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PLANEJAMENTO DE COBERTURA DE SISTEMAS GSM COM USO DE REPETIDORES (2) |
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Autor: Bruno Maia Antonio Luiz |
Capítulo 1. Introdução
1.1. Considerações Iniciais
Os primeiros sistemas móveis celulares eram bastante limitados em tecnologia e qualidade de cobertura, permitindo apenas serviço de voz em áreas restritas. A demanda explosiva por comunicações móveis vem propiciando grandes avanços tecnológicos e o surgimento de uma vasta gama de novos serviços. Com um aumento exponencial no número de usuários, percebeu-se que o mercado de comunicações móveis tem um grande potencial para aplicações envolvendo dados. Os sistemas, inicialmente idealizados para tráfego de voz, estão sendo cuidadosamente adaptados para permitir o tráfego de dados. As primeiras aplicações de dados foram os serviços de mensagens curtas, que geram hoje um incremento importante na receita das operadoras (1). Atualmente estão sendo implantados sistemas 2,5G com capacidade de transmissão de até 144 kbits/s e foram iniciados os testes de sistemas de 3ª. Geração que prevêem operação a taxas de até 2 Mbits/s em situações de baixa mobilidade.
Paralelamente à evolução tecnológica dos sistemas, a massificação do uso dos celulares demanda um aumento na qualidade do serviço prestado, especialmente com relação aos tipos de facilidades oferecidas e níveis satisfatórios de cobertura. Estes níveis tornam-se mais difíceis de alcançar com o aumento das freqüências utilizadas para o oferecimento dos serviços.
No intuito de atender as exigências deste novo mercado mais competitivo e com usuários cada vez mais rigorosos, o uso de repetidores para prover a melhoria de qualidade da cobertura tem-se mostrado uma boa opção [REF 9], sendo utilizados por diversas operadoras de telefonia móvel.
1.2. Objetivo e Organização da Tese
Este trabalho aborda a utilização de repetidores na implantação de sistemas móveis celulares. Esta técnica permite estender a cobertura dos sistemas móveis celulares com baixo custo e curto tempo de implantação (com relação à cobertura celular tradicional) a áreas ou ambientes onde a utilização de estações rádio base seria dispendiosa ou demorada.
O impacto da inclusão deste elemento na
interface rádio é cuidadosamente analisada
visando obter-se uma metodologia para o seu dimensionamento. É desenvolvida
ainda uma detalhada metodologia para projetos com repetidores e descrita
sua aplicação na implantação de um sistema GSM. A
dissertação encontra-se estruturada da seguinte forma:
· Capítulo
2: Neste capítulo são apresentados um histórico resumido da
evolução do padrão GSM, sua estrutura básica de rede e protocolos
e as características gerais da interface rádio;
· Capítulo
3: Neste capítulo são abordadas as características gerais dos
repetidores, o problema da isolação entre antenas e efeitos de saturação
do amplificador;
· Capítulo
4: Este capítulo aborda o dimensionamento de enlaces com
repetidores com o desenvolvimento de algoritmos para os cálculos
de isolação, degradação de interferências co-canal dissensibilização
de receptores e uma metodologia detalhada de projeto,
principais contribuições deste trabalho. São descritas também
algumas técnicas para aumento de isolação e redução de interferências
co-canal;
· Capítulo
5: Neste capítulo são discutidos em detalhe as etapas de realização
de projetos com repetidores, incluindo critérios de custo e
desempenho para escolha do melhor equipamento;
· Capítulo
6: Por fim é realizado um estudo de caso simulando uma implantação
de um sistema SMP operando na faixa de 1800 MHz com
tecnologia GSM. São realizadas as análises de viabilidade técnica
e econômica da utilização de repetidores para o atendimento
das metas de prazo e qualidade estipuladas, sendo efetuado
um comparativo com relação à utilização da solução tradicional
(cobertura com BTS).
No apêndice são detalhadas as estrutura dos canais lógicos da interface rádio do padrão GSM, assim como suas hierarquias de multiplexação.
Capítulo 2. O sistema GSM
2.1. Histórico
Na década de 80, quando eram utilizados os sistemas móveis celulares analógicos, a comunidade Européia vivia uma situação onde não havia uma padronização dos sistemas utilizados, ao contrário dos EUA que tinham criado uma padronização para a interface rádio dos sistemas celulares (padrão AMPS "Advanced Mobile Phone System").
A falta de padronização na Europa impossibilitava que o mesmo terminal móvel fosse utilizado em diferentes países reduzindo assim a área de atuação dos telefones móveis. A falta de padrões internacionais também afetava diretamente a indústria, pois tornava sua atuação restrita a nichos de mercado, o que impossibilitava uma produção em escala a qual permitisse baratear o custo do terminal. Enfim, a falta de um padrão único representava uma forte barreira para o desenvolvimento dos sistemas celulares na Europa.
Tendo em vista estes problemas, foi idealizado um sistema de segunda geração (sistema digital) denominado GSM (2), com as seguintes finalidades:
Pelo fato de não existir um padrão único de primeira geração na Europa, pode-se criar uma nova padronização para a segunda geração de forma totalmente livre, o que possibilitou o desenvolvimento de uma arquitetura extremamente eficiente. Essa evolução para segunda geração não ocorreu da mesma forma em países que já dispunham de padronização para a primeira geração. Nestes locais os novos padrões celulares tinham que interoperar com os antigos, o que reduzia os graus de liberdade na criação do protocolo. Esta vantagem fica clara se analisarmos o padrão IS-136, que possui forte interoperabilidade com o padrão AMPS e apresenta algumas limitações como conseqüência.
O novo padrão celular Europeu de segunda geração trazia diversas inovações, as quais podemos destacar:
Tem-se abaixo uma tabela que mostra a evolução histórica do sistema GSM:
ANO |
EVENTO |
1982-1985 |
Início da especificação por parte da CEPT de um padrão de telecomunicações digital europeu na faixa de 900MHz, denominado GSM. |
1986 |
Escolha do TDMA FDMA como tecnologia de transmissão. |
1987 |
Operadoras de 12 países assinam um Memorando de Comprometimento, para implantação do GSM até 1991. |
1988 |
CEPT define especificações do GSM para implementação em fases. |
1989 |
ETSI assume a responsabilidade pela especificação do GSM. |
1990 |
Fabricantes começam a desenvolver equipamentos de rede. |
1991 |
Início da padronização do GSM 1800 MHz. |
1992 |
Lançada primeira fase
comercial de redes GSM. Definido primeiro acordo de roaming internacional entre a Telecom da Finlândia e a Vodafone da Inglaterra. |
1993 |
GSM passa a ter 70 países
signatários. Lançado sistema DCS 1800 na Inglaterra. |
1993 |
Número de usuários chega a 3 milhões. |
1995 |
Desenvolvida nos EUA a especificação para Serviços de Comunicação Pessoais (PCS), versão do GSM para a faixa de 1900MHz. |
1998 |
Rede GSM com um total de 253 membros em mais de 100 países com 70 milhões de usuários no mundo. |
2000 |
Definição no Brasil da faixa de 1800MHz para a implantação do SMP e conseqüente uso do GSM. |
Tabela 2.1-1Histórico GSM
(continua)
(1) No Brasil a utilização de serviços SMS está em expansão, correspondendo atualmente a uma pequena parcela da receita das operadoras.
( 2 ) Sigla em francês "Group Special Mobile", associado ao grupo de trabalho que especificou o sistema; mais tarde rebatizado como "Global System for Mobile Communication".
(3) Está implementado no sistema GSM um banco de dados de equipamentos, onde estão cadastrados os terminais. Havendo algum problema com um aparelho (transceptor) este não realizará nenhuma operação na rede mesmo estando ligado a um SIM card válido. Isso coíbe o roubo e fraude de terminais, aumentando ainda mais a segurança do sistema.