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WiMAX: A PROMISSORA FATIA |
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Autor: Pedro Zanetti (*) |
WiMAX: A PROMISSORA FATIA
Felizmente, um novo ciclo tecnológico: segundo Schumpeter, “cada início de ciclo estimula investimentos e faz expandir a economia”. O WiMAX vem para reanimar as telecomunicações e não é à toa que , mais ou menos efusivos, fabricantes e operadoras começam a conversar sério a respeito do broadband wireless.
O primeiro passo é o do convencimento: a disponibilização do serviço deve obedecer a um plano de negócios em que o “produto” oferecido seja exaustivamente questionado. Assim, minimizam-se os efeitos inesperados que uma implantação imatura possa trazer. Mas os bastidores do WiMAX estão ampliando os laboratórios que antecedem os lançamentos no Brasil e as degustações da tecnologia são reais, a exemplo do que fez a Ásia com o seu WiMAX, ou “WiBro”, como batizado por lá.
Antes de tudo há que se responder a essas perguntas: em que exatamente consistirá o serviço a ser ofertado pelo WiMAX? Em que ganha o usuário? Se as operadoras conseguirem responder a essas questões de forma sucinta, terão altas chances de abocanhar uma fatia do mercado ávida pela internet mais rápida. E é exatamente essa lacuna no fornecimento de taxas decentes para a transmissão de dados que determina a longevidade dos serviços WiMAX.
Contudo, não há espaço para se pensar pequeno num país onde um expressivo e potencial público de internet ainda tem acesso restrito à rede mundial. A cada dia esse público descobre a interação digital como uma das poucas e democráticas opções de entretenimento. Sem falar em áreas comerciais , surpreendentemente servidas por taxas pífias e, pasmemos , dial ups! Isso já justifica o lançamento da cobertura WiMAX , que não vem com a pretensão de oferecer algo completamente novo mas, sim , de melhorar sobremaneira nosso convívio com computadores, palm tops e dispositivos afins.
A partir dessas conclusões, o resto é mesmo exercício negocial: dados de mercado , atualizações sobre os usuários potenciais , cronogramas, canais de distribuição do serviço, estratégias de comunicação e propaganda, demonstrações da tecnologia. Sem deixar de pensar nos desafios intrínsecos ao novo serviço: qualificação da mão de obra e fidelização do cliente que, por exemplo, poderá experimentar 15 Mbps de velocidade de download em seu PDA enquanto se movimenta de casa para o trabalho ( há que se lembrar de algumas aplicações em que é prometida taxa próxima dos 70 Mbps para ambientes móveis). Essa versatilidade do WiMAX em poder entregar diferentes taxas para distintos usuários, também conhecida como QoS – ou “quality of service” - constitui-se, evidentemente, num forte apelo dos modelos de segmentação para a oferta de serviços.
Os passos finais nessa análise enfatizam a competição. Não será difícil perceber a mencionada diferenciação na oferta dos serviços WiMAX frente à concorrência. O mercado brinda as oportunidades de entrada para os fornecedores de broadband wireless. As feiras de telecomunicações ao redor do mundo exercitam a famosa “ tangibilização”, mostrando como o usuário “sentirá” o impacto de trabalhar com altas taxas de dados num mundo cada vez mais on line.
Não existe nada de tão novo nessa análise, todos esses passos estão literalmente previstos pelos grandes gurus do marketing moderno. Seguir ou não um roteiro organizado para a introdução do WiMAX determina mais ou menos margem de erro no plano de negócios. E, sobretudo, mais ou menos “bolhas“ estourando sobre nossas cabeças...
(*) Pedro Zanetti
é Engenheiro
de Telecomunicações, sendo essa sua área de trabalho há,
aproximadamente, 15 anos. Hoje é responsável pela gerência sênior de
projetos e programas para a América Latina na LCC do Brasil.