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Tele.Síntese
[18/06/12]
Mercado comemora o pequeno ágio pago pelas licenças de 4G
Tele.Síntese Análise 344
O leilão da 4G realizado esta semana pela Anatel agradou não apenas ao governo,
à agência e às operadoras, cujos principais executivos dizem ter levado o que
foi planejado, mas também aos bancos, que respiraram aliviados com os baixos
ágios. Com menos recursos para o Tesouro, os analistas avaliam que haverá mais
recursos no caixa das empresas para ampliação de investimentos e distribuição de
dividendos.
O banco Goldman Sachs chegou a projetar um deságio de mais de R$ 1 bilhão frente
aos gastos que havia dimensionado inicialmente. Imaginava que TIM, Claro e Vivo
fossem gastar, cada, pelo menos R$ 1,050 bi por suas licenças nacionais, e a Oi,
outros R$ 525 milhões, o que somaria um valor de venda de R$ 3,67 bilhões, bem
acima dos R$ 2,6 bilhões arrecadados no primeiro dia do leilão, com as licenças
nacionais e algumas regionais. Mesmo considerando os gastos da Claro, da Oi e da
TIM do segundo dia (a Vivo não comprou mais nada), o total de desembolso das
quatro empresas e dos dois grupos de TV, de R$2,93 bilhões, ficou muito aquém do
projetado pelo banco.
As estimativas de outros bancos, como o J.P. Morgan, eram menos pretensiosas,
pois previam preços máximos para as licenças a serem compradas por Vivo, Claro e
Oi, de R$ 700 milhões cada, e de R$ 300 milhões para a TIM. Embora para o JP
Morgan os ágios de algumas empresas tenham ficado acima de suas estimativas, o
leilão não trouxe “surpresas significativas”.
Vale lembrar que, no leilão da 3G, o ágio médio foi de 63%, enquanto neste
leilão caiu pela metade. A Claro, primeira a levar a sua frequência, com ágio de
34% frente ao preço mínimo, vinha com muita gana e dinheiro em caixa. No dia do
leilão, o dono da operadora, Carlos Slim, falou à imprensa europeia mandando seu
recado: “A expansão da tecnologia 4G no Brasil é uma prioridade”.
Ele ressaltou que a penetração do celular na América Latina já chega a 110%, mas
a banda larga precisa ser impulsionada: “Estamos muito ativos em
telecomunicações no Brasil, que precisa de 4G, de mais infraestrutura, de mais
velocidade”. Lembrou que hoje apenas 12% dos celulares no mundo são
inteligentes, enquanto nos Estados Unidos essa taxa é de 50%.
Assim, não é sem razão que a Vivo não só não reclamou do ágio pago por sua
frequência preferida, a X, como comemorou a sorte que teve no leilão, que fez
com que sua principal adversária, a Claro comprasse a faixa W, a menos atrativa
entre as duas de maior largura de banda. “A Banda X era a preferida da Vivo, em
função do nosso perfil de atuação e estratégia de negócios”, diz Paulo Cesar
Teixeira, diretor geral da operadora. A compra da banda X não foi resultado só
de uma boa estratégia. A sorte ajudou.
Ela aconteceu quando a Vivo foi sorteada para dar o primeiro lance para a banda
W (a Claro ficou em terceiro, depois da Oi). A Vivo abriu mão de ofertar além do
preço mínimo, o que obrigou a Claro a elevar o lance para arrematar aquele lote,
uma vez que ela não podia abrir mão da faixa mais larga. Assim, a Vivo tirou da
frente sua maior competidora para disputar a banda X.
Com as demais empresas, ela não tinha dúvidas de seu maior fôlego financeiro,
tanto que a Oi, que chegou a oferecer um ágio de 57% pela banda X, abandonou a
disputa depois que a Vivo ofereceu um prêmio de 67%. Teixeira espera terminar a
escolha do fornecedor de tecnologia em no máximo 60 dias. Por enquanto, todos os
principais fornecedores estão na disputa.
Oi e TIM, por sua vez, também afirmam que suas compras estão totalmente
integradas em suas estratégias, embora admitam que terão de cumprir uma nova
etapa, de negociar com os operadores de MMDS a compra das frequências de 2,5 GHz
em poder dessas empresas. Isso porque as duas operadoras compraram diferentes
lotes complementares e precisarão adquirir agora as bandas não colocadas à venda
no leilão para chegar às capitais dessas áreas complementares. “Compramos mais
frequências em seis das dez regiões de maior tráfego”, assinala o presidente da
TIM, Mário Girasoli.
Já o vice-presidente de planejamento estratégico da Oi, João de Deus Macedo,
assinala que a empresa atuou com a premissa do retorno sobre o investimento. Por
isso, ofereceu o que achou justo pelas licenças de 40 MHz. Acabou levando a de
20 MHz,onde queria, com menos obrigações rurais e comprou outros 10 MHz em todas
as localidades onde o retorno econômico era positivo, argumenta.