WirelessBR |
WirelessBr é um site brasileiro, independente, sem vínculos com empresas ou organizações, sem finalidade comercial, feito por voluntários, para divulgação de tecnologia em telecomunicações | |
Por quê, como e quando migrar ao GSM (8) | ||
Autores: Eduardo Nascimento Lima e Marilson Duarte Soares |
Esta página contém 1
figura grande. Aguarde a carga se a conexão estiver lenta.
CINGULAR
WIRELESS
A Cingular, segunda maior operadora dos
Estados Unidos, cobrindo uma área com cerca de ¾ da população e
atendendo a
mais de 22 milhões de clientes (set/2002, 3GAMERICAS / www.cingular.com), possui
uma rede com
diferentes padrões: AMPS, TDMA e GSM.
A descontinuidade
do TDMA, o aumento da competição no mercado e a necessidade de ofertar novos
serviços a
preços acessíveis, entre outros fatores, fizeram a Cingular
repensar seu negócio e decidir por migrar toda a rede
para o padrão
GSM.
Considerando que o tempo de reposição médio de terminais de seus
usuários é de cerca de dois anos, a Cingular
planejou o "roll-out" de sua
rede de forma a promover uma transição suave, transparente e sem custos
adicionais
para seus clientes ou para si no tocante aos terminais, como
podemos verificar no seu cronograma de migração:
- 50% da população
coberta até o final do verão de 2002;
- todos os maiores mercados
americanos de sua área de abrangência, cobertos até o final de 2003;
-
100% da rede GSM até o final do primeiro semestre de 2004.
Segundo
declarações feitas ao mercado, pelo seu CEO, Stephen Carter (30/10/2001) e pelo
VP de Planejamento
Estratégico, Dave Williams, a decisão teve diversos
motivos:
- necessidade de unificação tecnológica, para oferecer serviços
padronizados em todo o território americano;
- o GSM ser um padrão global
dominante representando cerca de 71% dos terminais digitais no mundo;
-
possibilidade de oferecer "roaming" internacional;
- o baixo custo para
implementação da infra-estrutura, assegurado pela existência de vários
fornecedores,
bem como a possibilidade de implementação da rede com
equipamentos de diversos fabricantes;
- grande disponibilidade de
terminais, com vários fornecedores e preços mais competitivos;
- evolução
definida e assegurada que permita a oferta de serviços de terceira geração,
através da rota
GSM/GPRS/EDGE/UMTS;
- aumento da demanda por serviços
de dados, refletida em recentes pesquisas realizadas nos Estados Unidos,
apontando que em 2004, 60% dos trabalhadores norte-americanos utilizarão um
dispositivo wireless em suas atividades profissionais e até 2005, o mercado
corporativo vai dobrar seus gastos com serviços wireless
(Cahners);
- maior segurança para suportar serviços de transmissão de
dados corporativos e transações financeiras,
bem como reduzir os altos custos
causados por fraudes e clonagens de terminais.
Vários dos fatores listados
acima, somados, pesaram na escolha da Cingular pelo GSM, a fim de permitir que
ela
mantenha sua receita operacional média por usuário acima da média entre
as principais operadoras americanas.
AT&T WIRELESS
A AT&T Wireless, terceira maior
operadora nacional americana, com 17% de participação no mercado norteamericano,
atendendo a cerca de 20 milhões de usuários (set/2002, / 3GAMERICAS ,
www.attws.com), com uma rede baseada nos padrões AMPS e TDMA, por razões
semelhantes às apresentadas pela Cingular também optou por migrar sua rede ao
GSM. Abaixo apresentamos o mapa de cobertura de sua rede nos Estados Unidos e no
Canadá através de acordo de "roaming".
Em recente apresentação feita em
seminário promovido pelo 3G Américas em São Paulo (Brasil –
maio/2002),
Mike Bamburak, VP de Tecnologia, Arquitetura e Standards da
AT&T Wireless, citou a dominância da rota
GSM/GPRS/EDGE/UMTS no mercado
global, como principal motivador para a migração de sua rede, uma vez
que
isso significava:
- maiores investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento
feitos pela indústria ao redor do mundo;
- garantia de evolução
tecnológica e aumento da performance, com constantes inovações que permitam
a
oferta de novos serviços;
- menores custos de
infra-estrutura;
- maior opção de terminais e menor preço ao usuário
final;
- ampla disponibilidade de terminais, cobrindo desde os modelos
mais simples até os mais sofisticados
destinados ao mercado corporativo,
oferecendo aplicações personalizadas.
Em sua apresentação, o Sr. Bamburak
destacou que o usuário não compra tecnologia e sim terminais e
aplicações,
buscando mais opções e menor preço; sumarizando seu raciocínio com a frase:
"GSM, the Global
Standard, is also the Gold Standard".
Semelhante
raciocínio temos visto em outras operadoras e países nas Américas como: CTE (El
Salvador); Entel
Móvil (Bolívia); TelCel (México); Telecom Personal
(Argentina); Rogers (Canadá), etc.
Como migrar a rede atual para o GSM
Podem-se observar vários casos de
migração (overlay) ao redor do mundo e principalmente nas Américas, onde
os
sistemas TDMA e CDMA eram maioria. Cada caso de migração vai estar ligado à
estratégia da operadora e
como a mesma vai oferecer aos seus clientes os
novos e velhos serviços.
Não podemos negar a coexistência das duas redes
por um certo tempo, sendo isto fundamental para as
operadoras, pois seus
usuários não vão migrar de uma tecnologia para outra no dia seguinte da
implantação da
nova rede GSM, nem a operadora vai assumir a troca dos
celulares de todos os seus usuários como forma de
investimento.
Claro
que planos de incentivos visando uma migração mais rápida, se torna importante
para que a operadora
possa minimizar seus gastos com manutenção da antiga
rede, intensificando seus investimentos na cobertura e
nos novos serviços da
nova rede.
Na parte técnica, várias formas de trabalhar o assunto podem
aparecer, sendo necessária uma análise caso a
caso.
Figura 15 – Migrar rede atual usando infra-estrutura existente
Um dos pontos que merecem atenção é a
reutilização das BTS (ERB) para a nova cobertura em GSM. Como no
caso
brasileiro teremos o GSM operando na faixa de 1.800 MHz e os sistemas TDMA e
CDMA operando em
800MHz, a utilização de antenas para cada sistema, deve
merecer uma atenção especial, pois garantiríamos a
área de cobertura da
antiga rede e poderíamos otimizar a área de cobertura da nova rede, com
utilizações de "tilt" para cada antena.
O emprego de antenas com as duas
bandas não parece ser uma boa alternativa, pois uma antena comercial
que
trabalha nas duas faixas de freqüências possui o dobro do tamanho da
antena atualmente instalada na torre e
operando em 800 MHz. A construção
dessa antena de dupla faixa é feita juntando-se duas antenas em uma
mesma
estrutura, mas mantendo o tamanho das duas individuais, ou seja, sem redução
física final.
A grande discussão passa a girar na reutilização do cabo de
RF, pois através dos "duplexadores" podemos
separar o sinal de 800 MHz e
1.800MHz na entrada das antenas e na entrada de cada BTS. É importante avaliar o
preço dos "duplexadores" para decidir sobre a compra ou não de um outro cabo de
RF. Avaliações rápidas nos
levam a concluir que se houver espaço para passar
um novo cabo na esteira e na torre, o mesmo deve ser
lançado quando seu
comprimento não ultrapassar 40 metros. Caso a distância seja maior que 40
metros, o
emprego do "duplexador" começa a ser
interessante.
Acordos de "roaming" com as operadoras que já operam o GSM
no país, passam a ser um fator importante para
diminuir as necessidades
iniciais de investimentos na área de cobertura, sendo a ampliação da cobertura
na nova
tecnologia um passo que deve ser avaliado como estratégico.
Conclusões
Depois de termos analisado a evolução do
mercado de comunicações móveis ao redor do mundo, fica agora mais
fácil
compreender a afirmação feita na introdução de que – "Nesta nova aldeia global
não há espaço para
aventuras irresponsáveis, nem tão pouco para soluções
isolacionistas."
Após observarmos os fatos que estão ocorrendo no mercado
móvel de vários países em diferentes regiões
mundo, onde se instalou a
competição entre operadoras utilizando diferentes padrões tecnológicos, notamos
a
mesma tendência de sucesso das operadoras que adotaram o GSM, mesmo
entrando com atraso no mercado, e
as demais, tornando-se seguidoras da nova e
ameaçadora líder.
Diante de tudo que foi apresentado, a questão da
migração à rota GSM/GPRS/EDGE/UMTS não mais existe. questão é quando
migrar.
O maior bem de uma operadora móvel é sua base de usuários. Neste
ponto, reconhecendo a enorme
competitividade existente no mercado móvel
e reportando aos diversos casos internacionais apresenta
anteriormente, podemos aconselhar que quanto antes ocorrer a
migração melhor. Observando o que está se
repetindo no Brasil, fica
claro que quanto mais tempo as operadoras adiarem sua migração, maiores serão
suas
perdas.
Segundo André Gadelha, analista financeiro do Banco
Pactual, com a entrada em cena da Oi e TIM, utilizando o
padrão GSM, as
operadoras TDMA brasileiras terão de rever sua posição de postergar a migração
de suas redes;
pois se elas se limitarem à oferta de serviços de voz, correm
o risco de perder a guerra.(5)
(5) Overlay de redes TDMA deve movimentar mais de US$ 2 bilhões, World Telecom, São Paulo, 19/09/02
Glossário
AMPS – Advance Móbile Phone System;
C450 – Sistema analógico inicialmente implementado em 1981na Suécia, Noruega, Finlândia e Dinamarca;
Banda A –
faixa de freqüência, em torno de 800MHz (824MHz – 835MHz e 845MHz – 846,5 MHz em
Uplink &
869MHz – 880 MHz e 890MHz até 891,5 MHz em Downlink), utilizada
pelas primeiras operadoras móveis no
Brasil (SMC);
Banda B – faixa de freqüência, em torno de 800MHz (835MHz – 845MHz e 846,5MHz – 849 MHz em Uplink &880MHz – 890 MHz e 891,5MHz até 894 MHz em Downlink), utilizada pelas operadoras móveis que entraram no Brasil após o leilão de 1997;
Banda C – faixa de freqüência, em torno de 1800MHz (1,725 GHz - 1,74 GHz – Uplink & 1,82 GHz – 1,835 GHz –Downlink), disponibilizada para operação do Serviço Móvel Pessoal;
Banda D – faixa de freqüência, em torno de 1800MHz( 1,71 GHz- 1,725 GHz – Uplink & 1,805 GHz – 1,82 GHz –Downlink), disponibilizada para operação do Serviço Móvel Pessoal;
Banda E – faixa de freqüência, em torno de 1800MHz (1,74 GHz- 1,755GHz – Uplink & 1,835 GHz – 1,85 GHz –Downlink), disponibilizada para operação do Serviço Móvel Pessoal;
BTS – Base Transceiver Station;
CAGR – Compound Annual Growth Rate;
CDMA – Code Division Multiple Access, interface aérea adotada pelo sistema de comunicações móveis IS-95;CDMA2000 – Nome comercial recentemente adotado pelo sistema IS-95 para definir sua rota evolutiva à terceira de serviços móveis;
GSM – Global System for Mobile Communications;
GPRS – General Packed Radio Services – 2,5 geração do GSM;
EDGE – Enhanced Data rates for GSM Evolution- 2,5 geração do GSM;
TDMA – Time Division Multiple Access;
WCDMA –
Wide-band Code Division Multiple Access, interface aérea aberta adotada pelo
Sistema UMTS para
transmissão FDD;
1xRTT – Radio
Transmission Technology com uma portadora de 1,25MHz, usado para implementar
transmissão
de dados por pacotes no sistema CDMA, colocando suas redes na 2,5
geração;
1 xEVDO – Enhanced Voice Data Only;
1 xEVDV – Enhanced Voice Data and Voice;
3 x –
Evolução da transmissão de dados do 1xRTT com a utilização de três portadoras
1,25MHz, chegando a uma
largura de 5MHz devido a banda de guarda. Essa
evolução disponibiliza a terceira geração no CDMA.
PDC –
Personal Digital Cellular, Sistema de comunicações móvel digital e implementado
no Japão para segunda
geração;
NMT – Nomad
Mobile Telephone, sistema analógico de comunicações móveis operando na faixa de
450MHz,
utilizado na Europa, África e Rússia;
TACS – Total
Access Communication System, Sistema de comunicação móvel analógico desenvolvido
a partir do
AMPS e adotado no Reino Unido;
HCMTS – High
Capacity Mobile Telephone System, sistema analógico de comunicações móveis
desenvolvido e
implantado no Japão;
PWT – – Personal Wireless Telecommunication, sistema microcelular digital desenvolvido para o mercado norteamericano, baseado do padrão DECT (Digital Enhanced Cordless Telecommunications);