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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[14/01/13]
Anatel, operadoras de MMDS e de celular debatem o preço da limpeza da faixa de
2,5 GHz. A diferença é de milhões de reais - por Miriam Aquino
Donas do espectro querem negociar preço antes da desocupação para forçarem preço
para cima
Na última quinta-feira foi realizada pela Anatel a primeira reunião com as
empresas de MMDS e as quatro maiores operadoras de celular para discutir a
limpeza da faixa de 2,5 GHz. As operadoras de MMDS têm que desocupar os 120 MHz
que eram delas, mas que foram vendidos para a 4G, e as empresas de celular têm
que pagar por esta desocupação. A diferença entre o que os vendedores querem por
esta faixa e o que se pretende pagar por ela, é de milhões reais. E as celulares
têm pressa, pois precisam cumprir o cronograma do edital de venda, e estar com a
rede LTE instalada nas seis cidades da Copa das Confederações no próximo mês de
abril.
Os executivos que participara da reunão da semana passada saíram otimistas com a
sinalização de que a agência está preocupada com a questão, mas sabem que ainda
há muito caminho a percorrer antes de se encontrar uma solução. O que está em
jogo é o preço desta migração. Para as empresas de TV paga, o custo da da
migração deve levar em conta os investimentos por elas realizados e não
amortizados, e a substituição de todo o sistema. Na prática só há três
alternativas para essas mais de 100 empresas: ou passam a oferecer o serviço de
TV por assinatura pelas redes de cabo ou DTH (via satélite) ou desistem deste
mercado e ingressam na banda larga com a LTE TDD. Para as operadoras de celular,
por outro lado, o que tem que ser computado é apenas o custo do MHz por
assinante, conta feita sempre que se adquire uma frequência ou uma nova empresa.
Executivos das operadoras de MMDS entendem até a urgência das empresas de
celular, mas alegam que não podem vender este ativo a preços aviltados.
Reconhecem que demandaria um enorme tempo para serem apurados os investimentos
não amortizados das empresas, pois teriam que se analisados os balanços de cada
uma delas dos últimos 10 anos. Uma proposta apresentada na reunião seria o de se
usar como referência o preço mínimo estipulado pela própria Anatel, quando ela
calculou o valor da banda larga que seria cobrada às operadoras de MMDS na faixa
de 50 MHz em 2,5 GHz. "A Anatel já precificou o valor desta faixa, quando
definiu quanto custava o valor do SCM para as operadoras de MMDS.Poderia ser
usado o mesmo critério", defendeu o dirigente de uma operadora.
O problema, contudo, é que as operadoras de celular querem pagar preços muito
menores, pois argumentam que todo aumento de custo acaba encarecendo o preço
final da 4G, que já sairá bem mais cara que a 3G. Conforme fontes do mercado, a
Claro foi a única operadora que chegou a apresentar uma proposta para as
operadoras de MMDS e o preço oferecido é infinitamente menor do que o
reivindicado. A proposta da operadora móvel seria de R$ 101,00 por assinante,
valor que seria dividido entre as quatro celulares. Isso daria um valor total de
pouco mais de R$ 11 milhões a ser rateado entre todos os operadores de MMDS. Se
for considerada a metodologia da Anatel, o preço sobe para mais de R$ 500
milhões, distância enorme entre o que pensa o vendedor e o que quer pagar o
comprador.
Há ainda valores maiores na mesa. Comenta-se no mercado que a Sky (que está
comprando quase todas as empresas de MMDS) teria encomendado um estudo à FGV
para calcular o valor destas frequências que precisa liberar. E os números,
dizem alguns que tiveram acesso ao documento, ultrapassariam a casa de bilhão de
reais.
Como dever de casa, as operadoras de celular foram instadas pela Anatel a
apresentarem as suas propostas de preço e, na próxima semana, as reuniões devem
ser retomadas. De qualquer forma, a Anatel quer que o problema esteja resolvido,
pelo menos para as seis cidades que vão receber os jogos da Copa das
Confederações até 28 de fevereiro, pois entende que é preciso um tempo para que
os testes com a nova tecnologia LTE sejam feitos.
Nestas seis cidades, as operações que estão envolvidas são: em Fortaleza, a TV
Show, com 4,345 mil assinantes de MMDS; em Recife, a NET, com 12,395 mil
assinantes de TV paga MMDS; em Salvador, a Bahiasat, com nenhum assinante de
MMDS; em Belo Horizonte, a Sky, com 1,364 usuários de MMDS; no Rio de Janeiro, a
Telefônica, com 37,94 mil usuários de MMDS; e em Brasília, a Sky, com 503
assinantes de MMDS. O mercado comenta que as operações da TV Show e da Bahiasat
já teriam sido adquiridas pela Sky.