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PLANEJAMENTO DE COBERTURA DE SISTEMAS GSM COM USO DE REPETIDORES (6) |
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Autor: Bruno Maia Antonio Luiz |
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(Continuação do Capítulo 3)
3.2.2.3. Repetidores Ópticos
Os repetidores ópticos possuem uma interface
de transmissão óptica entre a BTS e a
estação remota. Este tipo de equipamento também possui duas unidades:
a Unidade Central (master) e a Unidade Remota (remote), que irá cobrir
a área desejada. Esse tipo de repetidor pode ser utilizado com qualquer tipo
de filtragem, sendo os mais comuns repetidores de banda seletiva.
A Unidade Central é responsável por converter o sinal proveniente da BTS doadora
em sinal óptico, que será transmitido até a unidade remota (repetidora).
O mesmo ocorre no enlace reverso (uplink), onde sinais provenientes do repetidor
são transformados em sinais ópticos para serem enviados para a BTS doadora.
As vantagens deste tipo de repetidor são claras: as perdas na transmissão para
o repetidor são baixíssimas, permitindo que várias estações repetidoras (a estação
central permite ligação com mais de uma remota) sejam colocadas a distâncias
razoáveis da BTS doadora. Pelo fato de um dos enlaces ser óptico, a maioria
das penalidades acarretadas pelo uso do repetidor é reduzida.
O maior utilização deste tipo de repetidor é na cobertura de ambientes indoor,
pois as estações remotas podem ser espalhadas pelo ambiente sem que haja
muita perda nos enlaces. A utilização destes repetidores em ambientes externos
é, em geral, economicamente e operacionalmente complicada, pois há a
necessidade da passagem de fibra pela rua, o que onera o projeto e aumenta o
seu tempo de implantação.
Figura 3.2.2.3-1 - Esquema básico de repetidor óptico
3.3. Isolação entre antenas do repetidor
Quando duas antenas são colocadas muito
próximas uma da outra, ocorre um fenômeno
denominado acoplamento entre as antenas, onde ambas "passam a
trabalhar" em conjunto, tendo seus diagramas individuais alterados devido
ao acoplamento formando então um novo
diagrama.
Embora este efeito seja muito útil na construção de conjuntos de antenas em
diversas aplicações, quando as antenas que trabalham com finalidades diferentes
são colocadas próximas, o efeito pode ser negativo destacando-se a alteração
indesejada nos diagramas de radiação, interferência alta e, no caso de repetidores,
uma realimentação que causa séria degradação do desempenho do sistema.
Este problema é mais grave quando as antenas trabalham na mesma freqüência.
No caso de repetidores deslocados em freqüência (shift
frequency repeaters),
o problema é amenizado. A figura abaixo ilustra o problema da realimentação.
Figura 3.3-1 - Efeito de realimentação em repetidores
Caso o sinal proveniente da antena servidora chegue à antena coletora (que capta sinal proveniente da BTS doadora) com intensidade próxima ao sinal recebido pela própria coletora, pode ocorrer a auto-oscilação do repetidor. Para garantir que a realimentação não degrade o desempenho do sistema, o repetidor deve ser montado de modo a se obter uma isolação mínima entre a antena servidora e a coletora. Para assegurar um bom desempenho, o valor desta isolação deve ser igual ao ganho do repetidor mais uma margem entre 5-15 dB [REF 2].
3.4. Efeitos de Saturação do Amplificador
Todo amplificador possui uma faixa dinâmica
limitada em que sua resposta é linear. A
operação na região não linear provoca conversão AM/PM [REF 5] no caso
de uma portadora e intermodulação no caso de mais de uma portadora.
Serão descritos a seguir os efeitos de saturação do amplificador para cada tipo
de repetidor.
3.4.1. Repetidores de Banda Larga/Banda Seletiva:
Nestes tipos de repetidor, os sinais de diversos canais em conjunto com os canais da BTS doadora, causam dois importantes efeitos na qualidade do sinal amplificado:
3.4.1.1. Efeitos no enlace direto
Dado um número de portadoras da BTS doadora, o
amplificador do repetidor possui uma
potência máxima de entrada que garante sua operação na região
linear. Contudo, os sinais externos recebidos pelo repetidor, podem levá-lo a
operar em sua região não linear acarretando distorções do sinal e degradações
de desempenho da rede, em especial se este repetidor tiver montagem
externa.
Pelo fato do amplificador ser de banda larga a probabilidade da recepção de
sinais externos além dos da BTS doadora, aumenta significativamente tornando-os
pouco eficientes em regiões densamente ocupadas por BTS.
Como o amplificador recebe N canais simultaneamente, o ganho máximo por
canal (1) é função do número de canais
ativos. Em geral na região linear podemos
aproximar o ganho por canal do repetidor pela expressão:
eq. 3.4.1.1-1
No caso do repetidor se encontrar em um ambiente onde haja elementos interferentes (canais não pertencentes a BTS doadora chegando ao repetidor), a potência de saída por canal do amplificador do repetidor é reduzida [REF 3], sendo dada por
eq. 3.4.1.1-2
onde:
(C/I) --> É a relação sinal ruído na
entrada do repetidor, quanto maior for esta
relação menor será a potência de saída do repetidor. Na falta de um valor calculado,
utiliza-se o valor mínimo padrão especificado para tecnologia.
I3 --> Ponto de interceptação de terceira ordem do amplificador em
dBm
N --> Número de canais da BTS doadora.
O ganho por canal decresce rapidamente em função do número de portadoras
ativas e elementos interferentes.
3.4.1.2. Efeitos no canal reverso
Basicamente o uplink apresenta os mesmos
problemas enfrentados pelo downlink. Contudo
este enlace possui uma maior complexidade, pois suas fontes irradiantes
(terminais) estão em constante movimento. Terminais muito próximos podem
levar a saturação do amplificador e/ou a redução do ganho de outros terminais.
Este efeito é conhecido como near-far effect. Existem alguns métodos para
se evitar estes problemas:
· Utilização
de um limitador de sinal: essa solução é utilizada apenas nos
repetidores de canal seletivo [REF 2] que utilizam um amplificador comum
para todos os canais.
· Uso
de antenas servidoras com diagramas horizontais estreitos: estes diagramas
reduzem a probabilidade de que um usuário próximo esteja sendo
servido pelo lóbulo principal da antena.
3.4.2. Repetidores Canal Seletivo
Existem dois tipos básicos destes repetidores:
no primeiro cada canal possui seu próprio
amplificador enquanto que no segundo caso existe apenas a separada
filtragem dos canais, porém sua amplificação é realizada por um mesmo
amplificador.
· Amplificadores
separados - A amplificação separada em conjunto com
a filtragem por canal, melhora em muito o desempenho do repetidor.
Tanto a redução do nível de potência de saída por canal quanto
a ocorrência da saturação do seu amplificador, só ocorrem em função
dos possíveis sinais co-canais que estejam chegando ao repetidor,
reduzindo significativamente estes efeitos;
· Amplificador
único - Neste tipo de amplificação o único efeito reduzido
é o dos sinais externos à BTS doadora. Contudo, como a amplificação
é compartilhada, a redução da potência de saída por canal
ainda existe.
3.5. Parâmetros típicos de repetidores
O ganho máximo de repetidores é limitado pela necessidade de isolação entre as antenas. Para repetidores de mesma freqüência é necessária uma isolação mínima de aproximadamente 15 dB acima do ganho [REF 2,3]. Como em montagens reais dificilmente se obtêm isolações superiores a 100 dB, estes repetidores tanto de banda seletiva como de canal seletivo, apresentam tipicamente ganho máximo de 85 dB. Já repetidores com deslocamento em freqüência, podem operar com ganhos da ordem de 100 dB [REF 2]. Parâmetros típicos de repetidores são mostrados na tabela abaixo:
Tipo |
Pot. Máx. de Tx [dBm] |
Ganho Máximo [dB] |
Seletivo em Banda |
21/portadora |
85 |
Seletivo em canal |
33 |
85 |
Seletivo em canal c/ deslocamento em freqüência |
33 |
100 |
Tabela 3.5-1 - Parâmetros típicos de repetidores
(Continua)
(1) Para o cálculo desta expressão os canais indesejados foram desprezados, por este motivo o ganho calculado seria um ganho máximo o qual existe apenas se nenhum canal externo estiver chegando ao repetidor.