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Convergência Digital
[13/06/12]
450 MHz, a faixa que só a Telebras queria - por Luís Osvaldo Grossmann
O leilão da quarta geração deixou claro que as grandes operadoras que atuam no
país não tinham, de fato, interesse na faixa de 450 MHz, voltada, por suas
características, para a oferta de serviços em áreas mais distantes dos centros
urbanos. Não houve lances para adquirir os direitos de uso dessa frequência e as
obrigações relacionadas à Internet na área rural foram impostas às teles que
ficaram com fatias cobiçadas da faixa de 2,5 GHz.
“A faixa de 450 MHz é um ônus no Brasil. Ofertas a 30km de raio dos municípios é
algo muito expandido”, afirmou o presidente da Oi, Francisco Valim, justificando
o desinteresse das empresas por essa frequência.
Não deixa de ser curioso, portanto, ter sido a própria Oi quem formalizou o uso
dessa faixa nas negociações que tomaram todo o primeiro semestre do ano passado
sobre o Plano Geral de Metas de Universalização.
Para entender a perda de interesse nessa faixa é preciso recordar o cenário de
então. Na época – especificamente em 15 de março de 2011 – a Telebras encaminhou
ao Ministério das Comunicações um pedido formal para usar os 450 MHz na política
de inclusão digital.
O pedido fora calcado em um projeto ambicioso de levar acesso à Internet aos
rincões com base em tecnologia desenvolvida no país. A estatal já tinha começado
a negociar com fabricantes nacionais de equipamentos e chips – nesse último caso
o Ceitec – o desenvolvimento de rádios em 450 MHz. A Telebras garantiria a
demanda por esses equipamentos.
Mais do que ouvidos moucos, o Minicom chegou a negar que o pedido tivesse sido
feito – negativa que ficou constrangedora com a divulgação do documento. Mas já
se articulava uma forma de “distribuir” os 450 MHz às concessionárias de
telefonia, visto que chegou a ser cogitado usar essa faixa como abatimento dos
custos inerentes às novas metas de universalização.
Na prática, assim que o governo assegurou que os 450 MHz não ficariam com a
estatal, qualquer interesse por essa fatia do espectro desapareceu. Em seu lugar
surgiram os argumentos sobre a inviabilidade comercial de oferecer serviços com
essa frequência.
Encerrado o leilão nesta quarta-feira, 13/6, o presidente da Anatel, João
Rezende, sustentou que a divisão da faixa entre as teles que ficaram com o 2,5
GHz foi a melhor alternativa. “A Telebras não teria aporte orçamentário para
fazer esses investimentos”, afirmou.