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Determinando a capacidade de uma rede WLAN |
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Autor: Conrado Navarro (*) |
Introdução
Um problema comum que enfrentamos ao realizar um deployment de uma rede
WLAN é responder à famosa pergunta do cliente: "Quantos usuários
posso pendurar em cada Access Point?" A resposta nem sempre é fácil
e está na ponta da língua. Essa é uma tarefa que, dependendo da
aplicação, pode ser crucial para o sucesso do projeto. Muitas vezes o
maior defeito do gerente do projeto é confiar nas contas que faz e suas
suposições, como por exemplo dizer que se temos 11 Mbps de banda, teríamos
10 usuários com 1.1 Mbps de throughput para cada um. Esse
raciocínio é errado, pois é preciso considerar que:
- Existem delays entre os frames que são enviados devido a latência
- A transmissão dos pacotes de "acknowledgments" acontece
sempre durante uma troca de informações
- A interferência no projeto RF prejudica o envio dos pacotes, mesmo
que em um Site Survey você tenha calculado bem a velocidade
Como resultado, verá que o throughput atual é bem menor do que o
esperado e ideal. A medida final de um usuário sozinho que se conecta a
uma Access Point é de no máximo 6 Mbps em uma associação de 11 Mbps
teórica. Assim, a medida que novos usuários são colocados nesta rede
este valor tende a diminuir exponencialmente. Mas como determinar este número
final? É difícil e não há uma regra para tal. O que podemos fazer é
tentar alguns métodos:
O modo mais barato
Este, mais simples e direto, consiste em se fazer o deployment do
projeto como planejado no site survey e observar a utilização e evolução
do quadro com o cliente. É preciso monitorar a quantidade de
dispositivos conectados e ao longo de um período validar se a Access
Point não está sendo o gargalo da aplicação. Imagine que vai
instalar a solução em um escritório e que no início do projeto tinha
10 usuários e depois de alguns meses este número passou para 50. Se
existem reclamações de que a velocidade piorou e a conexão com o
provedor não foi alterada, a Access Point pode estar operando em sua
capacidade limite. Se talvez a aplicação fosse uma simples emulação
de terminal, este número não seria tão significativo.
Claro que este approach não é indicado para a maioria dos projetos,
mas onde há um bom dimensionamento de Access Points e a escalabilidade
do projeto é visível, ele pode funcionar. Quando o ambiente requer
precisão e a operação é crítica ai partirmos para outro método.
Simulação da situação final
Aqui a idéia é tentar simular o ambiente de rede Wireless que será
implementado no cliente. Neste ambiente, existem softwares específicos
para este trabalho, como é o caso do OPNET
Wireless Module. Ele pode colocar em simulação um variado número
de Access Points, cartões Wi-Fi clientes e usuários a fim de calcular
o real throughput final da solução. A vantagem clara deste método é
que tudo pode ser feito antes de qualquer instalação no cliente e há
a segurança de que a solução foi bem planejada. O ponto negativo para
projetos a nível Brasil é que os custos de soluções deste tipo não
são muito atraentes. E a curva de aprendizado para softwares deste tipo
são mais acentuadas, exigindo treinamento e tempo maior de
profissionais da área.
Conclusão
O objetivo deste artigo é salientar aos profissionais da área de
Wireless, técnicos e executivos a importância de se preocupar com a
solução Wi-Fi depois do Site Survey e quando ele já está operacional
no cliente. A preocupação deve partir do fornecedor, de nós que
projetamos para que o cliente saiba que a solução tem que ser muito
bem aplicada ao seu processo e que qualquer mudança interna pode afetar
a estabilidade e performance do todo realizado. O simples fato de não
ter fios ou cabos não significa que o mesmo planejamento realizado em
redes cabeadas para medir performance e impactos não deva ser estendido
às redes WLANs. Este conceito e prática deve sim ser empregado e
existem soluções e métodos pra isso. Aqui foram mostrados dois.
Ao
trabalho!
Sobre
o autor:
Conrado Navarro (conrado.navarro@uol.com.br) é gerente de Projetos na Intermec Technologies
Corporation, em sua subsidiária nacional. A Intermec é lider no segmento de coleta automatizada de dados, fabricante de equipamentos Pocket PC robustos com inúmeras opções de comunicação como
GPRS, Bluetooth, Wi-Fi dentro outras. Além disso, atua diretamente com projetos de
Wireless, implementações seguras de redes sem fio e projetos de telecom que envolvam tais dispositivos móveis. É consultor em RFID também na Intermec para as áreas de pré e pós venda. Realiza
palestras anualmente em eventos como COMDEX, IBC e em faculdades, como IBTA,
UNIFEI, FAI e FEPI.