----- Original Message -----
From: Rogerio Gonçalves
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wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Wednesday, April 16, 2008 3:52 AM
Subject: [wireless.br] Re:
O que é "backhaul"? (02) - "...novo
decreto define, agora, a criação do "Backhaul..."Oi Hélio,
Foi mexer com quem estava quieto...
Quanto aos "backhauls", o que tenho a dizer é: "ACORDA MINISTÉRIO
PÚBLICO, PORQUE O HÉLIO COSTA E OS DOUTORES DA ANATEL ESTÃO APLICANDO
UM GOLPE CONTRA 35 MILHÕES DE USUÁRIOS DO STFC".
O recorte que você fez é perfeito para exemplificar a falsidade
ideológica dos nossos caciques das telecoms:
(...) Porém o novo decreto define, agora, a criação do "Backhaul",
como sendo uma "infra-estrutura de rede de suporte do STFC para
conexão em banda larga, interligando as redes de acesso ao backbone da
operadora." Porém, o governo deixou em aberto, quem fará a "última
milha", ou seja, a conexão do cidadão ou da escola no município com
essa rede. (...)
Obviamente o ministro bonitão e seus asseclas estão querendo fazer os
cidadãos de trouxas e a imprensa baba-ôvo, como sempre, presta um
desserviço a nação, publicando qualquer besteira expelida pela máfia
que domina a área de telecom desde 1998, sem questionar absolutamente
nada. Se não, vejamos:
1) Como alguém pode falar em "infra-estrutura de rede de suporte do
STFC para conexão em banda larga", se a plataforma SSC-7, adotada pelo
serviço de telefonia pública, limita o tráfego de dados à velocidade
máxima de 64 kbps?
2) Para poder circular nas redes ATM do STFC que interligam as
estações telefônicas, o tráfego de dados, que só pode ser originado
por conexões IP discadas (limitação também imposta pela plataforma SSC-7),
precisa ser encapsulado pelo protocolo PPP e permanecer assim até
chegar aos "gateways", aonde é desencapsulado e encaminhado para redes
específicas de comunicação de dados (backbones IP), que não têm nada a
ver com o serviço público de telefonia fixa. Ou seja, é tecnicamente
impossível o tráfego em banda larga nas redes do STFC.
3) O STFC, propriamente dito, só existe a partir do momento em que é
realizada a comutação de circuitos entre os terminais de origem e
destino EXISTENTES NAS CENTRAIS TELEFÔNICAS. A malha da última milha,
cuja instalação sempre foi bancada diretamente pelos próprios
usuários, faz parte da Rede pública de Transporte de Telecomunicações
(RTT), correspondendo a infraestrutura que deveria ser explorada
industrialmente por uma concessionária específica (a Embratel), de
forma a permitir, em condições isonômicas e neutras em relação à
concorrência, que qualquer empresa de telecom pudesse utilizá-la para
prestar serviços a usuários finais, independentemente da modalidade de
serviço prestado por elas.
4) As conexões internet em banda larga, que utilizam a tecnologia aDSL,
são um bom exemplo do uso da malha de última milha para exploração
concomitante de duas modalidades de serviço de telecom completamente
distintas, por permitir que o tráfego de voz do STFC circule junto com
o tráfego de dados em um mesmo par de cobre, sem que os sinais de uma
modalidade de serviço interfiram na outra.
5) A técnica utilizada pelo aDSL para compartilhar os circuitos da
última milha consiste em estabelecer três bandas de frequências
distintas nos pares de cobre: uma estreita, na qual trafegarão os
sinais do STFC e duas largas (uma para upload e outra para download),
nas quais circularão os sinais da comunicação de dados. Adivinhem de
onde veio o nome conexão internet em banda larga?
6) O fato dos sinais do STFC compartilharem os mesmos fios de cobre
com os serviços de comunicação de dados não significa de forma alguma
que os dois serviços se juntam e tudo vira STFC, pois essa convivência
dos serviços só existe no segmento de rede que vai das dependências
dos usuários até um equipamento conhecido como DSLAM (Digital
Subscriber Line Access Multiplexer). A partir dali, eles trocam
beijinhos de despedida e cada um segue o seu caminho: o STFC
vai para as centrais telefônicas e os dados binários, encapsulados por
protocolos PPPoA ou PPPoE e utilizando linhas privativas E1 ou E3, vão
para um equipamento conhecido como BAS (Broadband Access Server),
aonde são desencapsulados e encaminhados para os backbones IP.
7) O que o governo apelidou indevidamente de "backhaul" corresponde
aos Dslams, aos BAS e às LPs que realizam a interligação entre esses
equipamentos, sendo que cada Dslam representa um segmento local da
rede de acesso da comunicação de dados. Ou seja, redes e equipamentos
inerentes à RTT que, a exemplo da malha da última milha, também não
possuem nenhuma relação direta com o STFC e deveriam ser explorados
industrialmente pela concessionária específica de serviços de
infraestrutura (serviço de troncos) já que, nos termos do art. 86 da
LGT, concessionárias de serviços públicos de telecom devem explorar
xclusivamente o serviço objeto de suas concessões, na base do cada
macaco no seu galho.
8) Como a Embratel, descumprindo o art. 207 da LGT, nunca celebrou o
tal contrato de concessão da rede de troncos, as meninas da Abrafix
não só se apropriaram da malha da última milha, como também passaram a
utilizar parte dos recursos das tarifas públicas do STFC na compra de
LPs, Dslans e BAS, praticando descaradamente o subsídio cruzado
(expressamente proibido pelo art. 103 da LGT), que permitiu à elas
estabelecer os atuais monopólios nos serviços de comunicação de dados
que utilizam tecnologia aDSL.
9) No começo, por volta de 1999, as concessionárias do STFC ainda se
davam ao trabalho de tentar encobrir as violações ao art. 86 da LGT
recorrendo aos termos de SRTT fajutos e utilizando os provedores de
acesso como fachada. Tudo com a mais ampla cobertura da Anatel e do
Minicom do governo FHC, o que não era nenhuma surpresa, em decorrência
das barbaridades que rolaram no processo de privatização da Telebrás.
Porém, eu duvido que, mesmo em seus sonhos mais
delirantes, as meninas da Abrafix imaginaram que um dia o ministro das
comunicações do governo Lulla teria a cara-de-pau de propor a edição
de um decreto, visando exclusivamente consolidar os monopólios ilegais
exercidos por elas nas redes da RTT e ainda por cima, jogando toda a
despesa prá cima dos usuários do STFC.
Normalmente, o termo "backhaul" é mais utilizado para referenciar os "links"
(por cabo ou wireless) que unem as células da telefonia celular ou os
APs das redes wi-fi e, com menos frequência, na telefonia fixa, que
ainda utiliza o termo "tronco" para referenciar as redes principais.
Porém, no contexto do decreto 6.424/08, fica
claro que o governo está utilizando o termo "backhaul" para encobrir
uma manobra ilegal, que atribui metas de universalização de serviços
de comunicação de dados para as concessionárias de telefonia, violando
os arts. 86 e 207 da LGT.
Nessa altura do campeonato, cairia muito bem uma CPI só para descobrir
o motivo da Embratel não ter assinado até hoje o contrato de concessão
da rede troncos. Que tal?
É claro que esta é uma opinião leiga, de alguém que sequer trabalha na
área de telecomunicações. Todavia, em nome do debate, eu ficaria feliz
em saber o que os demais participantes do grupo têm a dizer sobre o
assunto, principalmente porque essa iniciativa do governo vai pesar no
bolso de milhões de usuários do STFC.
Infelizmente, terei de continuar meio afastado dos papos. Mas, devido
a gravidade dos fatos que estão rolando, certamente várias empresas já
devem estar mobilizando seus advogados e consultores para resolver a
encrenca, principalmente muitos autorizatários do SCM, que correm o
sério risco de terem de encerrar as suas atividades caso não consigam
desmontar a maracutaia do Hélio Costa.
Quanto a ABUSAR, já estamos fazendo a nossa parte, sempre na medida do
possível, já que o nosso cacife é muito baixo para encararmos essa
briga de cachorro grande, que requer idas à Brasília para encher o
saco dos deputados e outras extravagâncias que não são para o nosso
bico.
Fica aqui a sugestão para quem achar que vai ter os seus negócios
prejudicados pela maracutaia do ministro bonitão: que vá à luta por
conta própria, pois se for esperar que apareça do nada uma solução
milagrosa, dessa vez será melhor arrumar uma cadeira e esperar
sentado, porque o governo está jogando sujo prá caramba.
Valeu?
Um abraço
Rogério