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INTRODUÇÃO ÀS COMUNICAÇÕES MÓVEIS (7) |
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Autor: Dayani Adionel Guimarães |
No caso dos sistemas CDMA, o cálculo exato da capacidade envolve um número de variáveis
extremamente superior ao número de variáveis envolvidas na análise dos
sistemas FDMA ou TDMA [4]. Vários fatores podem ser explorados e levarem a
capacidade do CDMA a patamares consideravelmente superiores às técnicas de
acesso múltiplo FDMA e TDMA. Isto faz do CDMA um sistema complexo, mas com
gradativa facilidade de implementação à medida que o avanço tecnológico
permite.
O controle de potência
realizado nos sistemas FDMA e TDMA tem como principais objetivos a redução do
consumo de energia e do nível de interferências. O primeiro leva a um aumento
do tempo de vida das baterias dos terminais móveis, enquanto o segundo melhora
a qualidade do serviço (melhor qualidade de voz). Nos sistemas CDMA, que são
sistemas inerentemente limitados pela quantidade de interferência, um eficaz
controle de potência leva a uma possibilidade de aumento direto na capacidade
do sistema.
Como citado
anteriormente, nos sistemas de telefonia celular FDMA e TDMA, enquanto ocupados
uma faixa de freqüência ou um slot
de tempo durante uma chamada, mesmo que o usuário não esteja transmitindo
informação (falando) aquele canal não poderá ser utilizado por outro usuário,
a não ser através da utilização de elaboradas técnicas de alocação dinâmica
de canais. No CDMA, estando um usuário em silêncio, pode-se desligar ou
reduzir a potência transmitida nesses instantes. Isto pode levar a uma redução
na quantidade de interferência no sistema, permitindo um proporcional aumento
na capacidade. Os modernos vocoders
naturalmente podem fazer uso deste ciclo de atividade da voz, que normalmente se
encontra na casa de 35% a 40% do tempo, enviando comandos de desligamento ou
redução da potência transmitida nos intervalos de silêncio. Um aumento médio
de capacidade de cerca de 35% pode ser conseguido [4].
A setorização nos
sistemas FDMA ou TDMA tem como principal objetivo a redução do nível de
interferências com um pequeno aumento na capacidade de tráfego. Nos sistemas
CDMA pode-se utilizar a setorização para uma diminuição efetiva do nível de
interferências, levando a um aumento direto na capacidade do sistema. Para três
setores por célula, a capacidade pode ser realmente triplicada.
Outros fatores
importantes a considerar estão relacionados à tecnologia de espalhamento
espectral utilizada no CDMA e que permite: sigilo na comunicação, robustez
contra as degradações causadas pelo canal rádio móvel, pequena densidade
espectral de potência (baixa Interferência Eletromagnética), imunidade a
interferências, etc.. Gilhousen e outros em [4] fornecem justificativas técnicas
interessantes que, se não convincentes, ao menos demonstram as potencialidades
da tecnologia CDMA e indicam o caminho que ela poderá traçar de agora em
diante, tornando-se, provavelmente, a mais utilizada para sistemas de comunicação
multiusuários.
IiI.4.
Acesso híbrido
As técnicas híbridas combinam as três técnicas
citadas anteriormente. Elas são: FDMA/TDMA, FDMA/CDMA e TDMA/CDMA.
Na técnica híbrida FDMA/TDMA o espectro disponível
é dividido em sub-faixas onde cada uma transporta a comunicação de um
determinado número de usuários que compartilham essa sub-faixa em instantes de
tempo distintos.
Na técnica FDMA/CDMA o espectro disponível é
dividido em sub-faixas onde cada uma transporta a comunicação de um
determinado número de usuários que compartilham essa sub-faixa ao mesmo tempo,
porém utilizando seqüências pseudo-aleatórias distintas (códigos
distintos).
Na técnica híbrida TDMA/CDMA cada célula
utiliza uma seqüência pseudo-aleatória comum, sendo que em uma determinada célula
a cada usuário é alocado um instante de tempo distinto dos demais.
IiI.5. Acesso aloha
As técnicas de acesso aleatório alocam recursos de rádio dinamicamente a um
conjunto de terminais que apresentam tráfego tipicamente em rajadas (bursty traffic).
Nos anos 70, a técnica ALOHA foi proposta por
Norman Abramson como uma solução efetiva para prover acesso via rádio a
sistemas de computadores. A rede ALOHA na Universidade do Hawaii empregava
transmissores fixos em ilhas localizadas a dezenas de quilômetros. A principal
vantagem da técnica ALOHA é a simplicidade. Cada terminal é permitido
transmitir a qualquer momento, sem levar em conta se o canal está ocupado ou não.
Se um pacote de dados é recebido corretamente, a estação rádio base
transmite uma mensagem de reconhecimento. Se nenhum reconhecimento é recebido
pelo terminal móvel ele retransmite o pacote após esperar por um intervalo de
tempo aleatório. O retardo na comunicação é principalmente determinado pela
probabilidade de um pacote de dados não ser recebido devido à interferência
de outras transmissões (colisões) e pelo tempo médio esperado antes de uma
retransmissão.
É importante citar que o processo de inicialização
de chamada em quase todos os sistemas de telefonia celular utiliza um certo tipo
de acesso aleatório ALOHA.
Em um canal de rádio móvel, pacotes de dados
podem ser destruídos devido aos severos desvanecimentos do sinal, mesmo na ausência
de colisões. Por outro lado, pacotes podem ser recebidos com sucesso a despeito
da interferência de outros usuários devido ao denominado “efeito captura”.
Em sistemas que utilizam modulações lineares, como AM e AM-SSB, a razão entre
a relação sinal ruído (RSR) na saída do detetor e a relação portadora ruído
(C/I) é linear. Contudo,
em modulações não lineares, como as modulações em fase e em freqüência, a
RSR após a detecção pode ser abruptamente melhorada se comparada com as
modulações lineares. Essa melhoria abrupta ocorre sempre que a RSR antes da
detecção está acima de um determinado limiar, configurando o chamado efeito
captura. Esse efeito tem forte influência no throughput
do sistema.
O conceito de reuso de freqüências em redes com
acesso aleatório ALOHA difere daquele explorado em redes de telefonia, devido
à diferença entre os critérios de avaliação de desempenho desses sistemas.
O primeiro leva em conta o throughput
versus a probabilidade do sinal recebido cair abaixo do limiar de captura do
receptor (outage probability) e o
segundo considera o atraso versus aquela probabilidade. O melhor padrão de
reuso para um sistema ALOHA é aquele que utiliza a mesma freqüência em todas
as células.
Na técnica denominada Unslotted
ALOHA uma transmissão pode iniciar a qualquer tempo. Na Slotted ALOHA o eixo de
tempo é dividido em slots. É
assumido que todos os terminais conhecem os instantes de tempo onde começam
novos slots e é permitido que os
pacotes sejam enviados somente no início de um novo slot.
O throughput no Slotted ALOHA é significativamente maior que no Unslotted
ALOHA.
IiI.6.
Acesso CSMA
Em situações com tráfego intenso a técnica de
acesso aleatório ALOHA reduz o throughput
do sistema e pode levar a instabilidade devido à constantes colisões nas
retransmissões. A técnica CSMA (Carrier
Sense Multiple Access) minimiza esse problema.
No acesso CSMA todos os terminais “ouvem” o
canal de comunicação terminal - estação rádio base e a transmissão de um
novo pacote não é iniciada enquanto este canal se encontra ocupado. Esse
procedimento requer que cada terminal possa receber os sinais dos demais
terminais naquela freqüência.
escondido” é evitado no método ISMA (Inhibit
Sense Multiple Access), através do qual a estação rádio base transmite
um sinal de ocupado inibindo a transmissão por parte de todos os outros
terminais. A desvantagem do ISMA reside na necessidade de um canal de feedback em tempo real (contínuo).
Em uma variação do CSMA mais simples, o CSMA-CD
(CSMA – Collision Detection), o receptor continuamente informa todos os
terminais sobre o sinal que está recebendo. Se uma colisão é detectada, a
transmissão de todos os terminais é abortada imediatamente. Esse procedimento
eleva o throughput do sistema em relação
àquele que reconhece a recepção após a transmissão de um pacote inteiro.
Outras variações do CSMA são o CSMA 1 –
persistente, o CSMA não – persistente, o CSMA p
– persistente e o DSMA. No CSMA 1 – persistente o terminal “ouve” o
canal e espera para transmitir quando o canal estiver ocioso. Quando isso
acontece o terminal transmite sua mensagem com probabilidade igual a 1. No CSMA
não – persistente, após receber um reconhecimento negativo, o terminal
espera por um tempo aleatório antes da transmissão do pacote. A estratégia
CSMA p – persistente é aplicada a
canais com divisão temporal. Quando um canal encontra-se ocupado, o pacote é
transmitido no primeiro slot de tempo disponível com uma probabilidade p ou no próximo slot de
tempo com probabilidade 1 - p. No DSMA
(Data Sense Multiple Access) cada
terminal tenta detectar uma mensagem do tipo “ocioso-ocupado” em um canal de
controle no link direto (estação rádio
base para terminal). Quando a mensagem ocioso-ocupado indica que nenhum usuário
está transmitindo no link direto
(terminal para estação rádio base), a transmissão pelo terminal é
permitida.
IiI.7.
Acesso reservation aloha
O Reservation ALOHA é um esquema de acesso baseado em muliplexação por divisão de tempo, TDM (Time Division Multiplexing). Nesse protocolo de acesso certos slots de tempo são alocados com prioridade e é possível a “reserva” de slots pelos terminais. Essa reserva pode ser feita permanentemente ou requisitada quando necessário. Em um tipo de Reservation ALOHA, terminais em situação de transmissão com sucesso (ausência de colisão) reservam um slot permanentemente até que sua transmissão seja completada, embora transmissões de duração muito longa possam ser interrompidas pelo sistema. Um outro esquema permite ao terminal a transmissão de uma requisição em um subslot reservado em cada quadro (frame). Se durante a transmissão nenhuma colisão é detectada, o próximo slot no quadro é reservado a esse terminal para a transmissão dos dados.