WirelessBR

WirelessBr é um site brasileiro, independente, sem vínculos com empresas ou organizações, sem finalidade  comercial,  feito por voluntários, para divulgação de tecnologia em telecomunicações 

O Meganegócio Embratel (Parte 2)

Autora:   Jana de Paula  (*)

Publicação inicial em abril de 2004           Republicado em 29/04/06

O Meganegócio Embratel (Parte 2)

Jana de Paula

As especulações em torno da venda da Embratel continuam aquecendo as discussões oficiais e as conversas de pé-de-orelha em todos os segmentos onde as implicações do negócio têm repercussão direta.
O Portal Alice Ramos.com obteve, mais uma vez, com exclusividade, informações de que se a pressão financeira for mais forte do que quaisquer outros fatores, ainda assim a mexicana Telmex teria um trunfo sobre o lobby do grupo Calais (Telefônica, Telemar e Brasil Telecom), o outro interessado em adquirir a carrier.

É sabido que a norte-americana MCI possui uma dívida de US$ 274 milhões com a Telmex, por serviços prestados, uso de backbone etc. Esta dívida foi contraída em regime de financial drawback e teve o aval do Citibank. Ora, contratos deste tipo incluem o chamado direito de crédito – ou seja, a garantia ao credor do pagamento da dívida, a partir de um escalonamento de prioridades, quando a devedora em falência ou concordata (o caso da MCI) se mostrar em condições de quitar o débito. Como bem exemplificou o analista financeiro que nos forneceu as informações, “a Telmex tem um cheque pré-datado da MCI que pode ou não ser cancelado”.

Assim, caso a Telmex venha a comprar a Embratel, descontados os US$ 274 milhões devidos pela MCI, ela terá que desembolsar apenas US$ 86 milhões. E, se o negócio não for fechado, ainda assim a Telmex tem direito à quitação do débito, mesmo que a MCI fique sem a Embratel. Segundo assegura nossa fonte, esta é a abrangência do negócio que, como se vê, vai além do interesse da holding mexicana pelo mercado brasileiro de TV a cabo, como noticiamos em primeira mão.

O mesmo analista financeiro alerta, ainda, que a intenção da operadora GVT em recorrer ao Conselho de Administração e Desenvolvimento Econômico (CADE) contra a proposta do grupo Calais, pode beneficiar o lobby dos mexicanos. Para a GVT é melhor que a Embratel fique com a Telmex. Assim, a espelho aplaina o caminho para adquirir a Intelig, pois, segundo nossa fonte, ela segue a óptica de que, com a Telmex, será maior a competitividade no segmento de dados de longa distância. Isto se supondo que a Telmex mantenha sua postura de “não desmembrar” a Embratel, no caso de adquiri-la.

Os leitores questionaram o montante de investimentos da Telmex nos últimos 12 anos, divulgado na coluna InfoCenter de ontem. Peço desculpas pelo erro. A Telmex investiu cerca de US$ 24 bilhões entre 1990 e 2003, segundo dados do próprio site da companhia (www.telmex.com). E, de acordo com nosso analista financeiro, os investimentos do grupo mexicano no país, até agora, atingem US$ 600 milhões.


Jana de Paula é jornalista (ECO/UFRJ) e escreve sobre tecnologia desde 1983. Inaugurou a página de informática do Jornal do Commercio/RJ,  trabalhou na extinta revista Info do Jornal do Brasil, fez comentários para o primeiro programa de rádio sobre informática da cidade, na extinta Rádio Alvorada, foi editora da RNT no Rio de Janeiro e colaborou com as principais publicações da área, como WordldTelecom, B2B Magazine, Consumidor Moderno e AliceRamos.com.
Atualmente é a diretora de conteúdo do Thesis (www.instituto-thesis.com.br).
Email: jana.depaula@instituto-thesis.com.br.

Home WirelessBR          Blog Jana de Paula