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UMA ABORDAGEM PARA MONITORAMENTO DE PACIENTES EM UTIs

Líliam Carla Gaiotto Maluta (*)

Orientador: Prof. Dr. Mauro Roisenberg (mauro@inf.ufsc.br) (**)

Departamento de Informática e Estatística – INE

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC


RESUMO 

A fim de efetivar a implementação de serviços e novas aplicações no âmbito da computação móvel, têm surgido várias abordagens como a utilização de IP móvel, Agentes móveis e a tecnologia WAP. Contudo, o emprego de qualquer ‘técnica’ depende da plataforma utilizada e dos requisitos pré-estabelecidos ao sistema em questão. O uso do sistema em aplicações na área da saúde pode vir a acrescentar maior mobilidade aos usuários (médicos, enfermeiras), rapidez no atendimento e melhoria na qualidade do serviço. Neste contexto, realizou-se um estudo na busca de uma sistemática adequada à situação, com o intuito de utilizá-la mais especificamente no monitoramento de pacientes em UTIs. 

PALAVRAS-CHAVE: Computação Móvel, WAP, Agentes Móveis, IP móvel. 

1. Introdução 

Com o surgimento da Internet deu-se um grande passo na busca de novas tecnologias, envolvendo áreas como as de comunicação celular, de redes locais sem fio e de serviços via satélite, a fim de viabilizar o acesso, e a utilização de serviços e recursos computacionais de forma remota (alguns sensíveis à localização), em qualquer lugar e a qualquer momento. 

Desta feita, dispositivos portáteis (PDAs, computadores pessoais, palmtops e mesmo aparelhos celulares) devem prover capacidade de comunicação com a parte fixa da rede e possivelmente, entre eles, não necessitando ter uma posição fixa na rede. Devem permitir acesso permanente aos serviços, em uma rede fixa ou móvel, independentes de localização ou de mobilidade. A este contexto dá-se o nome de computação móvel [1][2]. 
O conceito de computação móvel é relativo ao fato de não haver ligação física entre as unidades móveis (UMs) e a rede fixa, permitindo grande liberdade de movimentação [3]. Este paradigma vem ampliar a computação distribuída, somando-se à infra-estrutura estática, uma parte móvel, representada por uma área ou célula, onde ocorre a comunicação sem fio dos dispositivos móveis. 

A mobilidade introduz restrições inexistentes na computação tradicional, tais como: variação no tipo, na quantidade e na qualidade dos serviços e recursos disponíveis à medida que o usuário se desloca, problemas de localização, quantidade limitada de energia no dispositivo móvel, alta variação na largura de banda disponível, e na latência da comunicação (desconexões freqüentes), entre outros [4]. 

Agentes móveis vêm sendo implementados em ambientes de computação móveis devido a sua capacidade de migração e autonomia de execução. Agentes carregam mensagens através da rede, acessam bases de dados e executam consultas de forma eficiente, além de resolverem problemas de roteamento e desconexão [5]. Outras implementações podem ser realizadas através de protocolos como IP móvel ou WAP (wireless application protocol) [6]. 

Estes ambientes de computação disponibilizam serviços representativos, como aplicações para defesa nacional, gerenciamento de emergência e desastres, sistemas de controle de tempo real, operações remotas, telecomunicações, e-commerce, comunicações pessoais e acesso à Internet. Na área médica podem ser implementados serviços de monitoração de cuidados médicos, de emergência (localização) e diagnósticos remotos [7]. 

Diante destes aspectos resolveu-se elaborar um protótipo com base em uma das abordagens descritas, com finalidade de monitorar pacientes em UTI via celular. Foi realizado um levantamento das tecnologias e do ambiente de execução. 

Este trabalho representa uma forma alternativa de assistência, vindo permitir a agilização do atendimento médico, e conseqüentemente proporcionar maior segurança aos pacientes, contudo, não pretende substituir nem interferir no processo de obtenção, armazenamento e manipulação dos dados do paciente.

Em pesquisas realizadas até o presente momento, verificou-se a inexistência de aplicações similares a esta proposta, o que vem enfatizar a motivação sobre o assunto. No hospital Albert Einstein em São Paulo - SP, existe um monitoramento por meio de dispositivos acoplados ao corpo do paciente que funciona por rádio-freqüência e permite ao médico o acesso via hand helds aos sinais vitais. Porém, esta abordagem é realizada em ambiente interno. 

Existem vários outros projetos e sistemas em uso, com abordagens diferenciadas. Na Europa há o projeto DITIS que consiste na implementação de agentes na parte fixa da rede e WAP na móvel. O acesso aos dados de pacientes, bem como exames e marcação de consultas podem ser feitos por meio do celular, o que oportuniza a criação de uma espécie de médico de família, semelhante ao praticado no Brasil. 

No Rio Grande do Sul, por meio da AMRIGS (associação médica do Rio Grande do Sul), foi feito um convenio para um consultório ‘virtual’, onde as consultas podem ser marcadas pelo celular, entre outras coisas, e os dados dos consultórios ficam armazenados em um banco de dados em comum, havendo maior integração entre os profissionais da área médica. 

2. COMPUTAÇÃO MÓVEL 

Computação móvel, ubíqua ou nômade, tem por objetivo fornecer ao usuário móvel o acesso permanente a uma rede fixa ou móvel, mesmo quando em movimento. Este sistema de computação tende a ser composto por dispositivos heterogêneos, fixos e móveis, conectados através de diferentes tecnologias de rede. 

Sistemas móveis celulares apresentam características e limitações, inerentes ao ambiente móvel. Os principais problemas são decorrentes da mobilidade, da interface de comunicação sem fio e da portabilidade dos dispositivos [8]. 

A mobilidade inerente a esta infra-estrutura de comunicação sem fio e a portabilidade dos dispositivos provocam um grande impacto no projeto e desenvolvimento de software, havendo a necessidade de mecanismos que permitam adaptações às mudanças no ambiente e à disponibilidade de recursos [4][5]. 
Além disso, possuem certos requisitos impostos pela natureza intrínsecos ao contexto, como a capacidade de localizar/endereçar elementos móveis, de perceber mudanças no ambiente de execução, de autoconfiguração, de migrar funcionalidade e de gerenciamento eficiente da energia no dispositivo móvel.

2.1 Adaptabilidade a Mudanças 

Conforme [2], o sucesso de uma aplicação em computação móvel está diretamente vinculado à adaptação, o que significa dizer que o resultado ou conjunto válido de saídas de um algoritmo depende das condições existentes no ambiente, em um determinado instante no tempo. 

A infra-estrutura existente para suportar aplicações em ambientes móveis, como visto, é bastante variável e estas variações devem ser refletidas na aplicação no momento em que as mesmas ocorrem. A velocidade de deslocamento de um usuário, e as condições ambientais devem ser levadas em consideração para se aumentar a usabilidade do sistema. 

Existem várias técnicas para adaptação de aplicações ao ambiente de computação móvel, como a de modificação on-the-fly. Dependendo das condições e do dispositivo utilizado, o aplicativo poderia trazer uma interface com mais ou menos componentes ou componentes menores, com menos detalhes. 

A construção de interfaces de aplicativos é dependente dos dispositivos móveis, pois estes possuem características singulares, as quais limitam as aplicações a serem executadas. A entrada de dados é um aspecto crítico. Novas formas de interação usuário-aplicação-dispositivo móvel vem sendo criadas e devem ser pesquisadas a fim de melhorar a interação. 

A interface, freqüentemente o fator mais importante para o sucesso de um projeto de software, deve modificar-se às variações do ambiente, ser tão transparente quanto possível, sem deixar de ser ‘usável’. 

Para que se verifique a percepção de mudanças no ambiente de execução e auto-adaptação adequada, faz-se necessário redefinir tarefas e formas de interação entre o software do sistema e as aplicações. Assim, é desejável que: 

· O software seja capaz de monitorar o nível de energia e ter acesso a dados da interface de comunicação sem fio; tenha a capacidade de trocar dinamicamente alguns de seus módulos e variar políticas de uso de recursos; disponibilize canais para notificação de eventos de mudança no ambiente;

· Haja uma interface através da qual aplicações possam requisitar ao software do sistema alterações de modulo e/ou política;

· Aplicações sejam adaptáveis a novos contextos de execução por meio de chaveamentos entre procedimentos/módulos com funções similares, mas que difiram sobre demandas de recursos locais e remotos.

2.2 Serviços 

A combinação de redes e mobilidade vem originar novos serviços. Possivelmente, os mais emergentes são os relativos às áreas de entretenimento, localização, colaboração, comércio, telemetria e voz [2]. 

A área de entretenimento oferece serviços de bate-papos, programação de cinema/teatros, músicas e jogos interativos multiusuários. Serviços baseados em localização (LBS) são usados para definir e prover serviços baseados na posição geográfica de um dispositivo móvel. São responsáveis por oferecer facilidades ao usuário, geralmente em incursões em localidades não conhecidas anteriormente, e situações imprevistas. 

Aplicações colaborativas oferecem mais uma oportunidade de aumento de produtividade, reduzindo custos e prazos. Vários tipos de interação entre usuários e empresa poderiam ser realizados durante o horário de trabalho, porém em ambiente fora da empresa. 

Serviços de comércio eletrônico oferecem comodidade e rapidez ao cliente na compra de produtos, no acesso a Bancos e em outros serviços disponibilizados ao cliente [7]. Aplicações de telemetria tais como alarmes contra roubo e incêndio, máquinas de venda automática, estatísticas de tráfego de veículos e medições (água, eletricidade e gás), ainda são pouco exploradas. 

2.3 Modelos de Comunicação em Computação Móvel 

Dentre os diversos tipos de modelos existentes em sistemas distribuídos são três os normalmente utilizados pelas aplicações móveis: 

· Modelo cliente/servidor: o servidor é caracterizado por uma aplicação geralmente localizada na rede fixa, responsável por prover suporte às solicitações de aplicações clientes. 

Através da replicação do servidor, onde dados são distribuídos entre diversos servidores comunicantes, pode-se prover um ambiente tolerante à falhas da rede e/ou de servidores, com melhor desempenho, suporte a clientes com alto grau de mobilidade e escalabilidade. 

Porém, para que este modelo possa ser usado em computação móvel, o mesmo deve ser repensado. Problemas como desconexão e comunicação não confiável devem ser tratados. A limitação de recursos do cliente pode requerer que certas operações sejam executadas no servidor. Em contrapartida, em algumas situações o cliente precisa emular funções do servidor, cooperando no suporte à conexão. 

Desta feita, a distinção entre cliente e servidor deve ser ofuscada temporariamente, resultando num modelo cliente-servidor estendido, como por exemplo, o cliente/proxy/servidor e o cliente/intercept/servidor. 

Na arquitetura cliente/proxy/servidor, um proxy (ou agente) que fica na rede fixa, age em nome do cliente intermediando e facilitando, através de mecanismos, qualquer comunicação entre o cliente e o servidor, diminuindo assim a carga no servidor. Contudo, este modelo vem agregar problemas: o cliente necessita ser modificado para que passe a interagir com o agente e a otimização da transmissão é verificada somente no sentido agente-cliente móvel.

O modelo cliente/intercept/servidor pretende solucionar os problemas evidenciados no modelo anteriormente descrito, através da divisão do proxy em duas partes: uma no cliente e outra na rede fixa. O proxy do elemento móvel é encarregado de interceptar requisições do cliente e juntamente com o proxy da rede fixa, executar otimizações para reduzir o fluxo no canal de comunicação sem fio e manter a conexão ininterrupta.

· Agentes móveis: Agentes podem ser enviados para a rede fixa a fim de executar tarefas em nome do dispositivo móvel, o que possibilita um serviço mais eficiente, com menor gasto de energia e independente de variações na conexão. 

Um agente móvel tem autonomia de execução e independência quanto à aplicação que o invocou. No objetivo de sua tarefa pode transferir-se de uma estação para outra, criar novos agentes, interagir e cooperar com outros agentes, executar em diferentes plataformas, tomar decisões e resolver problemas. 

Este modelo é ideal para migração de funcionalidade, suporte a desconexões constantes e redes de baixa velocidade. No entanto, apresenta problemas de aceitação como o de segurança envolvendo acesso não autorizado, autenticação, privacidade, vírus e utilização de recursos locais da estação. 

2.4 Protocolos e serviços 

Protocolos são representativos para a execução de serviços em computação móvel, portanto, seus projetos devem ser vistos como uma tarefa integrada. Existem vários tipos de protocolos e serviços inseridos neste contexto, dentre os quais o IP Móvel e o WAP. 

2.4.1 IP Móvel 

O protocolo IP usado na Internet define que cada destinatário existente em uma rede fixa possui um identificador de endereço IP, que determina o roteamento de pacotes a serem recebidos. Dispositivos móveis mudam de localização durante uma comunicação, podendo possuir um endereço IP diferente em cada ponto de acesso à rede fixa. 

Diante do relato, soluções começaram a ser levantadas. Fornecendo-se um novo endereço IP para o dispositivo, que correspondesse à nova localização, ter-se-ia que informar pessoas, bancos de dados e programas sobre a alteração. Fazer com que roteadores utilizassem os próprios endereços IP para roteamento exigiria milhões de entradas em suas tabelas [9]. 

A fim de resolver este problema, a IETF (internet engineering task force) elaborou o protocolo IP móvel. Este padrão assume que existem dois endereços IP para cada elemento móvel: um endereço fixo (home address) e outro que é atualizado em cada mudança de ponto de acesso à rede (care of adress). 

Pacotes endereçados ao dispositivo móvel devem ser enviados ao home address o qual deve empacotar o pacote recebido, adicionar um novo cabeçalho contendo o endereço do care of address e remetê-lo ao destinatário. Neste processo de tunelamento, o IP móvel provê transparência de localização para as aplicações e outros protocolos de alto nível como o TCP. 

O IP móvel já está implementado em alguns produtos comerciais e em roteadores [1]. O IPv6 móvel [10], provável protocolo padrão para redes móveis, apresenta os mesmos princípios de projeto, com o acréscimo de criptografia e autenticação. 

Apesar de todas as possíveis facilidades provenientes do uso deste protocolo, ainda faltam encontrar as devidas respostas para as seguintes questões: 

· Como garantir que uma mensagem de troca de endereço físico, recebida por uma estação base, foi enviada por um dispositivo pertencente a esta estação e não a um elemento impostor;

· Como garantir que todos pacotes enviados cheguem ao destino;

· Como tratar a insegurança proporcionada pelas redes públicas;

· Como garantir a privacidade e correção de pacotes transmitidos. 

2.4.2 WAP 

Desenvolvido inicialmente pela Ericsson, Motorola, Nokia e Unwired Planet (atualmente Phone.com), é objeto de pesquisa do WapForum, um consórcio formado por mais de 230 membros, compreendendo empresas de telefonia, fabricantes de aparelhos telefônicos, desenvolvedores de software e outras companhias. 

De acordo com [11], WAP é um protocolo de comunicação e ambiente de aplicações para distribuir recursos de informação, serviços de telefonia avançados e acesso à Internet a partir de dispositivos móveis. 

O WAP (wireless application protocol) é a especificação de um conjunto padrão de protocolos de rede e de aplicação, criado para permitir interoperabilidade entre diversas tecnologias de comunicação sem fio [12]. Destina-se a fornecer um ambiente de aplicativo comum para dispositivos móveis, seus protocolos são baseados nos protocolos da Internet (HTTP/TCP/IP), mas utilizando elementos específicos para cada nível. 

Não foi projetado para portar todo conteúdo da Internet, ainda havendo restrições relativas ao tipo de dispositivo móvel utilizado. Para acessar serviços WAP, um celular deve ter um micro browser, responsável por interpretar o código WML (wireless markup language), uma linguagem elaborada para adaptação às limitações dos displays. 

Adota o modelo cliente/proxy/servidor, com o proxy agindo principalmente como um gateway de protocolos, convertendo a pilha WAP para a pilha HTTP/TCP/IP, a fim de assegurar a interoperabilidade entre clientes WAP e servidores HTTP. A arquitetura WAP provê um ambiente escalável e extensível para desenvolvimento de aplicações. 

3. CONTEXTUALIZAÇÃO DO AMBIENTE 

Um ambiente de UTI destina-se a acomodar pacientes de alta gravidade, carentes de avaliação clínica permanente e de sistemas de suporte à vida. Um paciente internado em uma UTI necessita de cuidados intensivos, seu estado geral de saúde é muito instável, requerendo acompanhamento constante e tomada de decisões rápidas. 

O monitoramento realizado de forma ininterrupta por aparelhos como eletrocardiogramas, oxímetros, capnógrafos e de pressão arterial não invasiva, deve ser acompanhado, concomitantemente, por médicos intensivistas e enfermeiras. 
Apesar de todo este aparato, tem-se que ratificar que a responsabilidade do médico que prestou atendimento ao referido paciente em primeira instância, não termina quando este adentra à UTI, havendo, portanto, uma duplicidade de responsabilidade: ambos os médicos são co-responsáveis perante a lei. 

Além disso, na maioria dos hospitais, o intensivista é na realidade um médico generalista com residência médica em Intensivismo. Assim sendo, fica clara a necessidade da assistência por parte do especialista que atendeu e internou o paciente, pois este conhece a fundo as particularidades que a especialidade lhe confere. 

Porém, nota-se a dificuldade e, às vezes, impossibilidade deste especialista estar disponível pessoalmente. Desta feita, este sistema almeja permitir ao médico o acompanhamento do estado do paciente de modo mais efetivo, apesar de outras atividades que o mesmo possa possuir e de problemas eventuais no trajeto ao hospital, como engarrafamentos, etc. 

4. APLICAÇãO 

O sistema em questão trata-se de um protótipo, consistindo de uma aplicação onde o médico intensivista, num primeiro momento, é o responsável pela alimentação dos dados referentes ao paciente (estado clínico geral, dados pessoais) e aos quais o especialista pode ter acesso por meio de um celular (WAP), a fim de que possa prestar um atendimento concomitante. Futuramente, pretende-se que estes dados sejam coletados de forma automática, através dos aparelhos, via comunicação serial. Este enfoque é devido a uma alta incidência de UTIs sem qualquer método automatizado para obtenção dos dados aferidos pelos aparelhos. 

Dentre as sistemáticas abordadas anteriormente neste trabalho, escolheu-se para implementação o WAP. Através da linguagem WML, WMLScript, somadas ao PHP e MySQL está sendo elaborada uma página dinâmica, consistindo de decks e cards em quantidade estritamente necessária e outra para a parte fixa onde será realizada a inserção dos dados. O emprego do MySQL é devido à velocidade de acesso e utilização multi-usuário [13]. O sistema de banco de dados do MySQL pode suportar muitos bancos de dados diferentes, geralmente um banco de dados por aplicativo [14]. 

A possibilidade do envio automático de ‘alarmes’ quando da ocorrência de uma situação emergencial, que recomende uma intervenção por parte do especialista, encontra-se em fase de investigação. O mecanismo WAP push, que tem como atribuição distribuir conteúdo para terminais WAP sem que o servidor receba qualquer pedido, seria o melhor indicado à implementação. Devido a este método não estar implantado, em sua maioria, nos aparelhos atualmente utilizados, a opção escolhida foi a de utilizar serviços SMS (short message service), com a possibilidade de alteração para a tecnologia push quando da sua disponibilidade [12]. 

Neste ínterim, para efetuar o acesso à Internet, os celulares se comunicam com um gateway WAP específico, o qual acessa os servidores Web, enviando as páginas solicitadas para o microbrowser do cliente, conforme apresentado na Figura 4.1. 




Figura 4.1. Exemplo da comunicação WAP. 



Mais especificamente, o dispositivo sem fio, um telefone celular com suporte à tecnologia WAP, solicita a exibição de uma página em WML, que pode ser gerada dinamicamente por meio de PHP, através do gateway WAP. Este faz a conexão entre a Internet e a rede de comunicação sem fio (celular) obtendo os dados através de um servidor Web que permita hospedagem de sites WAP. 

Deste modo, neste ambiente, a comunicação é constituída basicamente da troca de solicitações entre clientes e servidores intermediados por um servidor, proxy ou gateway, através do qual o conteúdo é recuperado pelo navegador. Assim: 

· o usuário móvel digita o URL correspondente a aplicação;

· o navegador WAP analisa e envia um pedido WSP ao gateway WAP;

· o gateway transforma o pedido em HTTP, analisa-o e decide se um pedido HTTP precisa ser enviado ao servidor de origem para recuperar o conteúdo;

· um pedido HTTP é enviado ao servidor de origem com os cabeçalhos de entidade e textuais se houver;

· o servidor de origem retorna conteúdo estático (WML, HTML) ou dinâmico através de scripts PHP;

· uma resposta HTTP é enviada de volta ao gateway WAP;

· o gateway realiza a conversão inversa (HTTP-WSP), codificação WML, compilação WMLScript e conversão HTML-WML se necessário;

· a resposta WSP é enviada ao terminal móvel;

· o navegador WAP analisa e exibe o resultado em sua tela. 
Quando uma conexão é solicitada em um dispositivo WAP, um acesso dial-up para o provedor é iniciado, via PPP, da mesma forma que ocorre com usuários de Internet via computadores de mesa. Geralmente são utilizadas configurações dial-up pré-definidas pela operadora. Entretanto, a maioria dos dispositivos WAP permite a utilização de configurações próprias do usuário, o que significa que corporações que possuam uma Intranet com serviços WAP podem conectar-se diretamente com sua rede local. 

Através do protocolo PPP, após a autenticação do nome de usuário e senha, o dispositivo WAP recebe um número IP e está a partir daí possibilitado a acessar serviços da Internet ou intranet, através da requisição via WAP Gateway. 

5. Conclusão 

O WAP, combinado às tecnologias de agentes móveis (na parte fixa), localização de posição e reconhecimento de voz, pode ser de grande ajuda aos usuários em geral [7]. Contudo, existe a problemática da falta de conteúdo para dispositivos móveis e da rede de telefonia não estar, de modo geral, preparada para a transmissão de dados. 

Embora o padrão WAP esteja na versão 1.2, a maioria dos celulares em uso ainda utiliza a versão anterior, não possibilitando a utilização de tecnologias como push e WTAI, pelo menos por enquanto. Ainda assim, o uso do SL (service loading) push é contra-indicado devido ao carregamento de serviços sem prévio consentimento do usuário e vulnerabilidade a spams Em portadoras como a SMS é praticamente impossível evitar ataques devido ao seu funcionamento [15]. 

O uso de agentes móveis representaria a solução mais adequada, não fosse a necessidade de maior quantidade de memória e de uma máquina virtual Java instalada no celular [16]. De acordo com [17], isto é um pouco problemático, uma vez que se deve instalar a JVM e a plataforma do agente nos dispositivos. Até o presente momento, a JVM que roda em celulares (Java phones), não suporta tudo que é necessário para a plataforma de agentes móveis existente (baseada em Java). 

A implementação do SMS para envio e recebimento de mensagens pode ser feita conectando-se ao SMSC da rede da operadora, que é o elemento de rede responsável pela entrega e gerenciamento das mensagens. Ele tem uma interface em cima do SS7 para a rede da operadora e (geralmente) uma interface X.25 ou TCP/IP. Nessa interface TCP/IP abre-se uma conexão para "conversar" com a máquina utilizando algum protocolo definido pelo fabricante, como EMI/UCP, SMPP, TAPII, etc. Porém, é preciso ter acesso ilimitado à operadora para executar este processo, o que inviabiliza esta escolha. 

Existem outras alternativas ao envio de mensagens como a do acoplamento de um celular ao micro e operação via comandos AT utilizados na comunicação via modem (altamente dependente do modelo de celular), a de fazer o envio de um POST HTTP para a página da operadora e simular um envio de SMS pela mesma (sujeita a restrições da operadora), ou fazer do SMS um “Pager”: manda-se um SMS com um código de informação, com o qual o médico acessa uma URL conhecida. Então, redireciona-se, a partir do código, para as informações que deveriam ser consultadas via Wap push (dependendo da modelagem, pode apresentar restrições relativas a ética médica). 

No mais, o referido sistema também pode ser utilizado em unidades de tratamento semi-intensivas, onde não há monitoramento constante. 


Referências Bibliográficas 

[1] G. R. Mateus, A. A. F. Loureiro, Introdução à Computação Móvel – 11ª Escola de Computação - SBC, 1998. Disponível em http://www.dcc.ufmg.br/~loureiro/movel.html (05.07.2001). 

[2] A. A. F. Loureiro, G. R. Mateus, C. I.P.S. Pádua et al, Serviços em Ambientes Móveis. [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <maluta@via-rs.net> em 10.10.2001. 

[3] A. Santiago, A. Goldman, Políticas de Hand-off com Balanceamento de Carga para Computação Móvel, 2001. Disponível em www.ime.usp.br/~santiago/academic.htm (14.12.2001). 

[4] M. Endler, F. Kon, F. J.S.Silva, Desenvolvendo Software Adaptável para Computação Móvel. Proceedings of the 3rd. Brazilian Workshop on Wireless Communication and Mobile Computing (WCSF2001), Recife, PE, 2001, 93-101. Disponível em http://www-di.inf.puc-rio.br/~endler/publ.html (05.10.2001). 

[5] V. Nagamuta, M. Endler, Simulando um Protocolo para Notificação Confiável baseado em Proxies Móveis. Proceedings of the 3rd. Brazilian Workshop on Wireless Communication and Mobile Computing (WCSF2001), Recife, PE, 2001, 18-26. Disponível em http://www-di.inf.puc-rio.br/~endler/publ.html (05.10.2001). 

[6] C.Henkel, WAP – Wireless Application Protocol. São Leopoldo: Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas – Unisinos, 2001. Disponível em http://www.wapmaster.com.br/brasil/monografias/unisinos (06.11.2001). 

[7] C. Sharma, Aplicações comerciais da Internet sem fio: wireless technology. (São Paulo: Makron Books, 2001). 
[8] G. H. Forman, J. Zahorjan, The Challenges of Mobile Computing. IEEE Computer, 27(4), 1994, 38-47. Disponível em http://www-di.inf.puc-rio.br/~endler/publ.html (05.01.2002). 

[9] A. R. Lima, A.B. de Sales; C. B. Westphall, IP sem fio, PCT Motorola, 2000. Disponível em http://www.inf.ufsc.br/motorola (08.03.2002). 

[10] C. Perkins, D. Johnson, Mobility Support in IPv6, Proceedings of the Second Annual International Conference on Mobile Computing and Networking (MobiCom'96), 1996. Disponível em http://www-di.inf.puc-rio.br/~endler/publ.html (05.10.2001). 

[11] C. Arehart, N. Chidambaram, A. Homer et al, Professional WAP. (São Paulo: Makron Books, 2001). 

[12] M. Endler, F.J.S.Silva, Requisitos e Arquiteturas de Software para Computação Móvel. Proceedings of I Workshop de Sistemas de Informação Distribuídos para Agentes Móveis (WorkSIDAM), IME/USP, São Paulo, SP, 2000, 19-41. Disponível em http://www-di.inf.puc-rio.br/~endler/publ.html (05.10.2001). 

[13] L.Welling, L.Thomson, PHP e MySQL: desenvolvimento Web. (Rio de Janeiro: Editora Campus, 2001). 

[14] J.Buyens, Aprendendo MySQL e PHP. (São Paulo: Makron Books, 2002). 

[15] The International Engineering Consortium, Wireless Short Message Service (SMS), Web ProForum Tutorials, 2002. Disponível em http://www.iec.org (15.03.2002). 

[16] J. Huang, N.R.Jennings, J.Fox, An Agent-based Approach to Health Care Management. Applied Artificial Intelligence: An International Journal, v. 9, nº4, Taylor & Francis London, pp 401-420, 1995. Disponível em http:// citeseer.nj.nec.com/12304.html (22.02.2002). 

[17] G. Samaras, Móbile Agents in móbile computing. [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <maluta@via-rs.net> em 04.05.2002. 


(*) (*) A autora, Líliam Carla Gaiotto Maluta (maluta@brturbo.com é Bacharel em Informática – URI – Santo Ângelo, Professora de Informática (Ciência da Computação) e possui Mestrado em Sistemas de Informação pela UFSC.  Fluente em inglês, francês e italiano, é "webdesigner" autodidata.

(**) O orientador deste trabalho, Prof. Dr. Mauro Roisenberg (mauro@inf.ufsc.br) é Engenheiro Mecânico - UFRGS, Brasil (1988), Mestre em Ciência da Computação - CPGCC - UFRGS, Brasil (1991) e Doutor em Engenharia - Ênfase em Sistemas de Informação - GPEB - EEL - USFC, Brasil (1998). Atualmente é Professor Adjunto no Departamento de Informática e de Estatística da UFSC, Brasil. Home page: http://www.inf.ufsc.br/~mauro/  

 

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