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Leia na Fonte: Teletime
[06/10/09]
Decreto ou adiamento da consulta são caminhos para governo intervir na faixa de
2,5 GHz - por Mariana Mazza
A Consulta Pública 31/07, que trata da destinação da faixa de 2,5 GHz, terminará
no próximo dia 16, mas participantes do grupo de criação do plano de banda larga
defendem uma possível ampliação deste prazo ou, ao menos, que a Anatel protele a
decisão. O assunto não chegou formalmente na Anatel, que já prorrogou a consulta
uma vez por determinação da Justiça em processo movido pela Neotec. Os
defensores de um adiamento na decisão da Anatel acreditam que a faixa de 2,5 GHz
pode ser uma peça importante para o plano do governo, pois trata-se de uma fatia
de espectro de alta capacidade com uso potencial para serviços de banda larga.
A nova destinação da faixa expôs um confronto entre operadoras de MMDS e SMP que
se arrasta há pelo menos dois anos. O alvo da briga é o tamanho do espectro que
será destinado a cada um dos operadores. Por ora, as operadoras móveis estão
ganhando a disputa com a proposta feita pela Anatel. Mais do que isto: muitas
empresas de MMDS acreditam que, se o novo regulamento for aprovado como está, as
operadoras dessa tecnologia deixarão de existir.
Sem decreto
Por conta desse "efeito colateral", membros do governo acreditavam que a Anatel
pediria um decreto presidencial para consolidar a mudança. O raciocínio é que,
ao tomar uma decisão que pode repercutir no fim de um serviço, a Anatel pode
estar criando uma "política pública", o que não faz parte de suas atribuições.
Mas essa ponderação parece estar circunscrita a parte do grupo de criação do
plano de banda larga. Notadamente, o Ministério do Planejamento.
Na Anatel não há nenhuma intenção em pedir ao presidente Lula a edição de um
decreto que consolide a mudança na faixa de 2,5 GHz. Segundo fontes
familiarizadas com o processo, a agência trata o caso como uma simples
reorganização do espectro, baseada nas projeções de demanda do serviço e em
recomendações da União Internacional de Telecomunicações (UIT). Assim, a
alteração não teria caráter de política pública, mas simplesmente de uma gestão
de radiofrequência, o que é atribuição da Anatel pela Lei Geral de
Telecomunicações (LGT). Como a agência dispõe de autonomia, não haveria
necessidade de um aval do presidente da República para consolidar a reforma.
Mesmo com a decisão cabendo tecnicamente à Anatel apenas, o governo acredita ser
capaz de sensibilizar a agência reguladora a analisar a frequência de 2,5 GHz
dentro de um contexto maior de criação de uma rede pública de banda larga.
Outras faixas também são alvo do interesse governamental, como a de 450 MHz, que
também passa por um processo de redestinação para garantir a oferta de banda
larga em escolas rurais.
O problema é que o órgão responsável direto pela formulação de políticas
públicas (Ministério das Comunicações) não tem mostrado desconforto com o
caminho sugerido pela Anatel para a faixa de 2,5 GHz. Se outras instância sdo
governo quiserem mudar o rumo das coisas, precisariam recorrer à Casa Civil.