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Um estudo sobre
SMS: |
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Autor:
Luiz Hamilton Ribeiro Leite Soares |
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1. SMS (Short Message
Service)
Inicialmente, as mensagens de texto eram trocadas apenas entre celulares, para
comunicação pessoal. Mas esta facilidade permitiu dar uma maior
interatividade em aplicações e serviços que já existiam e ainda ofereceu a
oportunidade de se criar novos serviços de valor agregado. As operadoras,
para sobreviverem neste mercado competitivo de comunicação sem fio, têm que
oferecer aos assinantes os recursos e funcionalidade que ajudam a fazer
sucesso.
O faturamento das operadoras vem crescendo com um maior número de assinantes
de serviços SMS, de propagandas e de desenvolvedores de aplicações e
provedores de conteúdo.
De acordo com o relatório European SMS Guide, em abril de 2002, o número de
mensagens SMS enviadas no mundo todo ultrapassou a margem de 1 bilhão de
mensagens por dia. Esta marca é 6 vezes maior do que no ano de 2000. O mesmo
relatório afirma que 6 a cada 10 europeus utilizam SMS para comunicação
pessoal. Estes dados provam a utilidade do serviço de mensagens curtas.
Além dos serviços SMS darem mais comodidade aos clientes e cortarem custos
para as empresas, ele se mostrou útil para pessoas com deficiência auditiva
ou na fala. [1] Na Austrália, existe um "lobby" da comunidade dos
deficientes auditivos para que a indústria wireless permita um maior uso de
SMS, porque para alguns surdos, o único meio de comunicação é o texto
quando eles estão fora do seu ambiente de trabalho ou da sua casa. Eles pedem
planos mais baratos, a serviços especiais e celulares especializados em
mandar e receber mensagens, com mensagens de socorro padronizadas. Eles também
estão lutando junto com a ACE (Australian Communication Exchange) para que se
crie um serviço de emergência baseado em mensagens SMS. Uma pessoa pode
enviar uma SMS para um número específico pedindo ajuda; esta mensagem será
convertida em voz para uma central da polícia ou do corpo de bombeiros, e um
profissional treinado irá responder via SMS o pedido enquanto o socorro não
chega até à vítima. Atualmente tal sistema não é confiável porque a
mensagem SMS é um serviço store and forward, e portanto não é um sistema
de tempo real como uma ligação telefônica. Além disso, não se pode ter
certeza que a mensagem foi ou não recebida com sucesso. Ao contrário de uma
chamada telefônica, uma mensagem SMS não utiliza conexão direta. A entrega
de uma mensagem demora [2] entre 0.5s a 2.0s, mas atrasos podem ocorrer por
causa de congestionamento no SMSC.
2. Short Code
Os serviços SMS comunicam-se com as operadoras de telefonia móvel através
de uma large account ou short code. Para exemplificar, pode-se citar a Telemig
Celular, que tem um número específico para suas aplicações via SMS, que é
o número 500. Se o cliente desta operadora enviar uma mensagem em branco
através de um celular para o número 500, o usuário receberá um menu com
instruções de como acessar os serviços disponíveis.
Short codes são números que podem ter 1 ou 20 dígitos. Eles permitem
redirecionar uma requisição para uma aplicação que esteja dentro ou fora
da rede da operadora.
As operadoras podem oferecer hoje 2 tipos de short codes:
- Destination Short Codes:
A requisição de um serviço SMS é direcionado de acordo com o endereço de
destino da mensagem original.
- Embedded Short Codes:
A operadora utiliza um short code para todas as suas aplicações SMS. A
aplicação destino é identificada pelo corpo da mensagem. Geralmente, é
identificada pela primeira palavra da mensagem.
O short code é importante porque permite que os usuários das operadoras
utilizem facilmente serviços e aplicações com valores agregados. Também
permite um aumento das receitas das operadoras, com cobranças diferenciadas
de cada serviço SMS.
O problema que se cria é que o usuário vai querer sempre, é claro, usar o
mesmo número quando desejar usar uma aplicação, até quando estiver em
roam, ou seja, fora da área de cobertura da sua operadora de origem. Nesse
caso, se houver um contrato entre as duas operadoras, se o ESME (External
Short Message Entity) estiver conectado com a operadora, poder-se-ia usar o
serviço. Mas não se pode garantir que o mesmo short code vai ser utilizado.
Isto cria vários entraves, pois há um custo em fechar contratos com todas as
operadoras, conectar o ESME com todas e, ainda por cima, divulgar
constantemente diferentes short codes e esperar que o cliente memorize todos
os números.
As empresas esperam ter um short code de um serviço SMS ligado a sua marca.
Se esse número for fácil de ser memorizado, será mais utilizado.
Além disso, o uso de short codes diferentes para a mesma aplicação ou marca
é caro para o mercado, por causa dos custos de divulgação em rádio,
televisão, "outdoors" ou até mesmo no produto da empresa.
Há vários assuntos a serem estudados nessa área, como desenvolver e dar
suporte nas mensagens entre as operadoras, quantos short codes podem ser
suportados pelas operadoras, qual é a limitação numérica, se deve ou não
ser criado uma entidade que irá padronizar os short codes e como vai ser
feita a cobrança dos serviços SMS.
Em 2002 e até hoje existe o seguinte cenário, que é diferente em cada país:
- Alemanha: Cada ESME tem que negociar separadamente com cada operadora.
- Inglaterra: As operadoras cooperam entre si e estão discutindo um plano
nacional de Padronização de short codes.
- Irlanda: Existe um órgão regulador (ODTR) que administra nacionalmente os
short codes.
- Austrália: Discussão iniciada pela ACA entre as diversas operadoras. Ainda
não há um consenso.
No Brasil não existe discussão nacional sobre o assunto. Cada aplicação
SMS tem que negociar individualmente com cada operadora e reservar o mesmo
short code em cada operadora. O gerenciamento de um short code é feito apenas
pela operadora. Não há um órgão ou um contrato ou uma agência que regule
esses códigos.
Isto ocorre porque não há um plano ou um esquema de numeração universal.
Alguns países estão implementando padronizações, inclusive entre eles
mesmos. E algumas empresas já estão tentando realizar um padronização, mas
cada empresa e país oferece uma solução e ainda não há uma uniformidade.
Um grupo de pesquisadores (www.smsforum.net) está desde junho de 2002
discutindo a falta de padronização e tentando resolver este entrave. Ainda não
há uma solução tangível, mas com o recente lançamento de um novo
protocolo, o SMPP 5.0, que permite facilidades de conectar SMSCs de diferentes
operadoras, a padronização está criando sua base técnica, e portanto vai
ficar faltando apenas acordos e intenções de se usar um padrão.
3. Planos de Numeração
Onde já existe uma discussão sobre a padronização de short codes, o
problema encontrado é definir uma faixa de números. [5] Alguns acham que
devem ser usados 4 dígitos, para ficar fácil para o cliente lembrar o número
da aplicação. Mas essa abordagem tem a desvantagem de poder-se esgotar
rapidamente as possibilidades de numeração. A possibilidade mais viável
seria uma mistura de 5 e 6 dígitos. Há pessoas que defendem a faixa de 10 dígitos.
Mas os críticos argumentam que vai ficar complicado para os usuários
lembrarem de um número tão grande. E se for mesclado uma numeração entre 6
e 10 dígitos, dizem que haverá uma maior confusão por parte dos usuários.
Além desse problema, existe o da cobrança. De quem e como será cobrado o
uso do serviço?
Na Austrália, short codes que começam com "19" são serviços que
serão cobrados. Há uma faixa reservada para aplicações que o usuário irá
pagar ao usar os serviços e uma faixa onde os serviços são gratuitos.
Geralmente são os serviços oferecidos pela própria operadora, como suporte
aos seus assinantes.
4. Problemas no Serviço
de SMS
Uma questão que surgiu durante a pesquisa é se a padronização dos short
code vai ser deixado para ser feita nos celulares 2,5G/3G.
Hoje, na Europa, o Marketing via SMS está desapontando. O serviço demora a
ser desenvolvido e custa caro, tanto para colocar no ar e testá-lo. E não é
fácil conseguir conexão com as Operadoras de Telefonia Móvel. Além disso,
é muito difícil administrar as cobranças junto aos clientes.
Mas existem alguns casos de sucesso na Europa com short codes, como já foi
citado. Com uma coordenação entre as operadoras e com um suporte das
agencias reguladoras de telecomunicações, conseguiu chegar-se a um plano de
numeração. E, dependendo do número, uma faixa de preço é cobrada.
O SMSC da Logica tem várias funcionalidades, mas a mais importante é que ela
vai poder oferecer um meio de lembrar aos clientes os short codes num menu,
que pode estar no cartão SIM (subscriber identity module) de um telefone
2,5G.
O substituto do SMS promete ser o MMS(Multimedia Message Service), que se propõe
a "... oferecer aos usuários enviar e receber mensagens utilizando todos
os tipos de mídia disponível, como texto, imagem, áudio e vídeo, ao mesmo
tempo..."[6] . Mas este serviço pode não ser tão utilizado quanto o
SMS, porque ele requer aparelhos mais caros e a tarifa de utilização também
é mais alta.
5. Protocolos para os
Serviços de SMS
O serviço de SMS utiliza basicamente 5 tipos de protocolos:
- SMPP (Short Message Peer to Peer, SMSForum atualmente)
- CIMD (Computer Interface to Message Distribution, Nokia)
- EMI/UCP (External Machine Interface / Universal Computer Protocol, CMG)
- OIS (Open Interface Specification, SEMA)
- CAPII (Computer Access Protocol II, Ericson)
Existem pequenas diferenças nas funcionalidades destes protocolos, mas a
maneira de converter caracteres é bem diferente. Suportar todos esses
protocolos é uma tarefa difícil e cara para as operadoras. Existem gateways
que interagem com alguns ou todos os protocolos SMS. Mas não há um padrão
de como isto é feito.
O protocolo mais utilizado é o SMPP, que é um padrão aberto da indústria
sem fio e tem uma interface que provê de forma flexível a troca de dados
entre RE(Routing Entities), ESME e qualquer outro tipo de Message Center [8]
6. Histórico do SMPP
A primeira versão, chamada de SMPP V1.0, de 1991, começou numa empresa pouco
conhecida, a Aldiscon, sediada em Dublin, Irlanda. Ela competiu com sucesso
contra grandes empresas de telecomunicações, como Nortel, Lucent, Ericsson,
Nokia, Motorola e ganhou uma parcela significativa do mercado de SMS.
Em 1994 lançou a V3.0. Depois de algumas revisões e correções, em 1996 lançou-se
a V3.3.
Em 1997 foi lançado uma versão independente e específica para o Japão, que
introduziu alguns parâmetros opcionais, referências da mensagem do usuário
e a opção de outbind. Esta versão é 4.0 do SMPP e a Lógica é a única
proprietária.
A versão 3.4 foi lançada em 1999 pela SMS Fórum e foi baseada na versão
3.3. As diferenças básicas são a retirada de 3 operações e das mensagens
de erros específicas de cada SMSC. Além disso, acrescentou-se a opção de
outbind, a possibilidade de parâmetros opcionais e de poder enviar datagramas
na mensagem.
A versão mais recente é a 5.0 e será tratada no próximo item.
7. SMPP 5.0
Fonte: SMSForum
A versão 5.0 do SMPP foi lançada
no dia 20 de fevereiro de 2003 com várias funcionalidades inovadoras e que
deram uma maior flexibilidade ao protocolo.
A nova versão traz como principal melhoria a facilidade de poder enviar mais
facilmente mensagens SMS entre as diferentes operadoras, porque suporta números
identificadores de mensagens únicos e uma maior portabilidade de números.
Também apresenta a possibilidade de associar informações de cobranças (billing)
na mensagem, parâmetros de controle e um maior número de códigos de erros.
Outra importante novidade é a operação de cell broadcast. Este comando
permite que se envie uma ou mais mensagens para uma ou mais regiões geográficas.
Esta operação só é permitida para CBC (Cell Broadcast Centres) ou para
SMSCs que estejam integrados com um CBC.
Também foi acrescentado um campo opcional (congestion_state) que é usado
para passar informações sobre o nível de congestionamento. Este campo é
passado junto com o PDU (Protocol Data Unit) de resposta do SMSC e informa se
está ocioso, com carga baixa, carga média, carga alta, perto de ficar
congestionado ou se já está congestionado para o ESME.
Novos tipos de erros foram acrescentados. Estes erros ajudam a solucionar
falhas de comunicação, porque informa se o tipo de serviço que está sendo
acessado não está respondendo porque não está disponível, o usuário não
tem permissão de acesso ou que foi simplesmente negado. Outro erro que é útil
para os desenvolvedores é o que informa ao ESME que a operação que ele está
tentando executar é válida, mas é proibida.
Uma das novidades mais significativas é um campo opcional que identifica o
formato da cobrança que será feita para aquela mensagem enviada para o SMSC
e que contém as informações necessárias para que ela seja feita.
E a outra inovação foi de colocar campos adicionais que ajudam a identificar
a origem e destino da mensagem SMS e que dão uma maior portabilidade nos números.
Com estes campos, o envio de mensagens entre operadoras fica mais simples,
mesmo se elas não forem do mesmo país.
Concluindo, temos que hoje, mesmo sem uma padronização dos serviços de
mensagens SMS, o uso destas aplicações cresce a cada dia e se mostrou que
ainda tem um grande potencial a ser explorado.
Ainda existem poucas aplicações SMS no Brasil. Mas as operadoras de
telefonia móvel estão disponibilizando aos poucos mais serviços SMS. E cada
serviço disponibilizado tem se tornado útil e popular entre os seus usuários
e no meio corporativo.
8. Conclusão
Com este estudo, esperamos promover uma discussão nacional e conscientizar as
operadoras e usuários que é preciso padronizar o serviço de SMS. Além
disso espera-se contribuir para um maior avanço da disseminação dos serviços
de mensagens SMS no Brasil.
Acredita-se que a padronização irá trazer benefícios, pois vai permitir
que as aplicações SMS sejam mais fáceis de se desenvolverem e como conseqüência,
um maior número de aplicações serão criadas, os assinantes terão mais
serviços disponíveis, ficando portanto mais satisfeitos, e as operadoras terão
uma nova fonte de receita e poderão assim tornar seus clientes mais fiéis.
9. Referência
Bibliográfica:
[1] Australian SMS emergency services a no-go. Disponível em http://www.zdnet.com.au/newstech/communications/story/0,2000024993,20263182,00.htm
[2] European SMS Guide. Disponível
em http://www.gsmworld.com/technology/index.shtml
[3] GSM Technology - SMS. Disponível em http://www.gsmworld.com/technology/sms/intro.shtml
[4] GARG, Vijay Kumar. Applications of CDMA in Wireless/Personal
Communications. Prentice Hall. 1997.
[5] HANNAN, Scott. Options for numbering of short message services (SMS) in
Australia. Mobileway Australia. 2002.
[6] SILVA, Heron Vilela de Oliveira. Redes de Alta Velocidade - Protocolos
para Mobile Multimedia. PUC - RJ.
[7] Short Message Peer to Peer Interface Specification version 3.4.
[8] Short Message Peer to Peer Protocol Specification version 5.0.
(*) Sobre os autores:
Luiz Hamilton Ribeiro Leite Soares é aluno de Ciência da Computação da
Universidade Federal de Minas Gerais. Trabalha com SMS, mais especificamente o
protocolo SMPP, desde outubro de 2002. Maiores detalhes em
www.dcc.ufmg.br/~hamilton.
Carlos Camarão de Figueiredo é professor de Linguagem de Programação
do Curso de Ciência da Computação desde 1995, maiores detalhes em www.dcc.ufmg.br/~camarao.