A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) quer ampliar o mercado de TV
por assinatura e prepara para este ano uma licitação de alcance nacional. A
ideia é abrir a possibilidade de prestação do serviço em todos os municípios
brasileiros e ampliar o número de assinantes, hoje restrito a 6,1 milhões de
clientes. O planejamento de expansão do setor, primeiro passo para a
licitação, deverá ser votado pelo conselho diretor da Anatel no dia 29.
A iniciativa pode representar o início de uma abertura para que as empresas
de telefonia aumentem sua participação em um mercado dominado por grupos de
televisão. Juntos, os grupos Globo/Net e Sky/Directv detêm 75% dos clientes.
As teles sofrem restrições legais para participar desse mercado.
A prioridade, segundo uma alta fonte da Anatel ouvida pela Agência Estado, é
o mercado de TV a cabo, mas também está sendo estudada licitação de licenças
usando a tecnologia de micro-ondas terrestres (MMDS). Com a ampliação dos
dois segmentos, a Anatel pretende estimular a oferta de serviços de banda
larga, que podem ser vendidos em pacotes com internet, telefonia e TV.
A proposta enfrenta resistências dos grupos já consolidados. Há também
divergências internas na Anatel sobre a data de início da operação. A tese
que tem prevalecido é a de fazer a licitação neste ano e assinar os
contratos para início da oferta dos serviços em 2010. "A ideia é abrir
geral", afirma a mesma fonte, reforçando a intenção de lançar a licitação em
todos os municípios brasileiros.
O edital de licitação não deverá estabelecer limites de licenças por
município. Isso, explica um técnico da agência, permitirá a entrada de
várias empresas no setor e estimulará a competição.
As concessionárias de telefonia, porém, continuam limitadas a uma
participação de apenas 20% nas empresas de TV a cabo nas suas áreas de
concessão. Outra limitação, em 49%, é a de participação de capital
estrangeiro, o que atinge a maior parte das empresas de telefonia, que
pertencem a grupos internacionais.
A extinção desses limites foi proposta no projeto de lei 29/2007, mas outras
sugestões incluídas, como cotas para a produção nacional na programação da
TV por assinatura, acabaram inviabilizando a aprovação do projeto. A
proposta original, do deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), prevê a unificação
de regras entre os setores de TV a cabo, MMDS e via satélite (DTH),
liberando integralmente a entrada das teles. A proposta aguarda votação na
Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara.
Enquanto a lei não é modificada, as empresas de telefonia estão avançando em
outros segmentos, como o de TV por satélite. Diferentemente do cabo, que
precisa de licitação, para prestar serviço via satélite basta solicitar a
licença à Anatel. No segmento de MMDS, as empresas de telefonia celular
querem ter o direito de utilizar a frequência da TV por assinatura via
micro-ondas terrestres (2,5 GHz) em serviços de telefonia móvel, como banda
larga móvel.
As operadoras de TV por assinatura são contra, argumentando que precisam
dessa frequência para competir no mercado de televisão paga e internet. As
informações são do jornal O Estado de S.Paulo.