ROGÉRIO GONÇALVES
Telecomunicações - Artigos e Mensagens
ComUnidade
WirelessBrasil
Novembro 2007
Índice Geral
16/11/07
• "Ressurreição" da Telebrás +
"Preocupação" + Proposta da Abusar (1)
----- Original Message -----
From: Rogerio Gonçalves
To:
wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Friday, November 16, 2007 5:15 PM
Subject: [wireless.br] Re: "Ressurreição" da Telebrás + "Preocupação" +
Proposta da Abusar (1)
Oi Hélio,
Essa encrenca das redes IP não tem nada a ver
com política. Trata-se apenas de fazer cumprir a legislação em vigor.
Até 1997, a própria União explorava diretamente
todos os serviços públicos de telecomunicações através da Telebrás. No
processo de desmanche da estatal, determinado pela LGT, cada subsidiária local
(telesp, telerj, telemig etc) receberia a sua própria concessão do STFC.
Porém, como o art. 86 da lei determinou que as novas concessionárias deveriam
explorar exclusivamente o serviço de telecom objeto de suas concessões,
resultou na obrigação de, antes da celebração dos contratos, as subsidiárias
transferirem para a União (Telebrás) todos os ativos públicos (bens
reversíveis) que não fossem estritamente necessários à exploração do STFC,
inclusive as redes públicas de comunicação de dados Transdata, Renpac e
Internet.
O correto naquela ocasião, teria sido criar uma
nova subsidiária Telebrás (que seria privatizada posteriormente junto com as
demais concessionárias de telefonia) e conceder à ela os serviços de DDD e DDI
da Embratel, fazendo com que a estatal voltasse a cumprir a finalidade para a
qual foi criada pela lei 4.117/62, de atuar como operadora nacional da Rede de
Transporte de Telecomunicações (RTT), fornecendo acessos, de forma isonômica e
independente de protocolo, para todas as prestadoras de serviços de
telecomunicações. Ou seja, a Embratel voltaria a ser uma empresa fornecedora
de infraestrutura para as empresas de telecomunicações, já que estas é que são
as responsáveis pelo atendimento aos usuários finais.
Porém, como ao invés de cumprirem a lei, os
caciques da área de telecom da era Sérjão (Renato Guerreiro, Mendonça de
Barros, Fernando Xavier, Antônio Valente e outras figuraças) resolveram
inventar um monte de cambalachos (ex. termos de SRTT) para manter a RTT fora
do controle da União, de forma a permitir a criação dos atuais oligopólios das
quatro meninas nos serviços de telefonia fixa E comunicação de dados, era
evidente que um dia a casa iria cair.
Assim, partindo da premissa otimista de que,
após o festival de escândalos que queimaram o filme do governo Lula, a Dona
Dilma e o coronel Oliva tenham resolvido colocar ordem no galinheiro da área
de telecom, juntando pedaços da Eletronet com segmentos de redes das estatais
para recriar a RTT pública, me parece corretíssima a iniciativa de reativar a
Telebrás e criar uma nova subsidiária da empresa, específica para operação da
nova RTT pública que, além das instituições governamentais, também poderá
fornecer infraestrutura de acesso para as empresas de telecom, especialmente
as pequenas e médias, de forma a ajudar a combater os oligopólios do setor. Ou
seja, basta que a Dona Dilma cumpra a lei, com dez anos de atraso, para que o
nosso país passe a contar com um modelo "open reach" igualzinho ao da
Inglaterra.
Porém, em se tratando de assuntos de governo,
nos quais as expectativas exclusivamente otimistas beiram a imbecilidade,
temos de considerar também as iniciativas da banda podre, como a que está
rolando agora, na qual a nomeação do Sardenberg para a presidência da Anatel,
reduziu a aparente influência que o Carlos Slim (Telmex) havia passado a deter
sobre a agência, deixando o caminho livre para que o Hélio Costa, rápido feito
um corisco, reativasse aquele imoral "projeto de inclusão digital" inventado
por ele, que não passa de mais uma tentativa ilegal, a terceira desde 2001, de
entregar os serviços de comunicação de dados e as verbas bilionárias do FUST
para as concessionárias de telefonia. Quem quiser conferir, a maracutaia do
ministro está resumida na consulta pública 842 da Anatel.
Portanto, temos aí duas vertentes opostas. Uma
pela legalidade, representada pela Dona Dilma e o coronel Oliva, que consiste
na reativação da Telebrás e no resgate da RTT pública. E outra pela
ilegalidade, representada pelo Hélio Costa, que consiste em ampliar ainda mais
os oligopólios das concessionárias de telefonia e, ainda por cima, utilizando
mais de 3 bilhões de reais em recursos públicos para isso, com o agravante de,
no fim das concessões, todo esse patrimônio permanecerá em poder das empresas,
haja vista que, por não serem estritamente necessárias à prestação efetiva do
STFC, as redes de comunicação de dados não são consideradas como bens
reversíveis a União.
Taí uma boa oportunidade para nós ficarmos
sabendo se o governo Lula está realmente levando a sério o combate a corrupção
em nosso país.
Valeu?
Um abraço
Rogério
ComUnidade
WirelessBrasil
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