ROGÉRIO GONÇALVES
Telecomunicações - Artigos e Mensagens
ComUnidade
WirelessBrasil
Dezembro 2006
Índice Geral
12/12/06
• Um pouco mais sobre a ABUSAR
----- Original Message -----
From: Rogerio Gonçalves
To:
wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Tuesday, December 12, 2006 1:05 PM
Subject: [wireless.br] Um pouco mais sobre a ABUSAR
Olá Hélio,
Gratos pelo gentil convite para divulgarmos um
pouco do trabalho da ABUSAR entre os participantes do grupo Wireless Brasil.
Para não "abusar" da sua hospitalidade, serei breve:
O "core" da nossa associação é o seu presidente,
Horácio Belforts que, ao contrário de alguns governantes, costuma trabalhar (e
muito) na defesa dos direitos dos usuários, não só da banda larga, como também
da telefonia fixa. Os periféricos somos nós, colaboradores voluntários que
estamos espalhados por todo o Brasil, cada um fazendo a sua parte na medida do
possível, cabendo a mim a tarefa de pesquisar a caixa preta vulgarmente
conhecida como regulamentação de telecom.
O lado mais conhecido da ABUSAR é o nosso
portal, repleto de informações sobre tecnologia internet, que recebe milhares
de visitas por dia. O lado menos conhecido é o trabalho que desenvolvemos nos
bastidores, infernizando a vida do Minicom e dos doutores da Anatel,
especialmente no tempo em que a agência contava com um ouvidor de verdade, o
Fernando Fagundes, gente fina que, na época da consulta 417 (aquela que
inventava os Provedores de Acesso a Serviços
Internet - PASI), conseguiu fazer com que a Anatel também promovesse
audiências públicas para que o assunto fosse discutido pessoalmente com os
usuários, nos proporcionando a grata oportunidade de podermos dizer na cara do
Edmundo Matarazzo (na época superintendente de universalização da agência)
durante a audiência de SP que, se ele continuasse insistindo naquela armação,
nós iríamos ingressar com uma ação judicial para derrubá-la. Coincidência, ou
não, nunca mais
ouvimos falar nos PASIs.
Um outro arranca-rabo histórico envolvendo a
nossa associação e o Matarazzo, ocorreu no início de 2004 no RJ, durante a
audiência da consulta pública 480, referente ao Serviço de Comunicações
Digitais (SCD), um estranho serviço de telecom que conectaria os equipamentos
dos usuários à supostas redes de comunicações de dados que só existiam na
imaginação dos dirigentes da Anatel. Naquela oportunidade, nós apenas
demonstramos aos presentes que o SCD não
passava de um artifício para permitir que as concessionárias de telefonia
explorassem os serviços de comunicação de dados previstos na lei 9.998 e
financiados com recursos do FUST. Novamente, coincidência ou não, o SCD
continua engavetado até hoje.
No início de 2005, após termos reunido provas
suficientes demonstrando que, apesar do rótulo de "especial", de acordo com a
Constituição Federal, a LGT e o DL 200/67 a Anatel não passava uma autarquia
como outra qualquer, ou seja, uma reles auxiliar o Poder Executivo, resolvemos
parar de perder o nosso tempo participando de consultas ou audiências públicas
relativas à regulamentações de serviços de telecom promovidas pela agência já
que, em termos legais,
qualquer regulamento da LGT "colocado em vigor" pelos dirigentes da Anatel (STFC,
SMP, SCM etc.), não vale rigorosamente nada.
Hoje, após anos de pesquisas e muita discussão
sobre o assunto, envolvendo técnicos em telecomunicações e especialistas em
direito e legislação, podemos afirmar categoricamente que aquela fábula do
"órgão de estado" que assumiu as funções do Minicom, inventada pelo Sérgio
Motta e largamente difundida pela imprensa dita
especializada, não passa de puro papo furado, que só serviu para fazer de
trouxas os milhões de usuários dos serviços de telecom, por levá-los a
imaginar que a Anatel seria uma espécie de quarto poder da república, algo que
ela nunca foi, nem nunca será.
Num primeiro momento, pensamos em ingressar com
ações na justiça requerendo a nulidade dos falsos regulamentos produzidos pela
agência. Porém, como em agosto de 2005, no auge do escândalo dos mensalões, o
Severino Cavalcanti aprovou a instauração da CPI da Anatel, achamos por bem
esperar o desenrolar dos acontecimentos, para despejarmos de vez o nosso
pacotão de denúncias na mesa dos deputados e deixarmos a solução do problema
por conta deles.
Em setembro de 2005 (sabe-se lá porque...),
fomos convidados a fazer uma apresentação sobre o FUST na Comissão de Educação
do Senado, quando distribuímos para todos os senadores presentes o documento
"A legalidade nas telecomunicações e o FUST" que, além das sugestões da ABUSAR
para liberação de recursos do fundo, também deixava bem claro as
responsabilidades tanto do Minicom, quanto da Anatel, pela não utilização
destes recursos na universalização dos serviços de
comunicação de dados de rede internet, conforme prevê a lei 9.998. A íntegra
do documento pode ser acessada em:
Finalmente, em dezembro de 2005, enquanto as
entidades tradicionais de defesa do consumidor ficavam alardeando na imprensa
que haviam entrado com ações na justiça questionando cláusulas de reajustes
dos novos contratos de concessão do STFC, a nossa associação, sem nenhum
alarde, ingressou com um mandado de segurança contra a própria Anatel, pedindo
simplesmente que fosse declarada a nulidade dos contratos, já que a agência,
uma reles autarquia, jamais poderia ter
usurpado a função constitucional de poder concedente do Minicom e celebrado
aqueles contratos.
Nosso mandado, que está tramitando na 17ª vara
federal JF-DF com o nº 2006.34.00.008105-7 e infelizmente teve o pedido de
liminar indeferido no dia 12/07/2006, pode ser consultado em:
http://www.trf1.gov.br/ . O processo,
após vistas do MPF, encontra-se concluso para sentença desde o dia 28/09/2006
e no momento estamos
aguardando para ver no que dá...
Esta é a ABUSAR, que se coloca a disposição dos
amigos do grupo Wireless Brasil em tudo aquilo em que pudermos ser úteis a
vocês.
Um abraço
Rogério Gonçalves
Diretor de Pesquisa Regulatória - ABUSAR
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