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Métodos para o Planejamento de Sistemas de Comunicação WLL e LMDS (1) |
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AUTOR: Bruno Maia Antonio Luiz (*) |
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Definições inicias:
WLL (Wireless Local Loop) é um sistema utilizado para conectar usuários ao sistema público de telefonia , utilizando sistema de rádio acesso, substituindo assim a parte final do sistema fixo (última milha) de par trançado por rádio. Esse sistema é de vital importância para operadoras que almejam disputar o mercado de telefonia fixa concorrendo com empresas já situadas e implantadas no mercado há algum tempo.
LMDS (Local Multipoint Distribution Service) é um sistema de
banda larga do tipo ponto multiponto operando na faixa SHF acima de 20
GHz, permitindo assim uma comunicação bidirecional de alta capacidade.
Este sistema faz-se necessário quando se requer uma capacidade de tráfego
muito intensa, sendo investimento para esse tráfego utilizando-se esse tipo
de tecnologia bem inferior a um sistema óptico (com fio), analogamente ao
sistema WLL o LMDS permite uma conexão com o usuário final mais otimizada.
Capítulo 1
Introdução
aos Sistemas de Comunicação Rádio Celulares e de Rádio Acesso
I.I
- Introdução
Basicamente o projeto de um sistema sem fio do tipo celular (wireless system) consiste em duas grandes etapas, que são o dimensionamento da cobertura do sistema, envolvendo problemas relacionados com propagação, e o dimensionamento do tráfego. Essas duas etapas não são independentes estando fortemente correlacionadas.
O
compromisso básico de um sistema sem fio se resume à: Garantir o acesso de
todos os usuários com uma taxa de serviço pré-determinada (GOES, grade
of service), através de um arranjo de células as quais tem um maior C/I
possível (um espécie de relação sinal ruído), este parâmetro tem um
valor mínimo para que o sistema possa operar (essa valor é determinado pela
sensibilidade do sistema). Antes de analisarmos os passos fundamentais de
dimensionamento e nas possíveis soluções definiremos uma série de
conceitos amplamente usados, que englobam tanto a parte de propagação quanto
a de tráfego, sendo elas respectivamente: Cobertura,
Antenas, Tecnologia de Acesso, Cluster/Cell, C/I, Tráfego, GOES.
I.I.2 - Antenas
O parâmetro de fundamental interesse para nós é como a antena irradia sua energia para o espaço. Existem dois tipos básicos de antenas: OMNI e Setorizada (ou diretiva). A OMNI irradia sua energia “uniformemente” para todo o espaço, enquanto a setorizada irradia só para uma determinada região do espaço. Isso é de fundamental utilização dependendo do local a ser implantado o serviço, conforme veremos adiante. Vejamos agora uma figura que nos mostra os diagramas de radiação[1] das diferentes antenas:
Figura 1:
Diagrama de Radiação
I.I.3 - Tecnologia de Acesso
FDMA – Frequency Division Multiplex- Esta se baseia em separar a banda em vários canais defasados em freqüência, com isso cada usuário ocupa uma determinada faixa da banda total. Obviamente o número de canais disponíveis com essa técnica depende da banda utilizada e da largura de cada canal, sendo que esta última está intimamente ligada com a qualidade do sinal transmitido (quanto maior a faixa melhor a reprodução do sinal).
TDMA – Time Division Multiplex- Utiliza também uma multiplexação através da freqüência, contudo cada faixa(canal) pode abrigar mais de um usuário ao mesmo tempo, devido ao fato da transmissão de dados não ser continua, pode-se em um frame intercalar a transmissão de vários usuários, com isso eles passam a ser diferidos não pela freqüência que estão utilizando, mas diferidos temporalmente.
CDMA[2]-
Code Division Multiplex – Essa
tecnologia de acesso baseia-se em todos usuários compartilharem a mesma
banda, contudo cada sinal e codificado por uma fonte pseudo-aleatória de alta
freqüência ortogonais (isso faz com que o espectro do sinal ocupe toda a
banda, ou seja, o sinal tem seu espectro espalhado), de modo que somente o
receptor que utilizar o mesmo código tem a capacidade de demodular o sinal,
sendo assim os outros sinais serão vistos por esse receptor como um ruído
com uma densidade espectral de energia baixo (pois este foi espalhado na banda
inteira). Denota-se que a limitação do número de usuários no sistema nesse
caso é dado pelo aumento do ruído a cada usuário novo que entra no sistema,
que conseqüentemente vai degradando a relação sinal ruído.
Quando se repete o cluster os grupos de canais são repetidos o que da origem as interferências co-canal (co-channel interference), estas também devem ser sempre minimizadas. Vejamos uma figura que nos mostra os dois clusters (N=7) e as interferências de canal adjacente (representadas por barras entre as células) e de co-canal:
I.I.6 - Tráfego
Em
um determinado ambiente existe um número de usuários que utilizam o sistema,
e ocupam a “linha” por um
determinado tempo, esse tempo tem uma duração média, e a média horária do
produto desses dois parâmetros (número de usuários e duração media da
ligação) nos fornece a intensidade de tráfego em ERLANGS,
esse tráfego é diretamente proporcional ao número de usuários. Esse parâmetro
é fundamental no dimensionamento do sistema.
A
modelagem do grau de serviço e feito utilizando-se teoria de filas modela-se
o sistema celular como um sistema de N servidores (N canais) onde não existe
fila, ou seja, dado que os N servidores estão atendendo os usuários que
chegam a fila são automaticamente descartados (bloqueados), assumindo que a o
tempo de chegada assim como o tempo de serviço assumem uma distribuição
exponencial, tem-se a seguinte expressão para a probabilidade de bloqueio
(essa função se encontra tabelada e tem o nome de ERLANG-B que no caso o GOS
é obtido desta tabela)
É importante ressaltar que a existência do handoff afeta de uma certa forma a probabilidade de bloqueio pois os “novos usuários” que chegam a célula através de um handoff podem ser encarados como um aumento na taxa efetiva de chegadas de ligações (l).
I.II - Planejamento Inicial
I.II.I- Dimensionamento Inicial
Esta é a etapa de campo inicial, uma vez estabelecido o
local onde as antenas devem ser instaladas deve-se saber se elas realmente
podem ou não ser implantadas nos locais pré-estabelecidos, pois em muitos
casos existem imprevistos que impossibilitam a alocação da antena no lugar
específico. O fato das antenas não serem colocadas nos locais iniciais
provocam uma alteração no C/I (onde quase sempre é uma alteração
prejudicial, diminuindo o valor C/I), percebemos então que a relocação tem
um valor máximo que depende basicamente do parâmetro de atenuação gama (g).
Tem-se então:
Onde hb= altura da antena. Note que g
tem essa dependência funcional
no modelo de Hata.
Em um projeto wireless temos uma série de considerações a serem feitas, sendo estas:
B- Escolha do plano de freqüências.
C- Escolha da antena.
A - C/I x Capacidade:
Percebemos então
uma forte relação entre a capacidade e o C/I, quando tenta-se ganhar em um
perde-se no outro, um bom projeto leva ambos em consideração para maximizar
os resultados. Para reduzir a demanda por cada célula diminui-se o seu
tamanho (raio), fazendo com que a demanda neste local seja reduzida, contudo
isso também degrada o C/I. Existem então diversos técnicas para maximizar o
C/I, onde principalmente altera-se o plano de freqüência e o diagrama de
radiação da antena (ver figura 2).
N³
7 (antena Setorizada)- Área urbana, urbana densa ou sub-urbana.
N£
7 (antena Setorizada)- Área urbana densa
A escolha do tipo da antena (OMNI ou Setorizada) tem fundamental importância no C/I, com uma antena setorizada o número de interferências co-canal diminui fazendo com que a relação C/I aumente. O problema da setorização encontra-se no isolamento entre os setores e no aumento do número de handoffs[4] que passam de nível “celular” para setor.
Ao se setorizar uma célula esta deixa de ser a “unidade do sistema” passando a ser o setor essa unidade, cada unidade nova recebe um grupo de freqüências, e o número de canais por setor é calculado dividindo-se o número de canais disponíveis pelo produto do número de células do cluster e o número de setores por célula (esse número em geral é igual à três). Vejamos agora a figura de uma célula setorizada, nessa figura mostra-se os dois tipos de setorização o primeiro a própria célula é dividida em três setores, no outro tem-se três células (que passam a ser chamadas de setores) sendo alimentadas por uma antena em sua extremidade.
I.II.II- Aumento da Capacidade do Sistema
A realocação de canais é feita de acordo com a nova demanda de tráfego em
cada sub-célula nova criada.
canais por
célula
|
GOS=1% |
GOS=2% |
GOS=3% |
GOS=5% |
NES
(44) |
325 |
35 |
37 |
39,6 |
ES
(56) |
42,3 |
46 |
48 |
50 |
Com relação a C/I tem-se (em área urbana g=4) D/R = 4,58 com isso: C/I = 18,6 dB o que é aceitável para o funcionamento do sistema.
Outros padrões de freqüência como foi falado visam maximizar C/I porém perdem em capacidade. Novamente percebemos a correlação entre o tráfego e C/I.
Os sistemas de telecomunicação de um modo geral tem suas características variadas de acordo com o local onde se esta implantando o sistema, isso também ocorre com os sistemas celulares, abaixo mostra-se as características dos sistemas sem fio utilizados no mundo:
Tabela
contendo as características do sistema sem fio de primeira geração:
Parâmetros
do Sistema |
Sistema
AMPS (USA) |
Sistema
TACS (U.K) |
Sistema
NMT Escandinávia |
Sistema
C450 Alemanha |
Sistema
NTT Japão |
Freqüência
de Transmissão: ·
Estação ·
Celular |
870 – 890 825 – 845 |
935 – 960 890 – 915 |
463 – 467.5 453 – 457.5 |
461.3 – 465.74 451.3 – 455.74 |
870 – 885 925 – 940 |
Espaçamento
entre Tx e Rx (MHz) |
45 |
45 |
10 |
10 |
55 |
Espaçamento
entre canais (KHz) |
30 |
25 |
25 |
20 |
25 |
Número
de Canais |
666/832 |
1000 |
180 |
222 |
600 |
Raio
de Cobertura das Células (Km) |
2-25 |
2-20 |
1,8-40 |
5-30 |
5 (urbana) 10 (sub-urbana) |
Sinal
de Áudio ·
Modulação ·
Desvio de Freqüência |
FM ± 12 |
FM ± 9,5 |
FM ± 5 |
FM ± 4 |
FM ± 5 |
Sinal
de Controle ·
Modulação ·
Desvio de Freqüência |
FSK ± 8 |
FSK ± 6,4 |
FSK ± 3,5 |
FSK ± 2,5 |
FSK ± 4,5 |
Taxa
de Transmissão de Dados (Kbps) |
10 |
8 |
1,2 |
5,28 |
0,3 |
Controle
de Erro (em canais de controle) |
Princípio de maior decisão usado |
Princípio de maior decisão usado |
Passos na recepção são determinados de acordo com a mensagem |
Mensagem e reenviada quando se detecta erro |
O sinal e checado quando é enviado de volta para o transmissor |
Sistema
Utilizado |
IS-54
(U.S) |
GSM
(Europa) |
IS-95
(U.S. & Canada) |
CT-2
(Europa & Ásia) |
CT-3
(Suécia) |
DECT
(Europa) |
Tecnologia
de Acesso |
TDMA
FDMA |
TDMA
FDMA |
CDMA FDMA | FDMA | TDMA FDMA | TDMA FDMA |
Uso
principal |
Celular | Celular | Celular | Telefone sem fio | Telefone sem fio | Telefone sem fio e Celular |
Banda
(MHz) ·
Estação ·
Celular |
869 – 894 824 – 849 |
935 – 960 890 – 915 |
869 – 894 824 – 849 |
864 – 868 |
862 – 866 |
1800 - 1900 |
Duplexação |
FDD | FDD | FDD |
TDD |
TDD |
TDD |
Espaço
entre canais (KHz) |
30 |
200 |
1250 |
100 |
1000 |
1728 |
Modulação |
p/4 DQPSK | GMSK | BPSK QPSK |
GFSK |
GFSK | GFSK |
Potência
média máxima (mW) |
600/200 |
1000/125 |
600 |
10/5 |
80/5 |
250/10 |
Alocação
de Frequencia |
Fixo | Dinâmico | |
Dinâmico | Dinâmico | Dinâmico |
Controle
de Potência: ·
Estação ·
Celular |
Sim Sim |
Sim Sim |
Sim Sim |
Não Não |
Não Não |
Não Não |
Codificação
de Voz: |
VSELP |
RPE-LTP |
QCELP |
ADPCM |
ADPCM |
ADPCM |
Taxa
de transmissão de Voz (Kbps) |
7,95 |
13 |
8 (Variável) |
32 |
32 |
32 |
Canal
de Voz por canal de RF |
3 |
8 |
_ |
1 |
8 |
12 |
Taxa
de bits do canal |
48,6 | 170,833 | _ | 72 | 640 | 1152 |
Código
de Canal |
½ convolucional | ½ convolucional |
½
up-link
1/3 link reverso |
Nenhum | CRC | CRC |
Duração
do Quadro (ms) |
40 |
4,615 |
20 |
2 |
16 |
10 |
Como foi visto existem dois parâmetros fundamentais que são levados em consideração no dimensionamento de sistemas sem fio (tráfego e C/I). Foi abordado também a questão da análise de aumento de capacidade do sistema devido ao acréscimo de usuários neste, essas técnicas consistem basicamente na dualização e segmentação das células, contudo o dimensionamento e implantação destes projetos requer mais que apenas o conhecimentos dos métodos, sendo então fundamental a experiência do engenheiro de RF em escolher as melhores opções que se melhor ajustem ao local a ser implementado o sistema.