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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[21/11/12]  Entrevista: Zenteno (presidente da Claro) alerta que 4G corre risco de adiamento, se faixa de 2,5 GHz não for limpa - por Miriam Aquino

A Claro promete muitas novidades no próximo ano, entre elas, o lançamento de sua rede WiFi, pelo menos em três grandes capitais brasileiras. Mas, antes disso, alerta seu presidente, Carlos Zenteno, precisa estar com a rede 4G pronta para atender aos grandes eventos. Para ajustar a nova tecnologia LTE, as operadoras precisam fazer os testes, mas enfrentam o problema de as frequências ainda estarem ocupadas pela TV MMDS.

Carlos Zenteno afirma ainda que sua empresa mantém o compromisso de investir R$ 6,3 bilhões até 2014, dos quais R$ 2,8 bi foram despendidos este ano. Até o final de 2013 a operadora chega a pouco mais de 1.100 municípios com a rede 3G. A empresa vai recorrer da decisão do TST, que proibiu a tercerização dos call centers e gostaria que a regulamentação da isenção dos celulares previsse os aparelhos em estoques, que poderiam ser comercializados sem imposto pelas operadoras já para o período de Natal.

Tele.Síntese- Como está a posição da Claro com a 3G?

Carlos Zenteno- Nós já ultrapassamos 1.100 cidades. Este ano, praticamente dobramos o número de municípios e até o final do ano, esperamos ter algumas cidades adicionais. Nosso objetivo sempre tem sido oferecer serviços de 3G com excelente qualidade. Isto significa que poderíamos ter lançado algumas cidades adicionais com muito mais cobertura no país, pois temos capacidade de investimento e de execução. Implementar a rede 3G sobre a rede existente é complexo, mas pode ser feito com relativa tranquilidade. A maior dificuldade da rede 3G é ter suficiente capacidade de transmissão no backbone. Só estamos colocando 3G onde temos capacidade e backbone suficientes. Não liberamos qualquer cidade que não tenha IP ou fibra para poder oferecer melhor experiência para nossos clientes. Quando se compara com nossa rede 3G+, nossos aparelhos são muito mais rápidos. Nosso foco de comunicação tem sido a diferenciação da Claro na velocidade de comunicação.

Tele.Síntese- Você acha que os Procons conseguem identificar esta diferença?

Zenteno – Sim. As principais reclamações que temos nos Procons relacionadas à banda larga são porque o serviço de dados são cada vez mais complexos. E os clientes não conseguem entender ou identificar como o serviço é tarifado, sobretudo quando não se tem contratado um pacote de dados. Mas sem dúvida nós temos que melhorar e explicar para o cliente o que é melhor contratar. Um cliente que compra um smartphone e não compra um pacote de dados, só pacote de voz, ele, sem saber, começa a usar os dados, pois há muitos aplicativos no aparelho que automaticamente se atualiza. Exemplo: entra no Skype para falar com um amigo distante e não sabe que isto é pacote de dados. As reclamações aparecem codificadas como cobranças, mas, de acordo com os estudos que fazemos, elas estão identificadas com falta de entendimento ou falta de explicação de nossa parte de como os serviços são cobrados.

Tele.Sínstese – Como pretendem corrigir este problema?

Zenteno – Estamos fazendo uma campanha com nossos clientes. Quando, por exemplo, sabemos que o cliente está consumido dados e não têm o pacote, entramos em contato e explicamos a eles. Também simplificamos a metodologia de faturamento e os produtos comercializados. Agora, já temos pacotes sem excedentes de dados.

Tele.Síntese – Quanto ao pré-pago?

Zenteno – No pré-pago também. Os clientes ficavam muito espantados quando consumiam todos os seus créditos. Lançamos, então, pacotes de internet por dia. O cliente usa os dados e já tem contratado automaticamente um pacote. Temos o pacote 50 centavos por dia, onde só quando ele navega é que recebe automaticamente a ativação de seu pacote, e não pode consumir mais do que 50 centavos por dia.

Tele.Síntese – Conforme os números da Anatel, a Claro assumiu a liderança no M2M.

Zenteno - Na verdade, as estatísticas anteriores da Anatel, informavam os números da banda larga como um todo. A Claro é líder em M2M há dois anos porque foi uma desenvolvida estrutura de trabalho interna, como produto prioritário. Temos grandes clientes como bancos, cartão de crédito, empresas de telemetria, seguros.

Tele.Síntese – Com a desoneração do Fistel para os chips do M2M, recentemente aprovada, qual sua avaliação sobre este segmento?

Zenteno - Vai ajudar muito. Pois hoje os aplicativos de telemetria ou medição remota, podem ser usados pelas companhias elétricas, forças de venda, departamentos de trânsito, com as telemultas, A expectativa é de que o mercado der M2M cresça 20% no próximo ano. A redução do Fistel vai reduzir também a barreira de entrada, pois, com menos imposto, menores empresas poderão usar este serviço.

Tele.Síntese – Como está o WiFi da Claro?

Zenteno – A Claro desenvolve com NET e Embratel a implementação rede WiFi no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Estamos trabalhando para, no primeiro trimestre, já lançar o serviço.

Tele.Síntese – A Claro tem planos de voltar a ser a segunda colocada no mercado de celular no Brasil?

Zenteno – Sem dúvida. Nosso trabalho é para ter a melhor posição no mercado. Mas não é uma obsessão. Isto vai ser resultado de continuar trabalhando com muito foco no cliente e oferecer serviço na rede, de atendimento. Hoje Claro tem rede de lojas próprias que já superou 300 lojas e continuamos abrindo mais. Isto vai ser consequência de fazermos os investimentos necessários, um bom lançamento da tecnologia 4G e mostrar aos clientes que oferecemos um serviço de qualidade. Somos um grupo internacional muito forte, com presença em 18 países na América e 11 países na Europa (com a recente aquisição das operadoras da Holanda e Áustria).

Tele.Síntese – As receitas da Claro Brasil tiveram queda no último trimestre. Foi devido ao corte da VU-M?

Zenteno – Tivemos um impacto forte com o corte da VU-M. Os clientes também tiveram mudança muito rápida no conceito de planos feitos por pacotes de minutos para planos ilimitados, o que provocou uma redução de minutos excedentes. Se o cliente antes pagava por 100 minutos mês, mas falava 200 minutos, ganhávamos receita adicional com o excedente. Quando mudamos para o conceito ilimitado on net, na verdade não se consome os minutos quando se fala na rede da Claro, perdemos as receitas com os minutos excedentes, o que impactou também os resultados.

Tele.Síntese – A Claro vai manter os pacotes ilimitados? Há argumentos de que são esses pacotes que provocam a queda na qualidade da rede de telecom?

Zenteno – Gera uma pressão bastante grande na rede. Mas todas as grandes companhias temos que fazer o trabalho responsável, de oferecer os serviços onde temos capacidade suficiente. As redes são como o avião: se decola um voo com poucos passageiros, tem-se o mesmo custo de operação do que decolar com o avião cheio. Temos que decolar com o avião cheio, com um nível de eficiência certo. Ninguém pode estar pendurado na asa do avião. Onde companhias têm capacidade de rede suficiente é decisão de cada companhia fazer ou não o plano. Mas não é responsável fazê-lo onde as companhias têm problemas de qualidade ou não têm feito os investimentos necessários.

Tele.Síntese – Quanto a Claro investiu este ano?
Zenteno - A Claro vai investir R$ 6,3 bi até 2014. Estamos terminando o ano, e este ano vamos investir R$ 2,8 bilhões.

Tele.Síntese – A Claro tem um desafio grande de, além de levar a 4G, chegar com a telefonia rural também na área rural da Amazônia. Como vocês vão chegar lá?

Zenteno - Todas as operadoras que entraram no leilão têm o requisito de cobertura nacional em 4G, começando com 11 cidades das Copas da Confederação e Copa do Mundo. Nós temos o requisito de dobertura rural no Norte, mais a Bahia e DDD 11 em áreas suburbanas de cobertura rural, mas não de 4G. Temos que cumprir com requisitos mínimos de velocidade de conexão e qualidade de voz. Estamos analisando que frequência e que tecnologia utilizaríamos. Até hoje não temos nenhuma formalização de disponibilidade de 450MHz. Até agora, só está no papel, não há nem confirmação de terminais na 450 MHz. A outra opção é usar a melhor frequência que temos hoje, de 850 MHz, onde poderíamos fazer até 3G. Temos que tomar decisões no momento e, até agora, o que temos disponível para implementação é a faixa de 850 MHz, com 3G.

Tele.Síntese – Qual é a estratégia da Claro TV e da Embratel TV?

Zenteno – Foi um alinhamento de marcas. A marca Claro é usada pelo grupo em toda a América-Latina. Em agosto, a Concel da Colômbia, a última que faltava ,também migrou para a Claro. As únicas operadoras que não são Claro são as norte-americanas. Quanto à marca NET o grupo ainda não definiu uma posição. No caso da Embratel, o grupo migrou todos os serviços do Livre para o Claro Fixo e o Via Embratel para Claro TV. Somos três grandes unidades de negócios: móvel; fixa, TV, na Claro; empresarial e governo na Embratel; e NET com todos os serviços residenciais. Cada companhia tem seu management independente. Mas estamos completamente coordenados.

Tele.Síntese – A Claro está com alguma preocupação em relação à frequência de 4G?

Zenteno – Estamos com problemas nas 11 cidades onde temos que cobrir a Copa do Mundo, como Rio de Janeiro, ou São Paulo, embora São Paulo não esteja na lista das cinco primeiras cidades que devem ter a rede 4G em abril do próximo ano. Em todas as cidades as frequências estão sendo utilizadas para TV pelo MMDS. Mas o número de clientes dessas empresas é muito pequeno. Nas maiores cidades não passam de 50 mil usuários. Em algumas cidades, só existem 20 a 50 usuários.

Tele.Síntese – As operadoras de MMDS não têm um prazo para sair dessa faixa de 2,5 GHz?

Zenteno – Ao longo de todo o tempo que estamos testando a tecnologia LTE, da 4G descobrimos que é uma tecnologia completamente diferente. Para ter ideia, tivemos que trazer especialistas dos Estados Unidos, Suécia e China para implementar a rede. O nível de exatidão é muito grande. Já deveríamos estar fazendo os testes, mas nas cidades da Copa das Confederações, estamos instalando os sites mas estamos deixando apagados.

Tele.Síntese – As operadoras de MMDS têm 60 dias para deixar a faixa, não?
Zenteno – O problema é que não podemos esperar 60 dias para fazer os testes. Já fizemos reuniões com todos os operadores de TV (TVA, Sky, etc.) e sem dúvida tem que ser feita uma boa negociação com eles. Mas me preocupa que os tempos deles são outros.

Tele.Síntese – O maior problema está só com a faixa de vocês? Não vejo os outros operadores preocupados com isto.
Zenteno – O problema é para todos que compraram a 4G. E os que ainda não estão preocupados com isto, vão estar.

Tele.Síntese –Quais são as alternativas para resolver a questão?
Zenteno – A Anatel precisará intervir. A nossa preocupação, como operadores, é que temos uma meta a cumprir. A meta é abril. Se não cumprirmos com a meta, ficarão mal as operadoras. É um compromisso nosso oferecer a melhor tecnologia 4G. Se não conseguirmos fazer os testes a tempo, vamos ter que adiar este compromisso e não é bom para ninguém.

Tele.Síntese – Qual é a data limite?

Zenteno – Já estamos na data limite. A data limite é novembro. Teremos apenas quatro meses para implementar as redes e fazer os testes, com uma tecnologia completamente diferente e que exige muito mais sintonia fina.

Tele.Síntese – A Claro vai formalizar o pleito para a Anatel?
Zenteno – Sim, já formalizamos um pedido para a Anatel intervir nesta questão. Todos os usuários merecem respeito, mas deve haver um jeito de resolver a questão.Do pouco que estudei sobre TV, os clientes podem ser migrados para outro bloco de frequências, e em muitos dos casos terão que ser feitas modificações nas grades de canais. Mas no final, terá que ser feita migração total desta TV para outra tecnologia, porque o espectro total estará comprometido com a banda larga.

Tele.Síntese- Qual a avaliação sobre o PGMC?

Zenteno – Sem dúvida a redução da VU-M afeta a receita, como já afetou este ano. Embora 2013 tenha ficado de acordo com o anteriormente planejado. Estamos avaliando o impacto dos cortes da VU-M para 2014.

Tele.Síntese – O TST decidiu que a Claro não pode terceirizar os call centers. O que vai fazer?

Zenteno – Vamos recorrer da decisão para o nível superior. Entendemos que é uma decisão que vai afetar muito o setor das telecomunicações em seu conjunto. Vai afetar todas as operadoras e impactar muito a indústria de call centers. Se não poderemos fazer terceirização, as companhias vão contratar diretamente, mas vai diminuir muito a flexibilidade de atendimento e de novos lançamentos. Hoje, fazemos acompanhamento de cada um dos call centers, pois tivemos em algum momento problema de qualidade de atendimento em São Paulo, um dos motivos principais de suspensão das vendas do celular. Por isto mesmo estamos acompanhando o trabalho.

Tele.Síntese – O governo está prestes a regulamentar a desoneração das redes de telecomunicações. Na sua avaliação, qual vai ser o impacto dessa medida?

Zenteno – Faremos muito mais. A redução será refletida em nova cobertura. A decisão da femtocell também vai ajudar muito.

Tele.Síntese – E quanto aos celulares?
Zenteno – Seria muito bom que a desoneração, quando for regulamentada, incluísse os estoques existentes. Todas as companhias já compraram os celulares em agosto e setembro para as festas de Natal. Se a regulamentação incluísse esses aparelhos já adquiridos seria muito bom. Se não, o efeito da redução só se refletirá no primeiro trimestre do próximo ano.