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Blog (2)
JANA DE PAULA
Página com transcrição de artigos

Página mantida pelo Coordenador da  ComUnidade WirelessBrasil com autorização de Jana de Paula      
Início: 08/03/05   Atualizado em 03/08/06

Jana de Paula é jornalista (ECO/UFRJ) e escreve sobre tecnologia desde 1983. Inaugurou a página de informática do Jornal do Commercio/RJ,  trabalhou na extinta revista Info do Jornal do Brasil, fez comentários para o primeiro programa de rádio sobre informática da cidade, na extinta Rádio Alvorada, foi editora da RNT no Rio de Janeiro e colaborou com as principais publicações da área, como WordldTelecom, B2B Magazine, Consumidor Moderno e AliceRamos.com.
Atualmente é a diretora de conteúdo do Thesis (www.instituto-thesis.com.br).
Email: jana.depaula@instituto-thesis.com.br.
 

 

ComUnidade WirelessBrasil

e-Thesis (antigo Instituto Thesis)


Coleção de Artigos



BGAN no Brasil

 
O acesso a serviços móveis via satélite será lançado no país em meados de abril. Através da tecnologia BGAN (Broadband Global Area Network) é possível se conectar em banda larga independente de antenas, redes e, até, de eletricidade. O mercado corporativo é o alvo.  
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VoIP nas corporações brasileiras

Por Jana de Paula

Usuários domésticos, fornecedores de soluções baseadas em ‘open-source’ e desenvolvedores em geral estão bastante adaptados aos serviços de Voz sobre IP, ou simplesmente VoIP. Muitas empresas em todo o mundo já economizam somas fantásticas com os chamados serviços de IP Telephony, a partir de ferramentas com o Skype e derivados e Asterisk e versões. Mas, o mercado corporativo brasileiro ainda engatinha neste segmento.
A necessidade de obtenção de graus de confiabilidade e segurança das redes não inferiores a 99,9% e o desconhecimento das soluções abertas prestadas por software-houses locais são alguns dos entraves. Mas, no caso das empresas de grande porte, as limitações são maiores. Premidas por contratos draconianos com fornecedores, distribuidores, revendas etc. e, sobretudo, habituadas a receber dos vendors ‘pacotes prontos’ elas hesitam.
Para quem oferece soluções para este mercado a hora é essa. Ao menos este é o feeling da Ericsson, que lançou na semana passada um pacote de soluções de hardware e software voltado para o mercado corporativo de grande porte.
Leia mais no site Thesis: VoIP nas corporações brasileiras

 


Paixão pelo conhecimento 
A informação que circula pelo Thesis é variada e dinâmica e nosso público leitor, sempre ávido por absorvê-las e analisá-las. Por isso, criamos a coluna À Propósito: para complementar as opiniões de nossos articulistas, através de matérias jornalísticas produzidas a partir de entrevistas com executivos, analistas e consultores atualizados. Na inauguração, queremos partilhar a emoção da equipe do Thesis nesta fase de pré-lançamento do site.
Leia mais no site Thesis: Paixão pelo conhecimento   


Inovação com jeito brasileiro - Parte 1 
A importância que o ponto de vista do cliente adquire nas estratégias e produtos das fornecedoras de soluções de tecnologia, transforma a inovação em diferencial de competividade. Compartilhar informação e risco, trocar a imposição de modelos pela gestão conjunta são algumas das iniciativas de quem investe em inovação no país.
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no site Thesis: Inovação com jeito brasileiro

 
Symbian X Windows Mobile: a disputa 

Os dois gigantes Mirosoft e Nokia disputam palmo a palmo o mercado brasileiro de sistema operacional móvel para telefones inteligentes. Quem vai dominar o cenário, MS Mobile ou Symbian?
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no site Thesis : Symbian X Windows Mobile: a disputa 

Alegria, agente provocador 

Iniciamos hoje uma série de análises, entrevistas e e-pesquisas sobre o uso do bom homor e da alegria nas novas técnicas de gestão de projetos. Leia. Colabore. Debata.
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no site Thesis: Alegria, agente provocador 

A segurança da segurança 

O mercado de storage, recuperação e certificação de dados ganha impulso a partir deste ano. Grandes institutos de pesquisa garantem que a partir de 2005 o mercado de autenticidade e guarda das informações - tanto as que trafegam pela a web como aplicações internas das corporações - vai, pelo menos, dobrar.
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no site Thesis: A segurança da segurança 

 

Os primeiros sistemas antifraude para a telefonia foram desenvolvidos de sete a dez anos atrás. Eram sistemas caríssimos - uma solução num servidor Sun Microsystems, por exemplo, tinha custo médio de vinte mil dólares e se baseava no conceito de regras e limites. Estas primeiras soluções levavam muito pouco em consideração a necessidade dos assinantes e limitavam as prerrogativas das telcos, suas compradoras. 

Estas ferramentas - que embutem geração de alarmes diários na suspeita de fraude ou o processo de trabalhar a inadimplência recente após 30 dias de sua ocorrência - acrescidas ao pouco conhecimento do mercado por parte das operadoras eram os principais responsáveis pela dificuldade em gerenciar, de fato, a ocorrência de fraude e inadimplência nas chamadas realizadas.
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no site Thesis : A nova geração antifraude

O fenômeno Mashup
 
À esta altura você já deve saber o que é Mashup. O termo foi empregado pela primeira vez quando músicos e DJs começaram a ‘jogar’ com duas canções, ou seja, criaram um jeito novo de remix. Do underground londrino, depois novaiorquino e, finalmente, planetário, a técnica extrapolou para uma infinidade de aplicações. Em tecnologia, refere-se a web sites ou aplicações que combinam conteúdo de múltiplas fontes, mas que aparecem "sem costura" para o usuário. “Utilizável” a partir de vários programas (como Web 2.0, Ajax etc.), o mashup transforma-se num fenômeno da cartografia digital graças à sua capacidade de cobrir todo tipo de dados de um mapa online junto às ferramentas de sites de busca como Google e Amazon.
Leia mais no site Thesis: O fenômeno Mashup


É possível controlar a criatividade na web?

Por Jana de Paula

Mesmo que você defenda a Propriedade Intelectual com unhas e dentes, não deve deixar de ler “Cultura Livre – Como a Grande Mídia Usa a Tecnologia e a Lei para Bloquear a Cultura e Controlar a Criatividade”, de Lawrence Lessig, editado em Creative Commons, sob os auspícios de Trama Universitário, Vivo, Natura e Phillps do Brasil. Com prefácio para esta edição brasileira de autoria de Ronaldo Lemos, o teor do livro já é explicado no subtítulo.

No livro de Lessig, cada item referente às vantagens e desvantagens dos direitos de propriedade de um ou de muitos sobre a Propriedade Intelectual é avaliado com inteligência e profundidade, desmistificando teorias, derrubando certezas seculares e clarificando o que (e se) no tocante à cultura deve ser taxado como domínio privado.
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TRANSCRIÇÕES


O começo do BGAN no Brasil

Por Jana de Paula

Para quem está confortavelmente sentado diante de um desktop ou usa e abusa do laptop em viagens, reuniões e seminários pelo mundo civilizado pode não parecer muita coisa. Mas, convenhamos, a possibilidade de acessar e.mail, trafegar dados pela internet, baixar e subir streaming de vídeo, tudo a taxas similares aos serviços de ADSL, e, ainda, falar ao telefone - mesmo em locais sem antenas celulares, fios de cobre e, até, sem eletricidade, não parece pouco neste mundo de mobilidade. É o que oferece a tecnologia Broadband Global Area Network, ou simplesmente BGAN. E agora, no Brasil, também podemos afirmar:"BGAN has begun".

O lançamento do serviço para a América Latina – que ainda depende de ajustes finais com a Anatel, no Brasil, e agências reguladoras do continente, foi anunciado pela Inmarsat, no último dia 30 de março, na Marina da Glória (RJ), como um dos inúmeros eventos da regata mundial de vela Volvo Ocean Race, que a dois de abril levantou âncora em direção a Baltimore (EUA). Segundo Michael Butler, chief operation officer (COO) da companhia britânica de satélites, as questões regulatórias estarão concluídas até meados deste mês (abril), para que o serviço esteja cem por cento disponível ao público corporativo latino-americano. Os motivos para o alvoroço são bons. A América Latina responde por 10% do faturamento global da Inmarsat (US$ 491 milhões, em 2005). Desta parcela, de 30% a 40% - ou entre U$ 14 milhões e US$ 19,5 milhões – são de receita local. O lançamento do BGAN na região faz parte de um investimento total da companhia de US$ 1,5 bilhão nos últimos oito anos.

É claro que do BGAN nada é nacional. Os satélites são da britânica Inmarsat, os serviços, de operadoras européias como France Telecom, a russa AMVS e a norueguesa Telenor, e os terminais (pequenos e leves como os menores laptops) da sueca Throne & Throne, da norueguesa Nera Satcom e da alemã Germantown (Hughes). Nada é perfeito neste mundo de ilusão, sobretudo porque há uma dependência brasileira intrínseca em relação à tecnologia estrangeira, tema que pretendemos analisar profundamente aqui no THESIS. Mas, quanto ao BGAN, há a vantagem do preço, mais palatável que os serviços de dados via satélite com os quais estamos habituados. De acordo Butler, as tarifas médias globais do serviço giram em torno de um dólar o minuto para os serviços de voz e entre seis e sete dólares por Mbyte para os de dados. São custos competitivos com os serviços de roaming internacional e banda larga da 3G, cotados em cerca de 15 dólares. Já os terminais têm preços variáveis entre 1,5 mil a 3 mil dólares.

Os preços locais, porém, ainda não foram definidos. Danni Jarolavsky, gerente de vendas da Arycom, um dos canais brasileiros de distribuição, avalia que devam ser inferiores a dois dólares (o minuto de voz) e dez dólares por Mbyte trafegado. O caso do streaming de vídeo é diferente, pois se destina a uso corporativo de maior porte, inclusive transmissão de broadcast para redes de TV - seu preço é variável entre quatro e 27 dólares/1 Mb.

Para os usuários (o mercado alvo é corporativo) eles acenam com vantagens extras de tempo de bateria mais longo e capacidade de ligar o terminal através de portas OSB, Bluetooth ou um hub de Wi-Fi; e de um único dispositivo de comunicação ser capaz de suportar 11 usuários simultaneamente. O serviço suporta, ainda, os padrões de rede privada e os de criptografia adotados por entidades governamentais, mercado importante neste segmento de mobilidade.

Mas o trunfo indiscutível da Inmarsat no competitivo mercado da banda larga móvel é o de ter sua nova constelação satelital disponível aqui e agora, como confirma o diretor da companhia para a América Latina, Svante Hjorth. Enquanto a DirecTV, nos EUA, por exemplo, ainda está na fase de costurar alianças entre as empresas de satélites móveis (MSV) e a Boeing para criar uma rede de um bilhão de dólares que a permita compor um cardápio de serviços que agregue TV via satélite à transmissão de dados em banda larga - e que, na melhor das hipóteses, só estará disponível entre 2008 e 2009, a Inmarsat, hoje, já cobre 85% da área do planeta.

Os lançamentos de dois Inmarsat 4, a 11 de março e 8 de novembro do ano passado, respectivamente, permitiram uma cobertura quase total – China, Europa, parte da África, Oriente Médio, parte da Ásia e Américas. Com o lançamento de um terceiro satélite, previsto para 2007, a companhia terá a única cobertura que lhe falta, ou seja, a região do Pacífico. A constelação total é de 11 satélites, que operam em banda L (espectro de freqüência entre os limites de 0.94 e 1.55 Gigahertz, muito utilizada nas comunicações móveis vía satélite, tanto terrestres, como marítimas e aéreas). E, se a banda L tem a desvantagem de não superar a velocidade de 2 Mbps, oferece alta qualidade de transmissão, pois não é suscetível às oscilações climáticas.

Estar em operação antes da concorrência gera capacidade de competição com operadoras móveis de WiMAX, WiFi e de 3G, em seus próprios mercados. É claro que os mercados onde os serviços móveis de satélite podem prosperar são tradicionalmente os nichos, mas alguns destes, sobretudo os de segurança pública e broadcasting, apresentam significativa expansão e fornecem base sólida para um modelo de negócios.

“É claro que operadoras de WiMAX e Wi-FI são nossas competidoras, mas também nos ajudam a expandir nosso negócio. Mais de 70% de nossa receita vem do tráfego de dados em alta velocidade. O crescimento da oferta de serviços de dados em banda larga por estas operadoras aumenta nossa capacidade de expansão. Podemos fornecer o sinal onde suas estruturas não podem. O serviços móveis via satélite geo-estacionário permitem às outras operadoras ampliarem suas ofertas de mobilidade no laptop, no blackberry, etc. Somos concorrentes, mas também somos parceiros”, analisa Butler.

Esta pode ser uma boa resposta às promessas não concretizadas dos serviços móveis via satélite nos últimos anos, dos quais o mais decepcionante foi o Projeto Iridium. Diante do crescimento da indústria dos celulares, a visão de um satélite acessível não importa onde foi superada pelos altos custos e a incapacidade de o sinal penetrar em ambientes in-door - limitações vencidas em pouco tempo pelo celular. O BGAN resolve estas questões e aponta novas perspectivas, a partir de uma tecnologia que combina mobilidade, ou portabilidade, terrestre com comunicação satelital. Se o Iridium falhou ao não prever o roaming global (GSM/GPRS) sem a necessidade de se carregar qualquer outro dispositivo além de um simples aparelho celular, os players de satélite atuais investem na capacidade de transmissão de voz, multimídia e dados em alta velocidade onde os players de celulares não podem alcançar. É como um casamento moderno, onde cada cônjuge quer o melhor da união, sem perder a individualidade.


VoIP nas corporações brasileiras

Por Jana de Paula

Usuários domésticos, fornecedores de soluções baseadas em ‘open-source’ e desenvolvedores em geral estão bastante adaptados aos serviços de Voz sobre IP, ou simplesmente VoIP. Muitas empresas em todo o mundo já economizam somas fantásticas com os chamados serviços de IP Telephony, a partir de ferramentas com o Skype e derivados e Asterisk e versões. Mas, o mercado corporativo brasileiro ainda engatinha neste segmento.

A necessidade de obtenção de graus de confiabilidade e segurança das redes não inferiores a 99,9% e o desconhecimento das soluções abertas prestadas por software-houses locais são alguns dos entraves. Mas, no caso das empresas de grande porte, as limitações são maiores. Premidas por contratos draconianos com fornecedores, distribuidores, revendas etc. e, sobretudo, habituadas a receber dos vendors ‘pacotes prontos’ elas hesitam.
Para quem oferece soluções para este mercado a hora é essa. Ao menos este é o feeling da Ericsson, que lançou na semana passada um pacote de soluções de hardware e software voltado para o mercado corporativo de grande porte.
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O ponto de partida da estratégia da companhia para o lançamento da plataforma all IP MX One é pesquisa realizada no ano passado pelo Yankee Group sobre tendências dos próximos 24 meses – ou seja, os anos de 2006 e 2007 – entre as 500 maiores empresas do Brasil.

De acordo com o Yankee Group, deste seleto grupo de corporações, 45% já utilizam a telefonia IP; 16% pretendem testá-la até o ano que vem e 14% nos próximos dois ou três anos. Do total, só 25% não planejam implantar telefonia IP em suas redes, por enquanto. Além dessas conclusões, a pesquisa aponta também que 38% das grandes companhias estão em busca de novas aplicações para seus negócios e 33% querem melhorar a comunicação, facilitando o trabalho remoto.

Segundo o vice-presidente da recém-criada área de Enterprise da Ericsson Brasil, Eduardo Ricotta, o novo pacote MX One teve sua estratégia de lançamento baseada em três grandes linhas. A primeira é a tendência de crescimento do mercado IP no Brasil e no mundo (ver gráficos no rodapé). Ainda de acordo com o Yankee Group, em 2009, 60% de todas as chamadas do planeta trafegarão em IP. A segunda é o incremento da mobilidade no mercado corporativo, ou seja, a tendência de se trabalhar fora da empresa com as mesmas facilidades tecnológicas do escritório. A terceira e última é a necessidade mercadológica de lançamento de novos aplicativos, resposta de vendors e telcos às novas tecnologias.

“Vemos, por exemplo, as redes celulares em geral, tanto CDMA quanto GSM, aumentando a velocidade do tráfego de dados em suas redes o que possibilita a criação de uma série de aplicações, como automação das forças de campo e de vendas. Isso já se deu antes, quando, do GPRS, se evoluiu para o EDGE e, agora, a 3G, ou do CDMA indo para o 1xrtt e hoje para o EV-DO. O aumento do número de aplicações destes upgrades das redes é flagrante”, relembra Ricotta.

O MX One é uma plataforma de IPBX, ou seja, um PABX que trafega em IP, como o Asterisk. Com algumas implementações, sobretudo de hardware, baseadas em padrão Linux, a Ericsson se considera apta a concorrer neste competitivo mercado. Apesar de não informar o total de investimentos feitos na sua plataforma all IP, a expectativa da Ericsson é dobrar, em três anos, a participação do segmento corporativo em sua receita no país, que hoje é de 4% do total. Ricotta acredita que, ainda em 2006, entre 7% a 10% do mercado brasileiro de PABX se originará das versões em IP. Hoje, a Ericsson Brasil detém 20% (1,5 milhão de unidades instaladas) no mercado local destes aparelhos.

Para convencer clientes atuais e futuros, a companhia sueca enfatiza a possibilidade de redução do custo total de administração de uma rede entre 30% e 70%. Ricotta calcula que o retorno sobre o investimento na nova plataforma seja viável entre 1,5 e dois anos.

Apesar de não ficar muito à vontade com o assunto, Ricotta reconhece a concorrência do open source. “É claro que as soluções abertas representam uma tendência de mercado que não se consegue bloquear”. Mas para aumentar sua participação no mercado, a Ericsson aposta na necessidade de segurança de dados das redes, suporte e confiabilidade. Além disso, luta para criar o sonhado ‘valor agregado’ em suas soluções. “A gente tem que ser diferente ao criar valor nos nossos produtos para nosso cliente ficar sempre satisfeito”, acredita o vice-presidente. Estratégias como aumentar o nível de disponibilidade dos funcionários da companhia, provar a possibilidade de redução de custo na transmissão de voz e dados e, ainda, agregar algum tipo de valor exclusivo são prioridades deste business plan.

A Ericsson não é a primeira a lançar uma solução proprietária para a telefonia IP e, certamente, não será a última. Mas, falamos de padrões abertos. Hoje são dois a disputar a hegemonia: o ITU-TH.323, da União Internacional de Telecomunicações, e o SIP, proposto pelo IETF (Internet Engeneering Task Force). Grandes companhias mundiais como Asterisk e Skype atendem, a partir de fontes abertas, necessidades corporativas e domésticas mundiais, independentes dos esforços das soluções proprietárias. Os próprios vendors precisam lançar plataformas e aparelhos que ‘falem’ com os de seus concorrentes. E empresas e usuários brasileiros devem se aprofundar no assunto para compreender os caminhos que se abrem com a telefonia em IP.

A independência dos serviços IP dos tradicionais fornecedores e soluções e serviços (vendors e telcos) certamente modificam as forças atuantes neste mercado.

É preciso estar atento para os nichos que se abrem com a possibilidade de desenvolvimento de soluções a custos muito baixos e que servem para prover um mercado não tão seleto quanto as big corporações, mas muito, muito grande.
 


Paixão pelo conhecimento 

Por Jana de Paula

Vamos falar de paixão. Mas não daquela que se inflama e se extingue, fátua. Falamos da paixão pelo saber. Da paixão do conhecimento. Ou seja, paixão madura, que arrebata, não pelo inusitado, mas pelo que tem de útil para um e, por conseguinte, para muitos. Falamos do ardor que nos tira cedo da cama, que nos leva para longe dos mais queridos em direção a pontos distantes do planeta, guiados pela necessidade de compreender.

A paixão a que me refiro nos leva a criar e, sobretudo, partilhar a nova idéia; o conceito intuído, a aplicação necessária; a queixa fundamentada. Criar é bom. Partilhar o conhecimento obtido é melhor ainda. O Thesis é filho da paixão. Pelo novo. Pelo que não envelhece; pelo valor que se dá a cada insight, mais do que ao lucro presumido.

Numa pesquisa superficial que realizei num site de buscas da Internet, a partir das palavras-chave Informação e Conhecimento, encontrei – num único provedor – um milhão e trezentos mil resultados. Há uma febre, pois, que supera a necessidade da troca de informação pura e simples - e o termômetro é a web. O que se quer, o que se busca, é a troca de experiências, dúvidas, opiniões, idéias, sugestões.

O mundo acadêmico que se expande e fortalece é menos preocupado com o cabedal acumulado e, mais, com as idéias que vêm a reboque de cada aluno recém ingresso no campus, de cada intervenção em sala de aula. Aluno e professor perfazem o Círculo e se voltam mais para um e outro do que para a busca empírica do saber enciclopédico.

A dúvida que paira na mente do executivo, impelido no seu dia-a-dia a produzir certezas, é sua intuição de que os dados que tem em mãos, por mais consistentes que sejam, não são suficientes para uma deliberação segura. Somos todos passíveis de falhas. Quem não erra? Assim, a investigação por conhecimento funciona como a consulta a um oráculo, onde se busca o elemento que falta a determinado projeto, a idéia fresca, virgem, independente do meio onde se atua.

Para alguns, a idéia nova incomoda, assim como uma mosca na sopa; já, para outros, é a força motriz da própria vida. Criamos este espaço para os segundos. Para quem faz de seu dia-a-dia professor. E, lançado o conceito, a sincronicidade com que as pessoas vêm aderindo à idéia inicial do Thesis é tamanha que... é quase um Nirvana. Quando nosso querido Jean Paul Jacob está, lá de Almadén, nos EUA, com sua antena extraterrestre na mesma sintonia que o professor Cleofas Uchoa, em Ipanema, no Brasil; quando o próprio presidente e mentor do Thesis, José Carlos Cunha, é o mais apaixonado de todos nós; quando nosso caro Marcio Calasans nos brinda – surpreendentemente – com a ferramenta exata que precisamos. Bom, quando acontece tudo isso, se ainda não o fazíamos, passamos a crer em sincronicidade.

Paixão por idéias e, mais, paixão por pessoas. Tratamos de temas considerados áridos, como tecnologia, finanças, negócios etc. Mas o ponto de partida é quem está realizando. E para quem. Números, estatísticas, teorias, estudos, previsões são encarados, aqui, a partir do princípio de que não há idéias sem homens ou mulheres de carne, osso e paixão.

A mesma idéia perpassa o Museu Virtual de Telecomunicações, a menina dos olhos de todos nós aqui do Thesis. Queremos reunir em acervo concreto (no que o virtual tem disso) a visão humanizada da história recente das telecomunicações no país. Todos os acertos – e cada um dos erros – foram praticados por pessoas que desbravaram matas, perseguiram idéias, buscaram o aperfeiçoamento, criaram, enfim, conhecimento.

Todos os articulistas e membros de nosso Thesis se apresentam aqui com este único fim – discutir, debater, oferecer, trocar. Queremos que quem acesse o nosso acervo e o nosso site tenha o que de melhor se pensa nas áreas em que nos especializamos.

Jana de Paula é diretora de conteúdo do Thesis


Inovação com jeito brasileiro - Parte 1

por Jana de Paula

Inovar para não morrer é refrão entre as globais

Os conservadores que me perdoem, mas inovação é fundamental. Requisito estratégico para corporações em todo mundo, a inovação já faz parte dos modelos de negócio no Brasil, pois é imprescindível acompanhar a maturidade da clientela local frente às soluções que envolvam uso de tecnologia de ponta. Hoje, a demanda brasileira por produtos e serviços de telecomunicações e tecnologia da informação requer mais do que o sistema, a rede, o computador, o celular, o caixa-eletrônico mais avançado. Ela exige aplicabilidade, redução de custos e diferencial que a valorize em relação à concorrência e aumente sua visibilidade frente à clientela.

Jogo de cintura é o que se exige dos fornecedores de tecnologia neste novo ambiente. Além de serem obrigados a renovar-se internamente, é preciso investir em recursos que atendam necessidades cada vez mais segmentadas e sofisticadas. A autoridade da visão do cliente sobre a composição de produtos e serviços explica porque estes fornecedores se lançam numa verdadeira cruzada para obter suas benesses. E, lembrem-se, falamos de companhias com lucros operacionais globais variáveis entre US$ 1,5 bilhão e US$ 10 bilhões. Se elas estão estimuladas a esse ponto, inovação como estratégia de atrair e fidelizar cliente é mais do que tendência: é objetivo.

“O tema estratégico interno da Intel do Brasil para os próximos anos é Inovação e Progresso”, revela Élber Masaro, gerente-geral de marketing da subsidiária, numa clara alusão à importância que a companhia que representa dá à disseminação de modelos de negócio baseados em inovação, no país. O executivo sabe que a receita para inovar deve incluir capacidade de comunicar informação e gerar experiência. “É mais fácil para o cliente entender os benefícios da inovação no seu dia-a-dia quando isso gera experimentação. Ele quer testar, praticar”, ensina.

Inovação tecnológica sem ouvir o cliente não existe”, acrescenta, Jayme Shibata, diretor de TI e produtos da VeriSign Brasil. Mas este esforço visa, sobretudo, à aplicação. A concepção é que quanto mais próxima da finalidade, mais a inovação se aproxima do cliente.

Suporte à inventividade

Criatividade é chave neste processo. Vancrei de Oliveira, diretor de marketing e vendas para América do Sul da Lógica CMG, explica a linha de ação que a companhia definiu para si mesma. Fornecedora de soluções para as operadoras de telefonia, a Lógica estruturou sua linha de inovação em evolução tecnológica, robustez das soluções e capilaridade. A meta é oferecer suporte a sua clientela – as telcos -, para que estas se dediquem a lançar serviços de alto valor. “O usuário, corporativo ou final, não está mais atento ao modelo de terminal, mas, sim, ao serviço de dating.

Na guerra de preços sobre voz, o valor agregado tem peso muito grande”, indica Oliveira. Shibata, hoje fornecedor, conhece bem o mercado das telcos, pois trabalhou em operadoras. E é categórico a afirmar que o segmento de telecom está entre os que mais demandam inovação como diferencial de competitividade. Bancos, varejo, hotelaria, mineração e química também seguem esta tendência. “Telecom, nos últimos cinco anos, foi o segmento que mais alavancou a tecnologia e tem tornado obsoletas facilidades de dois, três anos atrás”, avalia.

Um dos resultados mais flagrantes deste impulso é a convergência entre engenharia (das centrais) e tecnologia. A incorporação de multimídia no universo das telecomunicações é, na ótica de Shibata, fator tão revolucionário quanto o foi a eletricidade no século XIX. “Este ano, após mais de 50 edições, o tradicional Painel Telebrasil incorporou, pela primeira vez, a participação de representantes da TV Aberta”, recorda. A convergência efetiva entre os produtores da informação e aqueles que a transmitem evoluiu de vocação à realidade de mercado.

Outros setores que, como telecom, abrangem espectro amplo de atuação e, portanto, requerem evolução constante são mineração e química. Sergio Lozinsky, líder de Estratégia Corporativa para a América Latina da IBM Brasil, cita como exemplo a pesquisa voltada à criação de novos produtos que adotam o ferro e o aço como matéria prima, bastante adiantada no país. Já a adoção do plástico em tipos inéditos de embalagens e aplicações tem evoluído na indústria química internacional. “Um exemplo é a substituição da rolha de cortiça para a de plástico, visando redução de custo final e, até, melhor conservação do vinho, algo impensável há alguns anos. Também já se projeta o lançamento de garrafas plásticas para os produtores mundiais de cerveja”, adianta Lozinsky.

Inovar, no entanto, nem sempre é “partir do zero”. Às vezes, basta olhar em redor para descobrir aplicações inovadoras para tecnologias nem tanto. É o caso do i-POD, lançado pela Apple Inc. Todas as tecnologias das quais o i-POD se aproveita já existiam em separado (remasterização, download de música pela web, alta capacidade armazenamento, som de alta definição etc.), até que alguém percebeu em sua combinação algo inovador. “Ou seja”, resume Lozinsky, “tudo foi incorporado num único produto, para suprir uma ampla oferta de pessoal jovem interessado, que já vendeu 15 milhões de unidades em quatro meses”.

À caça da informação

O que se depreende do esforço das maiores companhias deste mundo globalizado é a capacidade de capturar e difundir informação, como ferramenta número um para competitividade. Todos os teóricos modernos, de Alvin Toffler a Peter Drucker, já haviam sinalizado a importância que a informação adquiriria no Século XXI. Mas, agora, falamos do mundo dos negócios, onde aplicabilidade, eficiência e, sobretudo, capacidade de gerar lucro são quesitos indispensáveis. O desafio, nos próximos anos, é implantar o conceito de arquitetura orientada ao serviço (SOA), onde infra-estrutura e disseminação de informação se interceptam. Eduardo Lopes, vice-presidente da Oracle no Brasil, esclarece que a idéia é interconectar as diversas “ilhas” de informação. “De que maneira iremos buscar, arquivar e acessar a informação? A partir da real enterprise, a empresa em tempo real. A informação é acessada e enviada à pessoa correta, no tempo certo”. Lopes garante, no entanto, que esse resultado não se consegue por mágica: “Isso exige uma mudança estratégica que passa pela inovação”.

Apesar de reconhecer que “é inovar para não morrer”, Lopes distingue que nem toda empresa e nem todo empresário precisa, ou quer, inovar. “As empresas iniciam testes em seus departamentos operacionais e de TI. O objetivo é checar as inovações requeridas, seu impacto na redução de custos e que tipo de continuidade ou descontinuidade trará ao negócio”, acrescenta o vice-presidente.

Consultas via web são instrumento dos grandes fornecedores na busca desta informação de valor. “Temos feito muita pesquisa na rede com resultados efetivos. Através dos sites das operadoras e vendors, é possível conhecer a que tipo de produto e serviço a gente deve se alinhar” argumenta Shibata. Enquanto eventos ao vivo têm servido para ampliação de network dos executivos envolvidos, a web se mostra mais eficiente na obtenção de dados concretos. É via Internet que se tem acesso quase ilimitado à experiência mundial, a partir de white-papers, descrição de cases, pesquisas etc. “É notório que as feiras e grandes exposições perderam muito do seu antigo glamour. Tanto assim que têm cedido sistematicamente espaço a congressos e seminários”, completa o executivo. Além de meio de pesquisa, a Internet se traduz, ela própria, em modelos de negócios através de soluções de extranet e intranet. Transforma-se em produtos lucrativos que atraem o interesse de clientes aos portfogli. A equação é a seguinte: se a tecnologia que desenvolvo permite inovar a atividade do cliente, preciso ajudá-lo a usar o que forneço para incrementar seus negócios. Assim, aquilo que já foi um site corporativo, evoluiu para portal e, mais recentemente, para um cardápio self-service, que funciona como interação da força de vendas, de departamentos comercial e industrial ou de agilização da informação que circula internamente.

Na área de recursos humanos, a IBM Brasil idealizou um meio de desburocratizar o acesso dos funcionários a informações importantes, como trâmite de documentação, pedido de férias, benefícios etc. sobre um cardápio self-service. A partir de uma senha, o funcionário acessa todas as informações relevantes, direto do servidor da empresa. “Costumo dizer que inovação não é invenção. Neste mapa, o caminho converge quando a avenida da inovação intercede com a rua da necessidade de mercado”, compara Lozinsky.

Serviço, serviço, serviço

Outra vantagem percebida é que, na necessidade de segmentação, ganham as soluções locais em relação à tecnologia importada. Porque, se a tecnologia das empresas globais é única para todo um leque intercontinental de clientes, as aplicações voltadas a nichos dependem de mão-de-obra local. Cada país, cidade ou localidade tem necessidade específica de uso e somente quem entende a demanda regional, local, adquire condições de competir. Logo será o músico local, o software-developer local, o consultor local que terão respostas para necessidades idem.

A Lógica, por exemplo, fornece a mesma tecnologia para todos os países, mas em cada um deles se associa com empresas e pessoas locais para suprir as telcos de soluções inovadoras. É o caso de aplicações para SMS, que lidera disparado – 90% - a receita de dados da telefonia celular, em todo o mundo, inclusive aqui, no Brasil. Enquanto WAP, GPRS e MMS abocanham os restantes 10%, o SMS continua invicto na preferência. Facilidade de uso e baixo custo do serviço são vantagens a serem exploradas por muitos anos mais. Por isso, as telcos, ao invés de substituir o SMS, partem para novas aplicações corporativas, como acesso a saldo bancário, seguro de automóvel aplicado etc. “No universo das telcos, inovação nem sempre é ruptura. O MMS não vai acabar com o SMS. Durante muitos anos ainda o tráfego do SMS vai ser maior, pois isso se baseia na sua relação custo-benefício. Os terminais MMS exigem câmeras, são mais caros. São mercados que se complementam, mais do que se excluem”, aposta Vancrei de Oliveira.

Bastante disseminado na Argentina e Venezuela, o SMS começa a receber tratamento vip no Brasil. Quanto às possibilidades de aplicação, elas são ilimitadas. Para melhor aproveitá-las, a subsidiaria da Lógica recém implantou no país a “Fábrica de Conteúdo”. Ela visa reunir profissionais de áreas diversas para gerar aplicações específicas. Foi a partir de iniciativa como esta que, nos países árabes, se lançou uma aplicação de sucesso para muçulmanos. É sabido que, entre os muçulmanos, basta repudiar a mulher três vezes para que ela perca sua prerrogativa legal de esposa. Agora, essa prática, que tem valor jurídico e religioso, pode ser realizada via SMS.

A Verisign também se convenceu de que não basta enlatar tecnologia importada para agradar ao cliente brasileiro. Por isso criou um centro de pesquisas no Brasil, onde cerca de dez profissionais se dedicam a criar soluções segmentadas a diversos públicos locais. Neste processo, coube à área de TI o suporte aos produtos importados. Outra saída para competir num mercado que se dedica à enxugamento de custos como o brasileiro, a Verisign, há três anos do país, trabalha como prestadora de serviços. “Cobramos por serviço prestado, por mensagem, por aplicação. Nesse modelo, o cliente não precisa investir na compra de equipamento”.

De acordo com Shibata, a idéia para competir foi inovar na obtenção de revenue-share. Este modelo busca sucesso no nascente mercado de Vo-IP. Os prestadores de serviços de voz sobre IP têm limite de investimentos e se interessam por um tipo de tecnologia que abordem positivamente seu modelo de negócios. Hoje quem fornece solução para telecomunicações sabe que inovação deve refletir-se com vantagens na receita média por usuário (ARPU).

Inovação e Risco

É claro que a inovação nos negócios é um processo em implantação no país, ainda não totalmente absorvido. De qualquer forma, está em decadência o conceito de imposição de uma solução por parte do fornecedor. “A relação que se requer hoje é win-win-win, ou seja, ganham o fornecedor, os canais de distribuição e o cliente”, acrescenta Fabio Picoli, gerente de novos negócios da subsidiária da japonesa Trend Micro. O executivo salienta que existe uma cultura mais focada em criatividade e inovação com diferencial. “As empresas que conseguem captar a real necessidade do cliente obtém os melhores resultados”, garante Picoli. De seus contatos, ele depreende que os clientes querem um parceiro ou fornecedor que fale com segurança sobre o futuro.

Ao contrário de estratégias obsoletas, o estreitamento nas relações entre os diversos elos da cadeia produtiva redunda em melhores perspectivas para a oferta de mão-de-obra, a inovação tecnológica, a positividade dos lucros, a satisfação dos acionistas e clientes. Por isso, é tão importante a troca de informação sobre o nível de risco que a inovação, tecnológica ou não, implica. Pois, se já está mais ou menos disseminado que inovação estratégica reduz custos operacionais do negócio, o risco precisa ser bem entendido. “A questão, quando se trata de inovação, é que se vai trabalhar sobre algo em que não se tem experiência anterior, em que não se sabe se e quando vai dar certo”, explica Lozinsky, da IBM Brasil.

Inovação nas corporações é uma atividade empreendedora, ou seja, um processo que prevê risco e necessita de um certo tempo para análises de risco financeiro e de pessoal. Um dos fatores para redução de risco em soluções inovadoras é o compartilhamento da idéia em questão. “Ao contrário do senso comum de que o segredo é a alma do negócio, trocar conhecimento é vital para diminuir o risco”, acrescenta Lozinsky. É claro que obter o comprometimento dos parceiros é importante para que o compartilhamento da inovação se mantenha entre os parceiros. A repartição clara dos benefícios é importante, mas, principalmente, o é a definição das pessoas envolvidas. “Há mercados mais suscetíveis a guardar suas inovações como segredos. Mas isto não funciona no segmento de tecnologia de ponta; neste, tende-se a compartilhar de modo a criar padrão por volume de uso”, continua o executivo da IBM Brasil.

Considerações finais

Neste artigo, entrevistamos, apenas, algumas das corporações que aplicam estratégias inovadoras também no mercado local. Que investem em mão-de-obra brasileira, criam convênios com universidades, implantam laboratórios e centros de pesquisas locais como estratégia real de atuação, mesmo sendo multinacionais. Algumas, como a IBM Brasil, estão neste mercado há décadas e sabem aproveitar de seu conhecimento do cliente brasileiro para fornecer portfoglio atualizado. Outras, como a Lógica, não querem perder a liderança por desconhecimento das necessidades de negócios locais. Outras, ainda, como Trend Micro, Verisign e Oracle, estão no país há poucos anos, mas decidiram-se por estratégias que comprovam o interesse de longo prazo pelo mercado brasileiro.

Existe outro tipo de estratégia local por parte de subsidiárias de grandes fornecedores mundiais de soluções que, simplesmente, mantém escritórios de vendas e marketing no país. Elas sequer possuem porta-vozes para tratar de assuntos estratégicos como inovação. Mas são as primeiras que nos interessam e por isso decidimos por realizar uma série de entrevistas sobre o tema.

O interesse pela inovação, não se esgota aqui. Caso outras empresas tenham modelos de negócios inovadores e queiram partilhar essas informações conosco, por favor, entre em contato. Nossa meta é fornecer ao leitor o quadro mais abrangente possível sobre o assunto.

Jana de Paula é diretora de conteúdo do Thesis


Symbian X Windows Mobile: a disputa

Por Jana de Paula

A disputa do mercado de sistemas operacionais móveis não se restringe ao conflito software proprietário versus software aberto. Está em jogo também um outro tipo de domínio. Que universo tende a sobrepujar o outro: a experiência no mundo IP ou a tradição na mobilidade corporativa? À medida que os celulares se transformam cada vez mais em computadores de mão, os dois principais players do segmento de sistemas operacionais para smartphones - Nokia e Microsoft - medem suas forças.

A Nokia, líder do consórcio do Symbian, o sistema aberto, mantém liderança. Graças à ampla presença na telefonia móvel, desponta em primeiro no ranking, com 62% do mercado dos "smart devices", segundo estimativa Canalys para 2005. Mas a Microsoft, com seu Windows Mobile, abocanha cada vez mais market-share. De uns modestos 4%, logo que se aventurou no mundo da mobilidade, hoje detém 16%. Já a Palm Source, terceira colocada, que ocupa uma fatia de 10%, não interfere, ao menos no Brasil, de maneira preocupante aos outros concorrentes. Sua atuação é forte, principalmente, nos Estados Unidos.

O fato é que, no momento, é difícil dizer quem vai vencer esta batalha tecnológica. Como lembra Cláudio Raupp, vice-presidente da Nokia do Brasil, "é um campo novo". No mapa estratégico desta guerra, se enfrentam a transferência de dados via Internet (Microsoft) e a capacidade de atuar com segurança na mobilidade, seu berço e única área de atuação (Nokia). A briga é boa e o mercado a justifica. Em recente conferência da Nokia, realizada em Barcelona (Espanha), divulgou-se que, do total de e-mail trafegado no mundo, 1% (ou seis milhões) é no ambiente móvel. A expectativa é que este volume salte para 30% do total de mensagens trocadas, chegando a 200 milhões nos próximos três anos.

Empresas de pesquisa como Gartner e Canalys estimam que o número de telefones inteligentes (ou smartphones) alcance, em quatro ou cinco anos, 170 milhões de unidades vendidas, contra as 20 milhões comercializadas no ano passado. Com relação aos serviços, são mais de 40 operadoras em 37 países que oferecem as facilidades da banda larga nos dispositivos portáteis. É claro que falamos do mercado global, mas, no Brasil, o embate já se delineia. Por aqui, este é um momento importante: todas as operadoras definem estratégias de atuação para o smartphone. Por enquanto, o Symbian é a plataforma mais conhecida no Brasil, mas a estratégia da MS de atuar pesado no mercado corporativo tende a modificar a atual feição do mercado.

De acordo com Fiore Mangone, gerente de produtos e desenvolvimento da Nokia, há uma desaceleração na febre de ganhar mais assinantes e a conseqüente busca de aumento da capacidade média de compra pelo usuário (ARPU) por parte das telcos. Outro ponto positivo é o ligeiro barateamento dos aparelhos, apesar de ainda serem voltados para os mercados de alto e médio poder aquisitivo. "O preço de compra ainda é elevado, pois há a restrição do alto volume de componentes importados".

ALGUNS LANCES DA BATALHA

O grande trunfo do Symbian é o de ser uma plataforma aberta. A partir do consórcio entre Nokia, Panasonic, Siemens, Lenovo, LG, Samsung e Sony Ericsson, criado em 1998, foi possível criar o Symbian OS, plataforma do sistema operacional Symbian. Baseada em linguagens abertas e padrões de programação standards do mercado, o Symbian é suportado em Java, de domínio comum, C++, com amplo uso no segmento de jogos, e foi concebido desde sempre para atuar em dispositivos móveis.

Esta é uma vantagem real frente à concorrência. A Microsoft, apesar do empenho de Bill Gates em penetrar no mundo da mobilidade, baseou seu Mobile sobre uma plataforma proprietária, concebida, de início, para seus servidores; a Palm, também, disponibilizou inicialmente sua plataforma para dispositivos móveis que não o celular. Isto é, ambos os sistemas operacionais são adaptações. Não que essa desvantagem seja intransponível. Justo pelo fato de ser um padrão no PC, a Microsoft tem larga vantagem em migrar sua plataforma para o celular. Com o sistema operacional da MS, o usuário vê na tela de seu smartphone exatamente a mesma tela e os mesmos recursos de navegação do seu PC.

O fato de ser um sistema proprietário não reduz de maneira significativa a linha de atuação do Windows Mobile. A partir da Microsoft Developer Network (MSDN), a companhia já envolveu 120 mil pessoas no desenvolvimento de soluções para seu sistema operacional móvel no país e mais de três milhões no mundo. A ferramenta Visual Studio.Net, desenvolvida de encomenda para o WM, engloba 19 linguagens de programação diferentes, inclusive C++ e Basic. É a resposta ao Fórum Nokia, criado com a finalidade de reunir desenvolvedores, especialistas e usuários Symbian e que hoje representa prerrogativa favorável à disseminação do sistema operacional adotado pela Nokia.

No contra-ataque, a Nokia investe em otimização da arquitetura Symbian. Entre as características recém implementadas estão redução no consumo de energia, bateria menor e de mais longa duração e dispositivos mais amigáveis, tudo a um custo inferior, resultante da larga penetração dos aparelhos Nokia junto ao consumidor. "Cito, também, a capacidade e a flexibilidade do Symbian em customizar e personalizar aplicativos, tanto da parte das operadoras quanto do usuário", acrescenta Raupp. Esta personalização pode ser feita em imagens, pano de fundo, ringtone, videotone, além do fato de o dispositivo Symbian "ser" um MP3 player.

Mas a Microsoft não se assusta com as possíveis conveniências do Symbian. Focada no mercado corporativo, a meta da MS é "desenvolver super aplicações em mobilidade", avalia Celso Winick, gerente de sistemas embarcados da MS Brasil. Especialização vertical, conhecimento completo do processo de distribuição e manutenção também se inserem neste raciocínio.

A escolha da Microsoft pelo mercado corporativo no mercado local se baseia no crescimento e na importância que ele adquire frente a outros segmentos. Dos 80 milhões de celulares no país, 5%, ou 4 milhões, estão nas mãos dos executivos. "A aceitação de smartphones pelo mercado corporativo é crescente, pois é enorme a eficiência que eles trazem", continua Winick. Um dos diferenciais da MS será atacar a demanda por soluções CRM (customer relatioship management), tipo SAP/Siebel, de modo que as aplicações móveis se integrem à infra-estrutura de CRM que a empresa já tenha.

O mercado corporativo é, também, alvo da Nokia. "Todo dispositivo Symbian se traduz num escritório móvel", acredita Raupp, o que demonstra o interesse da multinacional finlandesa em fazer mais do que enviar e receber e-mail. E, se Winick acredita que "o que falta no Symbian é integração com servidores", Raupp defende o contrário: "o acesso de um smartphone com Symbian a aplicações corporativas no back-office é equivalente ao de um PC em banda larga. E falamos de acesso completo à Internet e não de um WAP", garante.

Winick rebate com o argumento de que telefone inteligente é principalmente uma questão de software, universo onde a Microsoft domina: "VoIP é uma solução de software, serviços de navegação de Internet também", enfatiza. Raupp salienta que hoje, via Symbian, é possível um full-browsing. Além disso, a Nokia aposta na sua experiência em localização e navegação por triangulação de rede celular, característica bem atraente ao mercado europeu e que começa a ser implantada aqui. E, aí, Raupp dá uma estocada: "A Microsoft precisa ser licenciada, cobra royalties, o que pode funcionar bem no mundo IP, mas no ambiente celular a situação é diferente, conta não apenas a plataforma, mas a robustez e o custo competitivo".

Mas mesmo para isso, a Microsoft tem uma resposta. A plataforma Windows é bastante disseminada e aceita pelo mercado brasileiro. E quanto à questão do licenciamento, Winick salienta que o sistema operacional é fornecido em estado bruto aos fabricantes, que dispõem de uma série de recursos para integrar suas soluções. "Com o Windows, não importa o fabricante do smartphone, o usuário compreenderá todos eles, pois trazem os mesmos ícones do PC, que já um padrão".

A Nokia também pensou nisso e, pelo menos para o pacote Office, já disponibilizou uma solução. O Symbian adotou alguns recursos que abrem arquivos do World e do Power Point. O Quick Office, aplicativo para série Nokia 60, traz alguns arquivos compatíveis, como caixa de entrada, visualização e alteração de anexos. Desenvolvimento de um parceiro, o Quick Office já vem embarcado no N 6681. "Gastamos milhões para tornar a interface do Symbian mais amigável. Esta compatibilidade com o pacote Office foi, inclusive, uma exigência das operadoras para suportar seus serviços", enfatiza Mangone.

O contra-argumento da Microsoft é que, com o crescimento do ambiente IP no celular, todo mundo que tem um e-mail vai acessá-lo via celular. "O Messenger tem 14 milhões de usuários e, no celular, tudo é rigorosamente igual. Nos celulares sem Windows a página é desconfigurada. Tente acessar uma página de Internet sem o Windows Mobile", alfineta Winick.

Como eu já disse, a briga é boa. Mas que não se pense que ela tende a se radicalizar. No mundo de mobilidade e protocolo de Internet o que pesa é a todo-poderosa convergência. E é mais provável que os impasses sejam resolvidos por acordos e parcerias e não por radicalismos e fechamentos de fronteiras.

Jana de Paula é diretora de conteúdo do Thesis


Alegria, agente provocador 

Por Jana de Paula

Provocação combina com respeito? Pode combinar, sim; sobretudo se gera, no indivíduo, vontade de mudar ou acelerar o processo de mudança em curso. As relações humanas nas empresas se aperfeiçoam quando estas aprendem a aproveitar os talentos humanos de que dispõem. E o humor é um dos fatores propulsores da comunicação bem estabelecida. É entender a necessidade do outro e se abrir de modo a ser capaz de suprir esta carência. Quando este tipo de comunicação se estabelece, tem-se a alegria.

Levar o humor como ferramenta de apoio às corporações é trabalho absorvente. Falamos de alguém, de fora da organização, cujas atitudes de alegria permitem a oxigenação de um ambiente muitas vezes hostil, ou simplesmente apático. O resultado, apesar de intangível, precisa ser mensurado – deve redundar na solução de problemas de gestão. Este profissional atua como uma espécie de Bobo da Corte. Com a vantagem que, hoje, não tem mais que agradar, principalmente, o rei. É capaz, sim, de promover, num grupo, um momentum de alívio e criatividade tão marcantes que não serão obliterados depois de encerrada a performance. É claro que já há corporações interessadas em possuir um palhaço full-time, que funcionaria como uma espécie de ombudsman super-moderno. E, por favor, não pense que deliramos. Mega corporações como Microsoft e Compaq já contabilizam bons dividendos com este tipo de estratégia.

Que não se espere, porém, fórmulas pré-moldadas ou tópicos de auto-ajuda quando o assunto é o humor no empowerment das corporações. Deve-se, inclusive, evitar o uso desta ferramenta para seguir, apenas, um modismo. “Temos muito cuidado ao iniciarmos um relacionamento com as empresas. Antes de quaisquer decisões de parceria, mantemos vários contatos e – detectada uma real necessidade - começamos o trabalho, que implica uma relação profunda e duradoura com o patrocinador”. Quem fala é Ângelo Brandini, também conhecido como o palhaço Zorinho. Ele é um dos integrantes dos Doutores da Alegria, organização sem fins lucrativos que atua em hospitais, levando alegria e bom humor a crianças e adolescentes internos em onze entidades entre São Paulo, Rio de Janeiro e Recife.Desta atividade inicial o resultado de suas ações foi tamanho, que a equipe de palhaços passou a ser requisitada por corporações que querem aprender – e transmitir – o conhecimento acumulado por eles.

O espelho do palhaço

Este é um exemplo de que a gestão baseada no bom humor precisa, como ponto de partida, da implantação de processos de comunicação de longo prazo. Não se pode estabelecer relacionamentos duradouros sem a criação de vínculos. E estes só geram uma comunicação de resultados concretos quando não se trabalha a priori. No caso dos Doutores, apesar de possuírem um departamento de pesquisa para catalogar e disseminar o conhecimento acumulado, eles não apostam em métodos definitivos. “Tudo o que a gente sabe de gestão surgiu do conhecimento intuitivo. Mesmo hoje não temos metodologia acabada. Quem acha que sabe tudo perde o frescor da curiosidade”, acrescenta Brandini.

Talvez o sucesso da técnica adotada pelos Doutores esteja no fato de eles incorporarem o conceito do palhaço como provocador. Pesa, também, a simbologia milenar que alimenta o arquétipo do clown. A simples presença de um palhaço incita a mudança, em qualquer ambiente. Afinal, o palhaço ri com as pessoas e não das pessoas - é aí que entra o respeito. Há quem confunda o sentido da alegria com o de contar piadas e fazer ‘gozações’. O piadista dificilmente ri de si mesmo. E a alegria não está necessariamente ligada ao riso. Ela é, mais, um meio de aprender como se encara a si mesmo. Este processo de aprendizado que usa o outro como espelho de si mesmo – a provocação -, é usado, justamente, para evitar que o autoconhecimento e a criação de vínculos degringole em disputas e pseudo-ironias.

É comum levar-se muito a sério. Quando, um indivíduo atua numa sociedade, organização, estado etc. com excesso de sisudez, a alegria deve ser adotada como agente catalisador de transformação. Para tanto são indispensáveis o uso de uma linguagem própria (essência do palhaço) e a obtenção da permissão do interlocutor. Uma das tarefas do palhaço é, justamente, obter esta permissão, através de seus inúmeros recursos. No caso dos Doutores da Alegria, por exemplo, as técnicas usadas são contundentes: eles conseguem atenção e permissão de crianças em avançado processo de doença.

Motivação, humor, entusiasmo.

Como se vê, há mais neste mundo de humor do que supõe a nossa vã filosofia. Se aplicamos o conceito nas repartições públicas, por exemplo, veremos que uma política de adoção de técnicas de alegria viria a calhar. Fatores como alto índice de greves, salários defasados, poucas perspectivas de carreira, além de ingerências políticas no dia a dia destas organizações, demonstram que o setor público será largamente beneficiado pela adoção da alegria na melhoria das condições de trabalho.

Claro está que o problema não se restringe à área estatal. Um ambiente hostil prejudica a tomada de decisões e gera sentimentos de irritação, acomodação e/ou omissão. Uma equipe desmotivada com esta intensidade, dificilmente gerará um trabalho de boa qualidade. Ao contrário, o bom humor gera ambiente favorável ao compartilhamento, à criatividade e à inovação. Quando a informação circula num clima de parceria, provoca sensação de confiança que, aliada à irreverência e a espontaneidade, permite aos diversos interlocutores rirem dos próprios erros e buscarem de maneira lúdica novas idéias e soluções.

Tem gente que leva tão a sério este negócio de alegria, que chega a pesquisar a origem da palavra, para descobrir novas sutilezas. O termo humor é oriundo do latim humor-oris (pelo qual definia-se, à época da pujança do Império Romano, os quatro fluidos básicos do organismo humano, que determinariam condições físicas e mentais). Apenas no século XV, a partir da palavra inglesa humour, adicionou-se o sentido de boa disposição de espírito, veia cômica e ironia.

Para alguns, o bom humor é encarado como maturidade emocional. Quando duas pessoas interagem, o estado de humor de uma é transmitido à outra. Assim, a sincronia – ou a diacronia – determinará a boa ou má qualidade da comunicação. Ao contrário, quando grassa o mau humor, o resultado são as chamadas doenças profissionais, como estresse, úlcera e infarto.

Cuidado. Pista Escorregadia

Em se tratando de humor, como em tudo o mais, difícil é não exagerar na dose. Sobretudo quando o humor resvala para a piada e serve, apenas, para encobrir a mediocridade. Quem aborda esta questão com maestria é o publicitário norte-americano Gordon Lewis. Em seu livro “Marketing Mayhem”, recentemente traduzido pela Editora Resposta Editorial sob o título “Marketing Mutilado”, Lewis nos ensina em breves 275 páginas, como fugir da mediocridade e da mania de fazer piada de tudo e por tudo. Demonstra, com muito humor (às vezes negro, outras cristalino), que, até agora, não foi inventado nada que substitua a inteligência.

De todos os ajuizados conselhos que ele transmite ao leitor, um dos mais sábios é o de se evitar o clichê, como se foge da peste negra. Seus conselhos são voltados, principalmente, para o profissional de marketing, mas servem para todos. Inclusive no caso do humor – ou você conhece algo mais irritante do que clichês de humor? Uma visão do marketing, numa abordagem que implica humor, se faz necessária porque, em geral, a implantação de projetos de gestão visam melhorar ou fortalecer a imagem institucional de determinada corporação.

Lewis tem seu representante no Brasil. É o também publicitário Silvio Lefèvre, que, inclusive, é responsável pela tradução e edição local de “Marketing Mutilado”. Silvio criou um ponto de encontro na web, para quem gosta de discutir as atitudes das empresas com bom humor e inteligência. É o Derrapadas em Marketing. “Procuramos apontar os erros em marketing de uma maneira alegre, de modo que as críticas sejam aceitas com mais naturalidade e evitando uma reação negativa”, explica.

Silvio quer provar que as empresas tomam atitudes nem sempre coincidentes com as necessidades do consumidor e, por isso, devem arcar com suas escolhas. “Ninguém está isento de derrapadas. O fato é que procuro dar a visão externa das atitudes das empresas que eu reconheço como consumidor, a partir da experiência que eu tenho”, acrescenta.

No caso do marketing, as organizações – grandes clientes das agências – são mais atualizadas do que estas. O marketing brasileiro , lembra Silvio, ainda não tem a capacidade de analisar suas derrapadas. “O máximo que hoje se aceita é analisar criticamente os cases de fracassos notórios – aí tem um monte de gente para explicar o porque do fracasso”. Já, das campanhas em andamento, ninguém quer se meter a falar. Neste ponto os clientes estão mais adiantados que as agências de publicidade. O cliente tende a ter mais o pé no chão”, pondera.

Silvio condena a tendência atual do uso do humor entre os profissionais brasileiros de publicidade. Para ele, existe uma mania de fazer gracinha. E não se pode fazer gracinha com qualquer coisa. A graça só tem graça porque se distingue do sério. “Não é que eu seja contra, somente defendo que se deve evitar vícios de linguagem e de abordagem. A piada mal colocada pode tirar a seriedade do que se está querendo transmitir”.

Jana de Paula é diretora de conteúdo do Thesis.


A segurança da segurança 

Por Jana de Paula

Ao se falar em segurança de dados, geralmente surgem imagens de fraudes eletrônicas, roubos cibernéticos, hordas de hackers etc. Mas a segurança na preservação e recuperação dos dados arquivados tem a mesma importância que a do acesso e tráfego das redes. Talvez, a diferença seja que nas redes a tarefa é visível para todos os extratos da corporação. Já no back-up e storage a ação se restringe ao ambiente de TI. E, para quem vê de fora, parece um ‘trabalho que não rende’.

É claro que esta impressão é aparente. O crescimento da Internet e a conseqüente capacidade de se manipular milhões de terabytes em dados geram necessidade vital de arquivamento com segurança. Há, também, o acúmulo de dados oriundos das aplicações internas – de documentos temporários a estratégicos arquivos de dados. Segundo a IDC, a partir de 2009, o mercado brasileiro deve consumir volumes a partir de 30 petabytes/ano – ou quase cinco vezes mais que os sete petabytes consumidos em 2004. Outro estudo, da Horison Strategies, indica que, a partir de 2005, todos os dados gerados no mundo serão digitais. Já o Gartner estima que pelo menos 80% das soluções de storage externo estejam em rede.

O Brasil não está mal em relação ao consumo global da tecnologia de arquivamento – do total mundial de US$ 1 trilhão, em 2004, os gastos brasileiros tragaram US$ 10,9 bilhões. Mas este não é um segmento estável e mesmo estas previsões podem ser tímidas. A IDC prevê um forte crescimento deste mercado entre 2005 e 2007; e a maioria dos institutos de pesquisa que avaliam o segmento aponta a consolidação do conceito de governança corporativa, a adaptação das empresas locais e subsidiárias à Lei Sarbanes-Oxley (SOX) e o aumento da geração de dados como fatores de seu aceleramento.

UM ROI PARA O GURU

No ambiente do storage o CIO se apresenta como verdadeiro guru. Afinal, mesmo com o incrível crescimento esperado, o problema não é espaço digital para arquivar tanto dado. A questão chave é gerenciamento – a exigir custos cinco vezes superiores aos da compra de equipamentos. A preocupação quanto ao retorno de investimento (ROI), nesta área, deve fazer parte da estratégia do CIO que queira, de fato, elaborar uma plano preventivo para o business storage da empresa.

Fred Moore, autor do livro Storage New Horizons, alerta que enquanto o preço da tecnologia de arquivamento – discos, fitas, servidores etc. – decresce cerca de 30% ao ano, os custos com suporte (pessoal, software, segurança física, energia etc.), inversamente, crescem numa média entre 10% e 25% ao ano.

Amplia-se também a terminologia sobre a guarda de dados. Gestão dos recursos de storage (SRM) é a sigla acrescentada ao jargão dos tecnológos. A idéia é criar uma cultura que permita a coordenação das várias plataformas de armazenamento, agilizando a classificação dos dados e a detecção de arquivos rara ou ocasionalmente acessados. Esta estratégia implica a relocação da informação em dispositivos de custo baixo, como fitas magnéticas, dedicando as mídias mais caras, discos online, por exemplo, para aplicações críticas.

De acordo com dados apresentados por Moore, em seu livro, o hanking no mercado de storage contempla as seguintes posições. Em primeiro lugar, os serviços de armazenamento (que geraram receita de US$ 24,9 bilhões, em 2004). Depois, os sistemas de disco (receita de US$ 20,6 bilhões, no mesmo período). Em terceiro, os software comerciais de storage (US$ 7,8 bilhões) e, em quarto, as fitas (US$ 4,3 bilhões).

QUEM PROSPERA NO BRASIL

Neste mercado de cifras estratosféricas prospera um segmento específico, sobretudo no Brasil. O de recuperação, conversão e duplicação de dados e/ou mídias; auditoria da qualidade do processo de back-up; e manutenção dos sistemas e equipamentos de armazenamento. Falamos de empresas que recuperam dados perdidos de fontes tão variadas como drives de disco rígido, disquetes ou backups em fita. Estes especialistas são reconhecidos como o último recurso na recuperação, quando todos os outros métodos, inclusive os software de SRM, falharam.

Desde o Bug do Milênio (1999/2000), passando pelo 11 de setembro (2001) e o escândalo da Enron (2002), as companhias se preocupam em, primeiro, aprender, para em seguida decidir suas estratégias de atuação. Este crescente interesse pela saúde dos dados que se manipula nas corporações causou verdadeira transformação nas antes chamadas empresas de back-up.

“Foram estas três ondas que fortaleceram o mercado de arquivamento. Antes destes eventos, o storage preventivo e o investimento em tecnologia de armazenamento não fazia parte da estratégia de nenhuma empresa com atuação local”, assinala Adalberto Filho, diretor da Archtech, que atua há 20 anos no segmento.

Como no resto do mundo, o setor que aquece o segmento de arquivamento no Brasil é o financeiro. Foi ele que importou a cultura de storage para o país. No rastro dos bancos vêm as operadoras, por sua exposição ao ambiente regulatório e devido às questões de tarifação e biling. “A SOX, porém, expandiu este mercado que, hoje, abrange indústrias exportadoras e com ações em bolsas de valores, como a de alimentos, petróleo & fornecedores, siderurgia e café”, acrescenta Adalberto.

Um dos produtos voltados a este novo mercado é o de certificação de integridade agora obrigatório para companhias que negociam suas ações na Bolsa de Nova Iorque (NYSE). Para que a empresa obtenha este certificado são checados aspectos físicos, lógicos e magnéticos dos meios que guardam em back-up suas informações administrativo-financeiras. “O ideal é que a certificação seja efetuada a cada 12 meses, pois, na eventualidade da verificação, o trabalho é executado com mais precisão e em menos tempo”, sugere Adalberto.

Entramos, assim, no conceito de governança corporativa. As empresas de capital aberto não só devem disponibilizar as informações que geram, como devem ser transparentes, já que recebem recursos de terceiros, ou seja, seus acionistas. Para que a NYSE aprove determinada empresa, esta deve ser auditada. Depois, prossegue-se à inspeção das mídias, se gera relatórios e, por fim, são sugeridas ações como recuperação de dados, conversão de mídias, manutenção preventiva ou corretiva dos equipamentos e a qualidade do processo de back-up. Como se vê, é um processo demorado e custoso; mas, no caso de quem negocia na NYSE, não se trata mais de uma recomendação, mas de lei a ser cumprida.

A SOX também atingiu o mercado de soluções para o ambiente jurídico. Resposta do governo norte-americano ao Escândalo da Enron, a SOX exige que a companhia preserve toda transação financeira e os mantenha acessíveis, estejam eles em bancos de dados, planilhas, e.mail, discos etc. No país, esta mídia magnética de arquivamento já serve como prova em processos judiciais, vale como nota fiscal e é reconhecida como documento válido dos departamentos de pessoal da companhias. “A preocupação com o arquivamento de dados é fundamental, pois as demandas judiciais são normalmente suportadas por informações contidas nos sistemas de back-up dos interessados naquelas ações”, exemplifica Adalberto.

A fornecedora de soluções de arquivamento que oferecer os melhores parâmetros e uma taxa de recuperação acima dos 75% (aceitável mundialmente) tem passe garantido para competir nesse atraente mercado. É preciso dominar, também, a tecnologia da sagacidade; ou seja, larga experiência que a capacite a fornecer com segurança a certificação da integridade do hardware, do software e do próprio acesso ao ‘bit’ da informação gravada. É original? Recuperável? Foi adulterada? Afinal, a fraude eletrônica não está apenas contra quem navega na web. É preciso lutar, também, com a fraude e o roubo off-line. E durma-se com um barulho desses...

Leia sobre segurança para e.mail neste white paper do IT Business e entenda quando é melhor usar a fita e, não, o disco.

Jana de Paula é diretora de conteúdo do Thesis


A nova geração antifraude

Por Jana de Paula

Os primeiros sistemas antifraude para a telefonia foram desenvolvidos de sete a dez anos atrás. Eram sistemas caríssimos - uma solução num servidor Sun Microsystems, por exemplo, tinha custo médio de vinte mil dólares e se baseava no conceito de regras e limites. Estas primeiras soluções levavam muito pouco em consideração a necessidade dos assinantes e limitavam as prerrogativas das telcos, suas compradoras.

Estas ferramentas - que embutem geração de alarmes diários na suspeita de fraude ou o processo de trabalhar a inadimplência recente após 30 dias de sua ocorrência - acrescidas ao pouco conhecimento do mercado por parte das operadoras eram os principais responsáveis pela dificuldade em gerenciar, de fato, a ocorrência de fraude e inadimplência nas chamadas realizadas.

Impossibilitadas pela tecnologia disponível em separar o joio do trigo, ou seja, o fraudador do bom cliente, as telcos prejudicavam sua imagem institucional. Resultado: clientes eram negativados como mal pagadores nos serviços de proteção ao crédito sem ter cometido qualquer falha. Assim, além das perdas com fraudes reais, a operadora arcava com custos de indenizações por processos indevidos.

Seria bom se a ocorrência destas falhas pudessem sempre ser contadas no pretérito imperfeito. Mas, a realidade é que, pelo alto custo das soluções em FMS (fraud management system) e RA (revenue assurance) e erros de avaliação dos projetos de consultoria, as operadoras ainda mantém sistemas de primeira e segunda geração em suas centrais. E amargam perdas financeiras por gerenciamento errôneo das fraudes. As telcos, hoje, são obrigadas a pagar indenizações entre onze mil e quinze mil reais, por negativações indevidas de crédito. A FML, consultoria especializada no segmento, dá conta de que, atualmente, entre oito a dez mil CPFs são erroneamente negativados.

Com o crescimento da necessidade de conhecer o cliente para bem atendê-lo e evitar o churn, além do desenvolvimento de soluções de terceira geração de software de FMS e RA, começa a surgir uma luz no fim do túnel na solução deste problema tão delicado e fundamental à saúde financeira das telcos.

Ninguém se arvora a dizer o quanto se perde em fraude e inadimplência, mas sabe-se que é um valor que oscila entre 2% a 10% da receita das telcos. A Connectiva, multinacional que atua no segmento de implementações de soluções em RA, estima que este volume ultrapasse os 100 bilhões de dólares anuais. Mas pode ser um número maior – nenhuma operadora sente-se à vontade para tratar publicamente destas perdas, contra as quais realizam estratégias sigilosas.

UMA EVOLUÇÃO

Graças à evolução tecnológica, as ferramentas de geração de alarmes passaram para a intercessão de bancos de dados em data-mining. Desta forma foi possível mudar regras e limites e conferir um pouco de inteligência às informações trafegadas, mas a eficiência desta prática continua discutível. “Os sistemas de primeira e segunda geração são reativos a um problema”, acrescenta Roberto Guerrero Favero, diretor de vendas para as Américas da Neural Technologies. Ou seja, os analistas das informações dos bancos de dados das operadoras ficam sentados diante de um monitor à espera de alarmes que os levarão a detectar chamadas fraudulentas em toda uma rede. Quando o evento ocorre, o analista ‘derruba’ várias conexões, em cadeia, inclusive do não fraudador.

“Com o aumento do número de assinantes, passa a ser necessário um verdadeiro exército de analistas”, lembra Favero. É para tentar suprimir esta lacuna que as fornecedoras começam a investir em sistemas mais ‘pesados’, que adotam inteligência artificial, mudando a postura reativa por medidas preventivas, em tempo real. “Torna-se possível analisar diferentes fontes de informação, tanto do sistema da operadora como de birô de créditos, departamentos de polícia, imigração etc., impedindo, ainda, que o alarme de fraude derrube uma série de chamadas”, completa o executivo.

A análise por inteligência artificial, ou redes neurais, também permite o exame preventivo de regras e limites e da conduta de quem faz a chamada em paralelo e de diferentes formas, o que aumenta a taxa de acerto de 20% para 80%. Este tipo de solução tende a otimizar o trabalho dos analistas, que passa a ser mais investigativo e leva à obtenção de provas conclusivas da fraude, com proteção ao cliente.

Ao contrário, o sistema tradicional baseado em regras e limites tem um alto número dos chamados alarmes falso-positivos, ou seja, onde não há fraude. Segundo Favero, em 100 alarmes neste tipo de sistema 90 são falso-positivos. O diretor da Neural, companhia britânica que fornece o Minotaur, um dos softwares com inteligência artificial do mercado de FMS e RA e tem entre seus clientes Vodafone, Orange, Nextel e Sprint, reconhece que ainda há uma certa reserva de parte das operadoras. “Aconteceu o mesmo quando a injeção eletrônica substituiu o carburador na indústria automobilística”, compara o diretor. O primeiro cliente do Minotaur no país é a Brasil Telecom, negócio intermediado pela Agilent.

INIMIGO DOMÉSTICO

Além de permitir a redução de processos indevidos de indenizações e coibir a fraude externa, o tratamento inteligente de FMS e RA pode atacar outro grande vilão: o fraudador interno, ou seja, funcionários corruptos. Empregados em posições de autoridade dentro da empresa podem produzir danos graves: as principais ameaças internas são os técnicos que manipulam a informação das centrais e apagam seus registros internos. Este tipo de fraude é responsável por 50% do total das perdas financeiras das telcos.

Hoje em dia, o esforço e os investimentos da indústria de telecom estão concentrados no combate aos ataques de fontes externas, enquanto a fraude interna raramente merece a devida atenção. Graças a seu conhecimento de especialista dos sistemas e processos, os empregados das empresas de telecom são idealmente capacitados para realizar ataques à rede. E dado ao fato de que se trata de especialização que requer atuação em muitas áreas da companhia, parece ser muito simples ao fraudador interno encobrir suas atividades.

Em alguns casos, a discrepância entre o salário recebido e as somas astronômicas oferecidas pelos criminosos é suficiente para convencer o empregado mais honesto. Por ser dinheiro de crime, livre de taxas e impostos, muitas vezes representam entre dez a vinte vezes mais que o funcionário poderia ganhar em 20 anos de carreira. Há, também, é claro o corrupto ou o especialista-criminoso, que esconde sua atividade ilegal e é contratado pela operadora.

Outro ponto frágil é a metodologia tradicional utilizada na detecção de fraude, que tende a focalizar-se na atividade do usuário e na informação da chamada. Este enfoque normalmente produz classificações simples dos problemas de uso, mas amiúde não destaca a causa radical do problema e a fraude interna passa a ser encarada como perda natural ou dívida incobrável.

De acordo com um white-paper da Neural Technologies, “a fraude interna é um dos tipos de fraude mais intangíveis. Pode ocorrer em qualquer parte dos processos da organização tais como: no sistema de incorporação de clientes; plataformas de pré-pago; administração dos serviços de faturamento, na base de dados do cliente e nas plataformas de administração de billing.

O documento salienta, ainda, que a fraude interna pode tomar a forma de alterações nos detalhes da fatura, criação de contas falsas, acesso a detalhes de um cartão de crédito, danos nos elementos da rede, ativação de vírus e ataques trojan e, até, à facilitação do acesso à rede pelo crime organizado.

PERDAS EM IP

Mas a fraude não é o único ponto nevrálgico na guerra contra a perda de receita por parte da indústria de telecom. O crescimento do volume de transferência de dados em protocolo de internet (IP) tem colaborado na redução de proventos por parte das operadoras. Hoje, 60% do tráfego mundial em IP são de dados, mas ele não gera mais do que 15% de receita. Há dois anos, o quadro era pior – o retorno financeiro deste segmento não superava 5%. “O mercado estima que em 2007 as receitas com dados alcancem entre 40% e 45%”, informa Alon Aginsky, presidente da cVidya Networks, fornecedor de soluções no segmento, com sede em Israel.

O problema, segundo ele, deve ser abordado logo, pois a banda larga é a área que mais cresce entre as operadoras. A maioria dos novos serviços como VoIP, IP/VPN, jogos on-line e outros serviços de valor agregado são baseados em pacotes de dados e não nas arquiteturas baseadas no standard TDM/PSTN.

Neste momento, operadoras do mundo inteiro contratam grandes empresas de consultoria para traçarem estratégias que as auxiliem a reduzir os riscos de perda de receita no mundo IP. Hoje, é preciso a monitoração num processo 24 horas/7 dias para controlar esta perda, sobretudo no mercado dinâmico da banda larga, onde é alta a taxa de churn, constantes as mudanças de perfil do usuário e existe uma enorme variedade de esquemas de preços e cobranças dos serviços. De acordo com Aginsky, este quadro pode representar perda de receita em banda larga da ordem de 11%.

BOAS NOVAS

No Brasil, se as operadoras já se alertaram para esse problema, é um mistério. O que fica flagrante no mercado de gerenciamento e garantia de receita contra fraude e inadimplência em telefonia é que as subsidiárias locais das telcos têm um longo caminho a percorrer. É gratificante, no entanto, saber que elas já se preocupam seriamente em proteger o cliente de suas estratégias de ataque aos criminosos.

As telcos locais começam a dar-se conta que é preciso separar urgentemente sua carteira de clientes fiéis do processo de caça aos criminosos. Elas já sabem que a inadimplência do cliente não se compara às apropriações indevidas de impostos, por falsos recursos contra adimplentes, impetrados por elas próprias e que já somam 120 milhões de dólares, dos quais 100 milhões só em São Paulo.

Devido à pressão da concorrência, as telcos começam a implantar ‘filtros’ em seus sistemas de modo a evitar que clientes adimplentes sejam negativados em serviços de proteção ao crédito ou sejam excluídos sem justificativa do processo de assinatura das operadoras. São atitudes positivas à imagem das operadoras que devem render bons frutos.

As informações deste artigo foram obtidas durante o seminário "Revenue Assurance & Fraud Management Latin America 2005”, organizado pela IBC (www.ibcbrasil.com.br/fraudla) , nos dias 21 e 22/11/2005, no Rio de Janeiro.

Jana de Paula é diretora de conteúdo do Thesis


Conversa sobre XPM

por Jana de Paula

 
Adoção de uma visão quântica do mundo. Mentalidade compatível à prosperidade que advém da mudança e da inovação. Visão humanística. Estas são as bases do conceito de Extreme Project Management, mais conhecido pela sigla XPM. Este método difere do gerenciamento tradicional de projetos, por ser mais aberto, elástico e indeterminístico. Além disso, pressupõe a criação, controle e conclusão de projetos num ambiente volátil e não restrito a intrincadas técnicas de medição ou pesado formalismo. É a equipe, são as pessoas que dão o tom em todo o processo XPM.
 
As duas principais autoridades em XPM no mundo são Doug deCarlo e Rob Thomsett, que desenvolveram a base teórica do XPM e dirigem prósperas companhias baseadas no conceito. Há, também, The Cutter Consortium, que reúne empresas, pessoas e organizações que adotam esta metodologia.
 
Ainda não há, no Brasil, literatura sobre o tema nem tradução dos principais livros já publicados (veja lista no final). Mas o XPM é um wikipedia bastante acessado e pela web é possível encontrar bom material para download. Aqui trataremos de alguns conceitos básicos, apenas para iniciar o debate.
 
No segundo capítulo do livro “Extreme Project Management: Using Leadership, Principles, and Tools to Deliver Value in the Face of Volatility” (Copyright 2004-Jossey-Bass), Doug deCarlo frisa que, ao se escolher a mentalidade tolerante à mudança, adota-se uma visão de mundo em sincronicidade com o caos e a imprevisibilidade.
 
Só depois de incorporar este tipo de visão, é possível partir para a realização de um projeto XPM. Para obter sucesso nessa empreitada será necessário o engajamento em condições turbulentas, em alta velocidade e alto grau de mudança. Por que?
 
Porque o XPM foca, principalmente, as pessoas envolvidas. E pessoas desfrutam de seu tempo, diariamente, a partir de pensamentos e emoções. Agindo uns sobre os outros. Gestão de XPM é centrada e construída em torno do modo que as pessoas pensam, sentem e agem umas sobre as outras.
 
Os pensamentos se exprimem sob a forma de idéias, decisões, fatos, dados e capacidade de superar obstáculos. Quando pensamentos e emoções convergem, isto se manifesta nas apresentações, conferências e conversações, da mesma forma que os diagramas são visíveis nas transparências. Eles são projetados sobre a vida na forma de protótipos, imagens, notas, apresentações de PowerPoint, planos, documentos e o projeto final.
 
deCarlo incorpora o princípio de que o pensamento “dá forma física e/ou psíquica” às emoções e sentimentos. As pessoas, assim, projetam formas negativas se estão aborrecidas ou raivosas e outras, positivas, se estão alegres e motivadas. “Em contraste, a gestão tradicional está saturada do lado mecânico (leia Newtoniano) das coisas e cobra um pesado tributo ao lado humano. Sua estrutura de conhecimento é construída sob práticas, procedimentos e políticas onde as pessoas são domesticadas pelo processo. Podemos permitir a desumanização dos projetos? Não num mundo quântico”, diz o autor em seu livro.
 
A visão humanística e quântica prevê que o uso da energia (ou seja, a capacidade de gerar “formas-pensamento”) é vital para o bom aproveitamento da vida. Ora, no XPM ela se traduz na capacidade de efetuar o trabalho (ou seja, o projeto). Quanto mais elevada é a qualidade do pensamento, melhor o tipo de emoções e maior a interação entre indivíduos. Daí, maior a capacidade de realizar o trabalho.
 
Quando o campo de energia é tóxico, ou seja, repleto de emoções negativas, a capacidade das pessoas de efetuar o trabalho é comprometida, o que se reflete nas suas deliberações sobre o projeto (formas físicas). Um projeto calcado em energias tóxicas pode resultar em sérios prejuízos à marca, se for implantado, ou, até ser rejeitado pelo cliente.
 
Enquanto “campo de energia” a gestão de projetos é doadora de vida, a força por trás dos produtos, serviços e o resultado final dos negócios. Os projetos vivem, respiram. Eles são as pessoas. Quando um projeto está de mau humor, a manifestação das idéias é sufocada, o campo energético se torna denso com a carga negativa. As interações entre os envolvidos se transformam em fofoca, queixas, critica, expectativas de fracasso, choradeira e sabotagem.
 
O autor faz a seguinte comparação: “A questão fundamental na gestão XPM não é como construir a melhor ratoeira, e, sim, como criar ambiente propício ao nascimento da melhor solução para capturar o rato”. Como campo de energia, um projeto se compõe de muito mais que suas soluções físicas e peças que o justifiquem, justamente como férias reais são muito mais do que um folheto de viagem.
 
O projeto XPM se opõe frontalmente ao tipo de gestão de projeto que leva à implantação de escritórios de projetos e outros organismos que criam metodologias monumentais, objetos e práticas pomposas sobre uma documentação burocrática. Não se pode provar resultados reais sob este prisma. “Há muitas festas, mas onde está o bolo?”, pergunta Doug.
 
A nova definição de projeto e gestão desloca o chefe do projeto para longe da tarefa de trabalhar objetos e o coloca na posição de criar ambiente que simule o bom pensamento, energia positiva, comunicação líquida e colaboração robusta.  Criar um ambiente que estimule a energia positiva exige gestão do escoamento de seus próprios pensamentos, emoções e interações nas condições de um esforço elevado.
 
Ninguém pode controlar todas as variáveis e interesses – nem nos projetos e nem na vida. Não se trata de escola de comando-e-comando. Um XPM não pode ser regulado de cima para baixo. Ele pode somente ser guiado de cima e controlado de baixo com os indivíduos, em separado, e os grupos responsáveis  fazendo ajustes e correções constantes, enquanto todos se mantêm no espírito desejado de resultados. A busca do resultado desejável é outro conceito principal. Um projeto XPM é um processo de descoberta - o caminho a que se quer chegar evoluirá na maior parte de vida do projeto.
 
A gestão XPM é holística. Um modelo holístico é aquele que se constrói em torno de um conjunto integrado de princípios, valores e práticas que aceleram a execução de cada um dos três níveis - indivíduo, equipe e organização. Inclui métodos, objetos, técnicas, mas estes estão firmemente enraizados no solo fértil da visão quântica de mundo. Por isso, deCarlo aconselha: “Não caia no conto do objeto nem das metodologias. XPM não é um exercício de preencher espaços em branco”.
 
Eis um pouco das idéias de deCarlo. Toda sua obra está sob copyright, portanto, se você quiser conhecê-la melhor, terá que comprar os livros. Ou contratar o próprio Doug para gerir seus projetos. Já Rob Thomsett disponibiliza seu método livremente, a partir do site de sua companhia, a Third Way. Clique aqui e faça o download do documento, onde Thomsett analisa várias etapas dos riscos num projeto.
 
Abaixo, uma bibliografia sobre o tema, retirada do Wikipedia:
 
Ajani, Shaun H. Extreme Project Management: Unique Methodologies - Resolute Principles - Astounding Results. ISBN 0595213359

DeCarlo, Douglas. eXtreme Project Management: Using Leadership, Principles and Tools to Deliver Value in the Face of Volatility. ISBN 0787974099

Highsmith, Jim. Agile Project Management: Creating Innovative Products.
ISBN 0321219775

Thomsett, Rob. Radical Project Management. ISBN 0130094862

Wysocki, Robert K., Rudd McGary. Effective Project Management: Traditional, Adaptive, Extreme, Third Edition. ISBN 0471432210

Harrison-Broninski, Keith. Human Interactions: The Heart and Soul of Business Process Management. ISBN 0929652444
 

Jana de Paula é diretora de conteúdo do Thesis


O fenômeno Mashup

Por Jana de Paula

À esta altura você já deve saber o que é Mashup. O termo foi empregado pela primeira vez quando músicos e DJs começaram a ‘jogar’ com duas canções, ou seja, criaram um jeito novo de remix. Do underground londrino, depois novaiorquino e, finalmente, planetário, a técnica extrapolou para uma infinidade de aplicações. Em tecnologia, refere-se a web sites ou aplicações que combinam conteúdo de múltiplas fontes, mas que aparecem "sem costura" para o usuário. “Utilizável” a partir de vários programas (como Web 2.0, Ajax etc.), o mashup transforma-se num fenômeno da cartografia digital graças à sua capacidade de cobrir todo tipo de dados de um mapa online junto às ferramentas de sites de busca como Google e Amazon.

No Brasil, o termo mash-up (misturar, em inglês) é mais utilizado. Mas preferimos a versão adotada pelo Wikipedia e a maioria dos sites mundiais que disseminam o conceito, sem o hífen. Ainda por aqui, a técnica está mais largamente disseminada entre aficcionados do remix musical; mas, algumas instituições que desenvolvem soluções para o mundo corporativo começam a se mexer e criar aplicações locais abrangentes. Algumas das atividades pioneiras do universo empresarial são as aplicações do mashup em programas de inclusão digital, doações de equipamentos a instituições de ensino e o uso da nova tecnologia em bibliotecas, onde o usuário navega e conhece as obras através de uma playlist.

No momento, o grande debate entre as mega-empresas globais fornecedoras de conteúdo é como faturar diante de tantas ferramentas de remix e mapeamento, tão diferentes quanto o controle e visualização do trânsito de uma cidade ao circuito de cinema da temporada, passando pela produção de CDs. É mais uma discussão em torno de propriedade intelectual.

Mas, como qualquer tecnologia emergente (o mashup mal completou um ano), estes ajustes são comuns. O que interessa é sua capacidade de disseminação. Nem mesmo os desenvolvedores de gráficos por computador da HousingMaps imaginavam que seus programas, ao serem combinados com mapas do
Google e as pessoas da Craigslist, comunidade bastante popular, davam início a um novo fenômeno de Internet. Na verdade, foi mesmo quando o Google publicou o release de suas interfaces de programação - o molho secreto que permite aos colaboradores criarem suas próprias receitas nos mapas -, é que o mashup explodiu, de fato.

Na verdade, antes de o mashup "colar", havia uma quantidade enorme de informação para a qual não se encontrava qualquer utilidade. Esta informação esteve disponível na web por anos a fio e ninguém sabia como faturar com ela. Por isso, mesmo que o modelo de negócios ainda não esteja claro, um fato é irrefutável: trata-se, não de um nicho, mas de um veio de negócios inestimável. Hoje, acredita-se que pelo menos dez mashups são criados por dia, cada um provendo dados a partir de pop ups e balões, originários de vários mapas online.

Com o mashup - software híbrido que combina índices de mais de uma fonte - os mapas digitais transformam-se rapidamente em ferramenta centralizada para usos incontáveis, que variam desde a elaboração de relatórios locais de shoppings a mapas completos de trânsito, tudo em tempo real e diretamente "baixado" em endereços específicos.

O mapeamento online (online mapping) se transforma numa conexão de tecnologias e comunidades díspares que muda o uso fundamental da Internet, bem como redefine o conceito de mapas em nossa cultura. Por isso, considera-se o mashup um marco histórico. Mesmo sem tanto exagero, o mashup talvez estabeleça, de fato, o elo entre os mundos real e virtual.

Mas nem só de software vive este atraente mercado. Com a disseminação dos mapas online cresce o mercado de servidores com alta velocidade de processamento e capacidade de armazenamento, indispensável para produzir as fotos as fotos via satélite e outros recursos que produzam imagens de alta resolução. Aí abre-se um outro - e amplo - universo mercadológico.

Repetimos abaixo os links referidos no texto e mais alguns, para ajudá-lo a entender o Mashup.

Tech Republic

http://www.programmableweb.com/mashups  (diretórios de mashups)

http://www.technorati.com/tag/craigslist

http://www.technorati.com/tag/mashup

http://www.programmableweb.com/

http://www.maps.google.com

http://www.mashup.org/

http://www.mashuppodcast.co.uk/

http://en.wikipedia.org/wiki/Mashup

http://dailymashup.com/

http://www.mashup.com/

http://creativecommons.org/weblog/entry/5100

http://www.rossb.co.uk/mashup/index.html

http://www.cyberhobo.net/downloads/geo-mashup-plugin/

Jana de Paula é diretora de conteúdo do Thesis


É possível controlar a criatividade na web?

Por Jana de Paula

Mesmo que você defenda a Propriedade Intelectual com unhas e dentes, não deve deixar de ler “Cultura Livre – Como a Grande Mídia Usa a Tecnologia e a Lei para Bloquear a Cultura e Controlar a Criatividade”, de Lawrence Lessig, editado em Creative Commons, sob os auspícios de Trama Universitário, Vivo, Natura e Phillps do Brasil. Com prefácio para esta edição brasileira de autoria de Ronaldo Lemos, o teor do livro já é explicado no subtítulo.

No livro de Lessig, cada item referente às vantagens e desvantagens dos direitos de propriedade de um ou de muitos sobre a Propriedade Intelectual é avaliado com inteligência e profundidade, desmistificando teorias, derrubando certezas seculares e clarificando o que (e se) no tocante à cultura deve ser taxado como domínio privado.

Lessig é professor de direito na Stanford Law School e membro do conselho da Creative Commons. É premiado em Avanços de Software Livre da Free Software Foundation e foi considerado um dos 50 Visionários da Scientific America. Mas estes e outros títulos honoríficos não foram suficientes para que ele ganhasse a luta pela disposição de parte da cultura proprietária ao público em geral.

Imagine alguém que catalogue a venda de cópias de CDs piratas no Camelódromo do Rio de Janeiro, o Mensalão de Brasília, o remix de músicas por jovens de comunidades carentes, a compra de livros usados em sebos, o download de canções pela web, o aproveitamento criativo de obras já em domínio público e o acesso livre pelo Google tudo num mesmo pacote. Imaginou?

Agora, ao invés de colocar toda essa parafernália num mesmo embrulho, tente explicar historicamente, sob o ponto de vista mercadológico e à luz das leis em vigor, porque cada uma destas coisas é diferente da outra e, portanto, necessita de regulação própria, organizada e de fácil acesso, para que se possa saber quem é o dono, onde ele está, se ele ainda vive, se ainda fatura com sua obra, se é de fato o verdadeiro dono etc.

Imaginou? É o que Lessig faz em seu livro. Ele distingue a mera cópia ilegal com fins comerciais (pirataria) do uso de uma obra como ponto de partida para a criatividade. A mídia em questão é a internet. Como ele próprio salienta, não se trata, em “Cultura Livre”, de analisar a disseminação da cultura pela web. Sua preocupação é sobre como o controle de grupos minoritários detentores dos direitos de propriedade pode ser nocivo para a disseminação desta cultura, nesta mídia.

Além de conhecer o histórico da legislação sobre cultura nos Estados Unidos (seria Disney um pirata?), em “Cultura Livre” o leitor entra em contato com um tipo de americano ‘universal’. É no mínimo agradável ler um americano legítimo discorrer sobre como e porque os EUA se afastam da cultura livre, que eles próprios fomentaram, e se aproximam, perigosamente, de uma política de defesa ferrenha e indiscutível da propriedade intelectual. Sabendo-se que, hoje, este domínio privado do saber está mais em mãos de um reduzido e poderoso grupo de multinacionais e menos em poder dos próprios autores, o fato é preocupante.

Lessig é um norte-americano preocupado em não permitir que a fobia ianque por advogados e pela defesa dos chamados direitos pessoais se sobreponha ao conceito democrático da Constituição dos EUA. Sua preocupação é de que grupos restritos de poder, lobistas poderosos, disseminem pela internet “códigos fechados” de acesso à cultura que valerão para toda uma sociedade. Como advogado que é, usa toda sua retórica não para determinar caminhos, mas levantar questões.

No âmago da criação de uma cultura livre e acima da defesa de direitos privados estão perguntas como: Um autor pode afirmar categoricamente que sua obra é absolutamente livre de interferências de outros criadores? Quantas obras derivaram, direta ou indiretamente, de outras? É possível determinar, numa obra, o que é exclusivo do autor e o que é referência de outros?

Em resumo, é possível limitar o processo de criatividade – e, por conseguinte – a propriedade de uma obra a tal ponto que o autor se isole num cubículo iluminado de inspiração?

Enquanto a internet não existiu, foi fácil determinar quem era o autor (ou autores), os distribuidores, o publisher, o marchand, o empresário. Mas, hoje, ‘pegar uma música e sampleá-la' num blog que será visto e ouvido pelo impressionante número de dez pessoas é ferir a propriedade intelectual? Mixar faixas e trechos de filmes para convites de aniversário infantil, também é? Aproveitar o acesso ilimitado a obras que as novas técnicas de internet proporcionam para trabalhos universitários, comunitários, obras de Terceiro Setor, também são?

Os “donos” das tecnologias e companhias multimídia têm pleno e absoluto direito de restringir por códigos fechados o acesso público de internet a elementos culturais importantes? Aqui insiro, em parênteses, trechos da conversa que tive com um intenso pesquisador de internet e adepto convicto da necessidade de se manter uma porta aberta no acesso a web.

Este intemerato e intrépido internauta (que precisa se manter anônimo, pois nas horas vagas é diretor de empresa) afirma categoricamente “que não adianta fechar”. Segundo ele, a internet quebra o conceito de propriedade exclusiva. A velocidade com que a informação se disseminada pela rede é muito mais rápida do que qualquer tentativa de controlá-la. Há, sob a rede oficial, um submundo virtual onde é possível se quebrar qualquer código. Como em Matrix. Você deseja copiar um software proprietário? Basta ir ao setor de “coisas quebradas” e ativá-lo.

Este submundo virtual é perigoso, pois está infestado de vírus, trojan, spyware etc. Mas há quem use um chamado “computador lixo”, que pode ser destruído sem piedade em questão de minutos para enfrentar toda essa sujeira, obter o programa que se quer e transferi-lo, limpo, para outra máquina.

É claro que isto não é aconselhável, nem estamos fazendo apologia à pirataria. Para isto, nossa resposta categórica é não. A pirataria é roubo. E a pirataria cultural é roubo mais pobre, pois demonstra a incompetência de quem o faz. Do que se trata aqui é: quanto mais se restringe a liberdade, mas se buscam válvulas de escape. É melhor regular o acesso à imensa gama de cultura trafegada pela internet do que simplesmente trancar portas e janelas.

Lessig também é ferrenho opositor da pirataria. Ele propõe, apenas, que se pare e se pense sobre todas estas questões. E que isso seja feito com certa urgência. Sua preocupação é que se não houver um movimento da sociedade contra a implantação indiscriminada de códigos de restrição, já embutidos no software, a internet perca sua feição atual de rede aberta. Prevenir isso, agora, pode ser bem mais fácil do que consertar depois.