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Nota do Coordenador da ComUnidade
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Esta página contém mensagens veiculadas no Grupo de
Discussão Wirelessbr.
Foram escritas de modo informal, sem maiores pretensões a não ser a de compartilhar conhecimentos.
O autor concordou em revisar as mensagens e fazer algumas atualizações julgadas necessárias.
Obrigado, Marcelo, por ter autorizado a publicação desta coleção!
Helio Rosa
10/JUN/2003
Assuntos das mensagens
(clique para rolar a página):
[3G] Reflexões sobre a
situação atual no Brasil. (3)
[3G] Reflexões sobre a situação atual no Brasil.
(2)
[3G] Reflexões sobre a
situação atual no Brasil. (1)
VoIP, WiMax e
Wi-Fi: começa a guerra...(2)
VoIP, WiMax e
Wi-Fi: começa a guerra...(1)
Fernando
Villela, o Fervil, aos 30
Marcelo
pergunta: - "Onde estamos nós???" E responde (4)
Marcelo
pergunta: - "Onde estamos nós???" E responde (3)
Marcelo
pergunta: - "Onde estamos nós???" E responde (2)
Marcelo
pergunta: - "Onde estamos nós???" E responde (1)
Opinião sobre a regulamentação do uso de VoIP
Opinião sobre a utilização do "mobile e-mail"
Comentários sobre "mobile e-mail"
Royalties em CDMA
Anatel e Vesper: Marcelo explica o contexto e emite sua opinião
"A Anatel contra o CDMA"
Cobertura nacional em CDMA: Realidade Objetiva ou Ficção
Científica?
Comentários sobre a negativa da Anatel aos pedidos da Vésper e BrT
Considerações sobre a questão da mobilidade em 1.9GHz.
"Há vida nas empresas de telecom após os 40 anos?"
CDMA vs GSM... (ou seria melhor 1XRTT vs GPRS?)
[3G] Reflexões sobre a situação atual no Brasil. (3)
----- Original Message -----
From: M L A
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Wednesday, September 07, 2005 12:22 PM
Subject: Re: [wireless.br] Re: [3G] Reflexões sobre a situação atual no
Brasil.
Fernando,
Primeiramente, agradeço sua mensagem e seus questionamentos, sempre muito
interessantes e bem escritos...
Em segundo lugar, gostaria de apresentar alguns pontos que talvez poderão nos
indicar uma saída possível para o futuro impasse regulatório previsto por
você:
(a) Poderíamos muito simplificadamente expressar a essência de cada geração
celular da seguinte maneira, tendo em conta sua aplicação matadora (killer-application):
1G = voz móvel (analógico); 2G = "olho-mágico" ou BINA (B identifica número de
A); 2,5G = dados móvel (SMS,WAP); 2,75G = downloads (MP3); 3G = videofone; e
4G = TV digital. Note que tal classificação é inteiramente baseada em serviços
pois é isso que o usuário percebe e não a tecnologia. Assim, entendo que 3G ou
4G são essencialmente um conjunto de serviços avançados. Os padrões e as
tecnologias apenas determinam quais serviços podem ou não ser suportados pelas
redes das operadoras, podendo até mesclar alguns serviços de diferentes
gerações em uma mesma rede (infraestrutura).
(b) As recentes declarações da própria Anatel afirmam que a convergência
tecnológica, cujo nome comercial passou a ser divulgada como "triple-play",
está mostrando que não faz mais sentido criar uma grande multiplicidade de
licenças, pois o meio físico (par-de-cobre ou ar) são capazes hoje em dia de
transportar os serviços de voz, dados e TV simultaneamente. Assim, já
caminhamos para a unificação da licenças em torno do serviço SCM (serviço de
comunicação multimídia). Ou seja, uma operadora futuramente deveria apenas ter
duas licenças: uma SCM (para prestação de serviços) e um meio físico (cobre ou
ar, para suportar a transmissão). O termo jurídico "destinação" (criado pela
Anatel para regular o uso primário e secundário de uma banda de freqüência)
cada vez mais seu perde significado .
(c) Por outro lado, as limitações tecnológicas de outrora permitiram criar
historicamente um arcabouço regulatório em torno dos serviços de comunicação
de interesse coletivo, isto é, os serviços de segurança pública (bombeiro,
polícia e escuta telefônica), integração nacional (longa-distância) e
progresso econômico (agilidade nos negócios). Sobre tais serviços básicos
surgiram os serviços de valor agregado (SVA), aproveitando os pesados
investimentos já feitos para prestar os serviços básicos. Entre os SVA,
destacamos a Internet. Porém, apesar da Internet ter nascido comercialmente
como SVA por volta de meados dos anos '90, hoje em dia, com a difusão do VoIP
(ou voz sobre internet), começamos a nos dar conta da inversão dos papéis: A
internet está se transformando em serviço básico e a voz um agregado! Assim, a
Anatel estaria enfrentando a dificílima situação de passar a ter de regular um
serviço agregado...
(d) Acredito que os caminhos do 3G e do WiFi/WiMax sejam atualmente
complementares e, portanto, conciliáveis. Enquanto 3G/4G são redes WAN
(nacionais ou interurbanas), concentrando um acompanhamento mais próximo da
Anatel, WiFi/WiMax são respectivamente redes LAN (locais ou residenciais) e
MAN (metropolitanas), desfrutando de maior liberdade regulatória. Porém, caso
o WiFi/WiMax acelere sua evolução e adoção com a inclusão da mobilidade (handover
inter-células e roaming inter-redes), então haverá uma ruptura. No caso do
Brasil, há 20 anos neo-liberal e onde se vive uma falsa democracia (pois temos
a liberdade de escolha, mas as opções nos são impostas pelo poder econômico),
o 3G_UMTS está sendo inviabilizado com o atraso do leilão das core-bands pela
Anatel. Ainda não sei avaliar os impactos positivos e negativos desta
tendência, mas certamente estaremos nos alinhando à situação do resto das
Américas, incluindo dos EUA, apesar de termos 110MHz livres nas core-bands do
UMTS e nossos vizinhos não.
(e) Por fim, enquanto a Anatel se vê contingenciada em seu orçamento anual,
sendo exposta à humilhação pública de desativar seu call-center, os
fabricantes (redes e terminais) investem dezenas de bilhões de dólares por ano
em inovação tecnológica... sem contar as startups financiadas por capitais de
risco. Assim, a velocidade da Anatel em regular os serviços seria muito
inferior à velocidade da tecnologia em obsoletar as regras...
Considerando a defesa do interesse público (emergência e segurança) e
estratégico (universalização e competição), acho que uma saída seria unificar
as licenças em torno da SCM; concentrar apenas em voz, numeração,
interconexão, portabilidade, espectro e saúde; e operar a transição
equilibrada para a nova realidade convergente.
Abraços,
Marcelo Luiz Arakaki.
On 9/5/05, Fernando Botelho <fernandobotelho@terra.com.br>
wrote:
Marcelo,
As suas cogitações contêm pontos importantes e gostaria, por isso e mesmo para
fomentar o debate, de abordar cada um.
Primeiro, vc tem toda a razão quanto à limitação regulatória da subfaixa de
radiofrequência para o SMP (ela está mesmo arbitrada, textualmente, em 50MHz
para uma mesma Prestadora) e a limitação consta, textualmente, do § 4o, do
art. 2o, da Resolução 340/2003-ANATEL ("Regulamento de Uso de Radiofrequências
nas Faixas de 800 MHz, 900 MHz, e 1.800 MHz para a Prestação do Serviço Móvel
Pessoal").
Se você, ainda, associar, a esta limitação quantitativa relacionada com a
frequência em si, a própria delimitação (ou a limitação) da área geográfica de
prestação do serviço móvel pessoal (objeto, esta, do PGA-Plano Geral de
Autorizações do SMP-Serviço Móvel Pessoal, ou PGA/SMP, ou, "Anexo I", da
Resolução 321/2002-ANATEL), terá, sem dúvida, um quadro
normativo-regulatório-administrativo intensamente restritivo da
disponibilidade de frequências e áreas de prestação para que esses serviços
móveis terrestres de comunicação possam ser expandidos.
Adicionada, ainda, a questão tecnológica, ou, o terceiro insumo, da já
intrincada cogitação regulatória, veremos que as novas gerações (3G, 4G) em
telecomunicações móveis (dentro do conceito de mobilidade restrita de serviços
coletivos de comunicação) somente poderão se tornar realidades eficazes, e
abrangentes do mesmo mercado (definido pelas amplas áreas prestacionais), com
novas outorgas e novas faixas de RF.
Nesse ponto, estou inteiramente de acordo com você, embora não saiba
absolutamente nada sobre a postergação em si do processo licitatório.
Mas, permita uma provocação sobre o restante de sua cogitação.
Repare que estamos, ainda, tratando, até aqui, de um conceito, que molda um
cenário não-homogêneo - refiro-me a um conceito jurídico-regulatório, e não
apenas tecnológico.
Explico.
Ao tratarmos das gerações (1G, 2G, 2,5G, 3G, 4G) estamos falando, ainda, de um
mundo regulatório de serviços emimentemente telefônicos, ou,
telefônicos-móveis, ou, ainda, mais precisamente, de uma certa modalidade de
comunicação terrestre (via serviço de interesse coletivo) entre estações
móveis. É esta a definição regulatória do SMP (conforme está dito no art. 4o
da Res. 316/2002-ANATEL, que disciplina o "Regulamento do SMP").
Não estamos, então, tratando, juridicamente, nesta linha evolutiva, de
qualquer outro serviço que não o de comunicação terrestre que evoluiu da
telefonia, e, por isso, a alocação de frequências a esta especialidade de
serviços (móveis-terrestres) se dá, também, a esse mesmo título (o de
radiofrequência destinada, em caráter primário, a serviço telefônico-móvel
terrestre), dele absorvendo a natureza e a disciplina, de forma indissociável.
A questão da otimização tecnológica das respectivas bandas de passagem, que
permitem o tráfego não mais da voz apenas, mas de dados outros, não muda, por
enquanto pelo menos, a configuração do serviço em si (e, consequentemente, da
frequência a ele alocada, que é, na realidade, um acessório do principal).
Assim, quando falamos ou cogitamos de fenômenos como o da convergência
tecnológica, com outros serviços agregáveis a rêdes wireless-telefônicas, não
estamos, ainda, alterando a natureza regulatória do serviço primitivo, que
prossegue como de origem.
Estou dizendo isso porque a geração WCDMA, 4G, mesmo que ligada à necessidade
de outras faixas do espectro para adequação tecnológica, estará sendo
cogitada, por enquanto, sob conceito de evolução de mesmos serviços
(primitivamente telefônicos, ou, atualmente, de comunicação terrestre móvel
entre estações móveis).
Estes serviços e respectivas faixas de suas frequências continuarão tendo, por
isso, submissão, no Brasil, ao conceito primitivo de comunicação-telefônica,
ou, para ser preciso, de comunicação móvel terrestre entre estações móveis),
ao menos até que se reconheça a necessidade e se tome a decisão de convergir
não só a tecnologia mas a própria definição regulatória-normativa de serviços
e aplicações, para um híbrido conceito jurídico de serviço de natureza
coletiva (que levará, junto, a idéia de re-normatização de critérios
tarifários, de outorga, de fiscalização de equipamentos, etc.).
Por isso, aplicações Wi-Fi ainda estão, por limitação/delimitação de potências
e respectivos equipamentos, inseridas noutro cenário regulamentar e assim
separadas desse "mundo telefônico", porque consideradas modalidade de uso de
radiação restrita, fora do alcance de serviço de interesse coletivo,
consequentemente (e exatamente por isso) livres de pré-outorga pela ANATEL (a
radiação restrita tem disciplina própria a partir do art. 163, § 2o, da LGT).
A questão que me ocorre então, lendo, com atenção, toda a sua cogitação, é a
da dificuldade (que não sei, sinceramente, se terá ou não movido esta
postergação da licitação a que vc se refere) de se harmonizar, para uso e
alocação de novas faixas de radiofrequência no espectro, os dois conceitos de
serviços (um, de interesse coletivo, sujeito a pré-outorga, por uso de
radiação não-restrita, e ainda hoje, inserido na primitiva definição de
telefonia e seu alcance coletivo delimitado por áreas geográficas de
prestação; outro, de interesse restrito, não-sujeito a outorga).
Não podemos esquecer que a outorga de radiofrequência será sempre, do ponto de
vista normativo-legal-regulatório (nos termos do art. 163 da LGT), um meio (de
prestação de um serviço ao qual estará indissociavelmente vinculada a
radiofrequência) e não um fim em si mesma.
É por isso que estou ousando fazer esta provocação: não lhe parece que, diante
dessa distinção regulatória de dois "mundos" (o "mundo" da comunicação
móvel-terrestre, como serviço coletivo - SMC/SMP - e o "mundo" evolutivo dos
hot-spots Wi-Fi), que eles têm caminhos próprios e inconciliáveis anunciados,
no Brasil ?
Como um mercado de hot-spots criado em áreas restritas geograficamente (pela
própria limitação da potência imposta aos equipamentos) poderá concorrer ou,
pior, inibir a evolução de serviços de comunicação que têm, hoje, asseguradas,
na regulamentação, áreas nacionais abrangentes de prestação e amplitude
coletiva ?
Sem que haja uma ampla mudança de critérios e conceitos de serviços móveis, a
evolução do SMP/SMC para 3G/4G não se tornará evento, no Brasil, independente
da evolução geográfica-restrita dos hot-spots Wi-Fi e mesmo do WIMAX ?
Como uma somatória de hot-spots Wi-Fi poderá, mesmo quando em grande
abrangência local, suplantar tecnologias de comunicação móvel evoluída, por
ex., para 4G, à qual se dê a amplitude geográfica (por potência e por
delegação) de áreas e regiões nacionais da comunicação móvel terrestre ? Isso
não anuncia uma certa independência do 4G no Brasil - mesmo que com o atraso
de licitação que vc anuncia - em relação à evolução de Wi-Fi e WIMAX ?
Por último, como se poderá programar interoperabilidade entre um (Wi-Fi/WIMAX)
e outro sistema de comunicação móvel (4G), sem que, antes, faixas e serviços
sejam compatibilizados em norma unificadora-regulatória própria, que assegure
uso de equipamentos compatíveis com ambos ?
Abraços,
Fernando Botelho
[3G]
Reflexões sobre a situação atual no Brasil. (2)
----- Original Message -----
From: M L A
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Monday, September 05, 2005 6:13 PM
Subject: [wireless.br] Re: [3G] Reflexões sobre a situação atual no Brasil.
Olá, Comunidade WirelessBR.
Marcelo Luiz Arakaki escrevendo:
Fernando Botelho, você é um especialista em regulamentação e poderia
esclarecer um ponto adicional às minhas especulações anteriores:
Parece-me que há uma limitação regulatória (Anatel) sobre o tamanho
máximo de faixas de freqüência que uma operadora celular pode licenciar
no Brasil: até 50MHz de banda para uma única operadora. Se você
puder confirmar tal limitação, então algumas importantes operadoras GSM
estariam impedidas de participar do leilão da Anatel das "core-bands" do
UMTS pois hoje já possuem uns 40MHz entre as faixas de 800MHz (bandas
A/B), 900MHz (extensão) e 1.8GHz (bandas D/E). A única saída seria
migrar 100% de suas bases TDMA para GSM e devolver as licenças em 800MHz
pra Anatel... Mas, isso levaria muito tempo... e, assim, mais um bom
motivo pra adiar/cancelar o UMTS no Brasil.
Resumo-da-ópera: Tecnólogos do Brasil e membros desta lista, tudo indica
que vamos direto pra 4G antes de 2010. Vamos reciclar nossos
conhecimentos: (a) de redes de acesso com interfaces aéreas baseadas em
TDMA/CDMA para novas redes OFDM/MIMO (com WiFi turbinado e WiMax móvel);
e (b) de redes de comutação espacial-temporal para redes IMS (soft-switch +
SIP). E lembrem-se também do roadmap de evolução dos terminais móveis!!!
Abraço,
MLA.
[3G] Reflexões sobre a
situação atual no Brasil. (1)
----- Original Message -----
From: M L A
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Sunday, September 04, 2005 12:19
AM
Subject: [wireless.br] [3G] Reflexões sobre a situação atual no Brasil.
Olá, Comunidade WirelessBRASIL.
Marcelo Luiz Arakaki escrevendo:
(as opiniões abaixo são apenas especulações
pessoais e não refletem necessariamente a opinião da empresa onde
trabalho)
Ontem (02.set.2005) participei do evento "3G
no Brasil", com palestras de pesos-pesados de telecom do Brasil.
Notei três pontos muito curiosos:
(1) Entre os patrocinadores, estavam
QualComm, NEC, Nokia, Motorola, Ericsson, Huawei e Nortel... Só
fabricantes de infra e de aparelhos!
(2) Entre os palestrantes, só a operadora
Vivo falando sobre o 1X EV-DO e sobre os seus serviços de 3G da campanha
">" (ie "play" ).
(3) A total falta de explicação sobre o
terceiro adiamento do edital de licitação das faixas "core-band"
(1.9~2.1GHz) do WCDMA para 2H2006.
A pergunta que ficou no ar entre cada um dos
participantes foi:
Uma vez que altos representantes da Anatel e do Minicom estavam presentes
no evento e poderiam ser pressionados (e foram, mas apenas pelos
jornalistas de plantão) a acelerar a licitação das faixas do WCDMA, então,
por que a ausência das operadoras GSM e da fabricante Siemens (um player
muito importante do setor)?
O evento mostrou que o preço atual das
rádio-bases 3G já chegaram ao mesmo patamar das rádio-bases 2,5G. O mesmo
ainda não ocorre com os terminais, mas já se encontram aparelhos 3G na
faixa entre U$200 e U$300. Além disso, vários estudos mostram que a
receita média do usuário 3G está entre 30% a 70% acima do usuário típico
de 2,5G.
Ou seja, o 3G só traz vantagens para todos os lados, tanto operadoras e
fabricantes como para o usuário. Porém, por questões tecnológicas, somente
a Vivo já oferece 3G no Brasil com sua rede 1X-EV-DO, obtendo assim uma
diferenciação importante em sua oferta de serviços.
As operadoras GSM deveriam estar deseperadas com a notícia de mais um
atraso na licitação das "core-band" do IMT-2000 (faixas 3G do WCDMA) pois
no 2H2006 teremos eleições presidenciais ou seja o próximo ano será muito
complicado. Surpreendentemente, não há barulho sobre esse assunto e sim
calmaria...
Como interpretar isso?
Eis minhas especulações que gostaria de
compartilhar com este grupo e iniciar um debate:
Talvez, às operadoras estabelecidas no Brasil, tanto GSM como CDMA, não
interesse que a licitação das faixas do WCDMA ocorra antes de 2006.
Pra Vivo que já oferece serviços 3G em 1X EVDO, acho que as faixas de
WCDMA provocariam uma discussão estratégica importante pois são no mínimo
um recurso escasso (frequências de rádio).
Para as operadoras GSM, acho que as faixas de WCDMA provocariam uma nova
onda de investimentos, mas as operadoras GSM estão hoje muito
enfraquecidas financeiramente devido aos pesados investimentos em GPRS/EDGE,
subsídios de terminais e campanhas promocionais.
O fato é que as operadoras GSM do Brasil estão aparentemente satisfeitas
pois estão conseguindo aumentar seu market-share a taxas elevadas mesmo
sem o diferencial do 3G.
Por outro lado, já vemos o lançamento de terminais com WiFi no mercado, ou
seja, o posicionamento mercadológico do WiFi_LAN (e futuramente do
WiMax_MAN) deverá "roubar" grande parte do tráfego de dados de
alta-velocidade do 3G_WAN e esvaziará boa parte de seu plano-de-negócios.
Neste cenário, caso a licitação do "core-band WCDMA" acontecesse em 2005,
então certamente a Anatel venderia, no melhor caso, as faixas pelo preço
mínimo, com o risco (para as operadoras já estabelecidas) de entrar um
quinto jogador (que tal a Vodafone?) com cobertura nacional em 3G_UMTS e
melhor condição financeira...
Mesmo para a forte indústria de exportação de terminais montados no
Brasil, o 3G_WCDMA (UMTS) pouco interessa pois os principais clientes na
América Latina não vão comprar porque as operadoras latinas (exceto
Venezuela e Costa Rica) "ocuparam" o "core-band" com licenças de PCS
(versão americana do SMP em 1.9GHz)...
Avançando ainda mais nas especulações:
Se a licitação das "core-bands" escorregar para 2007 devido ao lobby dos
interessados e/ou às eleições presidenciais de 2006, então teríamos o UMTS
(padrão 3G europeu) ou WCDMA (interface aérea do UMTS) implantado em 2008
e disponível comercialmente em 2009...
Ora, com o avanço de hot-spots e hot-zones WiFi pelo Brasil afora, com a
chegada do WiMax móvel em 2008 e o amadurecimento da tecnologia
Mesh-Network até 2009, então acho que podemos dizer adeus às chances do
UMTS acontecer no Brasil... mesmo com HSDPA (high speed digital packet
access).
Sem contar com os terminais, smartphones, PDAs e notebooks com WiFi e
WiMax nativos (viabilizados pela nova geração de chips Intel).
Enquanto isso, a QualComm comprou a Flarion, totalizando mais de 200
patentes-chave em OFDM (tecnologia essencial para o WiMax)...
E, por enquanto, vai lançar a rev.A em 2006 para permitir VoIP em
1XEVDO...
Por fim, caso a situação atual permaneça, os
sinais acima indicam que, exceto a Vivo, o Brasil poderá ir direto para 4G
na banda de 2,5GHz (a única atualmente com chances de se tornar universal)
em redes IMS (== SoftSwitch + IMS) antes de 2010...
Abraço a todos,
Marcelo Luiz Arakaki.
(pessoa física).
VoIP, WiMax e
Wi-Fi: começa a guerra...(2)
----- Original Message -----
From: M L A
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Friday, September 17, 2004 12:44 AM
Subject: Re: [wireless.br] VoIP, WiMax e Wi-Fi: co meça a guerra...
"Senhores
Querer "abafar o coro" de VoIP é agir na contramão da história (ou do tempo) e/ou dar tiro no pé.
Nâo existe mais canibalização da 2a linha. As Operadoras Fixas brasileiras têm que começar a empreender de forma
diferente e abraçar VoIP antes que os competidores o façam.
Leia esta matéria que escrevemos em DEZ.2003 qdo o movimento de VoIP no mundo ficou irreversível:
Apesar de você... "amanhã há de ser outro dia" em
http://www.wirelessbrasil.org/wirelessbr/colaboradores/eduardo_prado/artigo_31.html
É uma pena alguns grandes empreendedores não pensarem na frente do tempo.
O mundo já é IP gente. Venha para ele vc também!!!
SDS
EPrado"
Prezada ComUnidade WirelessBrasil,
Marcelo Arakaki escrevendo:
Na época das centrais analógicas de comutação (até 1980), somente as empresas estatais conseguiam construir uma operadora de telecomunicações pois os investimentos eram muito altos, ie, era um negócio "intensivo de capital". Com a digitalização das redes a partir de meados da década de '80, os relés viraram time-slots em grandes
centrais digitais. Daí, as estatais foram privatizadas na década de '90 pois a rede de acesso (primeira-milha) já estava amortizada e os investimentos eram um pouco menores,
resultando em margens reais elevadas (EBTIDA > 40%).
Viramos o novo milênio e vimos a chegada da onda de "paquetização" das redes em torno do IP (internet protocol).
A magia do pacote IP está em compartilhar os recursos de rede entre vários usuários, enquanto o circuito obrigatoriamente retém o recurso para um único usuário.
Assim, o IP torna o investimento em rede muito mais barato, reduzindo a barreira de entrada para novos empreendedores em telefonia de voz sobre IP (VoIP).
Então, inicialmente a Ethernet (LAN) se espalhou pelos escritórios, depois o Wi-Fi (wireless LAN, local area network) eliminou o cabeamento estruturado nestes mesmos escritórios.
E, finalmente, hoje com WiMax (wirless MAN, metropolitan area network), o IP expande seu alcance para além do escritório, cobrindo cidades inteiras...
Sim, concordo que o mundo já é IP em sua grande parte...
Há muitos anos que não tenho telefone fixo em casa, mas apenas um celular 2.5G e internet banda larga via TV-a-cabo (pois temos o benefício da programação de TV além da internet em alta velocidade).
Também concordo que os empreendedores deverão certamente se multiplicar
porque a infra IP é muito mais barata do que a infra CSD (circuit switched data).
As redes de telecom ainda têm uma sobrevida com infra PSD (packet switched data)... Mas, no final, tudo certamente será
IP.
Moral da história: Lembrem-se que:
(1) a internet encurta as distâncias, ou seja, não haverá mais negócios de longa-distância, e
(2) o celular está fazendo as operadoras fixas americanas serem rebaixadas em avaliação de risco pois os americanos estão cancelando as linhas fixas!!!
Portanto, aqueles que estiverem iniciando o curso de engenharia de telecom, optem pelas matérias de datacom (IP) e/ou wireless.
Aqueles que são recém-formados em engenharia de telecom, iniciem cursos de certificação Cisco ou semelhante.
Aqueles que já são sêniors em telecom, escolham trabalhar em empresas que estejam comprometidas com redes IP e/ou
wireless...
Abraços,
Marcelo Arakaki.
VoIP, WiMax e
Wi-Fi: começa a guerra...(1)
----- Original Message -----
From: M L A
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, September 16, 2004 10:58 AM
Subject: [wireless.br] VoIP, WiMax e Wi-Fi: começa a guerra...
Prezados membros da ComUnidade WirelessBrasil,
Marcelo Arakaki escrevendo:
Como já era esperado, as tecnologias VoIP, WiMax e Wi-Fi têm um potencial de revolução muito grande, a ponto de poder quebrar o monopólio natural da primeira milha (= aquela que fica mais próxima do usuário-final)...
A notícia abaixo parece ser o início de um ciclo de ruptura de paradigma, onde as caríssimas e tradicionais redes fixas de telecom comutadas por circuitos serão substituídas por novíssimas e baratas redes móveis (ou quase) de datacom comutadas por pacotes (IP).
Portanto, vale a pena a gente especular um pouco sobre isso...
As prováveis implicações desta ruptura são muito importantes:
(a) para o usuário-final, significaria tarifas de voz muito mais baratas;
(b) para os desenvolvedores, significaria a abertura de uma nova janela de
oportunidades;
(c) para as operadoras, a queda das receitas de voz (principalmente de longa distância) e o crescimento das receitas de dados (VoIP);
(d) para os profissionais de telecom, a urgente necessidade de reciclagem de conhecimento.
Abraços,
Marcelo Arakaki.
==========================================>
Presidente da GVT prevê boicote das concessionárias à VoIP
-- 15/09/2004 --
Operadora pede uma postura forte da Anatel para evitar que usuários de outras teles sejam impedidos de ter acesso ao serviço
Olívia Nercessian
Com o início da oferta de voz sobre IP, anunciado ontem (14/9) a GVT acredita em diversos impactos para o mercado. Um dos principais, citados pelo presidente da operadora, Amos Genish, deve ser o boicote das concessionárias do serviço telefônico fixo comutado (STFC), que, segundo ele, não têm o menor interesse na implementação da tecnologia e devem tentar colocar todo tipo de barreira para a oferta da GVT.
"Um dos desafios que iremos enfrentar na oferta das nossas soluções de VoIP é que as grandes teles podem tentar bloquear o acesso aos seus usuários", acredita o executivo. Ele conta que a operadora já chegou, inclusive, a conversar com a Anatel para que esse problema não ocorra.
"A Agência terá de demonstrar uma posição forte, para que essas empresas não impeçam a nossa expansão", acrescenta.
Genish reforça que como a GVT possui todas as licenças necessárias do STFC, ela tem o direito de oferecer VoIP na sua área de atuação. A companhia, que garante entre 70% e 90% de redução nas contas dos seus clientes com ligações de longa distância e roaming de celular com o novo produto, cita ainda como outros problemas a serem enfrentados a garantia da qualidade do ADSL quando ele for de outra companhia, e a educação do público sobre a tecnologia.
Além disso, o presidente da GVT acredita que, por ser a primeira grande operadora a lançar o serviço, outras empresas do setor terão de reavaliar as suas estratégias. "Os mesmos usuários da Telefônica, por exemplo, são potenciais compradores de VoIP da nossa empresa", aposta o executivo, que acrescenta "a Anatel não teve sucesso na resolução do problema da última milha, mas esse produto pode colocar um fim a esse assunto", conclui.
Olívia Nercessian é repórter da Telecom Negócios e do TelecomWeb.
Fernando
Villela, o Fervil, aos 30 [O
jornalista Fernando "Fervil" Villela, fundador do Grupo de
Debates WirelessBR, foi vitimado pela violência urbana no Rio de Janeiro
em 23 de julho de 2004]
----- Original Message -----
From: Marcelo Luiz Arakaki
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Tuesday, July 27, 2004 10:27 PM
Subject: [wireless.br] Fernando Villela, o Fervil, aos 30
Galera,
Continuo chocado... sem ação.
Confuso pela mistura de vários sentimentos:
- Revolta contra a forma como um amigo se fará ausente daqui pra frente.
- Compaixão pela família e pelos amigos que conviveram com o FerVil.
- Vingança contra um sistema que produz a negação do próximo.
_ Tristeza pela brutalidade que só cresce neste País.
- Medo pela proximidade e freqüência cada vez maior de fatos violentos.
- Vergonha pela cegueira que os problemas tecnológicos nos causam.
- Preocupação em dar um sentido nobre às nossas vidas alienantes.
Por fim, ousadia em buscar forças pra continuar o trabalho de mudança dessa situação...
Temos que transformar este mundo carente em FERVILhante de humanidade!
Marcelo Luiz Arakaki.
Marcelo
pergunta: - "Onde estamos nós???" E responde (4)
(abaixo, numeradas, estão
as mensagens desta série)
----- Original Message -----
From: mla
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Friday, January 16, 2004 11:06 PM
Subject: RES: [wireless.br] Onde estamos nós???
Prezado Courtnay,
Quanto à Darwin, o ponto é a seleção natural entre espécies distintas e não é a competição extrema entre homens (mesma espécie). Os "macacos pelados" mandam no planeta, mas alguns poucos macacos, além de mandarem
muito mais do que os outros, estão conduzindo todos os demais ao sofrimento (violência, poluição, etc). O problema é que o excluído, em lugar de ser simplesmente extinto, tentará roubar notebooks em táxis na Berrini (percebeu?).
Claro que importa o que cada um pensa ou sente!!! Quem é o "mercado" senão uma abstração para representar o ideal do consumo descontrolado?
As "regras de mercado" foram concretamente criadas por (alguns) homens!
Será que foi o "mercado" quem estabeleceu quais são as moedas conversíveis em substituição ao padrão ouro? A frase "não importa o que eu penso, mas o que o mercado pensa" se refere a considerar o que realmente cada um pensa e sente, jamais o contrário!
Viver somente pelas regras do mercado significa continuar dentro da Matrix, criada por quem realmente está controlando e ganhando com este modelo atual. Ter plena consciência de que o modelo atual está esgotado
representa o início de um duro trabalho de mudança de valores, crenças e atitudes, com sacrifícios próprios e, eventualmente, da família. Pois é, a pílula vermelha (= libertação) não é para todos! Continuar a ser uma
"pilha" na Matrix tb é uma opção...
No aqui e agora, devemos "obter recursos e gerar valor"... mas pra quem e de que forma? Para os acionistas ficarem mais ricos às custas da miséria da maioria? No capitalismo tradicional, a meritocracia profissional provoca uma mobilidade social mínima e cada vez menor, dada a constante elevação da concentração de renda em todos os países... A meritocracia raramente consegue produzir uma mudança de castas (= de
classe média para rico) pois falta-lhe o "pedigree".
Longe de fazer apologia à preguiça, concordo que, em termos práticos, talvez seja pouco o que nós podemos fazer HOJE, mas devemos estar mais atentos às idéias que nos são vendidas diariamente e sermos mais humanos
em nossas decisões. Pois a qualidade de vida está tão ruim nas cidades, especialmente São Paulo e Rio de Janeiro, que muita gente certamente sonha em poder voltar à simplicidade e humildade "dos confins da Bahia"...
O jogo tem de ser jogado, ...mas o jogo certo! (e sem atropelar ninguém).
Muito axé pra você,
Marcelo Arakaki.
Marcelo
pergunta: - "Onde estamos nós???" E responde (3)
----- Original Message -----
Sent: Wednesday, January 14, 2004
10:14 PM
Subject: RES: [wireless.br] Onde
estamos nós???
Prezado Courtnay,
Arakaki escrevendo:
Em termos de estratégia empresarial, adaptar o conhecimento de outras
áreas para administração deve ser feito de maneira muito cautelosa
pois os modelos híbridos podem levar a conclusões muito perigosas!!!
Quando a
Revolução Industrial trouxe as máquinas em larga escala,
acreditou-se que o homem tb seria uma máquina, resultando na
administração científica de Taylor e operários amarrados às máquinas,
sob regime do chicote.
Quando as Guerras Mundiais estouraram, acreditou-se que os funcionários
deveriam ser soldados e oficiais, a defender suas posições contra as
empresas inimigas com estratégias de guerrilha ou flanqueamento.
Quando
Freud apresentou a Psicanálise, acreditou-se que o condicionamento
dos funcionários seria possível com técnicas behavioristas, mas os
conflitos de poder deviam ser abafados em prol da produtividade.
Quando a Medicina mostrou os órgãos humanos, acreditou-se que a
empresa também era formada por órgãos totalmente harmônicos em
busca de um único objetivo, mas esqueceram dos feudos departamentais
(sem mencionar a luta pelo maior orçamento ou pela ascensão
profissional). Quando a Antropologia exibiu as culturas de nosso
planeta, então acreditou-se que as empresas também eram formadas por
várias culturas que deveriam ser moldadas para o atingimento de metas
estabelecidas pelos acionistas, mas esqueceram dos valores e crenças
de cada tribo dentro da mesma empresa. Enfim, quando a Biologia
consagrou a teoria da evolução das espécies de Darwin, acreditou-se
que a sobrevivência do mais forte é natural (olha aí a lavagem
cerebral diabólica a que estamos submetidos!), então direcionando as
empresas para estratégias majoritariamente competitivas,
quando, na verdade, a seleção natural de Darwin se refere a espécies
diferentes (dinossauro vs tigre) e não dentro da mesma espécie
(homem vs homem, ou empresa vs empresa). Mais ainda, se deve
sobreviver o mais
forte, então o dinossauro teria sobrevivido e não o tigre! Por fim,
o uso deformado das idéias de Darwin privilegia exclusivamente as
estratégias competitivas, criando obstáculos para enxergar a
alternativa das estratégias colaborativas (de alianças e parcerias).
Quanto ao empreendedorismo tecnológico dos últimos 30 anos, esse não
foi revolucionário pois, por definição, não rompeu com as
estruturas de poder existentes há mais de 500 anos! As mudanças
proporcionadas pelo
empreendedorismo tradicional foram apenas tecnológicas mas não
sociais:
As famílias que controlam a economia americana estão no poder há
mais de 100 anos! A boa notícia é que todos estão percebendo que o
modelo capitalista tradicional está se esgotando pois:
(a) 01 tonelada de soja do Brasil não pode valer a mesma coisa que um
notebook atual da Apple;
(b) o aumento da temperatura mundial devido à poluição atmosférica
só pode interessar a quem mora na Sibéria;
(c) a poluição dos rios no ritmo atual conduzirá à falta de água
potável em 2030... Não sou um comunista
radical ou socialista revolucionário, nem proponho um salto quântico
no capitalismo. Apenas gostaria de ver o sucesso de um novo modelo de
capitalismo renovado (= humanizado) entre alguns poucos setores estratégicos
(ex: software) que sirvam de modelo para um efeito em cadeia para os
demais setores da economia... O empreendedorismo tecnológico do novo
milênio seria baseado em cooperativas com objetivos econômicos
(lucro, market-share, net-add, fidelização) e também humanos (autodesenvolvimento,
prazer, ecologia, espiritualidade).
Enfim, acredito que a natureza do homem é muito mais coletiva e
colaborativa, do que individualista e competitiva. Se não, então
por que vc ajudou a montar a comunidade WirelessBrasil, hein???
Abraço,
Marcelo Arakaki.
Nota: Com relação ao capitalismo oriental, vc deve reconhecer que o
"zaibatsu" japonês (atualmente "keiretsu") ou o
"zaebol" coreano estão muito longe do capitalismo selvagem
americano...
Arakaki
Marcelo
pergunta: - "Onde estamos nós???" E responde (2)
----- Original Message -----
Sent: Wednesday, January 14, 2004 12:42 AM
Subject: [wireless.br]
Onde estamos nós???
Prezado prof. Courtnay e ComUnidade,
Marcelo Arakaki escrevendo:
Já que estamos escrevendo sobre utopias, qual seria a maior delas:
(a)
aquela que propõe uma possível saída para o Brasil via o
empreendedorismo tecnológico (baseado em cooperativas de software,
dada a enorme vocação do Brasil, conforme atesta o próprio MIT); ou
(b)
outra que propõe o acirramento da
competitividade individual e da usura financeira (baseada na formação
protestante do povo americano)??? Qual delas garante melhor qualidade
de vida num regime capitalista?
Desde o seu nascimento com a revolução burguesa, o capitalismo e
seus valores têm sobrevivido a várias crises históricas e guerras
mundiais.
Mas, o mesmo exagero medieval da fé na igreja cristã que produziu as
aberrações da Santa Inquisição, também o exagero da fé atual na
tecnologia impessoal está produzindo um mundo violento, poluído e
sofrido! Por isso que a proposta de 06 meses de férias por ano do Di
Masi começa a fazer muito sentido pelo mundo todo!!!
O emprego está cada vez mais raro e a produtividade cada vez mais
alta.
Daí o trabalho está trocando seu papel histórico de distribuição
de renda e assumindo um papel de autodesenvolvimento humano. O mesmo
trabalho deverá ser compartilhado por várias pessoas pois não haverá
um emprego pra todo mundo! Com o tempo livre (= ócio criativo), Di
Masi propõe a recuperação do lado humano, tão esquecido pela atual
lógica
racional do paradigma dominante (positivista).
O sistema de dominação e poder está tão enraizado em nossos
valores, que admitimos sem questionamento que qualquer aumento de
produtividade é justificável. Como vc afirmou, afinal "foi
sempre assim, desde a Revolução Industrial". Hoje em dia, nunca
se produziu tanto em termos de alimentos e bens materiais, entretanto,
nunca se viu tanto sofrimento,
fome, pobreza, violência e exclusão. Mesmo nos EUA, a concentração
de renda é cada vez maior! O modelo atual conduz à concentração...
O capitalismo tradicional funcionou bem até agora por que ele depende
essencialmente do crescimento. Enquanto há demanda reprimida,
mercados virgens ou segmentos desatendidos, o sistema tradicional
funciona bem pois todos podem ganhar com relativamente pouco esforço.
Mas, hoje em dia, os mercados já estão liberalizados, globalizados e
saturados. A
crise atual do sistema capitalista é muito mais profunda e desafiará
a sua essência: O empreendedorismo tecnológico...
Diferentemente do empreendedorismo de outrora, acredito que o novo
empreendedorismo deverá se organizar sob a forma de pequenas
cooperativas de trabalho (= todos são acionistas da empresa),
combinando especialização e terceirização com responsabilidade
social, tanto externamente (equilíbrio ecológico) e internamente
(qualidade de vida).
Daí, com a disseminação de um novo modelo, poderá surgir um
capitalismo renovado e humanizado!!! A indústria de software parece
ser a mais fácil de testar tal idéia pois as barreiras de entrada
praticamente desapareceram com o Java, Linux, Apache e mySQL.
Quanto ao Brasil, certa vez, um gringo americano visitando o Rio me
comentou que a melhor definição de Brasil era "amadorismo"
pois aqui:
(a) os traficantes são viciados em drogas;
(b) os cafetões são apaixonados pelas
suas "profissionais"; e
(c) estas, por sua vez, copulam de
verdade com os clientes! Se nossa geração não aproveitar a janela
atual de oportunidade para empreendedorismo tecnológico em software e
biotecnologia, então o gringo poderá estar certo!
Abraços,
Marcelo Arakaki.
Nota: Perdão pelo tom passional do último parágrafo!
Marcelo
pergunta: - "Onde estamos nós???" E responde (1)
----- Original Message -----From: mla
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Tuesday, January 13, 2004 2:47 AM
Subject: [wireless.br]
Olá ComUnidade WirelessBrasil.
Marcelo Arakaki escrevendo:
A minha geração (1980) cresceu ouvindo que "informação é
poder"... e, conseqüentemente, riqueza! Por todos os lados,
havia jornais, revistas e livros abordando a tal "Era da Informação"
ou a nova "Sociedade da Informação"... A ênfase na informação
era muito forte porque, na época, era muito cara.
As tecnologias disponíveis cobravam tarifas muito caras
pelo transporte da informação e as operadoras de longa distância eram
as grandes estrelas do mercado. As redes de telecom começaram a ser
digitalizadas, mas, além de baseadas em circuitos, eram
essencialmente fixas e facilmente custavam em torno de U$1.000 por linha
de investimento das grandes operadoras estatais. Acredito que foram os
melhores anos da indústria de telecom para Ericsson, Lucent, Nortel,
Alcatel, Nec, Siemens...
Hoje, percebemos que, na verdade, o acesso à informação é que era
muito caro, e não o seu conteúdo em si.
Na década de 1990, as redes começaram a se transformar de circuito
para pacote (fenômeno chamado "paquetização") e vimos
a consolidação das redes IP e da Internet. Acredito que foram os
melhores anos da indústria de datacom para Cisco, Bay, 3Com... O preço
do transporte de dados ficou muito mais barato.
Tendo em mente a idéia de diminuir margens e ganhar no volume (fenômeno
de "universalização" ou "democratização"), o
acesso à informação tornou-se relativamente barato e confortável com a
Internet residencial.
Notamos então que "informação é poder em potencial".
A capacidade de manipulação da informação é que representaria o
poder. Comentava-se num novo período: a tal "Era do
Conhecimento".
Não bastava ter quantidade de informação, mas sim qualidade. Saber onde
encontrar a informação correta e precisa seria o mais importante. Vários
estudiosos afirmavam que "conhecimento é poder"...
Entramos no Novo Milênio e, em termos práticos, entendemos que tanto a
informação quanto o conhecimento de nada servem se não tomamos
alguma ação logo em seguida!
Todo o esforço admirável do nosso querido e incansável Hélio Rosa em
coordenar, organizar e moderar nossa comunidade tem um propósito maior do
que apenas democratizar informação e conhecimento: Avançar para uma
nova era de prosperidade e humanidade para todos.
Então, concluímos que estamos vivenciando uma nova era.
Para alguns, poderia ser a "Era do Desemprego" (vide a inscrição
de 500.000 brasileiros para cada concurso público).
Mas, para outros (corajosos, visionários e ambiciosos) poderá ser a
"Era do Empreendedorismo". Ou seja "Inovação é realmente
poder pleno"!
Para nossa comunidade da WirelessBrasil, seria ainda mais específico ao
adicionar um adjetivo: "Era do Empreendedorismo Tecnológico".
Nossa comunidade, que tanto defende as novas tecnologias, possui um débito
social (= pecado original) pois a tecnologia gera mais desemprego e,
por conseguinte, violência urbana, do que cria novos postos de trabalho e
paz social.
Quem gosta de Linux e já leu "Catedral e Bazar" já entendeu o
meu ponto, mas, eis um exemplo bem direto: Cada automação de
força de vendas significa aumento individual da produtividade e menor
quantidade de vendedores em campo!
Não sou contra a Tecnologia, Ciência ou Engenharia, nem contra as
empresas de FFA (field-force automation), mas apenas estou despertando
essa consciência ampliada de nossas responsabilidades.
Dentro da lógica do paradigma científico dominante (= positivista,
funcionalista, mecanicista, instrumentalista, utilitarista, materialista,
individualista, ...enfim, egoísta), tecnologia e engenharia otimizam os
processos (da empresa), aumentam a produtividade (dos funcionários) e
maximizam os lucros (dos acionistas)... mas causam desemprego.
Por isso, mais do que nunca, Tecnologia, Ciência e Engenharia devem ser
utilizadas para empregar!
Segundo dados de uma ONG internacional, os benefícios que o
empreendedorismo tecnológico pode trazer ao Brasil são imensos.
Nos EUA, empresas inovadoras, recém criadas, foram responsáveis por 90%
dos empregos nos últimos vinte anos, 95% das inovações radicais e 50%
das inovações tecnológicas desde a 2ª Guerra Mundial.
No Brasil, as pequenas empresas também têm um papel igualmente
importante, representando 98,7% das empresas brasileiras e criando 96% dos
empregos nos últimos 5 anos!!!
Existem muitos nichos e oportunidades de mercado em wireless com
faturamento de R$1M por ano com margens >30% (!!!) que não interessa
às grandes empresas, mas pode significar a independência financeira de
um grupo ou cooperativa.
Os empregos serão cada vez mais raros em todas as áreas, mesmo com a
meteorologia prevendo a formação de uma nova onda com o Wi-Fi na área
Wireless...
Ontem foi a vez dos engenheiros para construir as redes CDMA e GSM numa
indústria emergente.
Hoje é a vez dos marketeiros para adquirir e fidelizar os clientes numa
indústria madura. Amanhã será a vez dos advogados para defender processos
numa indústria declinante... A única saída são os três "E":
Estudar, Empreender e Empregar! (e quem sabe, chegar
ao quarto "E": Enriquecer!).
Abraços,
Marcelo Arakaki.
OPINIÃO SOBRE A REGULAMENTAÇÃO DO USO DE VoIP
----- Original Message -----
From: mla
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Saturday, May 31, 2003 1:02 AM
Subject: RES: [wireless.br] Já que o assunto é VoIP...
Pergunta:
Aproveitando a deixa, existe um equipamento (www.ipmental.com.br) muito barato para fazer VoIP na Internet, funciona apenas entre equipamentos da mesma marca e fixos, ou seja, posso ligar apenas para que tem o equipamento igual ao meu instalado na outra ponta. Ideal para empresas que possuem várias filiais e unidades espalhadas pelo Brasil e Mundo. Estamos utilizando na nossa empresa (matriz e filial), com ADSL 256KB e eh simplesmente show de bola, nitidez sonora, não existe "corte" de voz, muito bom mesmo. .... Mas gostaria de uma informação dos amigos de operadoras, ou que tenham mais conhecimento, este tipo de uso do VoIP, fere alguma lei, se ela existe ou existir?
Marcelo Arakaki escrevendo:
Não sou advogado, mas gostaria de "arriscar" algumas colocações provocativas na lista pois sabemos que temos grandes experts em regulamentação entre nós.
Entendendo que a regulamentação define as regras-do-jogo entre as partes interessadas sobre um tema de interesse público, é fácil de entender por que as telefonia de voz é fortemente regulamentada: Além das chamadas de emergência (polícia, hospital, bombeiro), a telefonia é uma infra-estrutura básica e estratégica para a competitividade de um País pois encurta as distâncias e agiliza os negócios.
Outrossim, uma vez que as telecomunicações precisam de um meio físico (planos-de-freqüência pra celular, direito-de-passagem pra fibra-ótica, etc) para se apoiar, então, a regulamentação é necessária para
estabelecer concessões, autorizações e permissões de uso para a iniciativa privada. Outros pontos a favor são a inter-operabilidade, a defesa do consumidor (indicadores de qualidade de serviço tais como completamento de chamada, queda de ligação, número de reclamações) e o controle de preços, planos e tarifas.
Por outro lado, a totalidade das grandes empresas já estão conectadas em banda-larga à
web. Tais empresas perceberam que uma parte significativa de suas despesas de telecomunicações era devido a chamadas telefônicas internas, seja entre a matriz e suas filiais, ou entre departamentos de uma mesma empresa.
Nesse contexto de ambiente controlado, seria possível então montar uma rede IP corporativa que garantisse o QoS (= qualidade de serviço) para os pacotes de
VoIP.
Assim, perda de pacote, atraso (<150ms) e jitter seriam gerenciados internamente pela empresa para assegurar que um telefone-IP
(VoIP) tenha uma qualidade de conversação próxima à qualidade de telefonia (PCM30) mas a um custo muitíssimo menor (pois IP desconhece longa distância DDD ou DDI).
Portanto, o VoIP para "uso restrito" (corporativo) está fora de regulamentação pois não há interesse público envolvido. O interesse é claramente privado: reduzir despesas com ligações
DDD/DDI unificando as redes corporativas de voz e dados.
A partir do momento que as pequenas e médias empresas também passem a adotar o
VoIP, atingindo massa crítica para viabilizar o VoIP residencial, aí sim a regulamentação passará a ser necessária para impor que as chamadas de emergência possuam máxima qualidade de serviço (com tarifa especial). Nota: Uma ligação VoIP residencial comum não precisaria pagar
DDD/DDI, certo?! E o que vc acha de uma ligação VoIP celular em 2.4GHz (banda não-licenciada ou faixa livre)? O
"roaming" Wi-Fi em nível-2 e nível-3 já é possível? Vc já viu o celular IP da Cisco?
[]´s
Marcelo Arakaki.
OPINIÃO SOBRE A UTILIZAÇÃO DO "MOBILE EMAIL"
----- Original Message -----
From: mla
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Friday, May 30, 2003 12:28 AM
Subject: RES: [wireless.br] Envio de E-mails... [era Mobile Email]
Pergunta:
Sem dúvida, o e-mail é a aplicação mais importante do nosso mundo hoje. Uma curiosidade que tenho é se o usuário comum usa seu celular para enviar e-mails. É feito via WAP, não é? Funciona bem? Muita gente faz isto? Também queria saber se existem produtos específicos para que os colaboradores de empresas possam enviar e-mails pelo celular.
Marcelo Arakaki escrevendo:
Após a 1.a onda (= mainframe) e a 2a. onda (PC), o email-web (= tradicional) é uma das mais valiosas aplicações trazidas pela 3a. onda (= Internet). Hoje em dia, dificilmente conseguiremos viver sem o email...
Por outro lado, quanto ao mobile-mail, eu diria que depende fundamentalmente de dois fatores:
(a) terminais sofisticados e baratos;
(b) usos e costumes dos usuários.
Considerando terminais simples (= tela pequena e monocromática) com tarifação por tempo de conexão, então seguramente os usuários utilizarão os mecanismos básicos de alertas SMS e respostas padronizadas, como é
nossa realidade agora no Brasil. Por outro lado, considerando terminais mais sofisticados (= tela grande e colorida) com tarifação por pacotes, então os usuários poderão realmente "escrever" pequenos emails de
resposta, tal como é no i-Mode japonês (= o SMS não existe no Japão, lá só tem mobile-mail!).
O padrão utilizado hoje no Brasil para "escrever" um email de resposta pode ser:
(a) via teclado (12 teclas) de um terminal celular SMS/WAP (uns R$500) com tarifação por conexão (TDMA/GSM/CDMAOne) ou por pacote (GPRS/1XRTT);
(b) via miniteclado alfanumérico ou reconhecimento de escrita (Grafiti) de um PDA+celular (uns R$1800) com tarifação por pacote;
(c) idem através PocketPC (uns R$4500) tb com tarifação por pacote.
Quanto a usabilidade do mobile-mail na condição de mobilidade, todos nós recebemos em média dezenas de emails por dia, mas apenas alguns são realmente muito importantes. Devido às limitações tecnológicas atuais,
podemos aceitar que a entrada de dados no celular ainda seja complicada, mas, quando estivermos fora do escritório ou longe de casa, pelo menos nós gostaríamos muito de sermos avisados sobre os críticos emails
parados em nossa caixa postal... Os alertas de email e compromisso do Mobile-Desktop são a essência da proposta-de-valor inicial da nTime.
Opcionalmente, o mobile-mail pode oferecer leitura dos anexos do email, acesso aos documentos do PC, impressão local via fax, re-envio do email para lista de contatos, WAP-Push, etc.
Com o ritmo alucinante de nosso dia-a-dia, é muito comum chegar despreparado pra uma reunião (estava atrasado ou deixou um documento em casa) ou esquecer um compromisso pessoal (vai ter de comprar um presente caro pra ela) ou ignorar um email importante por ausência do escritório (vai perder uma oportunidade de chegar antes do concorrente). Com o mobile-mail você poderá aumentar sua produtividade profissional e
pessoal, bastando ter um terminal celular comum (SMS/WAP)!!!
O melhor de tudo: Com o nTime Mobile-Desktop, você pode ter um mobile-mail por apenas R$0,19 por dia!!! Tenho certeza que a sua produtividade vale muito mais do que isso!!!
Abraço,
Marcelo Arakaki.
COMENTÁRIOS SOBRE MOBILE EMAIL
From: mla
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, May 29, 2003 12:21 AM
Subject: RES: [wireless.br] Mobile Email
Olá ComUnidade WirelessBrasil.
Marcelo Arakaki escrevendo.
O tema mobile-email é motivo de muita satisfação pra comunidade brasileira de desenvolvedores pois, atualmente, as soluções tupiniquins não deixam nada a dever pra nenhuma solução estrangeira. Assim, não resisti à tentação de acrescentar de forma bem simplificada alguns comentários ao capítulo
VAS - Mobile
Mail, escrito pelo colega Virgílio Fiorese:
(a) Tipos de Mobile-Mail:
Considerando a sincronização ou acesso à rede, podemos classificá-los em dois grandes grupos, off-line e on-line.
. As soluções off-line são aquelas que requerem um ponto fixo para acessar os novos emails tais como os organizadores pessoais (modelos simples de PDAs fabricados pela
Palm, Compaq, Sony).
. As soluções on-line são aquelas que possuem um modem celular (ex: GSM/GPRS ou
CDMA/1XRTT ou Mobitex) para acessar seu computador pessoal ou, até o próprio servidor de
email, visando acessar os novos emails em qualquer lugar/hora (desde que haja cobertura celular).
No caso on-line, há soluções para todos os tamanhos de bolso, desde o mais barato (via SMS), passando pelo WAP (médio baixo), pelo MExE
BREW/Java2ME (médio alto), até o mais caro (via OS embarcados como
Symbian, PocketPC e uLinux).
(b) Funcionalidades disponíveis para mobile-mail on-line:
Naturalmente, as funcionalidades dependem do tipo de terminal do usuário.
Com um terminal celular comum, o SMS permite alertar o usuário sobre emails e compromissos importantes, além de ler o email em blocos de 150 caracteres (= tamanho de cada SMS).
Com um celular WAP, adiciona-se o acesso a documentos do PC.
Com um terminal BREW/Java, adiciona-se interface gráfica ao menu. Até este ponto, o recebimento de informação (sentido servidor-usuário) e sua manipulação são simples, mas a entrada de dados, para escrever um email (sentido usuário-servidor), ainda é complicada.
E finalmente, com um terminal integrado, adiciona-se o conforto da fácil entrada de dados (via pequeno teclado ou identificação de escrita
"Grafiti").
(c) Alternativa ao email corporativo
Tentando criar uma alternativa ao email corporativo (tipicamente Microsoft Outlook ou IBM
Lotus/Notes), a Openwave (dona de 80% do mercado brasileiro de WAP-gateway) e a
Logica/CMG (dona dos outros 20%) oferecem em sua plataforma um email pessoal associado ao celular do usuário. Trata-se de uma solução para email pessoal (= particular), mas não integrada ao email corporativo. Em resumo, essa solução é um mobile-mail pessoal.
(d) Uma solução brasileira
Reconhecendo que a grande maioria dos brasileiros possuem um celular comum (com SMS e, eventualmente, WAP) e possuem email corporativo MS Outlook, a software-house carioca nTime Mobile Solutions desenvolveu o Mobile-Desktop em
Linux/Java/C++ com as funcionalidade básicas de alerta/leitura de emails e compromissos, sincronizado on-line com o MS Outlook (corporativo ou pessoal) do usuário.
Os diferenciais do Mobile-Desktop brasileiro são: alertas de email e compromisso em
WAP-Push, leitura textual de arquivos anexos (.doc, .xls, .ppt, .pdf e .txt), acesso a arquivos compartilhados (no PC do usuário ou na pasta-virtual do servidor da aplicação), impressora virtual em fax local.
O Mobile-Desktop é uma novidade SMS/WAP mundial, conforme atestou a Vivo-SP em sua nota explicativa sobre serviços
VAS, nas demonstrações financeiras publicadas na Gazeta Mercantil no 1Q2003; e em seu livro "A Revolução da Mobilidade", lançado recentemente).
Em nov/2002, a revista Info Exame declarou que o Mobile-Desktop é seguramente um dos melhores serviços de valor agregado via celular disponível no Brasil. Vejam o simulador no site
www.ntime.com.br
Desculpem o final marketeiro-de-produto, mas cada dia acredito mais que o futuro do Brasil é software devido à sua baixa barreira relativa de entrada, ao seu elevado poder de criação de valor, à sua grande facilidade de exportação, à sua forte inclinação ecológica e à vocação criativa dos desenvolvedores
brazucas!!!
Abraços a todos,
Marcelo Arakaki.
Royalties em CDMA
----- Original Message -----
From: mla
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Saturday, March 15, 2003 10:08 PM
Subject: [wireless.br] Duvidas sobre royalties em CDMA...
Comentário postado na fórum:
Desta maneira, independentemente de tudo o que exista em termos de comutação, serviços de valor agregado, etc, etc, se um padrão tecnológico utiliza o CDMA em sua interface ar (e tanto CDMA2000 quanto W-CDMA o fazem), ele irá pagar royalties à Qualcomm, que detém a patente sobre esta tecnologia. No meu entender, ambos os padrões utilizam o CDMA na mesma proporção, estando igualmente fadados aos Royalties da Qualcomm.
De forma muito simplificada, podemos dizer que o meio "ar" é um recurso natural, de propriedade do governo e licenciada às Operadoras. O
"ar" é o meio que suporta as comunicações sem-fio (wireless). Quando há muitos usuários para utilizar o mesmo meio, então é necessário utilizar técnicas de acesso múltiplo a esse meio (para evitar "colisão" dos sinais). Considerando as tecnologias da moda, temos várias "técnicas" sendo utilizadas comercialmente hoje em dia, por exemplo:
- acesso múltiplo por divisão em freqüência (FDMA). Ex: padrão analógico
AMPS.
- acesso múltiplo por divisão no tempo (TDMA). Ex: padrão digital IS-136 (EUA) e GSM (Europa).
- acesso múltiplo por divisão de código (CDMA). Ex: padrão digital IS-95A (EUA) e 1XRTT (Coréia).
- acesso múltiplo por deteção de portadora (CSMA). Ex: padrão Ethernet (10baseT).
(Em teoria de Comunicação-de-Dados e Redes-de-Computadores você poderá entender melhor sobre tecnologias de
acesso. Em teoria sobre Transmissão-de-Sinais você poderá entender melhor sobre técnicas de
modulação)
Em particular sobre o CDMA, tal técnica de acesso múltiplo foi desenvolvida por Viterbi na 2a. Grande Guerra e foi liberada para uso comercial ao final da década de 1980, ao completar 40 anos... Matematicamente falando (Álgebra
Boolena), o CDMA utiliza códigos binários (longas seqüências de "0" e "1") com propriedades
ortogonais com relação à operação lógica "XOR" (ou-exclusivo). Tais códigos foram descobertos por
Walsh, mas foi o Dr. Viterbi quem as aplicou em
transmissão-de-dados, patenteando a "metodologia" CDMA e fundando a
QualComm.
A principal característica técnica do CDMA é alcançar a mais elevada eficiência
espectral, isto é, permitir a transmissão de mais dados (kb/s) para a mesma licença de freqüência. O CDMA é ideal para a transmissão de dados em alta velocidade, daí o 3G
(IMT-2000) adotá-la na interface aérea, tanto na versão européia (W-CDMA, que corresponde apenas à interface aérea do padrão
UMTS) como na americana (cdma2000). A coordenação do W-CDMA é feita é realizada pelo 3GPP (3G Partnership
Project) e do cdma2000 pelo 3GPP2.
Sobre o padrão IS-95, a QualComm materializa sua patente nos chipsets
CDMA, utilizados nos terminais celulares e nas estações rádio-base (ERBs). Assim, todos os fabricantes de terminais e redes celulares que adquirem tais chipsets
CDMA, estão pagando os royalties pra QualComm (alguns dólares por chip), seja um chipset da própria QualComm (famílias MSM3000, MSM5000 ou MSM6000) ou fabricados por terceiros sob licença da
QualComm. Estimo que a parte da QualComm é uns <5% do valor final do terminal e <1% da rede celular.
Sobre o padrão W-CDMA, as maiores patentes estão entre Nokia, Ericsson, Siemens e NTT
Docomo. Mesmo assim, a QualComm ainda possui uma pequena participação pelo uso da "técnica"
CDMA. Cabe destacar aqui que o UMTS é uma confusão de patentes e, atualmente, há centenas de empresas reclamando sobre milhares de patentes do
UMTS.
Comparando com as tecnologias de computação, o UMTS jamais pode ser chamado o
"Linux" das tecnologias celulares pois o primeiro envolve milhares de patentes e equipamentos
caríssimos, enquanto o segundo é totalmente gratuito (= código aberto, sem patentes ou direitos autorais).
O caso do T-SCDMA (um híbrido entre TDMA e CDMA) é muito interessante... Ainda que os pesquisadores chineses sejam bem sucedidos, os chamados royalties afetarão apenas <5% dos terminais e <1% da rede celular (= minha estimativa pessoal). Mas, no final, quem lucrará com os terminais e as redes? Resposta: serão as mesmas empresas multinacionais de
telecomunicações (Nokia, Sony/Ericsson, Samsung, Siemens,
Lucent, Motorola, LGE, NEC, Logica/CMG), de
chips (QualComm, Intel, AMD, Matsushita, Schumlerger, Texas
Instruments) e de
software (MS, IBM, Oracle, Openwave, Sega, Nintendo). Pior ainda, a China ficará isolada (sem
roaming) do resto do mundo!!!
[]´s
Marcelo Arakaki.
Anatel e Vesper: Marcelo explica o contexto e emite sua opinião
Nota do Coordenador do Site:
O Jornalista Luis Nassif publicou em sua coluna no Estadão algumas matérias sobre a Anatel e a Vesper
[Miro quer competição (27/fev/03) -
A encrenca do 1.9 GHz (01/mae/03) -
3G é decisão do governo (11/mar/2003) -
A responsabilidade da Anatel (13/mar/03). Houve muita repercussão no fórum dos Grupos. Nestas duas mensagens, o Marcelo explica o contexto e emite sua opinião.
----- Original Message -----
From: mla
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br ; lnassif@uol.com.br
Sent: Thursday, March 13, 2003 3:02 AM
Subject: RES: [wireless.br] Re:RES: Critica construtiva à sua coluna de hoje na Folha...
Prezados Courtnay, LNassif e WirelessBR.
Marcelo Arakaki escrevendo.
(a) Observando o lançamento do plano de serviços móveis corporativos da TIM-Brasil, notamos dois pontos muito interessantes:
(1) chamadas locais gratuitas entre dois celulares da mesma conta corporativa, imitando as chamadas entre ramais (da telefonia fixa) de uma mesma empresa.
(2) tarifa de chamada local em todo território nacional, sem cobrar deslocamento, imitando o uso de telefone público para chamadas locais.
(b) Observando o interesse-de-tráfego das chamadas da rede celular, notamos outra tendência muito interessante: Em 1998, o tráfego móvel-móvel (intra-rede) era 5% e móvel-fixo era 95%. Atualmente o tráfego intra-rede cresceu para uns 20% e deverá atingir 50% em poucos anos... Isso sinaliza que o aumento da penetração do serviço móvel está fazendo com que as pessoas usem cada vez mais os celulares e menos os telefones fixos.
Conseqüentemente, o volume das interconexões entre redes fixas e móveis tenderá a cair... levando as tarifas das chamadas móveis intra-rede a se aproximar da tarifa das chamadas fixas!!! Nota: reparemos nas recentes
campanhas das Operadoras celulares sobre as chamadas gratuitas intra-rede...
(c) Baseado nas observações anteriores, facilmente chegamos a uma premissa muito importante em telecom atualmente: Não sabemos como evoluirá a telefonia fixa, mas certamente o futuro reserva um lugar muito especial para a telefonia móvel. Sem mencionar a potencialidade do m-Commerce (transformar seu celular em dinheiro-eletrônico), do LBS
(location-based services) e das redes Wi-Fi com VoIP (i.e. voz-sobre-IP em redes celulares de dados de alta velocidade)...
(d) Uma vez que a Anatel estabeleceu que a empresa espelho das poderosas incumbentes da telefonia fixa (Telefônica, Telemar e BrT) poderia adotar o WLL em
1.9GHz (parte baixa da faixa) com um plano-de-freqüências idêntico ao PCS americano (das Operadoras americanas Verizon e
Sprint), a Vesper (QualComm) naturalmente se interessou nessa oportunidade. Assim, o WLL seria a grande opção pois respeitaria a premissa do item anterior e permitiria à rede fixa da espelho evoluir suavemente (na mesma banda) para contemplar a multimídia-móvel com 3G em CDMA2000
(1X-EVDO), sem correr o risco de enterrar cobre (e dinheiro) num complicado jogo de direito-de-passagem pelas caóticas e congestionadas ruas brasileiras (sem mencionar a problemática do
"unbundling").
(e) Por outro lado, a Anatel, ao estabelecer o plano-de-freqüência das faixas das bandas C/D/E e 3G em, respectivamente,
1.8GHz e 1.9GHz (parte alta da faixa), praticamente também definiu a tecnologia a ser usada no País. Quero dizer que, apesar da Coréia ter CDMA em
1.8GHz, o plano-de-freqüência coreano é diferente do brasileiro. Isto é, a faixa-de-freqüência e seu plano definem sim a tecnologia a ser aplicada!!!
Plano-de-freqüência e tecnologia estão intimamente ligados. É uma ingenuidade afirmar que a Anatel define apenas as faixas de freqüência mas não define a tecnologia!!!
(f) Liberar a mobilidade na banda de WLL da Vesper não significa inviabilizar o 3G dos europeus
(UMTS), mas apenas limitar a uma única licença a ser compartilhada (infra-estrutura) pelas Operadoras
GSM. A licença única de UMTS é viável pois se concentrará em focos de cobertura
(hot-spots)... Se o GPRS está disponível em apenas algumas capitais brasileiras, então, como será o
UMTS? Igualmente, o 1X-RTT (das Operadoras CDMA) também só está disponível em algumas cidades brasileiras...
(g) Por último, com ciclos tecnológicos cada vez mais curtos, regular significa criar regras muito flexíveis de forma a manter o modelo funcionando. "Alguém" já disse uma vez: "Para ser justo, é necessário ser parcial". Em 1997, as Operadoras da banda-A
(incumbentes) tiveram de esperar um ano para digitalizar suas redes analógicas
(AMPS), favorecendo as Operadoras da banda-B. Da mesma forma, a fim de estabilizar suas operações e
conquistar espaço, as espelhos Vesper e GVT têm de desfrutar de mais privilégios que as
incumbentes. Do contrário, teremos um monopólio privado no Brasil. Mais do que as
regras-do-jogo, o mais importante é preservar o modelo de privatização brasileiro:
(i) Universalização dos serviços: para "democratizar" o acesso à informação.
(ii) Competição entre operadoras: para garantir um preço "justo" pelos serviços.
Abraços,
Marcelo Arakaki.
PS: Olá, ....., os mesmos "gringos" que questionam a seriedade da Anatel deveriam antes questionar por que a CIA fortaleceu o Saddam na época dos
ayatolás, por que a Dama-de-Ferro ajudou na construção das fábricas de armas biológicas, por que os EUA não assinaram o Protocolo de
Kyoto, por que ENRON e MCI fraudaram seus balanços, por que a Vivendi está vendendo seus ativos, por que eles subsidiam produtos agrícolas nacionais, por que evitam falar sobre a rodada do Uruguai na
OMC, por que há tantos "serial-killers" em seus países,... MA
"A Anatel contra o CDMA"
Nota do coordenador do site:
"A Anatel contra o CDMA" é o título de uma crônica do jornalista Ethevaldo Siqueira publicada no jornal Estadão
(http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2003/02/09/eco031.html) que gerou comentários no fórum.
----- Original Message -----
From: mla
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Sunday, February 09, 2003 3:26 PM
Subject: RES: [wireless.br] "A Anatel contra o CDMA"
Perguntas (entre outras):
1.. Em junho de 2000 não "ficou combinado" que a faixa de 1.8 Ghz seria da então banda C e que a 1.9 Ghz seria destinada no futuro à ainda utópica 3G? O futuro chegou?
2. Todos nós, inclusive os participantes do Grupo WirelessBr, não comemoramos a "escolha acertada"? O que mudou?
Olá,WirelessBR.
Marcelo Arakaki escrevendo:
Tentarei responder às suas perguntas...
Um dos recursos mais importantes em celular é a faixa de freqüência pois permite à Operadora utilizá-lo como meio de transporte dos bits de voz e dados via uma interface aérea...
No mundo, as tecnologias de rede celular se apoiaram em faixas de freqüência padronizadas segundo interesses de blocos econômicos.
O sucesso do sistema analógico americano AMPS na década de 80, garantiu a introdução do plano de freqüência americano em 800MHz nas Américas, incluindo o Brasil em 1989 (= início das licitações celulares da
ex-Telebrás).
A Comunidade Européia e a necessidade de roaming na Europa na década de 90, garantiu uma enorme reserva de mercado pro 2G europeu (= GSM) em 900MHz e
1.8GHz.
Por outro lado, ainda na década de 90, a UIT e o WARC buscavam reservar a faixa de
1.9GHz~2.1GHz para o 3G (= IMT-2000 ou FLMTS) cujas duas principais características seriam roaming mundial e multimídia móvel.
Uma vez que a Europa buscava seriamente manter sua liderança tecnológica em celular (pois os EUA dominam em sistemas-operacionais,
internet-browsing, banco-de-dados, handhelds, etc), as especificações do UMTS favoreciam demais as patentes européias pois se apoiavam na sinalização MAP (= equivalente ao IS-41C do celular americano).
Assim, contrariando a reserva da faixa do 3G da UIT, o FCC americano realizou um leilão do PCS em
1.9GHz em meados da década de 90...
A decisão da Anatel em jun/2000 de adotar o SMP em 1.8GHz foi muito aplaudida pois permitiria a entrada do grupo europeu no Brasil
(Siemens, Nokia e Ericsson) de forma mais forte.
Agora, a decisão da Anatel em jan/2003 de "segurar" o CDMA da Vésper (patrocinado por QualComm e
Lucent) poderia ser interpretado da seguinte forma: O GSM/GPRS está ainda se consolidando no Brasil... e o grupo europeu (com as novas Operadoras GSM) precisa de tempo para recuperar os investimentos em
GSM.
Nota: O crescente CDMA possui 30% da base de assinantes, enquanto o complicado TDMA possui 60%, o estreante GSM possui 6% e o moribundo AMPS apenas 3% no Brasil. Favorecer o CDMA agora poderia significar um duro golpe no
GSM... Por enquanto, cabem aos lobbistas e advogados de cada lado se esforçarem para defender suas posições na
Anatel. Entendo que, no pior caso, a Vésper estará oferecendo mobilidade em
1X-EVDO em 2005, ou seja, o GSM/GPRS/EDGE tem uns 02 anos de prazo...
Sobre o SMP, cabe lembrar que qualquer Operadora poderá migrar de SMC (= atual) para o
SMP, sem estar vinculado ao GSM em 1.8GHz, bastando aceitar as regras do SMP da
Anatel: Introduzir o CSP (= código de seleção de prestadora, de longa-distância nacional e internacional).
Em compensação, a Operadora do SMP estará livre para recompor sua base acionista, desde que se evite abuso de poder econômico (= concentração de licenças de concessão, autorização ou permissão na mesma região geográfica, caracterizando monopólio privado).
As Operadoras GSM já nasceram SMP (Oi, TIM e T.Américas).
A BrasilCel migrou para poder realizar a fusão Telesp-Celular, Global
Telecom, TCO-Celular com a Telefônica-Celular e TeleBahia-Celular...
Obs: O que é 3G? A Maria Luiza já abordou esse assunto num email excelente em 05.fev.2003.
Abraço a todos,
Marcelo Arakaki.
Cobertura nacional em CDMA: Realidade Objetiva ou Ficção Científica?
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From: mla
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, January 16, 2003 8:04 PM
Subject: [wireless.br] Cobertura nacional em CDMA: Realidade Objetiva ou Ficção Científica?
Pergunta:
Sobre esse item específico, não consegui ver que essa realidade se mostrou mais "objetiva" (embora espero que aconteça). Pode explicar como o resultado dos leilões vai acelerar a cobertura nacional em 1X EVD0?
Prezado ...
...E agora, está clareando a "realidade objetiva" da cobertura nacional em
CDMA? O alcance da combinação da nova BrasilCel (Telesp-C, Telefônica-C e
TCO-C) com a Vésper (licenças SMP para região NE) já permite cobrir todo o Brasil. Para encerrar com chave-de-ouro a estratégia CDMA seria interessante a
BrT+TelemigC também adotar o CDMA, de forma que as principais regiões econômicas do nosso País tivessem a vantagem de cobertura 2.5G na banda de 800MHz. (Nota: Enquanto o GPRS em
1.8GHz necessita de 1000x BTS para cobrir uma determinada área geográfica, o 1XRTT em 800 MHz necessita de apenas a metade!!!).
Sem o CDMA, teríamos apenas 03 grandes grupos com roaming nacional: TIM, Oi e Telecom Américas (todas
GSM/GPRS). Com o CDMA, temos agora a BrasilCel em condições mais iguais de competição... Sem o CDMA (1XRTT), o mercado de trabalho diminuiría no Brasil e o aspecto tecnológico nas Operadoras (leia-se, trabalho pra os engenheiros) perderia muito de sua graça!
Viva a BrasilCel pela aquisição da TCO-C. Viva a TIM pela conquista das licenças SMP e pelo início das operações
GSM/GPRS. Viva a fantástica Oi por demonstrar que ainda existe muito espaço de crescimento no Brasil. Viva a T.Américas pelas licenças de
SMP... E viva esse nosso Brasil: De misturas de raças, religiões e tecnologias!!!
Marcelo Arakaki.
Comentários sobre a negativa da Anatel aos pedidos da Vésper e BrT
----- Original Message -----
From: mla
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, February 13, 2003 10:52 PM
Subject: [wireless.br] Anatel contra o CDMA: CDMA vs GSM... (ou seria melhor 1XRTT vs GPRS?) - parte 2. Olá WirelessBR,
Marcelo Arakaki escrevendo:
Minha opinião sobre essa guerra de padrões entre CDMA e GSM já foi apresentada em mensagem ao grupo WirelessBR em 20.nov.2002.
Eis meus comentários sobre a negativa da Anatel aos pedidos da Vésper e BrT:
(a) A faixa de freqüência do UMTS é 1.9GHz~2.1GHz ("core-band"), definida pelo WARC em 1992! O WLL (CDMA-One ou IS-95A) da Vésper está posicionado na parte baixa de 1.9GHz, coincidindo com uma pequena parte da faixa recomendada do UMTS. Tal coincidência reduz atualmente a disponibilidade de espectro no Brasil a apenas 02 licenças UMTS de uns 15MHz de largura de banda. Assim, no Brasil de hoje, teríamos apenas 02 licenças de UMTS com 03 portadoras WCDMA de 5MHz. Poderíamos chamar tais licenças de bandas F e G
(1.9GHz~2.1GHz), em continuidade às bandas existentes A/B (800MHz) e C/D/E (1.8GHz).
(b) Pelo desenho atual das Operadoras brasileiras, temos 03 grandes grupos GSM: Oi (Telemar/ Opportunity), TIM (Telecom Itália / Pirelli) e T.Américas (América Móvil / Carlos Slim). A fim de viabilizar o caminho de evolução do
GSM ao UMTS para as três Operadoras (e aos fabricantes GSM), seria interessante pra Anatel ter também três licenças UMTS no Brasil... Leiloar 03 licenças é mais rentável do que leiloar apenas 02 licenças! Assim, o WLL
da Vésper está atrapalhando...
(c) Por outro lado, observando os desdobramentos dos leilões bilionários de licenças UMTS na Europa, chegamos a algumas conclusões ainda mais interessantes: devolução de várias licenças e adiamentos para 2004/2005.
Existem muitos contratos de UMTS, mas poucas implementações! O investimento em redes UMTS é extremamente caro, levando várias operadoras européias a desistir ou a compartilhar infra-estrutura. O retorno do investimento ficou ainda mais duvidoso com os "bugs" das especificações técnicas do UMTS ("releases" 1999/2000...) e a chegada das tecnologias WiFi, Bluetooth e ZigBee (em faixas não-licenciadas em 2.4GHz). Pra piorar ainda mais, dizem as más línguas que as especificações do UMTS foram "sabotadas" para dar tempo a alguns fabricantes GPRS para recuperar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento... (mas isso é pura especulação).
(d) Outrossim, no Japão, observando a enorme lentidão da aceitação do WCDMA (FOMA) da NTT Docomo frente ao sucesso do 1XRTT (cdma2000) da KDDI/au, entendemos o erro técnico histórico do UMTS: Em termos de interface aérea, o UMTS não é "backward-compatible" com o GSM/GPRS, tanto em faixa de freqüência (1.8GHz vs 1.9GHz~2.1GHz) como em tecnologia de acesso (GSM é um tipo de TDMA e UMTS é W-CDMA). Em termos práticos, essa incompatibilidade encarece o terminal UMTS pois precisa ser dualmode (GSM e UMTS) e dualband.
Nota: Um terminal puramente UMTS não funcionaria fora do spotlight de cobertura de uma microcélula UMTS tipicamente instalada em grandes centros urbanos, onde há demanda por multimídia-móvel. Já, no caso do CDMA, o 1X EVDO (2.4Mb/s) é compatível com 1X RTT (144kb/s) que, por sua vez, é compatível com CDMA-One (14.4kb/s), utilizando a mesma portadora de 1.23MHz na mesma banda!
(e) Enquanto uma típica licença de UMTS é composta de 03 portadoras (FDD) de 5MHz de largura, oferecendo teoricamente 2Mb/s por portadora, uma típica licença de CDMA (como da BrasilCel na banda A) é composta de 09 portadoras (FDD) de 1,23MHz de largura, oferecendo teoricamente 2.4Mb/s por portadora (com 1X EVDO)... Uma típica licença PCS americana (como da Vesper em WLL) é composta de 03 portadoras (FDD) de 1,23MHz de largura, oferecendo também 2.4Mb/s por portadora (com 1X EVDO). Comparando as tecnologias, temos que
uma célula UMTS teria um throughput máximo de 6Mb/s (3x2Mb/s) e uma célula 1X EVDO teria um troughput máximo de 21.6Mb/s (9x2.4Mb/s). Assim, ficou extremamente fácil a QualComm convencer a BrasiCel (tradicional usuária de GSM em Lisboa e Madrid) a confirmar o CDMA no Brasil (que está obviamente fora do Tratado da União Européia, liberando a Portugal Telecom e Telefónica de España a escolher o próprio caminho).
(f) Voltando à nossa pendenga tupiniquim, gostaria de propor uma saída pro impasse: Em nome da manutenção do modelo original de privatização da Telebrás (do saudoso Sérgio Mota) de competição e universalização:
(i) liberar a espelho Vésper para oferecer 1X EVDO em 1.9GHz e ampliar sua banda
dos atuais 5MHz (03 portadoras) para 10MHz (06 portadoras); e
(ii) reduzir a faixa do UMTS para apenas 01 licença de 25MHz (05 portadoras) com obrigação de compartilhamento de infra-estrutura (como já implementado no Brasil entre Oi e TIM). Entendo que o atraso do UMTS não pode privar os brasileiros de usufruir do 1X EVDO (= já disponível). A indústria brasileira de Internet-Móvel está mais avançada do que a americana e a européia, só perdendo pra asiática (Coréia e Japão). Os desenvolvedores e os usuários brasileiros não podem ficar reféns de aplicações em SMS/MMS/Java2ME do
GSM/GPRS. As alternativas em BREW/GPS/WindowsCE do CDMA também têm seu nicho de mercado! A fantástica performance da Oi (com seu GSM/GPRS) está demonstrando que há espaço para as duas tecnologias no Brasil... Viabilizar também o CDMA a nível nacional significa gerar mais empregos e capacitar a indústria brasileira de Internet-Móvel a exportar para EUA, Coréia e Japão, além da Comunidade Européia.
Abraço a todos,
Marcelo Arakaki.
Considerações sobre a questão da mobilidade em 1.9GHz.
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From: mla
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Cc: lnassif@uol.com.br
Sent: Sunday, March 16, 2003 1:36 AM
Subject: [wireless.br] Novas considerações sobre a questão da mobilidade em
1.9GHz.
Olá, Courtnay. Olá, LNassif e pessoal da WirelessBR.
Tentarei esclarecer os pontos de discordância com o Courtnay:
(a) Sobre o plano de freqüência do 3G: O ITU definiu 04 (quatro) planos de freqüências pro 3G: em 800MHz, em
1.8GHz, em 1.9GHz e em 2.4GHz. O ITU considera o plano principal ("core-band", a ser adotado pela maioria dos
países) o de 1.9GHz. O ITU apenas recomenda a adoção de tais planos pelos países membros. Cada país possui autonomia para aceitar ou não tais recomendações, do contrário, seria um ingerência internacional.
(b) Sobre freqüências e tecnologias: O ITU é composto por representantes de vários países. Tais representantes são obviamente "lobbistas" das indústrias e tecnologias de seus países. Os planos-de-freqüências recomendados pelo ITU possuem forte componente político. Assim, existe sim um vínculo entre regular os planos-de-freqüência (mesmo recomendados pelo ITU) com favorecer uma determinada tecnologia.
(c) Será que o Brasil realmente estava favorecendo demais os americanos? Até 2000, os sistemas celulares no Brasil seguiam os padrôes americanos IS-136 (TDMA), IS-95 (CDMA) e AMPS (analógico). Mas, quem ganhou dinheiro com isso?
Foram basicamente os fabricantes de terminais e redes: Ericsson, Nokia, Motorola, NEC, Lucent, Samsung, Nortel, LG. Mesmo que os padrões sejam americanos, parece-me que esse grupo está bem equilibrado entre americanos, europeus e asiáticos.
(d) Sobre a "abertura equilibrada do Brasil": A partir de 2001, o GSM entrou no Brasil (pois faltava um importante "player" no seleto grupo acima:(Siemens).
Então, quem passou a ganhar dinheiro com isso? Foram principalmente os fabricantes e terminais e redes: Siemens, Nokia, Ericsson, Motorola, Samsung. Coincidentemente, a Siemens apresentou faturamentos
recordes em 2002. Atualmente, parece-me que o fiel da balança está muito mais pro lado dos europeus.
(e) Sobre os desequilíbrios atuais: São dois pontos perigosos. O primeiro se refere ao virtual monopólio privado das operadoras de telefonia-fixa, favorecendo demais as incumbentes. O segundo se refere à falta de cobertura
nacional em CDMA, favorecendo demais o GSM. Ao permitir a Vesper operar mobilidade em 1.9GHz, a Anatel conseguiria "matar dois coelhos com uma cajadada".
(f) Sobre o CDMA em 1.8GHz: Tecnicamente é possível desde que o terminal seja tri-band (850MHz, 1.8GHz e 1.9GHz). Mas, quem pagaria a conta desse terminal? O assinante é que não, pois ele não é burro! O assinante decide por adquirir uma linha fixa da operadora incumbente. Pior, o assinante "tem de engolir" o reajuste de tarifas autorizado pela Anatel (>20%).
(g) Sobre a "mudança de regras no meio do jogo": A Anatel tem mudado as regras do jogo há muito tempo. Ou já esquecemos do que aconteceu no leilão das operadoras fixas em 1998? (Havia um "patinho-feio" no leilão. Até o BNDS entrou nessa. E os fundos de pensão? E o CVC/Opportunity?). Até que ponto a gigantesca demanda reprimida (e não o modelo da Anatel) foi responsável pelo sucesso da privatização?
(h) Sobre a resolução 314: Se está tão claro pra todos sobre os usos primário e secundário da faixa WLL em 1.9GHz, então por que a Anatel simplesmente negou o pedido da Vesper e da BrT sem dar explicações? Por que
o único conselheiro (Renato Guerreiro) que votou contra o SMP em 1.8GHz (que trouxe o GSM ao Brasil) já não está mais na Anatel? Será que o ministro Miro Teixeira não pensou nisso ao divulgar as cartas dos embaixadores da Comunidade Européia?
(i) Sobre a compra de licenças: A Vesper comprou a licença espelho de STFC (Serviço de Telefonia Fixa Comutada) e uma faixa em 1.9GHz. Até 2002, apesar dessa faixa permitir uso primário para STFC e secundário para celular, a Vesper podia operar apenas WLL (telefonia-fixa sem-fio) em sua faixa pois possuía apenas licença de STFC. Com o terceiro leilão das sobras das bandas D e E, a Vesper adquiriu a licença SMP (Serviço Móvel Pessoal) e a banda-E em algumas regiões. Não está escrito na Lei que a licença SMP se limita às bandas D ou E. Uma vez que o Brasil adota o "direito romano" (e não a jurisprudência anglo-saxônica), se a Lei não considera o caso, então pode ser feito!
(j) Sobre dar licenças 3G de graça: Não existe licença de 3G, mas apenas serviços 3G. As licenças se referem a faixas ou bandas de freqüência. Por sua vez, as concessões e autorizações se referem à prestação de STFC
(serviços fixos) ou de SMP/SMC (serviços móveis). A Vesper pagou pelas faixas de 1.8GHz e 1.9GHz. A Vesper pagou pela autorização STFC e SMP. Nada está saindo de graça pra Vesper (exceto aquele "desconto" de 80% dos fabricantes no contrato da rede WLL, eh eh eh). Até mesmo a BrasilCel terá de investir muito para poder oferecer 3G (com 1X-EVDO) na sua faixa em 850MHz...
(k) Sobre "não levar o consumidor em consideração na decisão sobre a infra tecnológica": Trata-se do contrário! Assim como o GSM já conseguiu, viabilizar também o CDMA a nível nacional, significa deixar o consumidor
escolher qual a melhor tecnologia e a melhor Operadora que atende suas necessidades particulares. Sem o CDMA, as opções ficam mais restritas...
(l) Sobre "produzir no Brasil": A verdadeira riqueza moderna está nos royalties (chipsets) e licenças (software). Há mais de uma década que ospaíses ricos deixaram de produzir localmente. As fábricas são apenas montadoras, trabalhando 24x7 sem greve dos robôs! Pior de tudo, as fábricas poluem muito!!! Devido à vocação ecológica, à biodiversidade territorial e à criatividade multirracial do Brasil, a saída pode ser outra... (Ainda dá tempo pra mudar sua tese de doutorado?)
(m) Sobre as piadas dos "gringos": Quem foi enganado? Os europeus que também conheciam a resolução 314 (mas sem essa agitação toda na época) ou a Vesper que efetivamente comprou as licenças SMP na banda-E?
NESSA ERA DO CONHECIMENTO-ESPECIALIZADO, DA COMPETIÇÃO-GLOBALIZADA E DA INOVAÇÃO-CONSTANTE EM QUE VIVEMOS HOJE, A TELECOMUNICAÇÃO É UMA INFRA-ESTRUTURA IMPORTANTE DEMAIS PARA GARANTIR O ACESSO À INFORMAÇÃO, À EDUCAÇÃO E AOS NEGÓCIOS. NUM PAÍS POBRE E INJUSTO COMO O BRASIL, ENTENDO QUE OS PRINCÍPIOS DE UNIVERSALIZAÇÃO E COMPETIÇÃO DEVEM SER PRESERVADOS PARA BUSCAR A DEMOCRATIZAÇÃO DA TELECOMUNICAÇÃO. O VIRTUAL MONOPÓLIO PRIVADO DAS INCUMBENTES NO BRASIL E OS ATRASOS DO UMTS NO MUNDO REPRESENTAM UM PERIGOSO FREIO NO BRASIL NESTA CORRIDA MUNDIAL PELA INFORMATIZAÇÃO. LIBERAR A MOBILIDADE EM 1.9GHZ PARA A VESPER/BRT AUMENTARIA AS CHANCES DO BRASIL DE, PELO MENOS, TERMINAR A CORRIDA... SEM QUEBRAR O MOTOR OU FALTAR METANOL.
Abraços a todos,
Marcelo Arakaki.
"HÁ VIDA NAS EMPRESAS DE TELECOM APÓS OS 40 ANOS?"
----- Original Message -----
From: mla
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Friday, January 10, 2003 10:46 PM
Subject: Re: [wireless.br] O "Véio" Noel e o "Menino"
Olá WirelessBR,
Marcelo Arakaki escrevendo:
Após retornar de um breve descanso de 02 semanas, encontrei minha caixa postal cheia de emails do grupo. Passei muito rapidamente por todos eles, mas, assim como o
Courtnay, não resisti em comentar a mensagem da Maria Luiza ("Mary")...
A Mary perguntou: "HÁ VIDA NAS EMPRESAS DE TELECOM APÓS OS 40 ANOS?"
O nosso querido "véio" (mas sempre jovem de espírito) Hélio Rosa é um grande exemplo pra todos nós. Mas, a grande questão levantada pela "Mary" nos conduz a uma nova pergunta: Quantos de nós conseguirão seguir o exemplo do Hélio Rosa, ou seja, chegar a uma aposentadoria digna aos 60 anos e moderar um grupo altruísta como a
WirelessBR, hein?
Certamente, no setor de alta-tecnologia, a área técnica (Engenharia) tem um peso relativo maior e emprega mais do que no setor de produtos commodities. Mas, no final das contas, no mundo capitalista em que vivemos, o objetivo de qualquer empresa é
gerar valor aos acionistas, ou seja, ganhar dinheiro através de bons negócios. A própria tecnologia está virando um
commoditie...
A capacidade de gerar valor (ou negócios) está muito mais relacionada à área das
Ciências Humanas (Marketing, Finanças, Economia, Diplomacia, Comércio, Administração, Sociologia, etc) do que à área das
Ciências Exatas (Engenharia, Informática, Matemática, Física, Mecânica, etc). Assim, os acionistas valorizam aquelas pessoas com capacidade de liderança, comunicação, motivação, organização, planejamento, visão e comprometimento... Essas pessoas são o
CEO, VP, Diretor, Gerente... e são raras! No mundo,
a raridade vale mais!
Outrossim, por que tais pessoas são raras? Porque não existe uma faculdade para formar um
CEO, um VP ou um Diretor! Mas, existe uma abundância de faculdades de Engenharia e Informática! Baseado em pura
seleção darwiniana, os CEOs, VPs e Diretores surgem indicados pelos próprios acionistas que pagam (ou apostam) altos salários pela busca de bons negócios...
Com ciclos tecnológicos cada vez mais curtos é muito fácil, infelizmente, encontrar técnicos obsoletos com mais de 40 anos... A própria tecnologia provoca a obsolescência constante do conhecimento técnico...
Aos 40 anos de idade, com uns 15 anos de atividade profissional, o valor do conhecimento técnico acumulado
(fórmulas, teorias, algoritmos, tabelas, etc) pode ser muito inferior ao valor do
conhecimento social acumulado (confiança, amizade, reputação, intuição, etc).
Quanto àqueles engenheiros não selecionados para ser o CEO de uma empresa de
Telecom, restam apenas 02 alternativas:
(a) aguardar pela nova oportunidade, reciclando seus conhecimentos e estudando Ciências Humanas;
ou
(b) se possível, empreender em empresa própria, mostrar o valor de seu trabalho e estudar
Ciências Humanas.
Nota-1: Continuar a fazer a mesma coisa de um ano atrás significa antecipar o aviso-prévio... Alguns empregos estão simplesmente
desaparecendo do planeta Terra. Ex: a secretária já foi substituída por uma
URA, a datilógrafa por um processador de texto (Word) e o desenhista a nanquim por um AutoCAD... Os próprios engenheiros estão destruindo os velhos empregos!
Nota-2: Por outro lado, a Tecnologia está criando novos empregos tais como
WAP-designer, programador BREW/Java2ME, engenheiro genético, etc. O problema é que as pessoas precisam de tempo para reciclar seus conhecimentos para poder se candidatar às novas vagas! A saída é sempre
estudar em paralelo a próxima geração tecnológica.
Nota-3: Hoje em dia, pra se defender bem nesse novo milênio, acho que todos nós deveríamos estudar Engenharia, mas também Marketing, Economia, Advocacia, Psicologia, Medicina, História e Artes. Pois não é fácil ler e entender 100% de um jornal diário como a Folha de São Paulo... A saída é sempre estudar em paralelo uma nova faculdade.
Nota-4: A Internet determinou o fim da Era da Informação pois possibilitou o acesso à informação a qualquer hora e em qualquer lugar. A Internet determinou o início da Era do Conhecimento, onde o uso da informação tem mais valor que o acesso a ela. Assim, mais do que nunca, a palavra de ordem é
estudar, estudar e estudar!!!
Nota-5: Estudar aquilo que você gosta de forma a reforçar seu diferencial competitivo e seus pontos
fortes! Esqueça e esconda seus pontos fracos pois, com muito esforço, será possível torná-los apenas regulares. Lembre-se que o mercado paga bem pelo resultado excepcional e pouco pelo regular...
Feliz 2003 a todos,
Marcelo Arakaki.
PS: [Mary] Imaginação, criatividade e inovação são valores perenes!!! Daqui a pouco a otimização lógica de parâmetros IS-95 será feita por um programa de inteligência artificial... Quantas "inovações" você implementou em 2002? Quais foram seus resultados? MA
CDMA vs GSM... (ou seria melhor 1XRTT vs GPRS?)
-----Mensagem original-----
De: mla [mailto:arakaki@ms.microlink.com.br]
Enviada em: quarta-feira, 20 de novembro de 2002 02:34
Para: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Assunto: CDMA vs GSM... (ou seria melhor 1XRTT vs GPRS?)
Olá WirelessBR.
Marcelo Arakaki escrevendo:
(01) Várias pessoas me ligaram ou enviaram um email ("private") afirmando que sou
"anti-GSM" ou "anti-GPRS"... Outros até confundiram meus comentários técnicos pessoais com a opinião da Empresa onde sou "palpiteiro" sênior!!!
Assim, gostaria de iniciar este email esclarecendo que:
(a) A WirelessBR é um excelente local p/ troca de idéias e experiências, teorias e práticas.
(b) Já apontei no início deste ano (2002) o "case" de sucesso do GSM sobre o CDMA no Chile.
(c) Em abr/2002 destaquei que as licenças GSM são nacionais e o CDMA limitado à
Portufônica.
(d) Recentemente afirmei que agora é o momento do Marketing, pois da Engenharia já terminou.
(e) As minhas opiniões e especulações são 100% pessoais, sem vínculo com qualquer Empresa.
(f) Quero que o mercado brasileiro cresça e amadureça, gerando competência e empregos!!!
(Minha torcida é pela nossa seleção canarinho pentacampeã! e não pelo MMS ou pelo
BREW...)
(02) Sobre o email do Rogério Boros, concordo totalmente que considerei apenas a parte técnica (eficiência espectral). Mas, essa foi minha intenção desde o início: Apenas uma comparação técnica!!! Entretanto, mesmo
considerando o custo das licenças, o custo da rede, a oferta de terminais, a depreciação da rede, os serviços agregados e o custo de oportunidade, entendo que o componente Marketing pesa muito mais!!! Vide o sucesso da Oi com
GSM/GPRS, especialmente no Rio de Janeiro, talvez o mercado mais saturado do Brasil em termos de penetração de linhas celulares.
Nota: Nem sempre a melhor tecnologia venceu a guerra, basta lembrar as famosas histórias do Betamax-Sony vs VHS-JVC ou do
PAL-M vs NTSC... (A forma de ofertar a tecnologia tem se mostrado muito mais crucial do que a performance comparativa. Daí a importância do modelo-comercial).
(03) Sobre a comparação entre os terminais, o Rogério Boros escreveu que a diferença de R$100 é "nada"... Mas, era isso mesmo que eu quiz enfatizar!!!
Claro que existem subsídios pesados das Operadoras (principalmente das estreantes) que deformam os preços (vide preço do modelo SonyEricsson T68 em Sampa comparado no Rio), mas o fato é que a diferença atual de preços é bem pequena entre os terminais mais sofisticados GPRS e
CDMA. A tão falada escala-de-produção maior do GSM se mostra vantajosa sobre o CDMA entre os terminais mais simples. Já entre os terminais mais sofisticados, o GPRS é tão novo quanto o 1XRTT, com o agravante que o europeu troca de celular a cada 03 anos enquanto os asiáticos a cada 06 meses!
(04) Sobre a especulação "pouco objetiva" do roaming nacional em CDMA através da Vésper e da
TCO-Celular, apenas insinuei no email a viabilidade da idéia. Acho que o resultado do leilão das licenças SMP de hoje (19.nov.2002) mostrou que a cobertura nacional em CDMA 1X EVDO poderá ser uma realidade "bastante objetiva" muito antes do UMTS no Brasil...
(05) Sobre o serviço MMS do GPRS e o BREW do CDMA: O MMS tem tipicamente um apelo impulsivo (entretenimento) muito associado ao público jovem (poucos recursos), ou seja, pouco interessante para a maioria das aplicações corporativas
("heavy-users"). Já o BREW permite aplicações "client" no terminal, ou seja, viabilizaria segurança (criptografia) e gráficos(interfaces) muito interessantes para as empresas...
(06) Sobre os comentários do Christophe relativos ao i-Mode na Europa: Em 1998, o i-Mode revolucionou o mercado com os conceitos (a)
"always-on" de transmissão de dados por pacotes (e não pela sua velocidade. i.e. apenas 9.6kb/s), (b) modelagem baseada em mídia Web
(minibrowser c-HTML, teclado "joystick", applets Java2ME, conteúdo independente), e (c)
"revenue-share" de tráfego. Em 2000, a decepção com o WAP 1X foi tão grande no mundo que, a entrada do i-Mode na Europa em 2002 poderia preparar o mercado para absorver
o WAP 2.0 (ou NG - next generation) em 2004...
(07) Sobre a pergunta do Chistophe relativa à demanda por velocidade no mercado brasileiro: Participei do evento do Yankee Group na semana passada
("Mobilizing the Enterprise") e concluímos que o mercado corporativo brasileiro espera no mínimo 56kb/s líquido! Considerando que aplicações corporativas demandam segurança (criptografia) e que a rede celular introduz "overhead bits", então percebemos que uns 90kb/s bruto na interface aérea sería adequado para aplicações corporativas...
(08) Sobre a pergunta do Christophe relativa ao CDPD (i.e. TDMA com transmissão de dados por pacotes) e
Mobitex: O CDPD oferece transmissão por pacotes a 19.2kb/s (2x melhor que o
i-Mode!) e atinge um interessante nicho de mercado. Acho que a pequena oferta de terminais CDPD e a cobertura limitada no Brasil (só área "011") seriam contornáveis. Já o Mobitex
(Blackberry) oferece transmissão por pacotes a 4.8kb/s (metade do i-Mode) com alta confiabilidade, sendo ideal para telemetria
wireless... Cada Operadora saberá encontrar seu nicho e se posicionar corretamente...
(09) Contra fatos não há argumentos: No mundo 2G de hoje, o GSM é um sucesso comercial 4x maior que o
CDMA. Mas, no mundo 2.5G, o 1XRTT tem chance de virar a mesa sobre o GPRS: No dia 14.nov.2002, o "Jornal da Tarde" (caderno "Informática") publicou os resultados de um teste de transmissão de dados entre CDMA (1XRTT) e GPRS em São Paulo: O CDMA apresentou picos de 118kb/s e média entre 34kb/s~66kb/s, enquanto que o GPRS apresentou picos de 12kb/s e média entre 6,9kb/s~7.5kb/s.
Conclusões: Cada tecnologia tem suas vantagens e desvantagens em termos de maturidade, escala e performance, afetando as decisões das Operadoras. Cada Operadora tem um legado (= ponto de partida) e uma visão (= ponto de chegada). Os cenários (= caminhos) se concretizam segundo uma combinação
complexa de fatores tais como competência-tecnológica, modelo-comercial, fôlego-financeiro, valor-proposto, motivação-cultural... O futuro é muito difícil de prever (óbvio). Mas as nossas especulações de hoje nos ajudam a tomar algumas decisões importantes sobre onde e como empregar tempo e talento.
"That´s all folks!"
Marcelo Arakaki.
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