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INTRODUÇÃO ÀS COMUNICAÇÕES MÓVEIS (3) |
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Autor: Dayani Adionel Guimarães |
II.2.1.
Codificação de Fonte
Segundo define a
teoria da comunicação, a quantidade de informação está diretamente ligada
à incerteza contida no que se pretende transmitir ou comunicar [6].
Para melhor entender esse raciocínio, imagine uma única frase escrita em uma
folha de papel várias vezes. O número de caracteres pode ser elevado, mas
seria suficiente ler nessa folha a frase escrita somente uma vez. Na própria
frase pode haver palavras que podem ser “descartadas” sem que se perca sua
inteligibilidade. Assim acontece com quase todo tipo de informação que se
deseja transmitir – há sempre alguma redundância inerente.
As técnicas de
codificação de fonte tem o objetivo de reduzir, tanto quanto possível, a
redundância existente nos dados, antes que estes sejam transmitidos. A codificação
de fonte é a base teórica que levou à implementação dos algoritmos de
compressão de voz, dados e imagens hoje existentes nos sistemas de comunicação
digital e armazenamento.
No caso dos sistemas
de telefonia móvel digital são utilizadas várias técnicas de codificação
de fonte nos denominados vocoders
(codificadores de voz). Esses codificadores têm o poder de reduzir a taxa de
transmissão necessária para representar um sinal de voz dos conhecidos 64Kbps
utilizados nos sistemas PCM para a casa dos 5 a 15Kbps, sem grande prejuízo
para a qualidade na comunicação. Com essa redução pode-se economizar
drasticamente o espectro ocupado pelo sinal de rádio freqüência que irá
transportar essa voz.
No caso de transmissão
de dados e imagem há também várias técnicas de codificação de fonte
(compressão). O ganho que se obtém com essa compressão reflete diretamente na
largura de banda ocupada pelo sinal modulado ou na taxa de transmissão atingível
em uma dada banda disponível.
As técnicas de
codificação de fonte têm sido objeto de constante pesquisa e grandes avanços
para a área de telecomunicações tem sido alcançados.
II.2.2.
Codificação de Canal
um canal com ruído. Em se tratando de uma
comunicação digital em um canal AWGN, foi demonstrado que a maior taxa de
transmissão que pode trafegar nesse canal é dada por:
onde C é a capacidade do canal em bits por segundo (bps), P
é a potência do sinal enviado através desse canal e N
é a potência de ruído branco na largura de faixa disponível B.
Shannon demonstrou
que, adicionando uma redundância controlada à informação, poder-se-ia
reduzir a quantidade de erros na recepção induzidos pelo ruído a um patamar tão
pequeno quanto se quisesse, desde que a taxa de transmissão estivesse abaixo do
limite determinado pela expressão (5).
A codificação de
canal é justamente o processo através do qual a redundância anteriormente
citada é adicionada à informação de modo a permitir a detecção e correção
de erros. O termo “redundância controlada” está relacionado à restrição
das possíveis seqüências de bits de informação na recepção. Tendo uma seqüência
detectada um padrão diferente das possíveis seqüências, o decodificador de
canal “procura” dentre elas a seqüência que mais se assemelha à seqüência
detectada. Essa semelhança é obtida através da correta utilização de critérios
de decisão, sendo que os mais conhecidos são o critério do máximo
a-posteriori - MAP (Maximum a-posteriori)
e o de máxima verossimilhança - ML (Maximum
Likelihood) [8].
Ambos têm como objetivo minimizar o erro de decisão sobre os bits
transmitidos.
Existem duas grandes
famílias de códigos detetores e corretores de erros: os códigos de bloco e os
convolucionais. A codificação de bloco atribui a cada bloco de n
bits de informação uma palavra código com k
bits codificados, k > n. Um código assim formado é descrito na literatura como código
de bloco (n,k), sendo que a relação entre o número de bits de um bloco de
informação e o número de bits da palavra código correspondente, n/k,
é denominada taxa do código. De maneira geral, quanto menor a taxa de um código,
maior a sua capacidade de detecção e correção de erros.
A outra família de códigos
se refere aos convolucionais. Nesse tipo de codificação uma seqüência contínua
de bits de informação, com tamanho variável, é mapeada em uma seqüência
também contínua de bits codificados. Um codificador convolucional é dito com
memória, pois um determinado bit codificado depende de um ou mais bits de
informação anteriores combinados linearmente.
Existem vários algoritmos de decodificação para códigos de bloco e convolucionais. Destaque maior é dado àqueles caracterizados como algoritmos de decodificação suave (soft decision decoding algorithms). Nesse tipo de decodificação não são utilizados os bits “0s” e “1s” detectados no receptor, como acontece nos algoritmos de decodificação abrupta (hard decision decoding algorithms), e sim os valores reais dos sinais recebidos. Esse processo apresenta consideráveis ganhos em relação ao processo de decodificação abrupta.
Para os códigos
convolucionais, o algoritmo de decodificação suave que minimiza a
probabilidade de erro na decisão sobre os bits de informação transmitidos e
que, portanto, utiliza o critério de máxima verossimilhança já citado, é o
algoritmo de Viterbi [8], [18].
Para os códigos de
bloco os processos de decodificação suave podem utilizar o algoritmo de
Viterbi, mas atenção maior vem sendo dada a algoritmos de decodificação por
treliça menos complexos que o algoritmo de Viterbi [7].
Em vários sistemas de
comunicação móvel são utilizadas codificações em cascata. Essa cascata
pode conter somente codificadores de bloco, codificadores de bloco e
convolucionais ou somente codificadores convolucionais – são os denominados códigos
concatenados.
É importante nesse
momento ressaltar a diferença entre os processos de codificação de fonte e de
codificação de canal. O primeiro tem como objetivo reduzir a quantidade de
bits necessários à representação da informação, ou seja, diminuir a redundância
existente na informação. O segundo adiciona, de maneira controlada, outro tipo
de redundância na informação, objetivando a detecção e a correção de
erros causados pelo canal. Esses dois processos normalmente estão presentes nos
sistemas de comunicação digital.
II.2.3.
Entrelaçamento temporal - interleaving
Um dos fatores que
reduzem o desempenho dos decodificadores e, por conseqüência, a qualidade do
serviço oferecido pelo sistema de comunicação está ligado ao canal de
comunicação. Um canal de comunicação é dito sem memória quando afeta de
maneira independente bits adjacentes. Ao contrário, quando vários bits
consecutivos são afetados, diz-se que se trata de um canal com memória.
Um canal de rádio móvel
terrestre é essencialmente um canal com memória. Nos momentos de profundos
desvanecimentos, uma grande quantidade de bits pode ser “destruída”. Os
decodificadores, de maneira geral, não têm capacidade de corrigir essas longas
seqüências de erros em rajada (ou erros em burst).
O que é feito para
minimizar esse problema é o chamado interleaving.
Esse processo “embaralha” os bits codificados de tal sorte que bits
anteriormente adjacentes sejam colocados distantes no tempo. Isso faz com que,
na ocorrência de erros em burst, não
sejam afetados bits adjacentes, facilitando o processo de detecção e correção
de erros.
Um simples processo de
interleaving é aquele no qual a seqüência
de bits codificados preenche linha a linha uma memória de tamanho definido e os
bits entrelaçados são lidos coluna a coluna dessa memória. Na recepção o
processo inverso é executado.
Vale citar que o
processo de interleaving causa um
atraso adicional na comunicação, atraso este que pode ou não ser prejudicial,
dependendo da natureza da informação que se deseja transmitir. Uma comunicação
em tempo real oferece limites menores para o atraso no processo de interleaving, enquanto uma comunicação de dados onde há
armazenamentos momentâneos é menos restrita em termos desse atraso.
II.2.4. Diversidade
A diversidade é uma técnica
na qual réplicas de um sinal são combinadas na recepção no intuito de se
obter maior confiabilidade na detecção desse sinal.
Em um canal de rádio
móvel terrestre, devido aos efeitos dos multipercursos, em um determinado
instante pode-se ter um sinal recebido com intensidade insuficiente para a
recuperação do sinal transmitido. Porém, é sabido que quando dois sinais
iguais são transmitidos através desse canal em instantes de tempo distintos e
transportados por portadoras distintas, na recepção ter-se-á a situação:
quanto maior a separação temporal entre as réplicas do sinal e quanto maior a
separação entre as portadoras utilizadas, menor será a correlação entre as
envoltórias dos sinais recebidos. Essa observação é de fundamental importância
para o entendimento da diversidade, ou seja, se de alguma forma é possível
disponibilizar ao receptor réplicas da informação transmitida, sendo essas réplicas
afetadas diferentemente (de maneira descorrelacionada) pelo canal, em
determinado instante uma réplica poderá estar em situação de desvanecimento
profundo, mas será grande a probabilidade de que outras réplicas não estejam
nessa situação. Assim, elas podem ser combinadas para fornecer ao processo de
detecção um sinal mais “estável” que aquele obtido se não houvesse réplicas
não correlacionadas, ou seja, se não houvesse diversidade.
São várias as formas
de diversidade. Dentre elas pode-se citar a diversidade espacial, a diversidade
temporal, a diversidade em freqüência, etc..
Na diversidade
espacial, antenas receptoras são fisicamente separadas de tal sorte que os
sinais recebidos por cada uma delas estejam descorrelacionados. Os sinais
provenientes dessas antenas são então combinados pelo receptor.
Na diversidade
temporal, réplicas da informação são enviadas em instantes de tempo
distintos, sendo que o intervalo de separação entre essas réplicas deve ser
superior ao tempo de coerência do canal para que haja sinais descorrelacionados
na recepção.
A diversidade em freqüência
utiliza o mesmo princípio, ou seja, réplicas da informação são
transportadas por portadoras distintas, portadoras estas separadas em freqüência
de um valor superior à largura de faixa de coerência do canal, também para
que haja descorrelação entre as réplicas obtidas na recepção.