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Dezembro 2008               Índice Geral do BLOCO

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30/12/08

• "O espectro de freqüência para os serviços de banda larga" (II): - Matéria do site da Telebrasil: "Por que a pressão para mais espectro para a 3G é inevitável"

----- Original Message -----
From: Helio Rosa
To: Celld-group@yahoogrupos.com.br ; wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Sunday, December 21, 2008 6:13 PM
Subject: O espectro de freqüência para os serviços de banda larga" (II): "Por que a pressão para mais espectro para a 3G é inevitável"
 
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!

Leituras de "Festas"!  :-)
 
Ainda sobre a visita ao site da Telebrasil.
 
(...) Espectro é, para o mundo celular, o que a rodovia representa para o transporte automotivo.
O XXII Seminário da Associação Brasileira de Direito de Informática e Telecomunicações – ABDI –, realizado  pela Netwok Eventos, discutiu em uma de suas sessões, em 2 de dezembro, no Hotel Gran Mercure, em São Paulo (SP), "O espectro de freqüência para os serviços de banda larga". (...)
 
Aqui está o "post" anterior:
21/12/08
"O espectro de freqüência para os serviços de banda larga" (I) - Matéria do site da Telebrasil - Associação Brasileira de Telecomunicações
"...depoimentos de Ari Sundfeld (Sundfeld Advogados), Tula Peters (Claro) e Maximiliano Martinhão (Anatel)".
 
Transcrição abaixo:
[18/12/08]   futuro do espectro no Brasil: como atender às necessidades do espectro para novos serviços? – II

"Saiba com Newton Scartezini por que a pressão para mais espectro para a 3G é inevitável.
O consultor e professor Newton Scartezini (ex-Nortel), engenheiro eletrônico (1970) e mestre em sistemas (1974), com longa e profícua carreira no setor de telecomunicações (Tess, Monytel, Matec-Ericson, Abinee), abordou o "Planejamento do Espectro para Banda Larga", mostrando quê:
1) vai ser necessário mais espectro para expandir o 3G; e
2) quais as perspectivas para obter esse espectro, deslocando outros serviços".
 
Boa leitura!
Boas Festas! Ótimo 2009!
Um abraço cordial
Helio Rosa
 
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Fonte: Telebrasil
[18/12/08]   futuro do espectro no Brasil: como atender às necessidades do espectro para novos serviços? – II
 
Conceitos iniciais
 
Do ponto de vista teórico, na governança do espectro de freqüência - este é o campo eletromagnético em que estamos mergulhados e de que não nos damos conta - nada impede licenciar uma parte do espectro para qualquer tipo de serviço.
Na prática, a implementação de serviços rentáveis utilizando o espectro, valorizou sua utilização.
O licenciamento de faixas de freqüências em leilões passou a atingir valores elevados.
 
A governança do espectro de freqüências, um bem escasso, sempre foi um exemplo de cooperação geopolítica.
A primeira conferência internacional sobre o compartilhamento do espectro radioelétrico é de 1903.
Em 2000, ocorreu a Conferência Mundial de Rádio (WRC-2000) da UIT (União Internacional de Telecomunicações), que recomendou faixas de freqüências para o IMT-2000 (International Mobile Telecommunications).
Sete anos mais tarde, uma nova Conferência Mundial Rádio (WRC-2007), também em Genebra (Suíça), fez recomendações adicionais.
 
O que é o IMT-2000?
É um modelo que tem tudo a ver com a comunicação móvel celular.
Historicamente, o FPLMS (Future Public Land Mobile Telecommunication Systems) antecedeu o IMT-2000. Ambos modelos se destinaram a "prover comunicações móveis de terceira geração em qualquer lugar e momento, por volta do ano 2000".
Foi um esforço ciclópico da UIT para unificar e padronizar mundialmente uns poucos padrões tecnológicos compatíveis que dessem conta das telecomunicações móveis digitais de terceira geração em todo o planeta.
 
Um pouco de siglas: candidataram-se ao IMT-2000 os sistemas europeu
- UMTS (Universal Mobile Telecommunications System) ou WCDMA (wideband CDMA) e herdeiro do GSM/GPRS;
- o norte-americano CDMA 1x EVDO (code division multiple access, evolution data only) herdeiro do CDMA (interface IS-95); e
- o nipônico Arib (Association of Radio Industries and Business).
 
A título de lembrete,
- a primeira geração celular (1G) foi analógica (com diversas tecnologias),
- a segunda geração (2G) foi digital narrow band (com o domínio do GSM europeu) e
- a terceira geração (3G), também digital, é para faixa larga (sinônimo de mais espectro).
Já se fala na quarta geração (4G) IMT-Advanced (com a LTE - long term evolution).
 
As faixas do IMT-2000 (banda larga)
 
As faixas de freqüências recomendadas para o IMT-2000 - abrange os sistemas de terceira geração (3G) para banda larga - e o advanced pela Conferência WRC-2000 da UIT foram as seguintes:
 
806 - 960 MHz
1.710 - 2.015 MHz
2.100 - 2.200 MHz
2.500 - 2.690 MHz (TV por assinatura MMDS)
 
As faixas de freqüências recomendadas, em subseqüente conferência da UIT, pela WRC-2007 foram as seguintes:
 
450 - 470 MHz
698 - 806 MHz (para tevê analógica que no Brasil vai até 2016)
2.300 - 2.400 MHz (Brasil não a utiliza para o celular)
3.400 - 3.690 MHz (Serviço Comunicação Multimídia, dados fixos)
 
Para satélites:
 
1.518 - 1.525 MHz/1.668 - 1.675 MHz
 
- Se o espectro não é a informação em si por que a UIT reservaria para as telecomunicações celulares tanta banda de freqüência"? - indagou Newton Scartezini.
O fenômeno reflete o grande sucesso mundial da comunicação celular no mundo, cujos números surpreendem.
De acordo com dados de 2008, são 3,6 bilhões de celulares no mundo (o Brasil tem 144 milhões ou 4%) e já existem 203 redes de terceira de geração (3G) em banda larga disseminadas por 31 países.
 
Os serviços móveis de banda larga, com cerca de 7,2 Mbit/s por terminal, vão precisar de muita banda.
A universalização da banda larga - o sonho de todo o mundo ter acesso a produtos multimídia de voz, dados e imagem - vai ocorrer pelo barateamento do acesso e dos dispositivos terminais, cujos custos unitários vão cair devido ao alto volume.
 
Um "déficit" da 450 MHz até 2005
 
A Anatel estimou em pouco mais de 800 MHz a necessidade total de espectro para o SMP (Serviço Móvel Pessoal) até 2015.
Como hoje o serviço móvel (3G) só possui 380 MHz alocados, um total de 450 MHz adicionais terão que ser encontrados e leiloados.
A UIT, em seu planejamento para 2015, previu 1.25 GHz de espectro para abrigar o serviço móvel de terceira geração.
 
Faixa de 2.500 - 2.690 MHz: atribuí-la ao SMP
 
Newton Scartezini analisou com cuidado a faixa de 2.5 GHz a 2.69 GHz utilizada para as telecomunicações móveis e que goza de neutralidade tecnológica.
A alocação dessa faixa no Brasil pela Anatel e na UIT/Citel (Comissão Interamericana de Telecomunicações) diferem.
 
Alocação da faixa 2.500 - 2.690 MHz no Brasil:
 
2.500 - 2.530 MHz (MMDS e SCM - Serviço de Comunicação Multimídia)
2.530 - 2.570 MHz (MMDS - Multimode Multifrequency Distribution System)
2.570 - 2.620 MHz (MMDS e SCM)
2.620 - 2.650 MHz (MMDS)
2.650 - 2.690 MHz (MMDS)
 
Segundo comentou Newton Scartezini, é altamente recomendável que a faixa de 2.500 - 2.690 MHz seja toda ela alocada ao Serviço Móvel Pessoal (SMP), acompanhando o alinhamento global da UIT.
A faixa teve um uso pouco eficiente do SCM e do MMDS.
O serviço MMDS - distribuição de sinais de televisão por assinatura por microondas -, presente em 206 municípios e representando 6,2% dos usuários de televisão por assinatura, pouco evoluiu (382 mil acessos) em 10 anos.
 
Alocação da faixa 2.500 - 2.690 MHz pela UIT/Citel:
 
2.500 - 2.570 MHz (IMT FDD)
2.570 - 2.620 MHz (IMT TDD)
2.620 - 2.690 MHz (IMT FDD)
 
A faixa é atribuída ao IMT (International Mobile Telecommunication) nas suas modalidades FDD (frequency division duplex uplink e downlink) e TDD (time division duplex).
 
Faixa de 3.400 - 3.600 MHz: atribuí-la ao SMP
 
A faixa de 3.400 - 3.600 MHz está atualmente alocada em caráter primário para
- o SCM (Serviço de Comunicação Multimídia) e para
- o STFC (Serviço de Telefonia Fixa Comutada).
 
A faixa foi leiloada em fevereiro de 2003, com licenciamentos atribuídos apenas ao bloco A (a faixa foi dividida em 56 pares de blocos de 1.75 MHz cada).
Cinco empresas (Embratel, Brasil Telecom, Sinos, DirectNet, WKVE) adquiriram freqüências para uso em tecnologia Wi-Max.
 
Em novembro de 2008, a Anatel abriu a Consulta Pública nº 54 com a proposta de atribuição integral da faixa de 3.400 - 3.600 MHz para o Serviço Móvel Pessoal (SMP).
Newton Scartezini comentou que se deveria reservar nessa faixa blocos para o STFC de uso nômade (o dispositivo não pratica handover de uma célula rádio para outra).
 
Faixa de 2.300 - 2.400 MHz: estudar alocação futura para o SMP
 
A faixa de 2.300 - 2.400 MHz tem sua utilização primária (tem prioridade) alocada para a retransmissão de televisão e como uso secundário, o radioamador.
Segundo Newton Scartezini, o uso dessa faixa deve ser estudada como uma reserva futura para o SMP.
 
Acresce que a UIT incluiu o Wi-Max (padronizado pelo IEEE 802.16 group) como sexta opção do modelo IMT-2000, as demais sendo as tradicionais DS, MC, TD, SC e FT (direct-sequence, multi-carrier, time division, single carrier e frequency time).
Para os que se impressionam com siglas, na linguagem UIT, a nova opção Wi-Max para o IMT-2000 é IP (internet protocol) OFDMA (orthogonal frequency division multiple access), TDD (time division duplex mode), WMAN (wireless metropolitan area network).
 
Faixa de 450 - 470 MHz: para uso rural
 
A atual faixa de 450 - 470 MHz é atualmente ocupada pelos serviços de retransmissão e circuito fechado de televisão; serviços móveis especializados; serviço limitado móvel privativo; e radiotáxi, com previsão para uso futuro como o SMP (serviço móvel pessoal), mostrou Newton Cartezini.
 
Freqüências relativamente baixas como 450 MHz conduzem a comprimentos de ondas mais elevados (f=1/λ), vale dizer células-rádio de maior raio de cobertura, ideais para regiões com populações esparsas como para uso rural.
O espectro disponível de 20 MHz é relativamente diminuto para aplicações móveis em banda larga.
 
Faixa de 648 - 806 MHz: devolução pela televisão analógica em 2.016MHz
 
A utilização atual da faixa de 648 - 806 MHz é para a televisão aberta analógica.
O período de transição do sistema de transmissão analógica para o SBTVD-T (Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre) se encerra em junho de 2016 (Decreto 5.820/06, artigo 10), quando os canais utilizados para transmissão analógica serão devolvidos à União.
 
Segundo Newton Scartezini, em 2016 e até antes estarão disponíveis 158 MHz na da faixa de 648 - 806 MHz que poderão ser utilizados para o SMP.
As operadoras deverão se movimentar com antecedência junto à Anatel para que isto aconteça.
 
Opinião sobre a neutralidade da tecnologia
 
A tecnologia em si é neutra, mas sua aplicação e dominação no mercado pode nem sempre ser.
Newton Scartezini citou as duas grandes tecnologias em disputa no caso da segunda geração do celular (2G), a CDMA (code division multiple access) e o GSM (Global System Mobile).
Ambas tecnologias eram boas (o CDMA com leve vantagem no uso do espectro), mas o GSM, de cunho europeu, venceu em volume de acessos o CDMA norte-americano e se instalou mundialmente como tecnologia dominante 2G.
 
Perguntado se o Wi-Max seria uma tecnologia de nicho ou dominante para um mercado de universalização de massa, Scartezini invocou a disputa entre os padrões GSM e CDMA e o caso clássico do gravador de vídeo VHS (video home system) que venceu o concorrente Betamax, da Sony.
 
De um sistema sem fio, seja celular (3G) ou Wi-Max - faz parte do IMT-2000 da UIT - se espera que possa transmitir voz e dados 24 horas por dia e sete dias na semana, proveja a mobilidade plena e dê suporte a IP (internet protocol).
O diferencial competitivo entre tecnologias pode surgir no download pesado de grandes arquivos com elevado nível de segurança e fiabilidade.
 

Para ler "Informação sobre o IMT-2000", clique aqui (pdf)
 
Para ler "Projetos de padronização 3GPP e 3GPP2", clique aqui (pdf)
 
Para ler "Evolução do celular - ótica gerações tecnológicas", clique aqui (pdf)
 
Para ler "Evolução do celular - ótica das famílias tecnológicas", clique aqui(pdf)

 


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