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Coleção de Artigos
BGAN no Brasil
O acesso a serviços móveis via satélite será lançado no país em meados de
abril. Através da tecnologia BGAN (Broadband Global Area Network) é possível
se conectar em banda larga independente de antenas, redes e, até, de
eletricidade. O mercado corporativo é o alvo.
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VoIP nas corporações brasileiras
Por Jana de Paula
Usuários domésticos, fornecedores de soluções baseadas em ‘open-source’ e
desenvolvedores em geral estão bastante adaptados aos serviços de Voz sobre
IP, ou simplesmente VoIP. Muitas empresas em todo o mundo já economizam
somas fantásticas com os chamados serviços de IP Telephony, a partir de
ferramentas com o Skype e derivados e
Asterisk e versões. Mas, o mercado
corporativo brasileiro ainda engatinha neste segmento.
A necessidade de obtenção de graus de confiabilidade e segurança das redes
não inferiores a 99,9% e o desconhecimento das soluções abertas prestadas
por software-houses locais são alguns dos entraves. Mas, no caso das
empresas de grande porte, as limitações são maiores. Premidas por contratos
draconianos com fornecedores, distribuidores, revendas etc. e, sobretudo,
habituadas a receber dos vendors ‘pacotes prontos’ elas hesitam.
Para quem oferece soluções para este mercado a hora é essa. Ao menos este é
o feeling da Ericsson, que lançou na semana passada um pacote de soluções de
hardware e software voltado para o mercado corporativo de grande porte.
Leia mais no site Thesis:
VoIP nas corporações brasileiras
Paixão pelo conhecimento
A informação que circula pelo Thesis é variada e dinâmica e nosso público
leitor, sempre ávido por absorvê-las e analisá-las. Por isso, criamos a
coluna À Propósito: para complementar as opiniões de nossos articulistas,
através de matérias jornalísticas produzidas a partir de entrevistas com
executivos, analistas e consultores atualizados. Na inauguração, queremos
partilhar a emoção da equipe do Thesis nesta fase de pré-lançamento do site.
Leia mais no site Thesis:
Paixão pelo conhecimento
Inovação com jeito brasileiro
- Parte 1
A importância que o ponto de vista do cliente adquire nas estratégias e
produtos das fornecedoras de soluções de tecnologia, transforma a inovação
em diferencial de competividade. Compartilhar informação e risco, trocar a
imposição de modelos pela gestão conjunta são algumas das iniciativas de
quem investe em inovação no país.
Leia mais
no site Thesis:
Inovação com jeito brasileiro
Alegria, agente provocador
Iniciamos hoje uma série de análises, entrevistas e e-pesquisas sobre o uso do
bom homor e da alegria nas novas técnicas de gestão de projetos. Leia.
Colabore. Debata.
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Alegria, agente provocador
A segurança da segurança
O mercado de storage, recuperação e certificação de dados ganha impulso a
partir deste ano. Grandes institutos de pesquisa garantem que a partir de 2005
o mercado de autenticidade e guarda das informações - tanto as que trafegam
pela a web como aplicações internas das corporações - vai, pelo menos, dobrar.
Leia mais
no site Thesis:
A segurança da segurança
Os primeiros sistemas antifraude
para a telefonia foram desenvolvidos de sete a dez anos atrás. Eram sistemas
caríssimos - uma solução num servidor Sun Microsystems, por exemplo, tinha
custo médio de vinte mil dólares e se baseava no conceito de regras e
limites. Estas primeiras soluções levavam muito pouco em consideração a
necessidade dos assinantes e limitavam as prerrogativas das telcos, suas
compradoras.
Estas
ferramentas - que embutem geração de alarmes diários na suspeita de fraude
ou o processo de trabalhar a inadimplência recente após 30 dias de sua
ocorrência - acrescidas ao pouco conhecimento do mercado por parte das
operadoras eram os principais responsáveis pela dificuldade em gerenciar, de
fato, a ocorrência de fraude e inadimplência nas chamadas realizadas. Leia mais
no site Thesis :
A nova geração antifraude
O fenômeno Mashup À esta altura você já deve saber o que é Mashup. O termo foi empregado pela
primeira vez quando músicos e DJs começaram a ‘jogar’ com duas canções, ou
seja, criaram um jeito novo de remix. Do underground londrino, depois
novaiorquino e, finalmente, planetário, a técnica extrapolou para uma
infinidade de aplicações. Em tecnologia, refere-se a web sites ou aplicações
que combinam conteúdo de múltiplas fontes, mas que aparecem "sem costura"
para o usuário. “Utilizável” a partir de vários programas (como Web 2.0,
Ajax etc.), o mashup transforma-se num fenômeno da cartografia digital
graças à sua capacidade de cobrir todo tipo de dados de um mapa online junto
às ferramentas de sites de busca como Google e Amazon. Leia mais
no site Thesis:
O fenômeno Mashup
É possível controlar a criatividade na web?
Por Jana de Paula
Mesmo que você defenda a Propriedade Intelectual com unhas e dentes, não
deve deixar de ler “Cultura Livre – Como a Grande Mídia Usa a Tecnologia
e a Lei para Bloquear a Cultura e Controlar a Criatividade”, de Lawrence
Lessig, editado em Creative Commons, sob os auspícios de Trama
Universitário, Vivo, Natura e Phillps do Brasil. Com prefácio para esta
edição brasileira de autoria de Ronaldo Lemos, o teor do livro já é
explicado no subtítulo.
No livro de Lessig, cada item referente às vantagens e desvantagens dos
direitos de propriedade de um ou de muitos sobre a Propriedade Intelectual é
avaliado com inteligência e profundidade, desmistificando teorias,
derrubando certezas seculares e clarificando o que (e se) no tocante à
cultura deve ser taxado como domínio privado. Leia mais.
TRANSCRIÇÕES
O começo do BGAN no Brasil
Por Jana de Paula
Para quem está confortavelmente sentado diante de um
desktop ou usa e
abusa do laptop em viagens, reuniões e seminários pelo mundo civilizado pode
não parecer muita coisa. Mas, convenhamos, a possibilidade de acessar e.mail,
trafegar dados pela internet, baixar e subir streaming de vídeo, tudo
a taxas similares aos serviços de ADSL, e, ainda, falar ao telefone - mesmo
em locais sem antenas celulares, fios de cobre e, até, sem eletricidade, não
parece pouco neste mundo de mobilidade. É o que oferece a tecnologia Broadband Global Area Network, ou simplesmente BGAN. E agora, no Brasil,
também podemos afirmar:"BGAN has begun".
O lançamento do serviço para a América Latina – que ainda depende de ajustes
finais com a Anatel, no Brasil, e agências reguladoras do continente, foi
anunciado pela Inmarsat, no último dia 30 de março, na Marina da Glória
(RJ), como um dos inúmeros eventos da regata mundial de vela Volvo Ocean
Race, que a dois de abril levantou âncora em direção a Baltimore (EUA).
Segundo Michael Butler, chief operation officer (COO) da companhia
britânica de satélites, as questões regulatórias estarão concluídas até
meados deste mês (abril), para que o serviço esteja cem por cento disponível
ao público corporativo latino-americano. Os motivos para o alvoroço são
bons. A América Latina responde por 10% do faturamento global da Inmarsat
(US$ 491 milhões, em 2005). Desta parcela, de 30% a 40% - ou entre U$ 14
milhões e US$ 19,5 milhões – são de receita local. O lançamento do BGAN na
região faz parte de um investimento total da companhia de US$ 1,5 bilhão nos
últimos oito anos.
É claro que do BGAN nada é nacional. Os satélites são da britânica Inmarsat,
os serviços, de operadoras européias como France Telecom, a russa AMVS e a
norueguesa Telenor, e os terminais (pequenos e leves como os menores
laptops) da sueca Throne & Throne, da norueguesa Nera Satcom e da alemã
Germantown (Hughes). Nada é perfeito neste mundo de ilusão, sobretudo porque
há uma dependência brasileira intrínseca em relação à tecnologia
estrangeira, tema que pretendemos analisar profundamente aqui no THESIS.
Mas, quanto ao BGAN, há a vantagem do preço, mais palatável que os serviços
de dados via satélite com os quais estamos habituados. De acordo Butler, as
tarifas médias globais do serviço giram em torno de um dólar o minuto para
os serviços de voz e entre seis e sete dólares por Mbyte para os de dados.
São custos competitivos com os serviços de roaming internacional e
banda larga da 3G, cotados em cerca de 15 dólares. Já os terminais têm
preços variáveis entre 1,5 mil a 3 mil dólares.
Os preços locais, porém, ainda não foram definidos. Danni Jarolavsky,
gerente de vendas da Arycom, um dos canais brasileiros de distribuição,
avalia que devam ser inferiores a dois dólares (o minuto de voz) e dez
dólares por Mbyte trafegado. O caso do streaming de vídeo é
diferente, pois se destina a uso corporativo de maior porte, inclusive
transmissão de broadcast para redes de TV - seu preço é variável
entre quatro e 27 dólares/1 Mb.
Para os usuários (o mercado alvo é corporativo) eles acenam com vantagens
extras de tempo de bateria mais longo e capacidade de ligar o terminal
através de portas OSB, Bluetooth ou um hub de Wi-Fi; e de um único
dispositivo de comunicação ser capaz de suportar 11 usuários
simultaneamente. O serviço suporta, ainda, os padrões de rede privada e os
de criptografia adotados por entidades governamentais, mercado importante
neste segmento de mobilidade.
Mas o trunfo indiscutível da Inmarsat no competitivo mercado da banda larga
móvel é o de ter sua nova constelação satelital disponível aqui e agora,
como confirma o diretor da companhia para a América Latina, Svante Hjorth.
Enquanto a DirecTV, nos EUA, por exemplo, ainda está na fase de costurar
alianças entre as empresas de satélites móveis (MSV) e a Boeing para criar
uma rede de um bilhão de dólares que a permita compor um cardápio de
serviços que agregue TV via satélite à transmissão de dados em banda larga -
e que, na melhor das hipóteses, só estará disponível entre 2008 e 2009, a
Inmarsat, hoje, já cobre 85% da área do planeta.
Os lançamentos de dois Inmarsat 4, a 11 de março e 8 de novembro do ano
passado, respectivamente, permitiram uma cobertura quase total – China,
Europa, parte da África, Oriente Médio, parte da Ásia e Américas. Com o
lançamento de um terceiro satélite, previsto para 2007, a companhia terá a
única cobertura que lhe falta, ou seja, a região do Pacífico. A constelação
total é de 11 satélites, que operam em banda L (espectro de freqüência entre
os limites de 0.94 e 1.55 Gigahertz, muito utilizada nas comunicações móveis
vía satélite, tanto terrestres, como marítimas e aéreas). E, se a banda L
tem a desvantagem de não superar a velocidade de 2 Mbps, oferece alta
qualidade de transmissão, pois não é suscetível às oscilações climáticas.
Estar em operação antes da concorrência gera capacidade de competição com
operadoras móveis de WiMAX, WiFi e de 3G, em seus próprios mercados. É claro
que os mercados onde os serviços móveis de satélite podem prosperar são
tradicionalmente os nichos, mas alguns destes, sobretudo os de segurança
pública e broadcasting, apresentam significativa expansão e fornecem base
sólida para um modelo de negócios.
“É claro que operadoras de WiMAX e Wi-FI são nossas competidoras, mas também
nos ajudam a expandir nosso negócio. Mais de 70% de nossa receita vem do
tráfego de dados em alta velocidade. O crescimento da oferta de serviços de
dados em banda larga por estas operadoras aumenta nossa capacidade de
expansão. Podemos fornecer o sinal onde suas estruturas não podem. O
serviços móveis via satélite geo-estacionário permitem às outras operadoras
ampliarem suas ofertas de mobilidade no laptop, no blackberry, etc.
Somos concorrentes, mas também somos parceiros”, analisa Butler.
Esta pode ser uma boa resposta às promessas não concretizadas dos serviços
móveis via satélite nos últimos anos, dos quais o mais decepcionante foi o
Projeto Iridium. Diante do crescimento da indústria dos celulares, a visão
de um satélite acessível não importa onde foi superada pelos altos custos e
a incapacidade de o sinal penetrar em ambientes in-door - limitações
vencidas em pouco tempo pelo celular. O BGAN resolve estas questões e aponta
novas perspectivas, a partir de uma tecnologia que combina mobilidade, ou
portabilidade, terrestre com comunicação satelital. Se o Iridium falhou ao
não prever o roaming global (GSM/GPRS) sem a necessidade de se
carregar qualquer outro dispositivo além de um simples aparelho celular, os
players de satélite atuais investem na capacidade de transmissão de
voz, multimídia e dados em alta velocidade onde os players de
celulares não podem alcançar. É como um casamento moderno, onde cada cônjuge
quer o melhor da união, sem perder a individualidade.
VoIP nas corporações brasileiras
Por Jana de Paula
Usuários domésticos, fornecedores de soluções baseadas em ‘open-source’ e
desenvolvedores em geral estão bastante adaptados aos serviços de Voz sobre
IP, ou simplesmente VoIP. Muitas empresas em todo o mundo já economizam
somas fantásticas com os chamados serviços de IP Telephony, a partir de
ferramentas com o Skype e derivados e
Asterisk e versões. Mas, o mercado
corporativo brasileiro ainda engatinha neste segmento.
A necessidade de obtenção de graus de confiabilidade e segurança das redes
não inferiores a 99,9% e o desconhecimento das soluções abertas prestadas
por software-houses locais são alguns dos entraves. Mas, no caso das
empresas de grande porte, as limitações são maiores. Premidas por contratos
draconianos com fornecedores, distribuidores, revendas etc. e, sobretudo,
habituadas a receber dos vendors ‘pacotes prontos’ elas hesitam. Para quem oferece soluções para este mercado a hora é essa. Ao menos este é
o feeling da Ericsson, que lançou na semana passada um pacote de soluções de
hardware e software voltado para o mercado corporativo de grande porte. Leia mais no site Thesis:
VoIP nas corporações brasileiras
O ponto de partida da estratégia da
companhia para o lançamento da plataforma all IP MX One é pesquisa realizada
no ano passado pelo Yankee Group sobre tendências dos próximos 24 meses – ou
seja, os anos de 2006 e 2007 – entre as 500 maiores empresas do Brasil.
De acordo com o Yankee Group, deste seleto grupo de corporações, 45% já
utilizam a telefonia IP; 16% pretendem testá-la até o ano que vem e 14% nos
próximos dois ou três anos. Do total, só 25% não planejam implantar
telefonia IP em suas redes, por enquanto. Além dessas conclusões, a pesquisa
aponta também que 38% das grandes companhias estão em busca de novas
aplicações para seus negócios e 33% querem melhorar a comunicação,
facilitando o trabalho remoto.
Segundo o vice-presidente da recém-criada área de
Enterprise da
Ericsson Brasil, Eduardo Ricotta, o novo pacote MX One teve sua estratégia
de lançamento baseada em três grandes linhas. A primeira é a tendência de
crescimento do mercado IP no Brasil e no mundo (ver gráficos no rodapé).
Ainda de acordo com o Yankee Group, em 2009, 60% de todas as chamadas do
planeta trafegarão em IP. A segunda é o incremento da mobilidade no mercado
corporativo, ou seja, a tendência de se trabalhar fora da empresa com as
mesmas facilidades tecnológicas do escritório. A terceira e última é a
necessidade mercadológica de lançamento de novos aplicativos, resposta de vendors e telcos às novas tecnologias.
“Vemos, por exemplo, as redes celulares em geral, tanto CDMA quanto GSM,
aumentando a velocidade do tráfego de dados em suas redes o que possibilita
a criação de uma série de aplicações, como automação das forças de campo e
de vendas. Isso já se deu antes, quando, do GPRS, se evoluiu para o EDGE e,
agora, a 3G, ou do CDMA indo para o 1xrtt e hoje para o EV-DO. O aumento do
número de aplicações destes upgrades das redes é flagrante”, relembra
Ricotta.
O MX One é uma plataforma de IPBX, ou seja, um PABX que trafega em IP, como
o Asterisk. Com algumas implementações, sobretudo de hardware, baseadas em
padrão Linux, a Ericsson se considera apta a concorrer neste competitivo
mercado. Apesar de não informar o total de investimentos feitos na sua
plataforma all IP, a expectativa da Ericsson é dobrar, em três anos, a
participação do segmento corporativo em sua receita no país, que hoje é de
4% do total. Ricotta acredita que, ainda em 2006, entre 7% a 10% do mercado
brasileiro de PABX se originará das versões em IP. Hoje, a Ericsson Brasil
detém 20% (1,5 milhão de unidades instaladas) no mercado local destes
aparelhos.
Para convencer clientes atuais e futuros, a companhia sueca enfatiza a
possibilidade de redução do custo total de administração de uma rede entre
30% e 70%. Ricotta calcula que o retorno sobre o investimento na nova
plataforma seja viável entre 1,5 e dois anos.
Apesar de não ficar muito à vontade com o assunto, Ricotta reconhece a
concorrência do open source. “É claro que as soluções abertas
representam uma tendência de mercado que não se consegue bloquear”. Mas para
aumentar sua participação no mercado, a Ericsson aposta na necessidade de
segurança de dados das redes, suporte e confiabilidade. Além disso, luta
para criar o sonhado ‘valor agregado’ em suas soluções. “A gente tem que ser
diferente ao criar valor nos nossos produtos para nosso cliente ficar sempre
satisfeito”, acredita o vice-presidente. Estratégias como aumentar o nível
de disponibilidade dos funcionários da companhia, provar a possibilidade de
redução de custo na transmissão de voz e dados e, ainda, agregar algum tipo
de valor exclusivo são prioridades deste business plan.
A Ericsson não é a primeira a lançar uma solução proprietária para a
telefonia IP e, certamente, não será a última. Mas, falamos de padrões
abertos. Hoje são dois a disputar a hegemonia: o ITU-TH.323, da União
Internacional de Telecomunicações, e o SIP, proposto pelo IETF (Internet
Engeneering Task Force). Grandes companhias mundiais como Asterisk e Skype
atendem, a partir de fontes abertas, necessidades corporativas e domésticas
mundiais, independentes dos esforços das soluções proprietárias. Os próprios
vendors precisam lançar plataformas e aparelhos que ‘falem’ com os de
seus concorrentes. E empresas e usuários brasileiros devem se aprofundar no
assunto para compreender os caminhos que se abrem com a telefonia em IP.
A independência dos serviços IP dos tradicionais fornecedores e soluções e
serviços (vendors e telcos) certamente modificam as forças atuantes
neste mercado.
É preciso estar atento para os nichos que se abrem com a possibilidade de
desenvolvimento de soluções a custos muito baixos e que servem para prover
um mercado não tão seleto quanto as big corporações, mas muito, muito
grande.
Paixão pelo conhecimento
Por Jana de Paula
Vamos falar de paixão. Mas não daquela que se inflama e se extingue, fátua.
Falamos da paixão pelo saber. Da paixão do conhecimento. Ou seja, paixão
madura, que arrebata, não pelo inusitado, mas pelo que tem de útil para um
e, por conseguinte, para muitos. Falamos do ardor que nos tira cedo da cama,
que nos leva para longe dos mais queridos em direção a pontos distantes do
planeta, guiados pela necessidade de compreender.
A paixão a que me refiro nos leva a criar e, sobretudo, partilhar a nova
idéia; o conceito intuído, a aplicação necessária; a queixa fundamentada.
Criar é bom. Partilhar o conhecimento obtido é melhor ainda. O Thesis é
filho da paixão. Pelo novo. Pelo que não envelhece; pelo valor que se dá a
cada insight, mais do que ao lucro presumido.
Numa pesquisa superficial que realizei num site de buscas da Internet, a
partir das palavras-chave Informação e Conhecimento, encontrei – num único
provedor – um milhão e trezentos mil resultados. Há uma febre, pois, que
supera a necessidade da troca de informação pura e simples - e o termômetro
é a web. O que se quer, o que se busca, é a troca de experiências, dúvidas,
opiniões, idéias, sugestões.
O mundo acadêmico que se expande e fortalece é menos preocupado com o
cabedal acumulado e, mais, com as idéias que vêm a reboque de cada aluno
recém ingresso no campus, de cada intervenção em sala de aula. Aluno e
professor perfazem o Círculo e se voltam mais para um e outro do que para a
busca empírica do saber enciclopédico.
A dúvida que paira na mente do executivo, impelido no seu dia-a-dia a
produzir certezas, é sua intuição de que os dados que tem em mãos, por mais
consistentes que sejam, não são suficientes para uma deliberação segura.
Somos todos passíveis de falhas. Quem não erra? Assim, a investigação por
conhecimento funciona como a consulta a um oráculo, onde se busca o elemento
que falta a determinado projeto, a idéia fresca, virgem, independente do
meio onde se atua.
Para alguns, a idéia nova incomoda, assim como uma mosca na sopa; já, para
outros, é a força motriz da própria vida. Criamos este espaço para os
segundos. Para quem faz de seu dia-a-dia professor. E, lançado o conceito, a
sincronicidade com que as pessoas vêm aderindo à idéia inicial do Thesis é
tamanha que... é quase um Nirvana. Quando nosso querido Jean Paul Jacob
está, lá de Almadén, nos EUA, com sua antena extraterrestre na mesma
sintonia que o professor Cleofas Uchoa, em Ipanema, no Brasil; quando o
próprio presidente e mentor do Thesis, José Carlos Cunha, é o mais
apaixonado de todos nós; quando nosso caro Marcio Calasans nos brinda –
surpreendentemente – com a ferramenta exata que precisamos. Bom, quando
acontece tudo isso, se ainda não o fazíamos, passamos a crer em
sincronicidade.
Paixão por idéias e, mais, paixão por pessoas. Tratamos de temas
considerados áridos, como tecnologia, finanças, negócios etc. Mas o ponto de
partida é quem está realizando. E para quem. Números, estatísticas, teorias,
estudos, previsões são encarados, aqui, a partir do princípio de que não há
idéias sem homens ou mulheres de carne, osso e paixão.
A mesma idéia perpassa o Museu Virtual de Telecomunicações, a menina dos
olhos de todos nós aqui do Thesis. Queremos reunir em acervo concreto (no
que o virtual tem disso) a visão humanizada da história recente das
telecomunicações no país. Todos os acertos – e cada um dos erros – foram
praticados por pessoas que desbravaram matas, perseguiram idéias, buscaram o
aperfeiçoamento, criaram, enfim, conhecimento.
Todos os articulistas e membros de nosso Thesis se apresentam aqui com este
único fim – discutir, debater, oferecer, trocar. Queremos que quem acesse o
nosso acervo e o nosso site tenha o que de melhor se pensa nas áreas em que
nos especializamos.
Jana de Paula é diretora de conteúdo do
Thesis
Inovação com jeito brasileiro
- Parte 1
por Jana de Paula
Inovar para não morrer é refrão entre as globais
Os conservadores que me perdoem, mas inovação é fundamental. Requisito
estratégico para corporações em todo mundo, a inovação já faz parte dos
modelos de negócio no Brasil, pois é imprescindível acompanhar a maturidade
da clientela local frente às soluções que envolvam uso de tecnologia de
ponta. Hoje, a demanda brasileira por produtos e serviços de
telecomunicações e tecnologia da informação requer mais do que o sistema, a
rede, o computador, o celular, o caixa-eletrônico mais avançado. Ela exige
aplicabilidade, redução de custos e diferencial que a valorize em relação à
concorrência e aumente sua visibilidade frente à clientela.
Jogo de cintura é o que se exige dos fornecedores de tecnologia neste novo
ambiente. Além de serem obrigados a renovar-se internamente, é preciso
investir em recursos que atendam necessidades cada vez mais segmentadas e
sofisticadas. A autoridade da visão do cliente sobre a composição de
produtos e serviços explica porque estes fornecedores se lançam numa
verdadeira cruzada para obter suas benesses. E, lembrem-se, falamos de
companhias com lucros operacionais globais variáveis entre US$ 1,5 bilhão e
US$ 10 bilhões. Se elas estão estimuladas a esse ponto, inovação como
estratégia de atrair e fidelizar cliente é mais do que tendência: é
objetivo.
“O tema estratégico interno da Intel do Brasil para os próximos anos é
Inovação e Progresso”, revela Élber Masaro, gerente-geral de marketing da
subsidiária, numa clara alusão à importância que a companhia que representa
dá à disseminação de modelos de negócio baseados em inovação, no país. O
executivo sabe que a receita para inovar deve incluir capacidade de
comunicar informação e gerar experiência. “É mais fácil para o cliente
entender os benefícios da inovação no seu dia-a-dia quando isso gera
experimentação. Ele quer testar, praticar”, ensina.
Inovação tecnológica sem ouvir o cliente não existe”, acrescenta, Jayme
Shibata, diretor de TI e produtos da VeriSign Brasil. Mas este esforço visa,
sobretudo, à aplicação. A concepção é que quanto mais próxima da finalidade,
mais a inovação se aproxima do cliente.
Suporte à inventividade
Criatividade é chave neste processo. Vancrei de Oliveira, diretor de
marketing e vendas para América do Sul da Lógica CMG, explica a linha de
ação que a companhia definiu para si mesma. Fornecedora de soluções para as
operadoras de telefonia, a Lógica estruturou sua linha de inovação em
evolução tecnológica, robustez das soluções e capilaridade. A meta é
oferecer suporte a sua clientela – as telcos -, para que estas se dediquem a
lançar serviços de alto valor. “O usuário, corporativo ou final, não está
mais atento ao modelo de terminal, mas, sim, ao serviço de dating.
Na guerra de preços sobre voz, o valor agregado tem peso muito grande”,
indica Oliveira. Shibata, hoje fornecedor, conhece bem o mercado das telcos,
pois trabalhou em operadoras. E é categórico a afirmar que o segmento de
telecom está entre os que mais demandam inovação como diferencial de
competitividade. Bancos, varejo, hotelaria, mineração e química também
seguem esta tendência. “Telecom, nos últimos cinco anos, foi o segmento que
mais alavancou a tecnologia e tem tornado obsoletas facilidades de dois,
três anos atrás”, avalia.
Um dos resultados mais flagrantes deste impulso é a convergência entre
engenharia (das centrais) e tecnologia. A incorporação de multimídia no
universo das telecomunicações é, na ótica de Shibata, fator tão
revolucionário quanto o foi a eletricidade no século XIX. “Este ano, após
mais de 50 edições, o tradicional Painel Telebrasil incorporou, pela
primeira vez, a participação de representantes da TV Aberta”, recorda. A
convergência efetiva entre os produtores da informação e aqueles que a
transmitem evoluiu de vocação à realidade de mercado.
Outros setores que, como telecom, abrangem espectro amplo de atuação e,
portanto, requerem evolução constante são mineração e química. Sergio
Lozinsky, líder de Estratégia Corporativa para a América Latina da IBM
Brasil, cita como exemplo a pesquisa voltada à criação de novos produtos que
adotam o ferro e o aço como matéria prima, bastante adiantada no país. Já a
adoção do plástico em tipos inéditos de embalagens e aplicações tem evoluído
na indústria química internacional. “Um exemplo é a substituição da rolha de
cortiça para a de plástico, visando redução de custo final e, até, melhor
conservação do vinho, algo impensável há alguns anos. Também já se projeta o
lançamento de garrafas plásticas para os produtores mundiais de cerveja”,
adianta Lozinsky.
Inovar, no entanto, nem sempre é “partir do zero”. Às vezes, basta olhar em
redor para descobrir aplicações inovadoras para tecnologias nem tanto. É o
caso do i-POD, lançado pela Apple Inc. Todas as tecnologias das quais o
i-POD se aproveita já existiam em separado (remasterização, download de
música pela web, alta capacidade armazenamento, som de alta definição etc.),
até que alguém percebeu em sua combinação algo inovador. “Ou seja”, resume
Lozinsky, “tudo foi incorporado num único produto, para suprir uma ampla
oferta de pessoal jovem interessado, que já vendeu 15 milhões de unidades em
quatro meses”.
À caça da informação
O que se depreende do esforço das maiores companhias deste mundo globalizado
é a capacidade de capturar e difundir informação, como ferramenta número um
para competitividade. Todos os teóricos modernos, de Alvin Toffler a Peter
Drucker, já haviam sinalizado a importância que a informação adquiriria no
Século XXI. Mas, agora, falamos do mundo dos negócios, onde aplicabilidade,
eficiência e, sobretudo, capacidade de gerar lucro são quesitos
indispensáveis. O desafio, nos próximos anos, é implantar o conceito de
arquitetura orientada ao serviço (SOA), onde infra-estrutura e disseminação
de informação se interceptam. Eduardo Lopes, vice-presidente da Oracle no
Brasil, esclarece que a idéia é interconectar as diversas “ilhas” de
informação. “De que maneira iremos buscar, arquivar e acessar a informação?
A partir da real enterprise, a empresa em tempo real. A informação é
acessada e enviada à pessoa correta, no tempo certo”. Lopes garante, no
entanto, que esse resultado não se consegue por mágica: “Isso exige uma
mudança estratégica que passa pela inovação”.
Apesar de reconhecer que “é inovar para não morrer”, Lopes distingue que nem
toda empresa e nem todo empresário precisa, ou quer, inovar. “As empresas
iniciam testes em seus departamentos operacionais e de TI. O objetivo é
checar as inovações requeridas, seu impacto na redução de custos e que tipo
de continuidade ou descontinuidade trará ao negócio”, acrescenta o
vice-presidente.
Consultas via web são instrumento dos grandes fornecedores na busca desta
informação de valor. “Temos feito muita pesquisa na rede com resultados
efetivos. Através dos sites das operadoras e vendors, é possível conhecer a
que tipo de produto e serviço a gente deve se alinhar” argumenta Shibata.
Enquanto eventos ao vivo têm servido para ampliação de network dos
executivos envolvidos, a web se mostra mais eficiente na obtenção de dados
concretos. É via Internet que se tem acesso quase ilimitado à experiência
mundial, a partir de white-papers, descrição de cases, pesquisas etc. “É
notório que as feiras e grandes exposições perderam muito do seu antigo
glamour. Tanto assim que têm cedido sistematicamente espaço a congressos e
seminários”, completa o executivo. Além de meio de pesquisa, a Internet se
traduz, ela própria, em modelos de negócios através de soluções de extranet
e intranet. Transforma-se em produtos lucrativos que atraem o interesse de
clientes aos portfogli. A equação é a seguinte: se a tecnologia que
desenvolvo permite inovar a atividade do cliente, preciso ajudá-lo a usar o
que forneço para incrementar seus negócios. Assim, aquilo que já foi um site
corporativo, evoluiu para portal e, mais recentemente, para um cardápio
self-service, que funciona como interação da força de vendas, de
departamentos comercial e industrial ou de agilização da informação que
circula internamente.
Na área de recursos humanos, a IBM Brasil idealizou um meio de
desburocratizar o acesso dos funcionários a informações importantes, como
trâmite de documentação, pedido de férias, benefícios etc. sobre um cardápio
self-service. A partir de uma senha, o funcionário acessa todas as
informações relevantes, direto do servidor da empresa. “Costumo dizer que
inovação não é invenção. Neste mapa, o caminho converge quando a avenida da
inovação intercede com a rua da necessidade de mercado”, compara Lozinsky.
Serviço, serviço, serviço
Outra vantagem percebida é que, na necessidade de segmentação, ganham as
soluções locais em relação à tecnologia importada. Porque, se a tecnologia
das empresas globais é única para todo um leque intercontinental de
clientes, as aplicações voltadas a nichos dependem de mão-de-obra local.
Cada país, cidade ou localidade tem necessidade específica de uso e somente
quem entende a demanda regional, local, adquire condições de competir. Logo
será o músico local, o software-developer local, o consultor local que terão
respostas para necessidades idem.
A Lógica, por exemplo, fornece a mesma tecnologia para todos os países, mas
em cada um deles se associa com empresas e pessoas locais para suprir as
telcos de soluções inovadoras. É o caso de aplicações para SMS, que lidera
disparado – 90% - a receita de dados da telefonia celular, em todo o mundo,
inclusive aqui, no Brasil. Enquanto WAP, GPRS e MMS abocanham os restantes
10%, o SMS continua invicto na preferência. Facilidade de uso e baixo custo
do serviço são vantagens a serem exploradas por muitos anos mais. Por isso,
as telcos, ao invés de substituir o SMS, partem para novas aplicações
corporativas, como acesso a saldo bancário, seguro de automóvel aplicado
etc. “No universo das telcos, inovação nem sempre é ruptura. O MMS não vai
acabar com o SMS. Durante muitos anos ainda o tráfego do SMS vai ser maior,
pois isso se baseia na sua relação custo-benefício. Os terminais MMS exigem
câmeras, são mais caros. São mercados que se complementam, mais do que se
excluem”, aposta Vancrei de Oliveira.
Bastante disseminado na Argentina e Venezuela, o SMS começa a receber
tratamento vip no Brasil. Quanto às possibilidades de aplicação, elas são
ilimitadas. Para melhor aproveitá-las, a subsidiaria da Lógica recém
implantou no país a “Fábrica de Conteúdo”. Ela visa reunir profissionais de
áreas diversas para gerar aplicações específicas. Foi a partir de iniciativa
como esta que, nos países árabes, se lançou uma aplicação de sucesso para
muçulmanos. É sabido que, entre os muçulmanos, basta repudiar a mulher três
vezes para que ela perca sua prerrogativa legal de esposa. Agora, essa
prática, que tem valor jurídico e religioso, pode ser realizada via SMS.
A Verisign também se convenceu de que não basta enlatar tecnologia importada
para agradar ao cliente brasileiro. Por isso criou um centro de pesquisas no
Brasil, onde cerca de dez profissionais se dedicam a criar soluções
segmentadas a diversos públicos locais. Neste processo, coube à área de TI o
suporte aos produtos importados. Outra saída para competir num mercado que
se dedica à enxugamento de custos como o brasileiro, a Verisign, há três
anos do país, trabalha como prestadora de serviços. “Cobramos por serviço
prestado, por mensagem, por aplicação. Nesse modelo, o cliente não precisa
investir na compra de equipamento”.
De acordo com Shibata, a idéia para competir foi inovar na obtenção de
revenue-share. Este modelo busca sucesso no nascente mercado de Vo-IP. Os
prestadores de serviços de voz sobre IP têm limite de investimentos e se
interessam por um tipo de tecnologia que abordem positivamente seu modelo de
negócios. Hoje quem fornece solução para telecomunicações sabe que inovação
deve refletir-se com vantagens na receita média por usuário (ARPU).
Inovação e Risco
É claro que a inovação nos negócios é um processo em implantação no país,
ainda não totalmente absorvido. De qualquer forma, está em decadência o
conceito de imposição de uma solução por parte do fornecedor. “A relação que
se requer hoje é win-win-win, ou seja, ganham o fornecedor, os canais de
distribuição e o cliente”, acrescenta Fabio Picoli, gerente de novos
negócios da subsidiária da japonesa Trend Micro. O executivo salienta que
existe uma cultura mais focada em criatividade e inovação com diferencial.
“As empresas que conseguem captar a real necessidade do cliente obtém os
melhores resultados”, garante Picoli. De seus contatos, ele depreende que os
clientes querem um parceiro ou fornecedor que fale com segurança sobre o
futuro.
Ao contrário de estratégias obsoletas, o estreitamento nas relações entre os
diversos elos da cadeia produtiva redunda em melhores perspectivas para a
oferta de mão-de-obra, a inovação tecnológica, a positividade dos lucros, a
satisfação dos acionistas e clientes. Por isso, é tão importante a troca de
informação sobre o nível de risco que a inovação, tecnológica ou não,
implica. Pois, se já está mais ou menos disseminado que inovação estratégica
reduz custos operacionais do negócio, o risco precisa ser bem entendido. “A
questão, quando se trata de inovação, é que se vai trabalhar sobre algo em
que não se tem experiência anterior, em que não se sabe se e quando vai dar
certo”, explica Lozinsky, da IBM Brasil.
Inovação nas corporações é uma atividade empreendedora, ou seja, um processo
que prevê risco e necessita de um certo tempo para análises de risco
financeiro e de pessoal. Um dos fatores para redução de risco em soluções
inovadoras é o compartilhamento da idéia em questão. “Ao contrário do senso
comum de que o segredo é a alma do negócio, trocar conhecimento é vital para
diminuir o risco”, acrescenta Lozinsky. É claro que obter o comprometimento
dos parceiros é importante para que o compartilhamento da inovação se
mantenha entre os parceiros. A repartição clara dos benefícios é importante,
mas, principalmente, o é a definição das pessoas envolvidas. “Há mercados
mais suscetíveis a guardar suas inovações como segredos. Mas isto não
funciona no segmento de tecnologia de ponta; neste, tende-se a compartilhar
de modo a criar padrão por volume de uso”, continua o executivo da IBM
Brasil.
Considerações finais
Neste artigo, entrevistamos, apenas, algumas das corporações que aplicam
estratégias inovadoras também no mercado local. Que investem em mão-de-obra
brasileira, criam convênios com universidades, implantam laboratórios e
centros de pesquisas locais como estratégia real de atuação, mesmo sendo
multinacionais. Algumas, como a IBM Brasil, estão neste mercado há décadas e
sabem aproveitar de seu conhecimento do cliente brasileiro para fornecer
portfoglio atualizado. Outras, como a Lógica, não querem perder a liderança
por desconhecimento das necessidades de negócios locais. Outras, ainda, como
Trend Micro, Verisign e Oracle, estão no país há poucos anos, mas
decidiram-se por estratégias que comprovam o interesse de longo prazo pelo
mercado brasileiro.
Existe outro tipo de estratégia local por parte de subsidiárias de grandes
fornecedores mundiais de soluções que, simplesmente, mantém escritórios de
vendas e marketing no país. Elas sequer possuem porta-vozes para tratar de
assuntos estratégicos como inovação. Mas são as primeiras que nos interessam
e por isso decidimos por realizar uma série de entrevistas sobre o tema.
O interesse pela inovação, não se esgota aqui. Caso outras empresas tenham
modelos de negócios inovadores e queiram partilhar essas informações
conosco, por favor, entre em contato. Nossa meta é fornecer ao leitor o
quadro mais abrangente possível sobre o assunto.
Jana de Paula é diretora de conteúdo do
Thesis
Symbian X Windows Mobile: a disputa
Por Jana de Paula
A disputa do mercado de sistemas operacionais móveis não se restringe ao
conflito software proprietário versus software aberto. Está em jogo também
um outro tipo de domínio. Que universo tende a sobrepujar o outro: a
experiência no mundo IP ou a tradição na mobilidade corporativa? À medida
que os celulares se transformam cada vez mais em computadores de mão, os
dois principais players do segmento de sistemas operacionais para smartphones - Nokia e Microsoft - medem suas forças.
A Nokia, líder do consórcio do Symbian, o sistema aberto, mantém liderança.
Graças à ampla presença na telefonia móvel, desponta em primeiro no ranking,
com 62% do mercado dos "smart devices", segundo estimativa Canalys para
2005. Mas a Microsoft, com seu Windows Mobile, abocanha cada vez mais market-share. De uns modestos 4%, logo que se aventurou no mundo da
mobilidade, hoje detém 16%. Já a Palm Source, terceira colocada, que ocupa
uma fatia de 10%, não interfere, ao menos no Brasil, de maneira preocupante
aos outros concorrentes. Sua atuação é forte, principalmente, nos Estados
Unidos.
O fato é que, no momento, é difícil dizer quem vai vencer esta batalha
tecnológica. Como lembra Cláudio Raupp, vice-presidente da Nokia do Brasil,
"é um campo novo". No mapa estratégico desta guerra, se enfrentam a
transferência de dados via Internet (Microsoft) e a capacidade de atuar com
segurança na mobilidade, seu berço e única área de atuação (Nokia). A briga
é boa e o mercado a justifica. Em recente conferência da Nokia, realizada em
Barcelona (Espanha), divulgou-se que, do total de e-mail trafegado no mundo,
1% (ou seis milhões) é no ambiente móvel. A expectativa é que este volume
salte para 30% do total de mensagens trocadas, chegando a 200 milhões nos
próximos três anos.
Empresas de pesquisa como Gartner e Canalys estimam que o número de
telefones inteligentes (ou smartphones) alcance, em quatro ou cinco anos,
170 milhões de unidades vendidas, contra as 20 milhões comercializadas no
ano passado. Com relação aos serviços, são mais de 40 operadoras em 37
países que oferecem as facilidades da banda larga nos dispositivos
portáteis. É claro que falamos do mercado global, mas, no Brasil, o embate
já se delineia. Por aqui, este é um momento importante: todas as operadoras
definem estratégias de atuação para o smartphone. Por enquanto, o Symbian é
a plataforma mais conhecida no Brasil, mas a estratégia da MS de atuar
pesado no mercado corporativo tende a modificar a atual feição do mercado.
De acordo com Fiore Mangone, gerente de produtos e desenvolvimento da Nokia,
há uma desaceleração na febre de ganhar mais assinantes e a conseqüente
busca de aumento da capacidade média de compra pelo usuário (ARPU) por parte
das telcos. Outro ponto positivo é o ligeiro barateamento dos aparelhos,
apesar de ainda serem voltados para os mercados de alto e médio poder
aquisitivo. "O preço de compra ainda é elevado, pois há a restrição do alto
volume de componentes importados".
ALGUNS LANCES DA BATALHA
O grande trunfo do Symbian é o de ser uma plataforma aberta. A partir do
consórcio entre Nokia, Panasonic, Siemens, Lenovo, LG, Samsung e Sony
Ericsson, criado em 1998, foi possível criar o Symbian OS, plataforma do
sistema operacional Symbian. Baseada em linguagens abertas e padrões de
programação standards do mercado, o Symbian é suportado em Java, de domínio
comum, C++, com amplo uso no segmento de jogos, e foi concebido desde sempre
para atuar em dispositivos móveis.
Esta é uma vantagem real frente à concorrência. A Microsoft, apesar do
empenho de Bill Gates em penetrar no mundo da mobilidade, baseou seu Mobile
sobre uma plataforma proprietária, concebida, de início, para seus
servidores; a Palm, também, disponibilizou inicialmente sua plataforma para
dispositivos móveis que não o celular. Isto é, ambos os sistemas
operacionais são adaptações. Não que essa desvantagem seja intransponível.
Justo pelo fato de ser um padrão no PC, a Microsoft tem larga vantagem em
migrar sua plataforma para o celular. Com o sistema operacional da MS, o
usuário vê na tela de seu smartphone exatamente a mesma tela e os mesmos
recursos de navegação do seu PC.
O fato de ser um sistema proprietário não reduz de maneira significativa a
linha de atuação do Windows Mobile. A partir da Microsoft Developer Network
(MSDN), a companhia já envolveu 120 mil pessoas no desenvolvimento de
soluções para seu sistema operacional móvel no país e mais de três milhões
no mundo. A ferramenta Visual Studio.Net, desenvolvida de encomenda para o
WM, engloba 19 linguagens de programação diferentes, inclusive C++ e Basic.
É a resposta ao Fórum Nokia, criado com a finalidade de reunir
desenvolvedores, especialistas e usuários Symbian e que hoje representa
prerrogativa favorável à disseminação do sistema operacional adotado pela
Nokia.
No contra-ataque, a Nokia investe em otimização da arquitetura Symbian.
Entre as características recém implementadas estão redução no consumo de
energia, bateria menor e de mais longa duração e dispositivos mais
amigáveis, tudo a um custo inferior, resultante da larga penetração dos
aparelhos Nokia junto ao consumidor. "Cito, também, a capacidade e a
flexibilidade do Symbian em customizar e personalizar aplicativos, tanto da
parte das operadoras quanto do usuário", acrescenta Raupp. Esta
personalização pode ser feita em imagens, pano de fundo, ringtone, videotone,
além do fato de o dispositivo Symbian "ser" um MP3 player.
Mas a Microsoft não se assusta com as possíveis conveniências do Symbian.
Focada no mercado corporativo, a meta da MS é "desenvolver super aplicações
em mobilidade", avalia Celso Winick, gerente de sistemas embarcados da MS
Brasil. Especialização vertical, conhecimento completo do processo de
distribuição e manutenção também se inserem neste raciocínio.
A escolha da Microsoft pelo mercado corporativo no mercado local se baseia
no crescimento e na importância que ele adquire frente a outros segmentos.
Dos 80 milhões de celulares no país, 5%, ou 4 milhões, estão nas mãos dos
executivos. "A aceitação de smartphones pelo mercado corporativo é
crescente, pois é enorme a eficiência que eles trazem", continua Winick. Um
dos diferenciais da MS será atacar a demanda por soluções CRM (customer
relatioship management), tipo SAP/Siebel, de modo que as aplicações móveis
se integrem à infra-estrutura de CRM que a empresa já tenha.
O mercado corporativo é, também, alvo da Nokia. "Todo dispositivo Symbian se
traduz num escritório móvel", acredita Raupp, o que demonstra o interesse da
multinacional finlandesa em fazer mais do que enviar e receber e-mail. E, se
Winick acredita que "o que falta no Symbian é integração com servidores",
Raupp defende o contrário: "o acesso de um smartphone com Symbian a
aplicações corporativas no back-office é equivalente ao de um PC em banda
larga. E falamos de acesso completo à Internet e não de um WAP", garante.
Winick rebate com o argumento de que telefone inteligente é principalmente
uma questão de software, universo onde a Microsoft domina: "VoIP é uma
solução de software, serviços de navegação de Internet também", enfatiza.
Raupp salienta que hoje, via Symbian, é possível um full-browsing. Além
disso, a Nokia aposta na sua experiência em localização e navegação por
triangulação de rede celular, característica bem atraente ao mercado europeu
e que começa a ser implantada aqui. E, aí, Raupp dá uma estocada: "A
Microsoft precisa ser licenciada, cobra royalties, o que pode funcionar bem
no mundo IP, mas no ambiente celular a situação é diferente, conta não
apenas a plataforma, mas a robustez e o custo competitivo".
Mas mesmo para isso, a Microsoft tem uma resposta. A plataforma Windows é
bastante disseminada e aceita pelo mercado brasileiro. E quanto à questão do
licenciamento, Winick salienta que o sistema operacional é fornecido em
estado bruto aos fabricantes, que dispõem de uma série de recursos para
integrar suas soluções. "Com o Windows, não importa o fabricante do
smartphone, o usuário compreenderá todos eles, pois trazem os mesmos ícones
do PC, que já um padrão".
A Nokia também pensou nisso e, pelo menos para o pacote Office, já
disponibilizou uma solução. O Symbian adotou alguns recursos que abrem
arquivos do World e do Power Point. O Quick Office, aplicativo para série
Nokia 60, traz alguns arquivos compatíveis, como caixa de entrada,
visualização e alteração de anexos. Desenvolvimento de um parceiro, o Quick
Office já vem embarcado no N 6681. "Gastamos milhões para tornar a interface
do Symbian mais amigável. Esta compatibilidade com o pacote Office foi,
inclusive, uma exigência das operadoras para suportar seus serviços",
enfatiza Mangone.
O contra-argumento da Microsoft é que, com o crescimento do ambiente IP no
celular, todo mundo que tem um e-mail vai acessá-lo via celular. "O
Messenger tem 14 milhões de usuários e, no celular, tudo é rigorosamente
igual. Nos celulares sem Windows a página é desconfigurada. Tente acessar
uma página de Internet sem o Windows Mobile", alfineta Winick.
Como eu já disse, a briga é boa. Mas que não se pense que ela tende a se
radicalizar. No mundo de mobilidade e protocolo de Internet o que pesa é a
todo-poderosa convergência. E é mais provável que os impasses sejam
resolvidos por acordos e parcerias e não por radicalismos e fechamentos de
fronteiras.
Jana de Paula é diretora de conteúdo do
Thesis
Alegria, agente provocador
Por Jana de Paula
Provocação combina com respeito? Pode combinar, sim; sobretudo se gera, no
indivíduo, vontade de mudar ou acelerar o processo de mudança em curso. As
relações humanas nas empresas se aperfeiçoam quando estas aprendem a
aproveitar os talentos humanos de que dispõem. E o humor é um dos fatores
propulsores da comunicação bem estabelecida. É entender a necessidade do
outro e se abrir de modo a ser capaz de suprir esta carência. Quando este
tipo de comunicação se estabelece, tem-se a alegria.
Levar o humor como ferramenta de apoio às corporações é trabalho absorvente.
Falamos de alguém, de fora da organização, cujas atitudes de alegria
permitem a oxigenação de um ambiente muitas vezes hostil, ou simplesmente
apático. O resultado, apesar de intangível, precisa ser mensurado – deve
redundar na solução de problemas de gestão. Este profissional atua como uma
espécie de Bobo da Corte. Com a vantagem que, hoje, não tem mais que
agradar, principalmente, o rei. É capaz, sim, de promover, num grupo, um
momentum de alívio e criatividade tão marcantes que não serão obliterados
depois de encerrada a performance. É claro que já há corporações
interessadas em possuir um palhaço full-time, que funcionaria como uma
espécie de ombudsman super-moderno. E, por favor, não pense que deliramos.
Mega corporações como Microsoft e Compaq já contabilizam bons dividendos com
este tipo de estratégia.
Que não se espere, porém, fórmulas pré-moldadas ou tópicos de auto-ajuda
quando o assunto é o humor no empowerment das corporações. Deve-se,
inclusive, evitar o uso desta ferramenta para seguir, apenas, um modismo.
“Temos muito cuidado ao iniciarmos um relacionamento com as empresas. Antes
de quaisquer decisões de parceria, mantemos vários contatos e – detectada
uma real necessidade - começamos o trabalho, que implica uma relação
profunda e duradoura com o patrocinador”. Quem fala é Ângelo Brandini,
também conhecido como o palhaço Zorinho. Ele é um dos integrantes dos
Doutores da Alegria, organização sem fins lucrativos que atua em hospitais,
levando alegria e bom humor a crianças e adolescentes internos em onze
entidades entre São Paulo, Rio de Janeiro e Recife.Desta atividade inicial o
resultado de suas ações foi tamanho, que a equipe de palhaços passou a ser
requisitada por corporações que querem aprender – e transmitir – o
conhecimento acumulado por eles.
O espelho do palhaço
Este é um exemplo de que a gestão baseada no bom humor precisa, como ponto
de partida, da implantação de processos de comunicação de longo prazo. Não
se pode estabelecer relacionamentos duradouros sem a criação de vínculos. E
estes só geram uma comunicação de resultados concretos quando não se
trabalha a priori. No caso dos Doutores, apesar de possuírem um departamento
de pesquisa para catalogar e disseminar o conhecimento acumulado, eles não
apostam em métodos definitivos. “Tudo o que a gente sabe de gestão surgiu do
conhecimento intuitivo. Mesmo hoje não temos metodologia acabada. Quem acha
que sabe tudo perde o frescor da curiosidade”, acrescenta Brandini.
Talvez o sucesso da técnica adotada pelos Doutores esteja no fato de eles
incorporarem o conceito do palhaço como provocador. Pesa, também, a
simbologia milenar que alimenta o arquétipo do clown. A simples presença de
um palhaço incita a mudança, em qualquer ambiente. Afinal, o palhaço ri com
as pessoas e não das pessoas - é aí que entra o respeito. Há quem confunda o
sentido da alegria com o de contar piadas e fazer ‘gozações’. O piadista
dificilmente ri de si mesmo. E a alegria não está necessariamente ligada ao
riso. Ela é, mais, um meio de aprender como se encara a si mesmo. Este
processo de aprendizado que usa o outro como espelho de si mesmo – a
provocação -, é usado, justamente, para evitar que o autoconhecimento e a
criação de vínculos degringole em disputas e pseudo-ironias.
É comum levar-se muito a sério. Quando, um indivíduo atua numa sociedade,
organização, estado etc. com excesso de sisudez, a alegria deve ser adotada
como agente catalisador de transformação. Para tanto são indispensáveis o
uso de uma linguagem própria (essência do palhaço) e a obtenção da permissão
do interlocutor. Uma das tarefas do palhaço é, justamente, obter esta
permissão, através de seus inúmeros recursos. No caso dos Doutores da
Alegria, por exemplo, as técnicas usadas são contundentes: eles conseguem
atenção e permissão de crianças em avançado processo de doença.
Motivação, humor, entusiasmo.
Como se vê, há mais neste mundo de humor do que supõe a nossa vã filosofia.
Se aplicamos o conceito nas repartições públicas, por exemplo, veremos que
uma política de adoção de técnicas de alegria viria a calhar. Fatores como
alto índice de greves, salários defasados, poucas perspectivas de carreira,
além de ingerências políticas no dia a dia destas organizações, demonstram
que o setor público será largamente beneficiado pela adoção da alegria na
melhoria das condições de trabalho.
Claro está que o problema não se restringe à área estatal. Um ambiente
hostil prejudica a tomada de decisões e gera sentimentos de irritação,
acomodação e/ou omissão. Uma equipe desmotivada com esta intensidade,
dificilmente gerará um trabalho de boa qualidade. Ao contrário, o bom humor
gera ambiente favorável ao compartilhamento, à criatividade e à inovação.
Quando a informação circula num clima de parceria, provoca sensação de
confiança que, aliada à irreverência e a espontaneidade, permite aos
diversos interlocutores rirem dos próprios erros e buscarem de maneira
lúdica novas idéias e soluções.
Tem gente que leva tão a sério este negócio de alegria, que chega a
pesquisar a origem da palavra, para descobrir novas sutilezas. O termo humor
é oriundo do latim humor-oris (pelo qual definia-se, à época da pujança do
Império Romano, os quatro fluidos básicos do organismo humano, que
determinariam condições físicas e mentais). Apenas no século XV, a partir da
palavra inglesa humour, adicionou-se o sentido de boa disposição de
espírito, veia cômica e ironia.
Para alguns, o bom humor é encarado como maturidade emocional. Quando duas
pessoas interagem, o estado de humor de uma é transmitido à outra. Assim, a
sincronia – ou a diacronia – determinará a boa ou má qualidade da
comunicação. Ao contrário, quando grassa o mau humor, o resultado são as
chamadas doenças profissionais, como estresse, úlcera e infarto.
Cuidado. Pista Escorregadia
Em se tratando de humor, como em tudo o mais, difícil é não exagerar na
dose. Sobretudo quando o humor resvala para a piada e serve, apenas, para
encobrir a mediocridade. Quem aborda esta questão com maestria é o
publicitário norte-americano Gordon Lewis. Em seu livro “Marketing Mayhem”,
recentemente traduzido pela Editora Resposta Editorial sob o título
“Marketing Mutilado”, Lewis nos ensina em breves 275 páginas, como fugir da
mediocridade e da mania de fazer piada de tudo e por tudo. Demonstra, com
muito humor (às vezes negro, outras cristalino), que, até agora, não foi
inventado nada que substitua a inteligência.
De todos os ajuizados conselhos que ele transmite ao leitor, um dos mais
sábios é o de se evitar o clichê, como se foge da peste negra. Seus
conselhos são voltados, principalmente, para o profissional de marketing,
mas servem para todos. Inclusive no caso do humor – ou você conhece algo
mais irritante do que clichês de humor? Uma visão do marketing, numa
abordagem que implica humor, se faz necessária porque, em geral, a
implantação de projetos de gestão visam melhorar ou fortalecer a imagem
institucional de determinada corporação.
Lewis tem seu representante no Brasil. É o também publicitário Silvio
Lefèvre, que, inclusive, é responsável pela tradução e edição local de
“Marketing Mutilado”. Silvio criou um ponto de encontro na web, para quem
gosta de discutir as atitudes das empresas com bom humor e inteligência. É o
Derrapadas em Marketing. “Procuramos apontar os erros em marketing de uma
maneira alegre, de modo que as críticas sejam aceitas com mais naturalidade
e evitando uma reação negativa”, explica.
Silvio quer provar que as empresas tomam atitudes nem sempre coincidentes
com as necessidades do consumidor e, por isso, devem arcar com suas
escolhas. “Ninguém está isento de derrapadas. O fato é que procuro dar a
visão externa das atitudes das empresas que eu reconheço como consumidor, a
partir da experiência que eu tenho”, acrescenta.
No caso do marketing, as organizações – grandes clientes das agências – são
mais atualizadas do que estas. O marketing brasileiro , lembra Silvio, ainda
não tem a capacidade de analisar suas derrapadas. “O máximo que hoje se
aceita é analisar criticamente os cases de fracassos notórios – aí tem um
monte de gente para explicar o porque do fracasso”. Já, das campanhas em
andamento, ninguém quer se meter a falar. Neste ponto os clientes estão mais
adiantados que as agências de publicidade. O cliente tende a ter mais o pé
no chão”, pondera.
Silvio condena a tendência atual do uso do humor entre os profissionais
brasileiros de publicidade. Para ele, existe uma mania de fazer gracinha. E
não se pode fazer gracinha com qualquer coisa. A graça só tem graça porque
se distingue do sério. “Não é que eu seja contra, somente defendo que se
deve evitar vícios de linguagem e de abordagem. A piada mal colocada pode
tirar a seriedade do que se está querendo transmitir”.
Jana de Paula é diretora de conteúdo do
Thesis.
A segurança da segurança
Por Jana de Paula
Ao se falar em segurança de dados, geralmente surgem imagens de fraudes
eletrônicas, roubos cibernéticos, hordas de hackers etc. Mas a segurança na
preservação e recuperação dos dados arquivados tem a mesma importância que a
do acesso e tráfego das redes. Talvez, a diferença seja que nas redes a
tarefa é visível para todos os extratos da corporação. Já no back-up e
storage a ação se restringe ao ambiente de TI. E, para quem vê de fora,
parece um ‘trabalho que não rende’.
É claro que esta impressão é aparente. O crescimento da Internet e a
conseqüente capacidade de se manipular milhões de terabytes em dados geram
necessidade vital de arquivamento com segurança. Há, também, o acúmulo de
dados oriundos das aplicações internas – de documentos temporários a
estratégicos arquivos de dados. Segundo a IDC, a partir de 2009, o mercado
brasileiro deve consumir volumes a partir de 30 petabytes/ano – ou quase
cinco vezes mais que os sete petabytes consumidos em 2004. Outro estudo, da
Horison Strategies, indica que, a partir de 2005, todos os dados gerados no
mundo serão digitais. Já o Gartner estima que pelo menos 80% das soluções de
storage externo estejam em rede.
O Brasil não está mal em relação ao consumo global da tecnologia de
arquivamento – do total mundial de US$ 1 trilhão, em 2004, os gastos
brasileiros tragaram US$ 10,9 bilhões. Mas este não é um segmento estável e
mesmo estas previsões podem ser tímidas. A IDC prevê um forte crescimento
deste mercado entre 2005 e 2007; e a maioria dos institutos de pesquisa que
avaliam o segmento aponta a consolidação do conceito de governança
corporativa, a adaptação das empresas locais e subsidiárias à Lei
Sarbanes-Oxley (SOX) e o aumento da geração de dados como fatores de seu
aceleramento.
UM ROI PARA O GURU
No ambiente do storage o CIO se apresenta como verdadeiro guru. Afinal,
mesmo com o incrível crescimento esperado, o problema não é espaço digital
para arquivar tanto dado. A questão chave é gerenciamento – a exigir custos
cinco vezes superiores aos da compra de equipamentos. A preocupação quanto
ao retorno de investimento (ROI), nesta área, deve fazer parte da estratégia
do CIO que queira, de fato, elaborar uma plano preventivo para o business
storage da empresa.
Fred Moore, autor do livro Storage New Horizons, alerta que enquanto o preço
da tecnologia de arquivamento – discos, fitas, servidores etc. – decresce
cerca de 30% ao ano, os custos com suporte (pessoal, software, segurança
física, energia etc.), inversamente, crescem numa média entre 10% e 25% ao
ano.
Amplia-se também a terminologia sobre a guarda de dados. Gestão dos recursos
de storage (SRM) é a sigla acrescentada ao jargão dos tecnológos. A idéia é
criar uma cultura que permita a coordenação das várias plataformas de
armazenamento, agilizando a classificação dos dados e a detecção de arquivos
rara ou ocasionalmente acessados. Esta estratégia implica a relocação da
informação em dispositivos de custo baixo, como fitas magnéticas, dedicando
as mídias mais caras, discos online, por exemplo, para aplicações críticas.
De acordo com dados apresentados por Moore, em seu livro, o hanking no
mercado de storage contempla as seguintes posições. Em primeiro lugar, os
serviços de armazenamento (que geraram receita de US$ 24,9 bilhões, em
2004). Depois, os sistemas de disco (receita de US$ 20,6 bilhões, no mesmo
período). Em terceiro, os software comerciais de storage (US$ 7,8 bilhões)
e, em quarto, as fitas (US$ 4,3 bilhões).
QUEM PROSPERA NO BRASIL
Neste mercado de cifras estratosféricas prospera um segmento específico,
sobretudo no Brasil. O de recuperação, conversão e duplicação de dados e/ou
mídias; auditoria da qualidade do processo de back-up; e manutenção dos
sistemas e equipamentos de armazenamento. Falamos de empresas que recuperam
dados perdidos de fontes tão variadas como drives de disco rígido, disquetes
ou backups em fita. Estes especialistas são reconhecidos como o último
recurso na recuperação, quando todos os outros métodos, inclusive os
software de SRM, falharam.
Desde o Bug do Milênio (1999/2000), passando pelo 11 de setembro (2001) e o
escândalo da Enron (2002), as companhias se preocupam em, primeiro,
aprender, para em seguida decidir suas estratégias de atuação. Este
crescente interesse pela saúde dos dados que se manipula nas corporações
causou verdadeira transformação nas antes chamadas empresas de back-up.
“Foram estas três ondas que fortaleceram o mercado de arquivamento. Antes
destes eventos, o storage preventivo e o investimento em tecnologia de
armazenamento não fazia parte da estratégia de nenhuma empresa com atuação
local”, assinala Adalberto Filho, diretor da Archtech, que atua há 20 anos
no segmento.
Como no resto do mundo, o setor que aquece o segmento de arquivamento no
Brasil é o financeiro. Foi ele que importou a cultura de storage para o
país. No rastro dos bancos vêm as operadoras, por sua exposição ao ambiente
regulatório e devido às questões de tarifação e biling. “A SOX, porém,
expandiu este mercado que, hoje, abrange indústrias exportadoras e com ações
em bolsas de valores, como a de alimentos, petróleo & fornecedores,
siderurgia e café”, acrescenta Adalberto.
Um dos produtos voltados a este novo mercado é o de certificação de
integridade agora obrigatório para companhias que negociam suas ações na
Bolsa de Nova Iorque (NYSE). Para que a empresa obtenha este certificado são
checados aspectos físicos, lógicos e magnéticos dos meios que guardam em
back-up suas informações administrativo-financeiras. “O ideal é que a
certificação seja efetuada a cada 12 meses, pois, na eventualidade da
verificação, o trabalho é executado com mais precisão e em menos tempo”,
sugere Adalberto.
Entramos, assim, no conceito de governança corporativa. As empresas de
capital aberto não só devem disponibilizar as informações que geram, como
devem ser transparentes, já que recebem recursos de terceiros, ou seja, seus
acionistas. Para que a NYSE aprove determinada empresa, esta deve ser
auditada. Depois, prossegue-se à inspeção das mídias, se gera relatórios e,
por fim, são sugeridas ações como recuperação de dados, conversão de mídias,
manutenção preventiva ou corretiva dos equipamentos e a qualidade do
processo de back-up. Como se vê, é um processo demorado e custoso; mas, no
caso de quem negocia na NYSE, não se trata mais de uma recomendação, mas de
lei a ser cumprida.
A SOX também atingiu o mercado de soluções para o ambiente jurídico.
Resposta do governo norte-americano ao Escândalo da Enron, a SOX exige que a
companhia preserve toda transação financeira e os mantenha acessíveis,
estejam eles em bancos de dados, planilhas, e.mail, discos etc. No país,
esta mídia magnética de arquivamento já serve como prova em processos
judiciais, vale como nota fiscal e é reconhecida como documento válido dos
departamentos de pessoal da companhias. “A preocupação com o arquivamento de
dados é fundamental, pois as demandas judiciais são normalmente suportadas
por informações contidas nos sistemas de back-up dos interessados naquelas
ações”, exemplifica Adalberto.
A fornecedora de soluções de arquivamento que oferecer os melhores
parâmetros e uma taxa de recuperação acima dos 75% (aceitável mundialmente)
tem passe garantido para competir nesse atraente mercado. É preciso dominar,
também, a tecnologia da sagacidade; ou seja, larga experiência que a
capacite a fornecer com segurança a certificação da integridade do hardware,
do software e do próprio acesso ao ‘bit’ da informação gravada. É original?
Recuperável? Foi adulterada? Afinal, a fraude eletrônica não está apenas
contra quem navega na web. É preciso lutar, também, com a fraude e o roubo
off-line. E durma-se com um barulho desses...
Leia sobre segurança
para e.mail neste
white paper do IT Business e entenda
quando é melhor
usar a fita e, não, o disco.
Jana de Paula é diretora de conteúdo do
Thesis
A nova geração antifraude
Por Jana de Paula
Os primeiros sistemas antifraude para a telefonia foram desenvolvidos de sete
a dez anos atrás. Eram sistemas caríssimos - uma solução num servidor Sun
Microsystems, por exemplo, tinha custo médio de vinte mil dólares e se baseava
no conceito de regras e limites. Estas primeiras soluções levavam muito pouco
em consideração a necessidade dos assinantes e limitavam as prerrogativas das
telcos, suas compradoras.
Estas ferramentas - que embutem geração de alarmes diários na suspeita de
fraude ou o processo de trabalhar a inadimplência recente após 30 dias de sua
ocorrência - acrescidas ao pouco conhecimento do mercado por parte das
operadoras eram os principais responsáveis pela dificuldade em gerenciar, de
fato, a ocorrência de fraude e inadimplência nas chamadas realizadas.
Impossibilitadas pela tecnologia disponível em separar o joio do trigo, ou
seja, o fraudador do bom cliente, as telcos prejudicavam sua imagem
institucional. Resultado: clientes eram negativados como mal pagadores nos
serviços de proteção ao crédito sem ter cometido qualquer falha. Assim, além
das perdas com fraudes reais, a operadora arcava com custos de indenizações
por processos indevidos.
Seria bom se a ocorrência destas falhas pudessem sempre ser contadas no
pretérito imperfeito. Mas, a realidade é que, pelo alto custo das soluções em
FMS (fraud management system) e RA (revenue assurance) e erros
de avaliação dos projetos de consultoria, as operadoras ainda mantém sistemas
de primeira e segunda geração em suas centrais. E amargam perdas financeiras
por gerenciamento errôneo das fraudes. As telcos, hoje, são obrigadas a pagar
indenizações entre onze mil e quinze mil reais, por negativações indevidas de
crédito. A FML, consultoria especializada no segmento, dá conta de que,
atualmente, entre oito a dez mil CPFs são erroneamente negativados.
Com o crescimento da necessidade de conhecer o cliente para bem atendê-lo e
evitar o churn, além do desenvolvimento de soluções de terceira geração
de software de FMS e RA, começa a surgir uma luz no fim do túnel na solução
deste problema tão delicado e fundamental à saúde financeira das telcos.
Ninguém se arvora a dizer o quanto se perde em fraude e inadimplência, mas
sabe-se que é um valor que oscila entre 2% a 10% da receita das telcos. A
Connectiva, multinacional que atua no segmento de implementações de soluções
em RA, estima que este volume ultrapasse os 100 bilhões de dólares anuais. Mas
pode ser um número maior – nenhuma operadora sente-se à vontade para tratar
publicamente destas perdas, contra as quais realizam estratégias sigilosas.
UMA EVOLUÇÃO
Graças à evolução tecnológica, as ferramentas de geração de alarmes passaram
para a intercessão de bancos de dados em data-mining. Desta forma foi
possível mudar regras e limites e conferir um pouco de inteligência às
informações trafegadas, mas a eficiência desta prática continua discutível.
“Os sistemas de primeira e segunda geração são reativos a um problema”,
acrescenta Roberto Guerrero Favero, diretor de vendas para as Américas da
Neural Technologies. Ou seja, os analistas das informações dos bancos de dados
das operadoras ficam sentados diante de um monitor à espera de alarmes que os
levarão a detectar chamadas fraudulentas em toda uma rede. Quando o evento
ocorre, o analista ‘derruba’ várias conexões, em cadeia, inclusive do não
fraudador.
“Com o aumento do número de assinantes, passa a ser necessário um verdadeiro
exército de analistas”, lembra Favero. É para tentar suprimir esta lacuna que
as fornecedoras começam a investir em sistemas mais ‘pesados’, que adotam
inteligência artificial, mudando a postura reativa por medidas preventivas, em
tempo real. “Torna-se possível analisar diferentes fontes de informação, tanto
do sistema da operadora como de birô de créditos, departamentos de polícia,
imigração etc., impedindo, ainda, que o alarme de fraude derrube uma série de
chamadas”, completa o executivo.
A análise por inteligência artificial, ou redes neurais, também permite o
exame preventivo de regras e limites e da conduta de quem faz a chamada em
paralelo e de diferentes formas, o que aumenta a taxa de acerto de 20% para
80%. Este tipo de solução tende a otimizar o trabalho dos analistas, que passa
a ser mais investigativo e leva à obtenção de provas conclusivas da fraude,
com proteção ao cliente.
Ao contrário, o sistema tradicional baseado em regras e limites tem um alto
número dos chamados alarmes falso-positivos, ou seja, onde não há fraude.
Segundo Favero, em 100 alarmes neste tipo de sistema 90 são falso-positivos. O
diretor da Neural, companhia britânica que fornece o Minotaur, um dos
softwares com inteligência artificial do mercado de FMS e RA e tem entre seus
clientes Vodafone, Orange, Nextel e Sprint, reconhece que ainda há uma certa
reserva de parte das operadoras. “Aconteceu o mesmo quando a injeção
eletrônica substituiu o carburador na indústria automobilística”, compara o
diretor. O primeiro cliente do Minotaur no país é a Brasil Telecom, negócio
intermediado pela Agilent.
INIMIGO DOMÉSTICO
Além de permitir a redução de processos indevidos de indenizações e coibir a
fraude externa, o tratamento inteligente de FMS e RA pode atacar outro grande
vilão: o fraudador interno, ou seja, funcionários corruptos. Empregados em
posições de autoridade dentro da empresa podem produzir danos graves: as
principais ameaças internas são os técnicos que manipulam a informação das
centrais e apagam seus registros internos. Este tipo de fraude é responsável
por 50% do total das perdas financeiras das telcos.
Hoje em dia, o esforço e os investimentos da indústria de telecom estão
concentrados no combate aos ataques de fontes externas, enquanto a fraude
interna raramente merece a devida atenção. Graças a seu conhecimento de
especialista dos sistemas e processos, os empregados das empresas de telecom
são idealmente capacitados para realizar ataques à rede. E dado ao fato de que
se trata de especialização que requer atuação em muitas áreas da companhia,
parece ser muito simples ao fraudador interno encobrir suas atividades.
Em alguns casos, a discrepância entre o salário recebido e as somas
astronômicas oferecidas pelos criminosos é suficiente para convencer o
empregado mais honesto. Por ser dinheiro de crime, livre de taxas e impostos,
muitas vezes representam entre dez a vinte vezes mais que o funcionário
poderia ganhar em 20 anos de carreira. Há, também, é claro o corrupto ou o
especialista-criminoso, que esconde sua atividade ilegal e é contratado pela
operadora.
Outro ponto frágil é a metodologia tradicional utilizada na detecção de
fraude, que tende a focalizar-se na atividade do usuário e na informação da
chamada. Este enfoque normalmente produz classificações simples dos problemas
de uso, mas amiúde não destaca a causa radical do problema e a fraude interna
passa a ser encarada como perda natural ou dívida incobrável.
De acordo com um
white-paper da Neural Technologies, “a fraude interna
é um dos tipos de fraude mais intangíveis. Pode ocorrer em qualquer parte dos
processos da organização tais como: no sistema de incorporação de clientes;
plataformas de pré-pago; administração dos serviços de faturamento, na base de
dados do cliente e nas plataformas de administração de billing.
O documento salienta, ainda, que a fraude interna pode tomar a forma de
alterações nos detalhes da fatura, criação de contas falsas, acesso a detalhes
de um cartão de crédito, danos nos elementos da rede, ativação de vírus e
ataques trojan e, até, à facilitação do acesso à rede pelo crime organizado.
PERDAS EM IP
Mas a fraude não é o único ponto nevrálgico na guerra contra a perda de
receita por parte da indústria de telecom. O crescimento do volume de
transferência de dados em protocolo de internet (IP) tem colaborado na redução
de proventos por parte das operadoras. Hoje, 60% do tráfego mundial em IP são
de dados, mas ele não gera mais do que 15% de receita. Há dois anos, o quadro
era pior – o retorno financeiro deste segmento não superava 5%. “O mercado
estima que em 2007 as receitas com dados alcancem entre 40% e 45%”, informa
Alon Aginsky, presidente da cVidya Networks, fornecedor de soluções no
segmento, com sede em Israel.
O problema, segundo ele, deve ser abordado logo, pois a banda larga é a área
que mais cresce entre as operadoras. A maioria dos novos serviços como VoIP,
IP/VPN, jogos on-line e outros serviços de valor agregado são baseados em
pacotes de dados e não nas arquiteturas baseadas no standard TDM/PSTN.
Neste momento, operadoras do mundo inteiro contratam grandes empresas de
consultoria para traçarem estratégias que as auxiliem a reduzir os riscos de
perda de receita no mundo IP. Hoje, é preciso a monitoração num processo 24
horas/7 dias para controlar esta perda, sobretudo no mercado dinâmico da banda
larga, onde é alta a taxa de churn, constantes as mudanças de perfil do
usuário e existe uma enorme variedade de esquemas de preços e cobranças dos
serviços. De acordo com Aginsky, este quadro pode representar perda de receita
em banda larga da ordem de 11%.
BOAS NOVAS
No Brasil, se as operadoras já se alertaram para esse problema, é um mistério.
O que fica flagrante no mercado de gerenciamento e garantia de receita contra
fraude e inadimplência em telefonia é que as subsidiárias locais das telcos
têm um longo caminho a percorrer. É gratificante, no entanto, saber que elas
já se preocupam seriamente em proteger o cliente de suas estratégias de ataque
aos criminosos.
As telcos locais começam a dar-se conta que é preciso separar urgentemente sua
carteira de clientes fiéis do processo de caça aos criminosos. Elas já sabem
que a inadimplência do cliente não se compara às apropriações indevidas de
impostos, por falsos recursos contra adimplentes, impetrados por elas próprias
e que já somam 120 milhões de dólares, dos quais 100 milhões só em São Paulo.
Devido à pressão da concorrência, as telcos começam a implantar ‘filtros’ em
seus sistemas de modo a evitar que clientes adimplentes sejam negativados em
serviços de proteção ao crédito ou sejam excluídos sem justificativa do
processo de assinatura das operadoras. São atitudes positivas à imagem das
operadoras que devem render bons frutos.
As informações deste artigo foram obtidas durante o seminário "Revenue
Assurance & Fraud Management Latin America 2005”, organizado pela IBC (www.ibcbrasil.com.br/fraudla)
, nos dias 21 e 22/11/2005, no Rio de Janeiro.
Jana de Paula é diretora de conteúdo do
Thesis
Conversa sobre XPM
por Jana de Paula
Adoção de uma visão quântica do mundo.
Mentalidade compatível à prosperidade que advém da mudança e da inovação.
Visão humanística. Estas são as bases do conceito de Extreme Project Management, mais conhecido pela sigla XPM. Este método difere do
gerenciamento tradicional de projetos, por ser mais aberto, elástico e
indeterminístico. Além disso, pressupõe a criação, controle e conclusão de
projetos num ambiente volátil e não restrito a intrincadas técnicas de
medição ou pesado formalismo. É a equipe, são as pessoas que dão o tom em
todo o processo XPM.
As duas principais autoridades em XPM no mundo
são Doug deCarlo e Rob Thomsett, que desenvolveram a base teórica do XPM e
dirigem prósperas companhias baseadas no conceito. Há, também, The Cutter
Consortium, que reúne empresas, pessoas e organizações que adotam esta
metodologia.
Ainda não há, no Brasil, literatura sobre o
tema nem tradução dos principais livros já publicados (veja lista no final).
Mas o XPM é um wikipedia bastante acessado e pela web é possível encontrar
bom material para download. Aqui trataremos de alguns conceitos básicos,
apenas para iniciar o debate.
No segundo capítulo do livro “Extreme Project
Management: Using Leadership, Principles, and Tools to Deliver Value in the
Face of Volatility” (Copyright 2004-Jossey-Bass), Doug deCarlo frisa que, ao
se escolher a mentalidade tolerante à mudança, adota-se uma visão de mundo
em sincronicidade com o caos e a imprevisibilidade.
Só depois de incorporar este tipo de visão, é
possível partir para a realização de um projeto XPM. Para obter sucesso
nessa empreitada será necessário o engajamento em condições turbulentas, em
alta velocidade e alto grau de mudança. Por que?
Porque o XPM foca, principalmente, as pessoas
envolvidas. E pessoas desfrutam de seu tempo, diariamente, a partir de
pensamentos e emoções. Agindo uns sobre os outros. Gestão de XPM é centrada
e construída em torno do modo que as pessoas pensam, sentem e agem umas
sobre as outras.
Os pensamentos se exprimem sob a forma de
idéias, decisões, fatos, dados e capacidade de superar obstáculos. Quando
pensamentos e emoções convergem, isto se manifesta nas apresentações,
conferências e conversações, da mesma forma que os diagramas são visíveis
nas transparências. Eles são projetados sobre a vida na forma de protótipos,
imagens, notas, apresentações de PowerPoint, planos, documentos e o projeto
final.
deCarlo incorpora o princípio de que o
pensamento “dá forma física e/ou psíquica” às emoções e sentimentos. As
pessoas, assim, projetam formas negativas se estão aborrecidas ou raivosas e
outras, positivas, se estão alegres e motivadas. “Em contraste, a gestão
tradicional está saturada do lado mecânico (leia Newtoniano) das coisas e
cobra um pesado tributo ao lado humano. Sua estrutura de conhecimento é
construída sob práticas, procedimentos e políticas onde as pessoas são
domesticadas pelo processo. Podemos permitir a desumanização dos projetos?
Não num mundo quântico”, diz o autor em seu livro.
A visão humanística e quântica prevê que o uso
da energia (ou seja, a capacidade de gerar “formas-pensamento”) é vital para
o bom aproveitamento da vida. Ora, no XPM ela se traduz na capacidade de
efetuar o trabalho (ou seja, o projeto). Quanto mais elevada é a qualidade
do pensamento, melhor o tipo de emoções e maior a interação entre
indivíduos. Daí, maior a capacidade de realizar o trabalho.
Quando o campo de energia é tóxico, ou seja,
repleto de emoções negativas, a capacidade das pessoas de efetuar o trabalho
é comprometida, o que se reflete nas suas deliberações sobre o projeto
(formas físicas). Um projeto calcado em energias tóxicas pode resultar em
sérios prejuízos à marca, se for implantado, ou, até ser rejeitado pelo
cliente.
Enquanto “campo de energia” a gestão de
projetos é doadora de vida, a força por trás dos produtos, serviços e o
resultado final dos negócios. Os projetos vivem, respiram. Eles são as
pessoas. Quando um projeto está de mau humor, a manifestação das idéias é
sufocada, o campo energético se torna denso com a carga negativa. As
interações entre os envolvidos se transformam em fofoca, queixas, critica,
expectativas de fracasso, choradeira e sabotagem.
O autor faz a seguinte comparação: “A questão
fundamental na gestão XPM não é como construir a melhor ratoeira, e, sim,
como criar ambiente propício ao nascimento da melhor solução para capturar o
rato”. Como campo de energia, um projeto se compõe de muito mais que suas
soluções físicas e peças que o justifiquem, justamente como férias reais são
muito mais do que um folheto de viagem.
O projeto XPM se opõe frontalmente ao tipo de
gestão de projeto que leva à implantação de escritórios de projetos e outros
organismos que criam metodologias monumentais, objetos e práticas pomposas
sobre uma documentação burocrática. Não se pode provar resultados reais sob
este prisma. “Há muitas festas, mas onde está o bolo?”, pergunta Doug.
A nova definição de projeto e gestão desloca o
chefe do projeto para longe da tarefa de trabalhar objetos e o coloca na
posição de criar ambiente que simule o bom pensamento, energia positiva,
comunicação líquida e colaboração robusta. Criar um ambiente que estimule a
energia positiva exige gestão do escoamento de seus próprios pensamentos,
emoções e interações nas condições de um esforço elevado.
Ninguém pode controlar todas as variáveis e
interesses – nem nos projetos e nem na vida. Não se trata de escola de
comando-e-comando. Um XPM não pode ser regulado de cima para baixo. Ele pode
somente ser guiado de cima e controlado de baixo com os indivíduos, em
separado, e os grupos responsáveis fazendo ajustes e correções constantes,
enquanto todos se mantêm no espírito desejado de resultados. A busca do
resultado desejável é outro conceito principal. Um projeto XPM é um processo
de descoberta - o caminho a que se quer chegar evoluirá na maior parte de
vida do projeto.
A gestão XPM é holística. Um modelo holístico
é aquele que se constrói em torno de um conjunto integrado de princípios,
valores e práticas que aceleram a execução de cada um dos três níveis -
indivíduo, equipe e organização. Inclui métodos, objetos, técnicas, mas
estes estão firmemente enraizados no solo fértil da visão quântica de mundo.
Por isso, deCarlo aconselha: “Não caia no conto do objeto nem das
metodologias. XPM não é um exercício de preencher espaços em branco”.
Eis um pouco das idéias de deCarlo. Toda sua
obra está sob copyright, portanto, se você quiser conhecê-la melhor, terá
que comprar os livros. Ou contratar o próprio Doug para gerir seus projetos.
Já Rob Thomsett disponibiliza seu método livremente, a partir do site de sua
companhia, a Third Way. Clique aqui e faça o download do documento, onde
Thomsett analisa várias etapas dos riscos num projeto.
Abaixo, uma bibliografia sobre o tema,
retirada do Wikipedia:
Ajani, Shaun H. Extreme Project Management:
Unique Methodologies - Resolute Principles - Astounding Results.
ISBN
0595213359
DeCarlo, Douglas. eXtreme Project Management: Using Leadership, Principles
and Tools to Deliver Value in the Face of Volatility.
ISBN 0787974099
Highsmith, Jim. Agile Project Management: Creating Innovative Products.
ISBN
0321219775
Wysocki, Robert K., Rudd McGary. Effective Project Management: Traditional,
Adaptive, Extreme, Third Edition.
ISBN 0471432210
Harrison-Broninski, Keith. Human Interactions: The Heart and Soul of
Business Process Management. ISBN 0929652444
Jana de Paula é diretora de conteúdo do
Thesis
O fenômeno Mashup
Por Jana de Paula
À esta altura você já deve saber o que é Mashup. O termo foi empregado pela
primeira vez quando músicos e DJs começaram a ‘jogar’ com duas canções, ou
seja, criaram um jeito novo de remix. Do underground londrino, depois
novaiorquino e, finalmente, planetário, a técnica extrapolou para uma
infinidade de aplicações. Em tecnologia, refere-se a web sites ou
aplicações que combinam conteúdo de múltiplas fontes, mas que aparecem "sem
costura" para o usuário. “Utilizável” a partir de vários programas (como Web
2.0, Ajax etc.), o mashup transforma-se num fenômeno da cartografia
digital graças à sua capacidade de cobrir todo tipo de dados de um mapa
online junto às ferramentas de sites de busca como Google e Amazon.
No Brasil, o termo mash-up (misturar, em inglês) é mais utilizado. Mas
preferimos a versão adotada pelo
Wikipedia e a maioria dos
sites mundiais que disseminam o conceito, sem o hífen. Ainda por aqui, a
técnica está mais largamente disseminada entre aficcionados do remix
musical; mas, algumas instituições que desenvolvem soluções para o mundo
corporativo começam a se mexer e criar aplicações locais abrangentes.
Algumas das atividades pioneiras do universo empresarial são as aplicações
do mashup em programas de inclusão digital, doações de equipamentos a
instituições de ensino e o uso da nova tecnologia em bibliotecas, onde o
usuário navega e conhece as obras através de uma
playlist.
No momento, o grande debate entre as mega-empresas globais fornecedoras de
conteúdo é como faturar diante de tantas ferramentas de remix e
mapeamento, tão diferentes quanto o controle e visualização do trânsito de
uma cidade ao circuito de cinema da temporada, passando pela produção de
CDs. É mais uma
discussão em torno de propriedade intelectual.
Mas, como qualquer tecnologia emergente (o mashup mal completou um
ano), estes ajustes são comuns. O que interessa é sua capacidade de
disseminação. Nem mesmo os desenvolvedores de gráficos por computador da
HousingMaps imaginavam que seus
programas, ao serem combinados com mapas do
Google
e as pessoas da
Craigslist, comunidade bastante popular, davam início a um novo fenômeno
de Internet. Na verdade, foi mesmo quando o Google publicou o release de
suas interfaces de programação - o molho secreto que permite aos
colaboradores criarem suas próprias receitas nos mapas -, é que o mashup
explodiu, de fato.
Na verdade, antes de o mashup "colar", havia uma quantidade enorme de
informação para a qual não se encontrava qualquer utilidade. Esta informação
esteve disponível na web por anos a fio e ninguém sabia como faturar com
ela. Por isso, mesmo que o modelo de negócios ainda não esteja claro, um
fato é irrefutável: trata-se, não de um nicho, mas de um veio de negócios
inestimável. Hoje, acredita-se que pelo menos dez mashups são criados
por dia, cada um provendo dados a partir de pop ups e balões, originários de
vários mapas online.
Com o mashup - software híbrido que combina índices de mais de uma
fonte - os mapas digitais transformam-se rapidamente em ferramenta
centralizada para usos incontáveis, que variam desde a elaboração de
relatórios locais de shoppings a mapas completos de trânsito, tudo em tempo
real e diretamente "baixado" em endereços específicos.
O mapeamento online (online mapping) se transforma numa
conexão de tecnologias e comunidades díspares que muda o uso fundamental da
Internet, bem como redefine o conceito de mapas em nossa cultura. Por isso,
considera-se o mashup um marco histórico. Mesmo sem tanto exagero, o
mashup talvez estabeleça, de fato, o elo entre os mundos real e
virtual.
Mas nem só de software vive este atraente mercado. Com a disseminação dos
mapas online cresce o mercado de servidores com alta velocidade de
processamento e capacidade de armazenamento, indispensável para produzir as
fotos as fotos via
satélite e outros recursos que produzam imagens de alta resolução. Aí
abre-se um outro - e amplo - universo mercadológico.
Repetimos abaixo os links referidos no texto e mais alguns, para ajudá-lo a
entender o Mashup.
Tech Republic
http://www.programmableweb.com/mashups (diretórios de mashups)
http://www.technorati.com/tag/craigslist
http://www.technorati.com/tag/mashup
http://www.programmableweb.com/
http://www.maps.google.com
http://www.mashup.org/
http://www.mashuppodcast.co.uk/
http://en.wikipedia.org/wiki/Mashup
http://dailymashup.com/
http://www.mashup.com/
http://creativecommons.org/weblog/entry/5100
http://www.rossb.co.uk/mashup/index.html
http://www.cyberhobo.net/downloads/geo-mashup-plugin/
Jana de Paula é diretora de conteúdo do
Thesis
É possível controlar a
criatividade na web?
Por Jana de Paula
Mesmo que você defenda a Propriedade Intelectual com unhas e dentes, não deve
deixar de ler “Cultura Livre – Como a Grande Mídia Usa a Tecnologia e a Lei
para Bloquear a Cultura e Controlar a Criatividade”, de Lawrence Lessig,
editado em Creative Commons, sob os auspícios de Trama Universitário, Vivo,
Natura e Phillps do Brasil. Com prefácio para esta edição brasileira de
autoria de Ronaldo Lemos, o teor do livro já é explicado no subtítulo.
No livro de Lessig, cada item referente às vantagens e desvantagens dos
direitos de propriedade de um ou de muitos sobre a Propriedade Intelectual é
avaliado com inteligência e profundidade, desmistificando teorias, derrubando
certezas seculares e clarificando o que (e se) no tocante à cultura deve ser
taxado como domínio privado.
Lessig é professor de direito na Stanford Law School e membro do conselho da
Creative Commons. É premiado em Avanços de Software Livre da Free Software
Foundation e foi considerado um dos 50 Visionários da Scientific America. Mas
estes e outros títulos honoríficos não foram suficientes para que ele ganhasse
a luta pela disposição de parte da cultura proprietária ao público em geral.
Imagine alguém que catalogue a venda de cópias de CDs piratas no Camelódromo
do Rio de Janeiro, o Mensalão de Brasília, o remix de músicas por
jovens de comunidades carentes, a compra de livros usados em sebos, o
download de canções pela web, o aproveitamento criativo de obras já em
domínio público e o acesso livre pelo Google tudo num mesmo pacote. Imaginou?
Agora, ao invés de colocar toda essa parafernália num mesmo embrulho, tente
explicar historicamente, sob o ponto de vista mercadológico e à luz das leis
em vigor, porque cada uma destas coisas é diferente da outra e, portanto,
necessita de regulação própria, organizada e de fácil acesso, para que se
possa saber quem é o dono, onde ele está, se ele ainda vive, se ainda fatura
com sua obra, se é de fato o verdadeiro dono etc.
Imaginou? É o que Lessig faz em seu livro. Ele distingue a mera cópia ilegal
com fins comerciais (pirataria) do uso de uma obra como ponto de partida para
a criatividade. A mídia em questão é a internet. Como ele próprio salienta,
não se trata, em “Cultura Livre”, de analisar a disseminação da cultura pela
web. Sua preocupação é sobre como o controle de grupos minoritários detentores
dos direitos de propriedade pode ser nocivo para a disseminação desta cultura,
nesta mídia.
Além de conhecer o histórico da legislação sobre cultura nos Estados Unidos
(seria Disney um pirata?), em “Cultura Livre” o leitor entra em contato com um
tipo de americano ‘universal’. É no mínimo agradável ler um americano legítimo
discorrer sobre como e porque os EUA se afastam da cultura livre, que eles
próprios fomentaram, e se aproximam, perigosamente, de uma política de defesa
ferrenha e indiscutível da propriedade intelectual. Sabendo-se que, hoje, este
domínio privado do saber está mais em mãos de um reduzido e poderoso grupo de
multinacionais e menos em poder dos próprios autores, o fato é preocupante.
Lessig é um norte-americano preocupado em não permitir que a fobia ianque por
advogados e pela defesa dos chamados direitos pessoais se sobreponha ao
conceito democrático da Constituição dos EUA. Sua preocupação é de que grupos
restritos de poder, lobistas poderosos, disseminem pela internet “códigos
fechados” de acesso à cultura que valerão para toda uma sociedade. Como
advogado que é, usa toda sua retórica não para determinar caminhos, mas
levantar questões.
No âmago da criação de uma cultura livre e acima da defesa de direitos
privados estão perguntas como: Um autor pode afirmar categoricamente que sua
obra é absolutamente livre de interferências de outros criadores? Quantas
obras derivaram, direta ou indiretamente, de outras? É possível determinar,
numa obra, o que é exclusivo do autor e o que é referência de outros?
Em resumo, é possível limitar o processo de criatividade – e, por conseguinte
– a propriedade de uma obra a tal ponto que o autor se isole num cubículo
iluminado de inspiração?
Enquanto a internet não existiu, foi fácil determinar quem era o autor (ou
autores), os distribuidores, o publisher, o marchand, o
empresário. Mas, hoje, ‘pegar uma música e sampleá-la' num blog que
será visto e ouvido pelo impressionante número de dez pessoas é ferir a
propriedade intelectual? Mixar faixas e trechos de filmes para convites
de aniversário infantil, também é? Aproveitar o acesso ilimitado a obras que
as novas técnicas de internet proporcionam para trabalhos universitários,
comunitários, obras de Terceiro Setor, também são?
Os “donos” das tecnologias e companhias multimídia têm pleno e absoluto
direito de restringir por códigos fechados o acesso público de internet a
elementos culturais importantes? Aqui insiro, em parênteses, trechos da
conversa que tive com um intenso pesquisador de internet e adepto convicto da
necessidade de se manter uma porta aberta no acesso a web.
Este intemerato e intrépido internauta (que precisa se manter anônimo, pois
nas horas vagas é diretor de empresa) afirma categoricamente “que não adianta
fechar”. Segundo ele, a internet quebra o conceito de propriedade exclusiva. A
velocidade com que a informação se disseminada pela rede é muito mais rápida
do que qualquer tentativa de controlá-la. Há, sob a rede oficial, um submundo
virtual onde é possível se quebrar qualquer código. Como em Matrix. Você
deseja copiar um software proprietário? Basta ir ao setor de “coisas
quebradas” e ativá-lo.
Este submundo virtual é perigoso, pois está infestado de vírus, trojan,
spyware etc. Mas há quem use um chamado “computador lixo”, que pode ser
destruído sem piedade em questão de minutos para enfrentar toda essa sujeira,
obter o programa que se quer e transferi-lo, limpo, para outra máquina.
É claro que isto não é aconselhável, nem estamos fazendo apologia à pirataria.
Para isto, nossa resposta categórica é não. A pirataria é roubo. E a pirataria
cultural é roubo mais pobre, pois demonstra a incompetência de quem o faz. Do
que se trata aqui é: quanto mais se restringe a liberdade, mas se buscam
válvulas de escape. É melhor regular o acesso à imensa gama de cultura
trafegada pela internet do que simplesmente trancar portas e janelas.
Lessig também é ferrenho opositor da pirataria. Ele propõe, apenas, que se
pare e se pense sobre todas estas questões. E que isso seja feito com certa
urgência. Sua preocupação é que se não houver um movimento da sociedade contra
a implantação indiscriminada de códigos de restrição, já embutidos no
software, a internet perca sua feição atual de rede aberta. Prevenir isso,
agora, pode ser bem mais fácil do que consertar depois.
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