----- Original Message -----
From: Rogerio Gonçalves
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wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Sunday, February 03, 2008 12:54 AM
Subject: [wireless.br] Re:
Ethevaldo: "O novo estilo de ouvidoria
petista na Anatel"Oi Hélio,
Daqui a pouco vão ficar achando que eu tenho alguma birra pessoal com
o Ethevaldo. O problema é que os artigos dele tornaram-se tendenciosos
demais, ao ponto de levantar suspeitas de que ele esteja usando o
Estadão para manipular a opinião pública em defesa dos interesses da
Telefonica.
Pô? Se o art. 45 da LGT estabelece expressamente que a função do
ouvidor é produzir relatórios CRÍTICOS sobre a atuação da agência, o
Ethevaldo tá chiando do que? Afinal o Aristóteles só falou aquilo que
todo mundo tá careca de saber: a Anatel, "ipisis litteris", sempre
cagou e andou para os usuários. Pela quantidade de sujeira acumulada
pela autarquia "especial" desde a sua criação, o relatório até que foi
bem "light".
Esse trecho do artigo foi triste: "Nenhuma palavra sobre os resultados
extraordinários desse modelo, traduzidos no aporte de mais de R$ 170
bilhões de investimentos em infra-estrutura e o aumento da densidade
porcentual de míseros 14 acessos telefônicos por 100 habitantes, em
1998, para mais de 80, atualmente". De onde o Ethevaldo tirou esse
aporte de mais de R$ 170 bi em infra-estrutura se, em 2005, a própria
Abrafix "chutou", bem prá cima, que até àquele
ano as concessionárias de STFC, juntas, haviam investido R$ 57
bilhões? Confiram no link: (
http://www.lustosa.net/noticias/2765.php)
do blog do Paulo Lustosa.
E esse aumento da da densidade porcentual de míseros 14 acessos
telefônicos por 100 habitantes, em 1998, para mais de 80, atualmente?
Pô? O cara misturou o total de acessos fixos com o total de acessos
móveis para criar uma densidade completamente fantasiosa.
Atualmente, a densidade porcentual de terminais fixos varia bastante,
dependendo da região. Por exemplo: nos grandes centros do "filé" da
Telefonica, a densidade pode chegar a 29 terminais, enquanto que em
alguns "ossos" das regiões da Telemar e BrT esse número pode chegar a
zero, resultando em uma média de cerca de 23 terminais, considerando
todo o Brasil. Quem quiser dar uma conferida nos números, uma boa
fonte são as páginas 8, 38 e 61 do excelente relatório do Márcio
Wohlers (ex secretário executivo do Minicom), cujo link é (
http://www.eclac.org/publicaciones/xml/0/4960/capv.pdf).
Também vale a pena dar uma conferida no artigo do Marcos Dantas,
publicado no site do Observatório do Direito à Comunicação
(
http://www.direitoacomunicacao.org.br/novo/content.php?option=com_content&task=view&id=2507).
Em nosso país, o enorme sucesso da telefonia móvel pai-de-santo é a
prova do retumbante fracasso da universalização da telefonia fixa.
Milhões de usuários dos fixos foram forçados a migrar para os móveis
pelo simples fato de não terem grana para pagar os valores extorsivos
das assinaturas mensais do STFC.
A quantidade de terminais fixos em operação já está abaixo dos 33
milhões previstos pelo PGMU para o dia 31.12.2001 e continua caindo em
queda livre. Para mascarar esse fato, os doutores da Anatel passaram a
adotar um discurso cretino, que destaca a existência de supostos 120
milhões de terminais móveis em operação (é impossível confirmar a
quantidade exata por causa dos pré-pagos) e omite a existência de
quase 20 milhões de terminais fixos encalhados, por
pura falta de interessados. Daí, me aparece o Ethevaldo com essa
novidade de misturar os terminais fixos com os móveis para obter essa
densidade mirabolante de 80 acessos telefônicos por 100 habitantes,
idêntica à dos EUA em 1998. O nosso prezado jornalista só esqueceu de
dizer que, na Terra de Marlboro, os usuários pagam uma assinatura
mensal de cerca de US$ 18 que dá a eles o direito de tagarelarem a
vontade nas ligações locais, enquanto que aqui...
Finalmente, o nosso eminente jornalista parece não ter percebido que a
alteração do decreto do Plano Geral de Outorgas (PGO) é uma decisão
estritamente política, na qual a Anatel não tem nenhum direito de dar
palpites. Principalmente porque, nos termos da Lei 9.649/98, a
competência da regulamentação, outorga e fiscalização dos serviços de
telecomunicações é atribuída expressamente ao Minicom. Ou seja: se o
Hélio Costa e o Lula resolverem abrir os cofres do BNDES para o
Jereissati, somente o Congresso, através de decreto legislativo ou o
STF, poderão melar a maracutaia.
Pobres leitores do Estadão. Continuam ouvindo o telegalo cantar, sem
saber aonde...
Valeu?
Um abraço
Rogério