a versão 1.0, e, se e quando
vier a ser publicada uma versão 3.0, não tenho dúvidas que o gap entre as duas
formas de browsing de conteúdo será ainda menor.
As pessoas que estejam trabalhando nesta área certamente não precisam ficar
preocupadas imediatamente com isso, mas eu recomendaria uma cautelosa análise do
cenário estratégico para os próximos 5 anos.
Lembremos que, por exemplo, VIVO Play, lançado junto com as redes 1xRTT (2.5G) é
baseado em WAP 2.0. E que agora com EVDO e EDGE esse serviço continua igual,
graças às padronizações do WAP Fórum.
Novamente: eu não estou aqui gritando "arrependei-vos dos vossos pecados porque
o fim está próximo" :-) Ninguém precisa sair jogando fora o que já tem, nem
deixar de investir em uma tecnologia que ainda tem lenha para queimar. O que
estou dizendo é: acredito em uma progressiva aproximação, até a eventual fusão,
das tecnologias de browsing.
Devemos colocar na cabeça que o WAP tal como o conhecemos agora é o WAP 2.0, o
qual não é o mesmo que Internet pois há arquiteturas de redes, protocolos e
serviços específcos. Usando a analogia e trocadilho do Smolka, eu diria que a
Internet é o Tigre e o WAP é o Gato, ambos andam igual, tem bigodes, orelhas
pontudas, pelagem similar, são Felinos, mas bem diferentes nos detalhes...
Interessante esta analogia. Concordo que hoje as duas coisas sejam espécies (e
gêneros) diferentes dentro da mesma família. Mas defendo que, ao contrário do
processo de diferenciação das espécies, o que veremos é a progressiva mescla das
duas coisas em uma espécie só.
Eu me preocupo pois sempre que o assunto WAP aparece aqui no grupo, somente se
fala de WML, como fazer páginas etc, limitando-se ao que define o WAP 1.0.
Até concordo com você, mas esta é uma situação que os desenvolvedores de
aplicações para ambiente WAP 2.0 podem mudar.
Esse dia, a que se refere, quando tudo se fundirá será o mesmo quando todos os
aparelhos wireless forem SmartPhone, WiFi seja carne de vaca e VoIP tão comum
como mandar um email. Ou seja muito, muito distante... Pelos próximos 15-20
anos, o que é bastante, aquele que quer fazer parte desse mercado deve entender
o WAP 2.0 e desenvolver serviços e aplicações baseadas em seus conceitos,
protocolos, arquiteturas e especificações. Portanto não podemos desprezar e
decretar a morte do WAP.
Não sei se colocaria o horizonte de tempo tão distante assim. Acredito que
muitas novidades (e possibilidades) virão dentro dos próximos 5 anos, com o HSPA,
início de operação de redes LTE e all-IP, novos terminais com novas capacidades
e funcionalidades, etc. etc.
Agora, se vc está se referindo ao tempo para desaparecer todo o legacy de
terminais e redes que só podem usufruir de serviços nos moldes do WAP 2.0 atual,
então acho que 15 a 20 anos é uma estimativa razoável.
O WAP Forum padronizou a evolução a partir do WAP 1.0, junto à comunidade, para
o qual dá o nome de WAP 2.0.
Não é só o nome WAP, mas um conjunto de especificações técnicas dos protocolos,
como por exemplo:
O próprio WAE (WAP Environment)
Modo de uso do CSS, XHTML, XHTMLMP, WMLScript,
Suporte a VCards e VCalendar,
XSLT (para converter WML1 para WML2),
Interfaces de usuário,
WAP Push,
MMS
WTA (Wap permite iniciar chamadas telefônicas e interagir com SMS),
EFI (plugins para Wap browsers),
Armazenamento Permanente de Dados entre sessões,
Sincronização de Dados (SynchML),
Provisionamento
UAProf para identificar as capacidades do aparelho e facilitar o desenvolvimento
de aplicações de valor agregado. Com isso é possível criar serviços WAP que
atendem a qualquer gama de aparelhos.
Pilhas e mecanismos de compatibilidade com os padrões anteriores do WAP 1.0
Todos os handsets atualmente comercializados seguem as normas do WAP Fórum. Sem
essa normatização, que a diferencia da Internet, os provedores de conteúdos
morreriam loucos pois cada fabricante teria o seu padrão “a la Internet”.
E quem disse que o pessoal que desenvolve aplicações para a Web vive em uma
"zona" sem definições? Para isto existem, entre outros, o W3C e o IETF.
O fato das aplicações na área de telecom (e, particularmente, para redes
celulares) terem suas particularidades leva à necessidade de órgãos como a OMA.
Se todos estes órgãos de especificação e padronização não acreditassem que
existem interesses comuns a todos, eles nem se dariam ao trabalho de cooperar.
O CSS do WAP 2.0 não é o mesmo da Internet, o XHTML não é o mesmo que HTML e nem
que WML (embora englobe este último).
Pois é... Mas o simples fato de ser possível o uso de um subset das
especificações W3C para CCS (Cascading Style Sheets) e XHTML (eXtensible
Hypertext Markup Language) é prova do que venho falando. E sustento: esta é uma
tendência que veio para ficar, e deve acelerar-se em um futuro não muito
distante.
Não podemos dizer que o WAP 2.0 é Internet. Quem deseja desenvolver para WAP 2.0
deve estudar esse padrão e normas.
Claro que não! E claro que sim. Isto é o presente. Mas meu ponto é: esta não é
uma situação estática, e tende a mudar na direção de uma integração cada vez
maior das características das tecnologias de browsing.
Talvez não cheguemos ao ponto de ter um Internet Explorer ou um FireFox
instalado nos nossos celulares, mas vai ficar muito próximo disto.
Quem deseja criar aplicações para o mundo móvel tem que entender o que é o WAP
2.0 e 1.0 para poder ganhar volume de mercado. Por favor não vamos menosprezar o
WAP Fórum e dizer que o WAP 2.0 não é WAP. Há serviços/especificações muito
úteis como WAP Push, entre outros, que somente existe e faz sentido no mundo
Wireless.
Ninguém quer menosprezar nada. Só estou dando uma opinião sobre como acho que a
tecnologia evoluirá nos próximos 5 anos. Além disso, a própria fronteira sobre o
que são aplicações típicas de redes fixas ou móveis está ficando difusa.
Portanto usemos a terminologia correta dizendo que o WAP 1.0 está com seus dias
contados, porém em 2002 (há 5-6 anos) foi criada a especificação WAP 2.0, que
contou com o tempo e esforço de muitas pessoas do mundo acadêmico e do mercado e
que hoje ele é uma realidade usada em quase todos os aparelhos celulares atuais
e por provedores de conteúdo e aplicações.
Correto. Hoje é assim. Mas, assim como já mudou, continuo defendendo que o
processo de mudança continuará a ocorrer, em um sentido de progressiva
integração, e não diferenciação, das tecnologia de browsing.
Estudem mais sobre o WAP 2.0 pois esse é o futuro, mais vivo e presente nas
vidas das pessoas do que nunca.
Se vc está interessado em um time-to-market das suas aplicações em um horizonte
de mais 5 anos, concordo. Quem estiver interessado em um horizonte maior deve
alargar os horizontes e acompanhar o que os órgãos de padronização/especificação
(especialmente OMA e W3C) andam discutindo sobre o futuro.
Your honor, I rest my case...
[ ]'s
J. R. Smolka
-------------------------------------------------------------
----- Original Message -----
From: Rodrigo Garcia Corbera
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Cc: Celld-group@yahoogrupos.com.br
Sent: Tuesday, March 04, 2008 12:45 PM
Subject: [Celld-group] RE: [wireless.br] RE: Material sobre WAP
Olá Smolka e ComUnidade,
Gostaria de chamar a atenção de todos neste grupo para o fato relevante da
existência de um padrão chamado WAP 2.0.
A mensagem do Smolka, erroneamente, leva as pessoas a pensarem, novamente, que
WAP é morto e que o WAP 2.0 é um passo intermediário entre hoje e os padrões da
Internet.
ERRADO! Não há unificação ampla e irrestrita de WAP 2.0 com Internet... apenas o
uso de algumas pilhas de protocolos em comum, mas somente isso. Um exemplo
clássico é que o serviço de MMS é especificado no WAP 2.0 e não no “WAP antigo”.
Portanto há sim um WAP de fato no mundo que não pode ser ignorado ou colocado
como um passo rumo à “Internetalização” das comunicações móveis de dados.
Lembremos que, por exemplo, VIVO Play, lançado junto com as redes 1xRTT (2.5G) é
baseado em WAP 2.0. E que agora com EVDO e EDGE esse serviço continua igual,
graças às padronizações do WAP Fórum.
Devemos colocar na cabeça que o WAP tal como o conhecemos agora é o WAP 2.0, o
qual não é o mesmo que Internet pois há arquiteturas de redes, protocolos e
serviços específcos. Usando a analogia e trocadilho do Smolka, eu diria que a
Internet é o Tigre e o WAP é o Gato, ambos andam igual, tem bigodes, orelhas
pontudas, pelagem similar, são Felinos, mas bem diferentes nos detalhes...
Eu me preocupo pois sempre que o assunto WAP aparece aqui no grupo, somente se
fala de WML, como fazer páginas etc, limitando-se ao que define o WAP 1.0.
Esse dia, a que se refere, quando tudo se fundirá será o mesmo quando todos os
aparelhos wireless forem SmartPhone, WiFi seja carne de vaca e VoIP tão comum
como mandar um email. Ou seja muito, muito distante... Pelos próximos 15-20
anos, o que é bastante, aquele que quer fazer parte desse mercado deve entender
o WAP 2.0 e desenvolver serviços e aplicações baseadas em seus conceitos,
protocolos, arquiteturas e especificações. Portanto não podemos desprezar e
decretar a morte do WAP.
O WAP Forum padronizou a evolução a partir do WAP 1.0, junto à comunidade, para
o qual dá o nome de WAP 2.0.
Não é só o nome WAP, mas um conjunto de especificações técnicas dos protocolos,
como por exemplo:
O próprio WAE (WAP Environment)
Modo de uso do CSS, XHTML, XHTMLMP, WMLScript,
Suporte a VCards e VCalendar,
XSLT (para converter WML1 para WML2),
Interfaces de usuário,
WAP Push,
MMS
WTA (Wap permite iniciar chamadas telefônicas e interagir com SMS),
EFI (plugins para Wap browsers),
Armazenamento Permanente de Dados entre sessões,
Sincronização de Dados (SynchML),
Provisionamento
UAProf para identificar as capacidades do aparelho e facilitar o desenvolvimento
de aplicações de valor agregado. Com isso é possível criar serviços WAP que
atendem a qualquer gama de aparelhos.
Pilhas e mecanismos de compatibilidade com os padrões anteriores do WAP 1.0
Todos os handsets atualmente comercializados seguem as normas do WAP Fórum. Sem
essa normatização, que a diferencia da Internet, os provedores de conteúdos
morreriam loucos pois cada fabricante teria o seu padrão “a la Internet”.
O CSS do WAP 2.0 não é o mesmo da Internet, o XHTML não é o mesmo que HTML e nem
que WML (embora englobe este último).
Não podemos dizer que o WAP 2.0 é Internet. Quem deseja desenvolver para WAP 2.0
deve estudar esse padrão e normas.
Quem deseja criar aplicações para o mundo móvel tem que entender o que é o WAP
2.0 e 1.0 para poder ganhar volume de mercado. Por favor não vamos menosprezar o
WAP Fórum e dizer que o WAP 2.0 não é WAP. Há serviços/especificações muito
úteis como WAP Push, entre outros, que somente existe e faz sentido no mundo
Wireless.
Portanto usemos a terminologia correta dizendo que o WAP 1.0 está com seus dias
contados, porém em 2002 (há 5-6 anos) foi criada a especificação WAP 2.0, que
contou com o tempo e esforço de muitas pessoas do mundo acadêmico e do mercado e
que hoje ele é uma realidade usada em quase todos os aparelhos celulares atuais
e por provedores de conteúdo e aplicações.
Estudem mais sobre o WAP 2.0 pois esse é o futuro, mais vivo e presente nas
vidas das pessoas do que nunca.
Sds,
Rodrigo Garcia Corbera.
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----- Original Message -----
From: J. R. Smolka
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Tuesday, March 04, 2008 10:29 AM
Subject: Re: [wireless.br] RE: Material sobre WAP
At 23:48 3/3/2008, you wrote:
Eu creio que a visão do nosso amigo Smolka ainda está atrelada ao mundo velho do
WAP 1.0, o que explica muitos de seus comentários mais recentes.
Rodrigo,
Tudo o que vc falou é verdade, porém vou relembrar o último parágrafo do meu
post sobre o assunto:
Então creio que o browser no aparelho do usuário terá capacidades cada vez mais
parecidas com o browser que ele usa em um computador (desk- lap- ou palmtop), e
quando o legado de aparelhos incapazes de suportar este novo cenário se tornar
desprezível, o WAP, tal como o conhecemos, morrerá.
Eu concordo com a sua opinião sobre as profundas modificações que ocorreram,
ocorrem e ocorrerão no WAP, por causa das novas possibilidades da tecnologia das
redes celulares e dos aparelhos. O grifo em negrito serve apenas para ressaltar
minha opinião: o WAP, que nasceu altamente diferenciado da web tradicional, está
gradualmente tornando-se igual a ela.
Então, quando este processo de "conurbação tecnológica" se completar (e parece
que não estamos muito longe disto), ainda fará sentido ter uma denominação
específica para esta aplicação? Minha resposta para esta pergunta tem muito a
ver com uma frase muito citada de Shakespeare (Romeo and Juliet, segundo ato,
cena
2):
"What's in a name? That which we call a rose by any other name would smell as
sweet."
Para mim, se alguma coisa anda como um gato, mia como um gato e tem pelagem de
gato, então é um gato (com a possível exceção de ser uma gata :-)). Em um futuro
não muito distante, o browser será o mesmo da web, os formatos de conteúdo serão
os mesmos da web, e os protocolos usados serão os mesmos da web, então o WAP
"morrerá", porque foi absorvido dentro do contexto geral da web, e não mais se
diferenciará dela.
[ ]'s
J. R. Smolka
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From: Rodrigo Garcia Corbera
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Cc: Celld-group@yahoogrupos.com.br
Sent: Monday, March 03, 2008 11:48 PM
Subject: [Celld-group] RE: Material sobre WAP
Olá,
Eu creio que a visão do nosso amigo Smolka ainda está atrelada ao mundo velho do
WAP 1.0, o que explica muitos de seus comentários mais recentes.
Porém eu tenho uma visão completamente diferente sobre o WAP. Ele não vai morrer
e pelo contrário, vai continuar vivo por muito, muito tempo.
Explico os motivos:
1) Com o WAP 2.0, essa arquitetura não é mais “dedicada” ao uso de Micro
Browsers de dispositivos móveis. Não podemos mais achar que o motivo da
existência do WAP é a presença de Navegadores WAP antigos e limitados ou para
mostrar páginas em WML a baixa velocidade.
2) WAP 2.0 é uma arquitetura que usa o protocolo HTTP 1.1, portanto pode ser
usada por uma série de serviços adicionais, tais como aplicações BREW, J2ME,
incluindos os famosos WEB Services utilizados em arquiteturas SOA, sem
necessidade de WAP Gateways, entre outros.
3) Com a penetração de terminais com capacidade de comunicação em 3G, as
aplicações de Browsers Internet se sofisticaram. O velho browser deu lugar a um
mais capaz, que usá HTTP 1.1, não só para puxar as “velhas páginas WAP”, mas
também para puxar um stream de áudio e vídeo, por exemplo, entre outras coisas
como uso de CSS, JavaScript e XHTML. Tudo isso é 100% compatível com o que
define o WAP Fórum, portanto são serviços 3G executados dentro da arquitetura
WAP.
4) WAP 2.0 não exige o uso de WAP Proxies (comumente chamados de WAP Gateways),
permitindo a comunicação direta entre as aplicações dos terminais e os
servidores da Internet. Isso faz muita diferença para aplicações 3G que poderão,
dependendo da operadora, atuar exatamente como aplicações de um computador que
acessa a Internet... tudo previsto no WAP 2.0.
5) WAP 2.0 é 100% compatível com a pilha WAP antiga, a qual era necessária para
redes que não tinham suporte a IP e com limitações na banda de transmissão de
dados (coisa muito antiga hoje em dia).
Portanto com WAP 2.0, o velho WAP original evoluiu e é a arquitetura mais madura
para serviços de dados baseados em HTTP para o mundo móvel 3G, 4G etc
Ainda assim a arquitetura WAP 2.0 suporta os protocolos da antiga arquitetura
WAP como o WSP (Wireless Session Protocol), WTP (Wireless Transaction Protocol),
WTLS (Wireless Transport Layer Security) e WDP (Wireless Datagram Protocol). A
diferença é que o WAP 2.0 passou a adotar os protocolos do mundo Internet
diretamente, o que fez o WAP Gateway desnecessário.
Para maiores informações olhem este paper do WAP Fórum http://www.wapforum.org/what/WAPWhite_Paper1.pdf
Ou Leiam diretamente as especificações em http://www.wapforum.org/
Sds,
Rodrigo Garcia Corbera.
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---- Original Message -----
From: J. R. Smolka
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Monday, March 03, 2008 5:36 PM
Subject: Re: RES: [wireless.br] Material sobre WAP
At 14:21 3/3/2008, you wrote:
E o protocolo de comunicação da tecnologia 3G envolve o que????
Esly,
Dê uma lida em http://en.wikipedia.org/wiki/Wireless_Application_Protocol. Deve
ajudar a tirar suas dúvidas.
[ ]'s
J. R. Smolka
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----- Original Message -----
From: J. R. Smolka
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Monday, March 03, 2008 11:33 AM
Subject: Re: [wireless.br] Material sobre WAP
At 23:46 28/2/2008, you wrote:
Alguém ai teria algum material sobre WAP. Estou fazendo uma monografia a esse
respeito mas não tenho encontrado muito material. Ajuda ae pessoal...
Esly,
Além desta mensagem postada publicamente, vc me enviou a mesma pergunta em pvt.
Como acho que o que vou dizer pode ser do interesse - pelo menos de uma parte -
da comunidade, vou responder em público, ok?
Quanto a material sobre WAP não tenho muito a acrescentar além do que o Hélio já
mensionou na resposta dele ao seu post. Mas quanto à sua dúvida básica: qual o
efeito da migração das redes celulars para 3G sobre o WAP, posso dar algumas
opiniões.
A versão curta (IMHO) é que o WAP deve morrer de "morte morrida", como já
aconteceu antes com várias outras tecnologias. O tempo para esta "morte" depende
do prazo para que as redes 3G (ou 4G ou o que ainda venha por aí) substituam
completamente os serviços prestados por redes 2G ou 2,5G hoje existentes, mais
ou menos da mesma forma que elas estão permitindo, hoje, falar da "morte" do
AMPS (ou telefonia celular 1G).
Entender o porquê desta opinião exige mais palavras :-)
Quando o WAP foi proposto ele era uma alternativa leve para proporcionar uma
experiência web-like aos usuários das redes celulares 2G então existentes. A
banda disponível para os acessos de dados eram muito baixas, e os celulares não
tinham nem muita memória nem capacidade de processamento nem visores adequados
para suportar aplicações de dados sofisticadas. E, neste contexto, o WAP
funcionou muito bem.
Só que, hoje em dia - e cada vez mais daqui para a frente, os fatores que
tornaram o WAP interessante não são mais determinantes, porque:
a) A banda disponível para o acesso de dados é cada vez maior (já estamos
falando em 4G na ordem de 100 Mbps - em pico - por usuário);
b) Os terminais dos usuários estão ficando cada vez mais sofisticados, tanto na
capaciade de execução de aplicações quanto na capacidade de exibição do visor.
Então creio que o browser no aparelho do usuário terá capacidades cada vez mais
parecidas com o browser que ele usa em um computador (desk- lap- ou palmtop), e
quando o legado de aparelhos incapazes de suportar este novo cenário se tornar
desprezível, o WAP, tal como o conhecemos, morrerá.
[ ]'s
J. R. Smolka
Debate: Roteamento e Bridge em redes 3G
----- Original Message -----
From: Rodrigo Garcia Corbera
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Cc: Celld-group@yahoogrupos.com.br
Sent: Friday, February 29, 2008 11:21 AM
Subject: RE: [wireless.br] ROTEAMENTO E BRIDGE EM REDES 3G
Olá Smolka,
Obrigado pelas observações, porém a minha mensagem tinha como objetivo abstrair
a rede da operadora (vê-la de forma transparente para as aplicações) e pensar na
parte prática do que é possível ser feito.
Sobre WAP, todas as conexões TCP/IP que partem do terminal de fato terminam em
um roteador seja ele o PDSN ou o SGSN/GGSN, como vc disse, porém para sair da
rede da operadora são enviados a um
Gateway-Roteador-Fierewall-Filtro-de-Serviços-Autenticador, em geral um que
também realiza a função de WAP Gateway para depois sair para a Internet. Isso
não significa que se use o protocolo WAP, mas sim que esse elemento é o Gateway/Roteador
da conexão do terminal com a Internet. Esse Roteador/Gateway em geral também é
associado a firewalls, filtros de conteúdo e serviços de aplicação. Como isso é
feito/aplicado depende de cada operadora... Umas liberam acesso TCP/IP puro
outras não.
Sobre o “PP”, o que escrevi é PP de “conexão Point-to-Point” e não do protocolo
PPP que existe de fato entre o terminal e o elemento de rede terminador (PDSN,
SGSN/GGSN), porém como vc disse, esse PPP morre aí... O PC (computador do
usuário usando o celular como modem) desconhece o uso do PPP (que lhe é
transparente), logo uma conexão Point-to-Point terá que ser feita sobre um
protocolo de mais alto nível como L2TP/IPSec. O fim-a-fim a que me refiro é
relativo ao Computador e sua aplicação numa ponta e o servidor na ponta do
cliente, não dentro da rede da operadora que, na minha abordagem, deve portar-se
de forma transparente para as pontas da aplicação fim-a-fim.
A solução (b) descrita por vc é justamente a que propus.
A solução (a) dependerá da operadora que na minha experiência não gostará disso
por haver uma série de implicação em gerência de redes e potenciais
interferências e problemas na rede causados pelo cliente em questão. Duvido
muito que permitam o uso de (a). O que por motivos práticos nem se quer cogitei.
Gosto das suas explicações didáticas e bem teóricas.
Eu já tenho uma abordagem pragmática e direta, como o Marcelo que escreveu a
mensagem trabalha em uma empresa especializada em serviços de rede, imaginei que
ele captaria rapidamente as poucas palavras que usei. Mas o seu complemento foi
mais detalhado e didático
Abraços,
Rodrigo Garcia Corbera.
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----- Original Message -----
From: J. R. Smolka
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, February 28, 2008 6:41 PM
Subject: RE: [wireless.br] ROTEAMENTO E BRIDGE EM REDES 3G
Com licença Rodrigo, mas vou "meter a colher" na resposta que vc mandou para a
questão do Marcelo... Por enquanto vou abstrair se faz ou não sentido o uso de
um acesso wireless celular 3G como backup de um link dedicado dentro da
topologia de uma rede IP. Vamos por partes:
Toda rede 3G seja EVDO (CDMA) ou EDGE (GSM) ligará um terminal telefônico
atuando como modem de dados (ou mesmo um modem 3G de dados) via TCP/IP ao WAP
Gateway da operadora. Saindo desse WAP GW a conexão tem como destino a Interenet.
O WAP é uma aplicação cliente-servidor (cliente: o WAP browser no handset do
usuário; servidor: o WAP gateway da operadora). Em uma conexão de dados (acesso
IP do handset a redes públicas ou privadas) os elementos de rede da operadora
que estão envolvidos são o PDSN (no caso CDMA 1X/EVDO) e os SGSN/GGSN (nos casos
GSM GPRS/EDGE ou WCDMA HSDPA).
Não há PP nesse mundo pois o endereço IP “assinalado ao telefone” é dinâmico,
sendo este alocado no momento da conexão com o gateway de roteamento de dados da
operadora.
Existe PPP sim. Do ponto de vista do terminal do usuário (celular, palmtop,
desktop, etc.) existe uma conexão PPP entre ele e um host (geralmente o PDSN ou
o GGSN) que termina o enlace PPP e atua como router para encaminhar os pacotes
IP do usuário adiante. Só que, para garantir a mobilidade do usuário, este
enlace PPP é encapsulado em túneis (GRE, L2TP ou IPsec) no trecho PCF-PDSN (CDMA
1X/EVDO) ou PCU-SGSN-GGSN (GPRS/EDGE ou HSDPA). Quando ocorre handoff/handover (catzo!
Já estou cansado de ter que decorar vários nomes para as mesmas coisas!) o
enlace PPP persiste fim a fim, o que muda são os túneis de encapsulamento.
O verdadeiro problema é que este esquema de conexão nunca foi pensado para
estabelecer conexão entre dois usuários móveis (se é que este é o caso que o
Marcelo está pensando).
Logo qualquer rede desse tipo terá que usar L2TP/IPSec com o LNS na ponta final
ligado à Internet, usando-se um endereço IP Fixo.
O que pode ser feito é: uma das pontas do link backup será wireless 3G, e a
outra um terminador de VPN designado pelo usuário. Isto pode ser implementado de
duas maneiras:
a) O terminador de VPN do usuário pode interagir com o PDSN (este eu sei, com
certeza) ou GGSN (deste eu não tenho certeza) para que o enlace PPP seja
estendido até ele, e terminado ali. isto normalmente exige contratação do
serviço com a operadora, e a conexão entre o terminador de VPN do usuário e o
PDSN/GGSN pode ser feito via link privativo ou usando a Internet (neste caso o
terminador tem de ser visível na Internet com um endereço IP fixo);
b) O usuario pode criar o seu próprio túnel VPN por dentro da conexão PPP com o
PDSN/GGSN. Exige um software client na ponta 3G, mas é totalmente transparente
para a operadora. e o terminador de VPN do usuário, neste caso, tem de ser
visível na Internet (com endereço IP fixo, óbvio).
Na ponta do cliente, um PC com Windows XP ou Linux poderá atuar como LAS/LAC da
VPN, desde que o aparelho 3G esteja ligado a ele. Ou mesmo o PC poderá apenas
ser o roteador de saída ligado a um LAC/LAS.
Tudo bem... A maioria das soluções VPN é L2TP. Para os não iniciados, LAC (L2TP
access concentrator) é a parte cliente, que solicita o estabelecimento do túnel;
LNS (L2TP network server) é o terminador de VPN que recebe a solicitação. O
termo LAS não aparece nas RFCs 2661 (L2TPv1) e 3931 (L2TPv3), mas pode ser
entendido como L2TP authentication server. O LNS usa o LAS para decidir se a
solicitação recebida de um LAC é legítima ou não.
[ ]'s
J. R. Smolka
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----- Original Message -----
From: Rodrigo Garcia Corbera
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, February 28, 2008 1:20 PM
Subject: RE: [wireless.br] ROTEAMENTO E BRIDGE EM REDES 3G
Caro Marcelo,
Toda rede 3G seja EVDO (CDMA) ou EDGE (GSM) ligará um terminal telefônico
atuando como modem de dados (ou mesmo um modem 3G de dados) via TCP/IP ao WAP
Gateway da operadora. Saindo desse WAP GW a conexão tem como destino a Interenet.
Não há PP nesse mundo pois o endereço IP “assinalado ao telefone” é dinâmico,
sendo este alocado no momento da conexão com o gateway de roteamento de dados da
operadora.
Logo qualquer rede desse tipo terá que usar L2TP/IPSec com o LNS na ponta final
ligado à Internet, usando-se um endereço IP Fixo.
Na ponta do cliente, um PC com Windows XP ou Linux poderá atuar como LAS/LAC da
VPN, desde que o aparelho 3G esteja ligado a ele. Ou mesmo o PC poderá apenas
ser o roteador de saída ligado a um LAC/LAS.
[]’s
Rodrigo Garcia Corbera.
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De: wirelessbr@yahoogrupos.com.br [mailto:wirelessbr@yahoogrupos.com.br]
Enviado el: quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008 16:29
Para: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Asunto: [wireless.br] ROTEAMENTO E BRIDGE EM REDES 3G
POR FAVOR,
ALGUÉM CONHECE UMA SOLUÇÃO PARA CONECTAR PONTO A PONTO COM REDE 3G?
NECESSITAMOS DE UMA SOLUÇÃO PARA BACK-UP DE LINKS DEDICADOS FÍSICOS, COM
ALTERNATIVA WIRELESS 3G.
GRATO,
Marcelo