ROGÉRIO GONÇALVES
Telecomunicações - Artigos e Mensagens
ComUnidade
WirelessBrasil
Setembro 2007
Índice Geral
14/09/07
• Ethevaldo - "Esqueletos e sacos sem
fundo": Telebrás, Eletronet, Fust e Fistel
----- Original Message -----
From: Rogerio Gonçalves
To:
wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Friday, September 14, 2007 1:18 PM
Subject: [wireless.br] Re: Ethevaldo - "Esqueletos e sacos sem fundo":
Telebrás, Eletronet, Fust e Fistel
Oi Hélio,
O próprio Ethevaldo é um esqueleto daquela horda
de jornalistas puxa-sacos que, a partir de 1997, ajudaram a consolidar o mito
de que a Anatel iria desbancar o Minicom do posto de autoridade máxima em
assuntos de telecom em nosso país. É impressionante que, mesmo após essa
sandice de autarquias mandarem mais que ministérios ter sido desmascarada
categoricamente pelo ministro Jobin no caso da ANAC, o Ethevaldo continue
insistindo nessa conversa fiada de esvaziamento
das agências reguladoras.
O veterano jornalista parece desconhecer que um
dos principais motivos da Telebrás ainda continuar existindo, é o fato da
concessão para exploração dos serviços públicos de comunicação de dados,
inclusive os de redes IP (da internet), continuar pertencendo à ela enquanto o
governo não terminar o trabalho de desmanche da estatal e criar
concessionárias específicas para exploração desses serviços (arts. 86 e 207 da
LGT). No momento, graças ao termos de autorização para SRTT fajutos inventados
pela Anatel em 1998, as concessionárias de telefonia fixa estão se
aproveitando da condição temporária de "esqueleto" da Telebrás, para
utilizarem as redes públicas de comunicação de dados na exploração de serviços
em regime privado.
Quanto à Eletronet, a coisa fica ainda mais
complicada, porque isso envolve até a segurança nacional, pois como em 1998 o
Mendonça de Barros e o Renato Guerreiro entregaram a Rede Pública de
Transporte de Telecomunicações (RTT) para as concessionárias de telefonia
fixa, o governo se viu privado do controle sobre os backbones (troncos) do
Sistema Nacional de Telecomunicações, que seria a única ferramenta eficaz que
ele poderia dispôr para implementar as políticas públicas
para o setor. Assim, de forma a evitar uma intervenção nas empresas para pegar
de volta um patrimônio da União que está sendo explorado ilegalmente por elas,
o governo optou por estatizar a rede da Eletronet, ao menos para utilizá-la
como um arremedo de RTT e implementar a universalização dos serviços públicos
de comunicação de dados previstos no art. 5º da Lei do FUST.
Portanto, até por uma questão de respeito à
inteligência dos leitores do Estadão, seria bom que o Ethevaldo caísse na real
e contasse para o público alguns fatos que ocorreram nos bastidores do Minicom
no negro período de 95 a 98, dos quais ele, como um dos mais qualificados
jornalistas de telecom de todos os tempos, certamente deve saber muita coisa,
deixando de lado esse papo-furado de esqueletos, sacos sem fundos e
superpoderes da Anatel.
Valeu?
Um abraço
Rogério Gonçalves
------------------------------------------------------------
--- Em
wirelessbr@yahoogrupos.com.br,
"Helio Rosa" <rosahelio@...>
escreveu
>
> Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
>
> O Estadão publica aos domingos, no seu Caderno de Economia,
uma "Coluna" do jornalista Ethevaldo Siqueira.
>
> Com o título "Esqueletos e sacos sem fundo nas Comunicações"
Ethevaldo comentou no dia 9 Set, num belo resumo, alguns assuntos
recorrentes em nossos fóruns: vale conferir!
>
> Comentários?
>
> Após o texto do Ethevaldo transcrevo algumas mensagens/"posts"
anteriores sobre o tema e, lá no final, um "resumo-resumido" sobre o
Fust, que alguns já conhecem de longa data... :-)
>
> Boa leitura!
> Um abraço cordial
> Helio Rosa
>
--------------------------------------------
>
> Fonte: Estadão
> [09/09/07] Esqueletos e sacos sem fundo nas Comunicações
>
> Ethevaldo Siqueira
> esiqueira@...
>
> Tenho pena do próximo presidente da República, pois ele irá receber uma
herança terrível nas Comunicações. Ao invés de modernizar e harmonizar a
legislação setorial, o governo Lula deixará ao sucessor uma colcha de retalhos
de disposições contraditórias e geradoras de conflitos potenciais, além de
fundos e tributos extorsivos que sugam bilhões, sem qualquer retorno.
>
> Há um imenso descompasso entre o desenvolvimento da tecnologia e a
legislação de Comunicações no Brasil. Numa época em que a digitalização domina
todos os segmentos da eletrônica e das comunicações e em que a internet, o
celular e as redes de banda larga se expandem em escala planetária, o
Executivo e o Congresso insistem em esvaziar as agências reguladoras em favor
do fortalecimento político dos ministérios, e em discutir questões menores e
interesses de grupos.
>
> O fato é que o governo Lula paralisou de vez a modernização institucional do
setor por falta de projeto, de quadros competentes e de orientação. Esse
cenário começou a desenhar-se no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso,
que interrompeu o projeto de reestruturação das Comunicações, iniciado pelo
ex-ministro Sérgio Motta.
>
> Para comprovar essa situação, convido o leitor a analisar, sucintamente,
quatro pontos da gestão estatal no setor de Comunicações: Telebrás, Eletronet,
Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) e Fundo de
Fiscalização de Telecomunicações (Fistel).
>
> Comecemos pela Telebrás. Não se surpreenda, leitor: a Telebrás, embora
privatizada há 9 anos, ainda não foi extinta. Mesmo inativa, a empresa tem
existência legal e tem diretores que cuidam de uma montanha de papéis ligados
a questões pendentes, ao quadro de funcionários - cedidos, em sua maioria, à
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) - e a responsabilidades
judiciais, entre as quais, as dívidas resultantes de condenações e
indenizações milionárias, inclusive os R$ 254 milhões que está pagando a uma
minúscula empresa, como a VT Um Produções. E pior: o governo quer ressuscitar
a Telebrás, para operar diversos serviços.
>
> Outro esqueleto é a Eletronet, uma estatal falida, ligada à Eletrobrás e a
um sócio estrangeiro. Detentora de uma rede de cabos de fibra óptica de 16 mil
quilômetros, que cruza o País de norte a sul, a empresa está paralisada desde
2003 e tem dívidas de mais de R$ 600 milhões com os fornecedores de
infra-estrutura. Seus cabos de fibra óptica foram instalados sobre a rede de
energia elétrica das estatais do grupo Eletrobrás (Chesf, Eletronorte, Furnas
e Eletrosul).
>
> Mas o governo considera a Eletronet uma empresa estratégica e pensa em
reestatizá-la, por intermédio do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).
>
> SACOS SEM FUNDOS
>
> Além desses dois esqueletos, o governo federal administra diversos fundos
que, contrariamente à sua finalidade legal, se transformam em mero sugadouro
de recursos, encarecendo os serviços de telecomunicações, sem qualquer
contrapartida à sociedade.
>
> O caso mais revoltante é o Fust, sob cujo rótulo já foram arrecadados mais
de R$ 5 bilhões, desde sua criação no ano 2000, sem ter aplicado um único
centavo em benefício do País. Esses bilhões já foram para o ralo, sem qualquer
possibilidade de utilização futura. O ministro Hélio Costa, desde 2005, vem
prometendo utilizar cerca de R$ 600 milhões por ano em projetos do Fust. Mas
até agora, zero.
>
> Arrecadar um fundo e não aplicá-lo é um procedimento imoral.
Caberia ao governo devolvê-lo aos contribuintes ou reaplicá-lo na mesma área
nos exercícios seguintes. Mas isso não acontece.
>
> Como o governo não aprova projetos segundo as regras do Fust, seus recursos
acabam sendo engolidos pelo Tesouro Nacional sob a rubrica de superávit
fiscal.
>
> Outro fundo mal gerido é o Fistel, que deveria ser utilizado única e
exclusivamente para cobrir as despesas de fiscalização da Anatel.
Para se ter uma idéia de outro confisco absurdo e inconstitucional, é bom
lembrar que o orçamento anual da Anatel é pouco superior a R$ 300 milhões,
enquanto o governo se apropria ilegalmente de mais de R$ 1,5 bilhão
arrecadados (e não aplicados na fiscalização) do Fistel a cada ano.
>
> CORTE DE RECURSOS
>
> Além de confiscar o equivalente a cinco orçamentos da Anatel por ano, o
governo impõe à agência cortes cada vez mais drásticos em seus recursos,
impedindo-a de aparelhar-se adequadamente para cumprir suas obrigações legais,
como, por exemplo, fiscalizar e coibir as 20 mil ou 30 mil rádios piratas que
infernizam os maiores aeroportos do País, pondo em risco a vida de milhares de
passageiros de aviões e bloqueando comunicações de emergência, como as da
polícia, do corpo
de bombeiros e dos prontos-socorros.
>
> E o último lembrete: o Brasil é campeão mundial em tributação sobre serviços
de telecomunicações. Mais de 40% do valor de nossas contas telefônicas
representam ICMS, PIS e Cofins, entre outros tributos.
>
> Eis aí o cenário da gestão estatal de nossas Comunicações que não vai mudar
até 2010.
ComUnidade
WirelessBrasil
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