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Pesquisa
e Projeto de uma Aplicação em Computação Móvel para |
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Autora: Líliam Carla Gaiotto Maluta |
Capítulo 2 (Cont)
2.5 Adaptabilidade a Mudanças
Segundo MATEUS (2001), o sucesso de uma aplicação em computação móvel está diretamente vinculado à adaptação, o que significa dizer que o resultado depende das condições existentes no ambiente, em um determinado instante no tempo. Sendo assim, se um ambiente apresenta baixa largura de banda e alta taxa de erro, pode-se optar por exibir apenas os dados mais relevantes e retomar o processamento normal assim que o usuário passe a acessar uma infra-estrutura de comunicação mais rápida.
A adaptação, do ponto de vista do sistema, pode ser feita através da criação e utilização de protocolos específicos para computação móvel. Neste contexto, há uma adaptação do protocolo à situação da rede, podendo haver troca de protocolos, ajustes no tamanho dos pacotes, aumento na compressão dos dados, utilização de cache durante períodos de alta conectividade, etc.
O software seja capaz de monitorar o nível de energia e ter acesso a dados da interface de comunicação sem fio; tenha a capacidade de trocar dinamicamente alguns de seus módulos e variar políticas de uso de recursos; disponibilize canais para notificação de eventos de mudança no ambiente;
Haja uma interface através da qual aplicações possam requisitar ao software do sistema alterações de modulo e/ou política;
Aplicações sejam adaptáveis a novos contextos de execução por meio de chaveamentos entre procedimentos/módulos com funções similares, mas que difiram sobre demandas de recursos locais e remotos.
2.5.1 Taxonomia das estratégias de adaptação
A adaptação pode ser vista como de inteira responsabilidade das aplicações (laissez-faire), do sistema (application-transparent adaptation) ou de ambos (application-aware adaptation) (JING 1999). Na primeira hipótese, a adaptação é de inteira responsabilidade das aplicações, evitando-se a necessidade de um sistema de suporte e ocasionando a falta de um mediador capaz de resolver incompatibilidades nas demandas e limites no uso de recursos. Sendo assim, aplicações ficam mais difíceis de serem escritas.
Em sistemas de informação móveis, dados podem variar no formato e apresentar inconsistência. Utilizando o enfoque colaborativo, a diversidade pode ser solucionada pelas aplicações, através da definição de como os dados deverão ser apresentados no cliente para que estejam consistentes à cópia de referencia armazenada no servidor. Ao sistema, fica a responsabilidade de controlar a monitoração de recursos. Entretanto, a opção de alterar as chamadas ao sistema, pode dificultar sua utilização em ambientes altamente heterogêneos, típicos da computação móvel (ENDLER, 2000b).
2.6 Protocolos e serviços
Protocolos são representativos para a execução de serviços em computação
móvel, portanto, seus projetos devem ser vistos como uma tarefa integrada.
Existem vários tipos de protocolos e serviços inseridos neste contexto,
dentre os quais o IP móvel, WAP, SMS e SMPP.
2.6.1 IP móvel
O protocolo IP usado na Internet define que cada destinatário existente em
uma rede fixa possui um identificador de endereço IP, que determina o
roteamento de pacotes a serem recebidos. Dispositivos móveis mudam de
localização durante uma comunicação, podendo possuir um endereço IP
diferente em cada ponto de acesso à rede fixa.
Apesar de todas as possíveis facilidades provenientes do uso deste protocolo, ainda faltam encontrar as devidas respostas para as seguintes questões:
Como garantir que uma mensagem de troca
de endereço físico, recebida por uma estação base, foi enviada por um
dispositivo pertencente a esta estação e não a um elemento impostor;
Como garantir que todos pacotes
enviados cheguem ao destino;
Como tratar a insegurança
proporcionada pelas redes públicas;
Como garantir a privacidade e correção
de pacotes transmitidos.
2.6.2 WAP
O
WAP (wireless application protocol) é a especificação de um conjunto
padrão de protocolos de rede e de aplicação, criado para permitir
interoperabilidade entre diversas tecnologias de comunicação sem fio (ENDLER,
2000b).
2.6.3 SMS
O SMS (Short Message Service), concebido com o objetivo inicial de substituir os sistemas de pagers alfanuméricos, foi elaborado para efetuar a transmissão de mensagens de texto, com 160 caracteres em média[9], de e para celulares, fax, máquinas (machine to machine ou M2M) e através do endereço IP (TeleCommunication Systems, 2002).
Usado inicialmente em redes GSM, como parte deste padrão, foi estendido para
TDMA, CDMA, iDEN,
NMT,
Globalstar entre outros, não estando disponível apenas para poucas redes
analógicas como a
TACS/ETACS[10].
Seu uso vem apresentando um crescimento considerável, devendo-se ao fato da
facilidade com que serviços podem ser estabelecidos, aliados ao baixo custo e
simplicidade na redação e envio de mensagens. Adicionalmente, estão
surgindo novos serviços pull ou push (solicitados ou não) (CRITICAL
PATH, 2001).
2.6.3.1 Concepções Funcionais
Em princípio, o universo SMS está dividido em duas concepções
funcionais, MO e MT. As MOs (Mobile Originations) são mensagens
originadas a partir de uma estação móvel e podem ser destinadas tanto para
dispositivos móveis, quanto para redes fixas. Aparelhos com possibilidade técnica
de enviar mensagens (Nokia "i") possuem uma flag responsável por
setar a função de pedido de leitura. Assim, quando a flag está setada, no
ato do recebimento da mensagem, o destinatário sinaliza ao originador
indicando que recebeu a mensagem. Ao abrir para leitura da mesma, ocorre outra
sinalização em direção ao originador, informando que o destino leu a
mensagem.
2.6.3.2 Eventuais problemas e/ou ataques
Job de Haas, pesquisador da empresa de segurança ITSX, demonstrou como é possível travar certos modelos de celular a partir da manipulação de mensagens curtas (SMS). As técnicas para travar um aparelho consistem em enviar uma mensagem com uma serie de 160 caracteres "." ou "-" para aparelhos com uma arquitetura GSM (padrão universal para aparelhos móveis) antiga ou uma mensagem com um cabeçalho propositalmente mal-formado (HAAS, 2001).
Em aplicações mais avançadas de comunicação via SMS, como logística e segurança patrimonial (AVL [12]/LBS), utiliza-se o modo PDU [13] (protocol data unit) para envio de dados. Nestas situações, um "attack" com SMS adulterado pode causar problemas. Supondo-se que determinado modem tenha certa vulnerabilidade quanto ao recebimento de SMS PDU mal formados e que uma certa rede de distribuição possua "vending machines" utiliza este tipo de modem, se uma lista com o número de todos modems destas maquinas cair na mão de pessoas mal intencionadas, tem-se um grave problema.
2.6.4 SMPP
O
protocolo SMPP (Short Message Peer to Peer) é um protocolo aberto,
desenvolvido pela Lógica, com o objetivo de prover uma interface de comunicação
para troca de mensagens entre uma central de mensagens, como SMSC (um
servidor SMPP), GSM USSD[14]
(um servidor USSD) ou CBC (Cell
Broadcast Centre);
uma aplicação SMS
(denominada ESME ou External Short Message Entity, um cliente SMPP)
como, por exemplo, um Proxy WAP para aplicações do tipo WAP Push (muito
utilizado no MMS - Multimídia Message Service), um sistema de Voice
Mail, para a notificação de mensagens, um servidor de E-mail; e um gateway
de mensagens, comumente chamado de RE (Routing Entity) o que pode ser
visualizado na figura 2.1. Uma RE pode emular funcionalidades tanto de uma
central de mensagens, como de uma ESME.
Em
linhas gerais, o protocolo SMPP caracteriza três principais entidades, que são
o SMSC, a ESME e a SME (Short Message Entity), sendo esta última, por
exemplo, um aparelho celular.
O sistema de MMS utiliza o SMPP para se comunicar com o SMSC para
enviar uma mensagem de Push, que faz com que o terminal "encontre o
caminho" para chegar até a figura que deve ser baixada no aparelho. Nos
casos onde o celular não suporta o serviço MMS, o MMSC (Multimídia
Message Service Center) envia uma mensagem SMPP para o SMSC, pedindo para
este enviar uma mensagem de texto normal, contendo a URL onde pode ser
visualizada a mensagem.
Nos
sistemas TDMA (ANSI-136),
o aviso de mensagem de voz é enviado pela própria plataforma de Voice Mail[15],
utilizando o MWI (Message Waiting Indicator). Nos sistemas GSM o Voice
Mail avisa o SMSC (Short Message Service Center) de que o cliente possui uma
mensagem de voz. O SMSC, por meio do protocolo SMPP, envia então um SMS
avisando o cliente que existem mensagens não lidas armazenadas. Além destas,
o SMPP suporta também as tecnologias
IS-95 (CDMA) e iDEN (SMPP Developers, 1999).
Usando o protocolo SMPP, uma
ESME (entidade externa de mensagens curtas) pode iniciar uma conexão da
camada de aplicação com um SMSC sobre uma conexão TCP/IP ou X.25 e então
enviar e receber mensagens curtas do SMSC. Uma ESME pode também examinar,
cancelar ou realocar mensagens usando SMPP.
O SMPP suporta um conjunto de funções para envio de mensagens tais como:
Transmitir mensagens de um ESME para um
ou vários destinos via SMSC;
Uma ESME pode receber mensagens via
SMSC de outra SME (estação móvel);
Examinar o status de uma mensagem
armazenada no SMSC;
Enviar uma mensagem registrada (um
recibo de entrega será devolvido pelo SMSC ao originador da mensagem);
Agendar a entrega de mensagens,
selecionando a data e a hora de entrega;
Selecionar
o modo de transmissão da mensagem,
datagrama ou store and forward;
Definir a prioridade de entrega da
mensagem;
Definir o tipo de codificação da data
da mensagem;
Setar o período de validade;
Associar um tipo de serviço a cada
mensagem (voice mail).
Com a necessidade de interoperabilidade, ou mesmo, troca de SMS entre operadoras, o SMPP (Lógica) vem sendo utilizado neste contexto. A maioria absoluta dos fabricantes de SMSC incluiu o suporte ao SMPP em suas plataformas. Cada fabricante também possui o seu protocolo nativo, como EMI/UCP (CMG), CIMD (Nokia), porém o SMPP acabou tornando-se o padrão de fato.
[7] Facilidade de uso ou ‘amigabilidade’ de uma determinada interface. Está tradicionalmente associada a: facilidade de aprendizagem, eficiência de uso, retenção, minimização de erros e satisfação (LOUREIRO, 2001).
[8] Da perspectiva de um cliente, o proxy é um servidor responsável por pegar os dados de algum lugar e os apresentar ao cliente.
[9] Esta restrição no tamanho se deve ao uso da camada de sinalização, parte do canal de comunicação.
[10] TACS (Total Access Communication System) é um padrão de comunicações analógico, para operar na freqüência de 900MHZ, utilizando 1320 canais que podem ser de voz ou controle, modulação FM e banda de 25KHZ por canal. Já o ETACS (Extended Total Access Communication System) veio acrescentar um tom SAT (Supervisory Audio Tone) em uma freqüência de 6KHz, para controle da conexão, e um tom de supervisão (ST) a uma freqüência de 8KHz.
[11] Um banco de dados usado para armazenamento e gerenciamento de subscrições e serviços.
[12]
AVL (Automatic
Vehicle Location) refere-se a
rastreamento
e localização de veículos. Existem muitos dispositivos de AVL que
utilizam o SMS em modo PDU, aproveitando-se de toda facilidade que
este
oferece para compactação de dados para comunicar posições de
veículos, informações coletadas, além de funções
de controle de travas de portas, recebimento de alarmes via botões
de pânico e envio de sirenes em situações
extremas.
[13]
O Modo
PDU, definido no
documento ETSI GSM 3.40 Digital cellular telecommunications system -
Phase2+, é muito útil quando se tem a necessidade de
enviar
dados binários, comprimidos e assim por diante.
[14]
O USSD (Unstructured Suplementary Services
Data) é uma tecnologia de transmissão de dados na rede GSM,
utilizando para isso a rede de sinalização, e que permite serviços como o
SMS e aplicações WAP, dentre outras.
[15]
A plataforma de voice mail
é um pequeno SMSC com capacidade de enviar mensagens específicas para a
notificação de mensagem. O MWI não possui um pacote de dados como um SMS,
sendo apenas mais um campo do pacote da mensagem enviado entre o Voice
Mail e a central, e repassado ao celular. Toda mensagem possui um OPC (Originator
Point Code), um DPC (Destination Point Code), que são o endereço
do Voice Mail e da central, o número de destino, o código da operação,
etc. O SMS, além destas informações possui um campo de dados onde são
inseridas a mensagem e informações como callback number e outras
disponíveis no serviço SMS.